64- pov: Liz Carter.

Segunda; 29 de março.

Parece que o tempo voa

Já faz quase um mês desde.. aquele caso específico.
E também quase um mês que eu não falo como
meus pais, e com a minha chefe.
Bem incomum para duas pessoas que trabalham juntas, que comandam um lugar tão importante.
Mas, eu ainda não consegui associar todo aquele drama, muito menos conversar com eles.

— Lili, não vai hoje. — A voz sonolenta de Oliver me fez dar uma risadinha.

— Eu preciso ir, meu amor. — Falto depois de cuspir a pasta de dente na pia do banheiro dele.

— Mas nem aproveitei a sua folga de dois dias.

— Você nem dormiu, Oli... e nem me deixou dormir. — Sorrio sínica, colocando minha bota.

— Você nem reclamou. — Ele sorri malicioso lembrando das noites anteriores.

— Bobo. Preciso ir pra folgar no seu aniversário. — Falo me olhando no espelho e vendo ele resmungar e revirar os olhos. — Nada de aniversário?

— Nada de aniversário, por favor! — O loiro levanta, colocando a camisa de manga longa, que desperdício de vista.

— Mas é seu aniversário, meu bem. — Faço careta, tentando o convencer.

— Não me lembre que eu estou quase fazendo trinta.

— Podemos pelo menos comemorar?

— Um dia inteiro na cama, pizza e cerveja e chocolate pra você, essa pode ser a nossa comemoração?

— Que horrível. Um dia inteiro na cama e um jantar fora, não aceito contra-resposta.

— Ok, chefe. — Sorrio com o beijo que ele me dá na bochecha e volto pro grande guarda roupa dele, pegando mais uma camisa social e vestindo meu grande casaco por cima.

Ainda não estávamos morando juntos, se bem que não seria uma ideia tão ruim, eu sempre estou aqui, ele sempre está no meu apartamento. Mas, talvez as coisas estejam correndo no tempo que deve ser.

Me despeço do Oli, dirigindo pro meu trabalho, resmungando sozinha ao sair do carro e sentir o vento gelado na minha bochecha.

— Recebemos um chamado, o vizinho que ligou, Andrew Campbell, 38 anos, estava amarrado, sem roupas e sem seus pertences. — A voz grossa de Jacob me assusta assim que eu saio do elevador. — Bom dia.

— Bom dia, Harris. Espera eu chegar, cara. — Suspiro sentindo o ventinho mais quente e caminhando com ele pra minha mesa. Pegando o necessário pra que saíssemos até o hotel indicado.

***

— Alguma pista? — Pergunto ao policial que atendeu o chamado que nos guia até a entrada do hotel.

— A todo momento ele disse que não foi nada, que nada tinha acontecido. — O jovem responde.

— Claro, porque alguém fica nu e sem os pertences por nada. — Suspiro, agradecendo ao policial, seguindo pro apartamento junto com Jacob. O homem se encontrava junto com uma paramédica.

— Senhor Campbell, eu sou o detetive Harris e essa é minha parceira, Sargento Carter. — Jacob tomou a frente. —  Pode nos contar o que aconteceu?

— Por favor, não foi nada.  — O homem respondeu, apressado, vestindo seu terno.

— O senhor está com marcas de cordas nas mãos, nos pés e um machucado feio na testa, como pode dizer que não foi nada?

— Não aconteceu nada! — Ele insiste, saindo de perto o que me faz revirar os olhos.

— Bela pérola logo 7 da manhã. — Resmungo indo falar aos peritos que se encontrassem algo, me chamassem.

Deixamos local com um policial de nossa unidade mais os peritos. Eu e Jacob voltamos pra delegacia, que estava mais movimentada que o normal. Peço licença ao meu parceiro, indo pro banheiro no fim do corredor. Lavo meu rosto, suspirando, sem entender o motivo da minha tensão. Apenas respiro fundo três vezes e saio do ambiente, esbarrando em Olívia que abria a porta do banheiro.

