42- pov: Liz Carter.

⚠️ Esse capítulo contém gatilhos de violência. ⚠️

Acordei desorientada, tentei levantar mas quando abaixei o olhar vi que meus braços e pernas estavam amarrados. Naquele momento eu estava sem o sobretudo, apenas com a blusa branca que tinha gotas de sangue e também de algum tipo de sujeira, meus pés descalços estavam encostando no chão frio.
Senti um peso enorme na cabeça, como algo tivesse batido nela. Olhei ao redor vendo que eu estava em um lugar escuro, não tinha nada ali além da cadeira que eu estava e uma única lâmpada no teto. A minha frente havia uma porta que estava fechada.

Bem vinda de volta, Lizinha. — A voz masculina disse quando entrou e bateu a porta.

Eu odiava esse apelido, e só uma pessoa me chamava assim.
Senti todo meu corpo estremecer. Aquela voz, aqueles olhos.

Ryan... que merda você tá fazendo aqui? O que você fez comigo? — Disse tentando me mexer.

— Mas que boca suja. Eu voltei pra te mostrar que você não se livrou de mim. — Ele deu uma risada sarcástica. — Senti sua falta sabia? — As pontas dos dedos dele passaram na minha bochecha.

— Desgraçado! O que você quer? — Mais uma vez tentei me mexer. Sem sucesso.

— Vai com calma, eu tô com muita paciência agora. — Ele falou enquanto andava ao redor da minha cadeira.

Ele parecia 20 anos mais velho desde que a última vez que o vi. Sua barba estava maior, seu corpo mais forte do que antes.

— Como você me achou? — Falei ainda tentando me mexer da cadeira.

— Foi tão fácil achar a Sargento Liz Carter, você nem imagina. — Ele parou na minha frente e sorriu me olhando fixamente.

— O que você vai fazer comigo? — O encarei. Péssima decisão, todo meu corpo arrepiou.

— Pare de fazer perguntas. Vamos conversar, sabe, matar a saudade dos tempos antigos. Você tá muito bem, sabia? Tá malhando? — Ele disse em tom de deboche. Suas mãos tocaram meu rosto mais uma vez. Virei- o pro lado, tentando afastar, mas ele segurou minha mandíbula tão forte que com certeza ficou marcado — Você achou mesmo que ia se livrar de mim?

Minha respiração ofegante não escondia o meu nervosismo. O poder de autoridade fazia o ego dele crescer cada vez mais.

— Eu não tenho medo de você, Ryan. — Menti. Na verdade naquele momento eu estava sim com medo. De certo modo ele tinha um poder sobre mim, que nunca teve antes. Ele me já me bateu, me xingou.. mas agora eu estava sem saída, em qualquer lugar, sozinha, apenas com aquele monstro que chamam de homem.

— Ah Lizinha, você não mudou nada. Continua uma fraca. Além de ser tão burra ao ponto de achar que uma ligaçãozinha iria te ajudar a prender um dos assassinato daquele porte. Foi tão fácil te enganar. Não sei como sobrevive nesse trabalho de merda. — Ele se virou de costas ela mim, foi possível ver que ele estava com duas armas, ele se encostou na parede e me observou de longe.
Suas palavras me atingiram como um tapa.

Ele tinha razão?

Fui treinada pra todo tipo de perigo, atentados com bombas, fogo, situações com reféns...Mas nada pareceu suficiente nessa situação. Estar ali presa, em um ambiente que eu não pude identificar se era uma casa, um porão... eu poderia estar em qualquer lugar da cidade, do estado, do país.
Não sei como fui tão burra de acreditar naquela merda de ligação. Burra, burra.

— Eu sou detetive de polícia, logo eles vão notar que eu sumi, meu parceiro, minha chefe, minha unidade, todo o departamento vai querer caçar você.