— Desc.. — Falo quase cara a cara com ela, surpresa ao ver de quem se tratava — Chefe..

— Liz! — Ela sorri fraco, surpresa pois era a primeira vez que estávamos tão perto — Meu banheiro foi interditado.

— Sem problemas. — Retribuo o sorriso, sem querer que ela se explicasse. — Como o Noah está?

— Grande demais. Ele está bem.. e você?

— Bem. — Assenti, me afastando e voltando pro salão principal.

— Essas são as câmeras de segurança do prédio que o Andrew estava, as 23:49 ele entra no prédio com três mulheres, brancas, um loira e duas morenas, de algum modo, o rosto dela não aparece em nenhuma das câmera. — Meu parceiro puxa a tv da que estava suspensa num tipo de tripé.

— Tenho certeza que não são fantasmas. — Cerro os olhos olhando pra cena. — Hora de conversarmos de novo com o senhor garanhão.

Volto a pegar meu casaco, sentindo um incômodo e balançando a cabeça como se fosse sumir.

Ao chegarmos ao endereço dito, bato à porta, vendo uma mulher loira abrir.

— Senhora.. eu sou a Sargento Liz Carter. O seu marido está? — Mostro meu distintivo e Jacob faz o mesmo.

— Sim, é sobre o roubo do nosso cartão de crédito? — A mulher, que aparentava ter no mínimo 33 anos, perguntou. Olhei pro Jacob que pareceu assentir pra continuar a história do roubo.

— Na verdade sim, senhora Campbell. É exatamente isso. — Sorri fraco.

— Claro, entrem! — Ela disse, nos dando licença ara entrarmos. — Querido, os policiais estão aqui.

— O que.. o que estão fazendo aqui?

— Senhor, precisamos conversar! Sobre.. o seu cartão de crédito roubado. — Meu parceiro olhou pro Andrew, que já estava suando.

— Eu já disse eu perdi o cartão.

— Como a senhora deu falta?

— Os extratos bancários chegaram no meu celular, compras nas lojas mais caras da cidade, em restaurantes chiques, não tinha como ser nosso.

— Entendo.. — Olho ao redor, parando meu olhar em porta retrato na mesinha, a Laura e o marido, no parque... ela está grávida. — Meus parabéns...

— Ah, obrigada querida. Estamos muito felizes, estávamos tentando à anos. — Assim que termina a fala, a mulher sorri para seu marido e passa a mão na sua barriga de provável 5 meses. — Posso oferecer um café ou chá? Está frio.

— Sim. Café. — Eu e Jacob respondemos na mesma hora, rindo baixinho e os dois riem. A mulher levanta, em direção a cozinha, Jacob levanta, chamando senhor Andrew pro canto da lareira.

— Sua mulher está grávida e você tem a coragem de sair com três prostitutas? — Harris, já na pose policial, fala grosso.

— Eu.. eu estava fora de mim. Por favor não contem a ela. — O homem, trêmulo, nos olhava.

— Isso vai depender do senhor. Vamos até a delegacia, precisamos saber o que aconteceu de verdade, e eu... eu prometo que sua mulher não vai saber. — Foi a minha vez de falar, me arrependendo profundamente daquela fala.

Andrew concordou, dando desculpa à esposa que só iria assinar o documento de denúncia. Ao tomarmos o café, nós três voltamos ao nosso local de trabalho, guiando o Andrew pra sala de interrogatório.

— Então as três gatinhas do amor fingem ser garotas de programa e assaltam seus contratantes, deixando eles nus, e sem nenhum pertence. — Falo revirando os olhos, me encostando na mesa de ferro da sala depois que o senhor Campbell sai.

— Gatinhas do amor? Seu humor está um pouquinho ácido hoje, não acha Carter? — Jacob, sentando a minha frente, resmunga e da uma risada.

— Sempre foi. — Dou de ombros, me olhando pelo vidro espelhado da janela.

— E o que vamos fazer? Vigiar elas até acharem o próximo idiota?

— Eu tenho uma ideia melhor. — Dou uma risada, chamando-o pra fora da sala.

— Não! — O meu parceiro contestou prontamente depois de ouvir a minha ideia, caminhando atrás de mim.

— Jacob, você é policial. Qual o problema? — Viro pra ele, de braços cruzados.

— Eu não vou me passar por um idiota que quer uma noite de diversão com três ladras.

— Você vai, podemos chamar outro, para facilitar.

— Não é não, Carter!

Depois de horas de insistência, Harris aceitou, me fazendo cobrir dois turnos dele. Nós arrumamos a caráter do lugar, um bar chique das ruas mais escuras da cidade. Entramos separados no bar, onde meu parceiro se senta num banco bem frente à bancada e eu vou pra mesa do canto. Não demorou pra que três moças roubassem a atenção do lugar.

— Tudo bem, Jacob. As "gatitas" do amor chegaram. Você precisa fazer com que elas te notem. Abre um botão da sua camisa.

— Tá me zoando, Carter?

— Abre logo.

— Eu te odeio.

Uma das meninas parece ter menos de 18 anos. Continuei no canto do bar, com meu drink sem álcool, agora, ouvindo a conversa do meu parceiro com as três.

— Nossa, mas o que o gatão como você faz sozinho a essa hora? — A loira, mais velha chegou arrumando uma mecha do cabelo.

Sabe como é, trabalho, esposa... preciso de um tempo pra mim.

— Ah, baby, você tem a chance de se divertir com três gatinhas. O que você acha?

— Eu não sei. Posso pagar uma bebida, mas nada além disso.

— Qual é.. você não pode perder essa oportunidade.

Continuei observando a cena de longe, principalmente a mais nova, que parecia um tanto desconfortável. Vi a morena dar um aperto nas costas da menor, que resmungou e ajeitou a postura.

A conversa ficava mais chata ao passar do tempo, apenas as garotas tentando convencer o Jacob a ir ao hotel que "ele estava hospedado" ali perto. Depois de alguns drinks com elas, meu olhar se encontrou com o dele, que assentiu de longe, afirmando que iria sair.

— Tudo bem, pessoal. Atentem- se, eles já saíram. — Falo no fone. Seguindo- os e entrando no carro estacionado à frente.

Fico de vigilância com mais dois policiais, observando pela câmera instalada no teto do quarto.

— Carter, você vai deixar elas me algemarem mesmo? — Jacob pergunta baixo, em um momento de distração das moças.

— Calma, precisa ser flagrante.

Mais vinte minutos se passaram e observamos cada movimento das três, que tentaram drogar meu parceiro, que fingia estar drogado. Assim que a loira fecha as algemas e começa a pegar a carteira do Jacob, sua corrente de ouro e seu relógio, exclamo:

— Vamos entrar. Agora!

Subo preparada, abrindo a porta num chute só. — Polícia, mãos pra cima! Agora! — As duas mais velhas se olham, com as mãos pra cima — Solta essa carteira.

— PARADA! Polícia! — Corro atrás da mais nova, que corre pra fora do quarto, a alcançando e segurando seu braço.

— Por favor, me deixa ir, por favor, por favor, eu não tenho nada a ver com elas. — Ela fala, em meio a lágrimas, se debatendo. — Eu só.. só quero voltar pra casa.

— Você está presa, caso resista mais, precisaria usar força.

— Não, por favor, eles vão me matar. — Solto o braço da garota, que chorava de soluçar.

— Quem são eles? Quantos anos você tem?

— 16...

— Podemos proteger você se provarmos o que você diz.

— Eu não posso falar mais nada, por favor, me deixar ir. Eles vão me matar. — Ela repete, assustada.

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