— Eles podem vir. Mas quando chegarem, vai ser tarde demais. — Ele tirou uma das armas e apontou em minha direção. — Sua arma, sabia? E você me deu de bandeja, com todas munições. — Ele girava a arma, parecendo admirá-la. Não demorou pra que voltá-la em direção a minha testa. Chegando mais perto, ele a colocou rente a minha pele.
Senti meu coração acelerar, engoli seco sentindo o cano gelado, um deslize ele ativaria o gatilho...

— Você sabe se me matar eles vão te achar, e dessa vez você não vai fugir. — Falei séria.

— Esse não é meu plano, a menos que você me tire do sério, e você não vai me irritar, vai? — Ele mexeu a arma. — Fala porra! — O tom de voz dele agora estava mais rígido.

— Não. — Engoli seco.

Uma buzina do carro fez com que Ryan bufasse e eu me assustasse. Ele parecia não temer, possivelmente era alguém que estava o ajudando.

Ele saiu de perto de mim e caminhou até a porta. Quando a porta foi aberta, um vento frio soprou meus cabelos, era uma brisa diferente.. pude ver que estávamos em uma casa, os móveis velhos da sala me fizeram concluir que era um lugar mais abandonado.
Pela brisa presumi que estávamos na praia.

Mais uma vez tentei soltar as mãos, mas elas estavam presas pra trás com algemas e fita.
Tentei mexer a cadeira mas ela não se moveu.
Ouvi mais uma voz masculina na entrada da casa.
Vi eles passarem pra outro cômodo e começarem baixo. Logo os dois adentraram a pequena sala onde eu estava. Observei o sujeito dos pés a cabeça. Ele era mais alto que Ryan, e um pouco mais forte. Tentei puxar na memória pois tinha a impressão de já tê-lo visto.

— Oh. Então dessa vez você precisou de ajuda? Não conseguiu fazer tudo sozinho?  — Provoquei.

— Cala a boca. — O segundo homem gritou. Eu não lembrava o nome dele, e Ryan ainda não tinha falado.

— Você é o advogadozinho de merda. — Disse quando lembrei de quem se tratava.

— Cala a boca, porra. — Ele gritou e me deu um tapa que fez minha bochecha arder.

— Seu idiota, o que foi que eu te disse? Sai daqui. — Ryan empurrou seu parceiro pra fora, ficando sozinho comigo.

— Parece que vocês não se dão muito bem. — Falei tentando tirar o cabelo do meu rosto. Estava começando a ficar calor, principalmente pela roupa que eu estava usando, o suor escorria pela minha testa.
— Quem de vocês foi pro meu prédio? Ele? Você não ia ter essa coragem de aparecer, não é? Mas vocês conseguiram apagar a imagem do servidor... como? Tem gente lá também?

— Não te interessa. — Ele gritou.

— Com certeza foi ele, agora você tem um capacho. — Ironizei, sem pensar nas consequências — Achei que seria mais homem. Não consegue bater de frente comigo sozinho. Babaca. — Foi a última coisa que eu disse antes dele me socar no olho, foi tão forte que me fez desmaiar.

Abri os olhos vendo que já estava em lugar diferente. Agora deitada numa cama, algemada na parte de ferro de cima, com os pés ainda amarrados, o quarto estava bagunçado e empoeirado.
Lá fora ainda estava começando a amanhecer. Eu não fazia ideia de quanto tempo havia se passado. Não consegui ver nada além do céu clareando.
Como na outra sala, só uma lâmpada no teto. Ao abaixar o olhar, vi minha blusa mais suja de sangue, além do gosto que eu estava na minha boca... senti meu nariz escorrendo, era o sangue. Meus cabelos molhados de suor grudavam no meu rosto.

Nossos rostos já estão nos meios de comunicação, tv, internet. Eles foram rápidos, Ryan. — Ouvi as vozes no lado de fora. Eles conversavam num tom suficiente pra que eu ouvisse.

— E daí, Luiz? Você por acaso é idiota? — Ryan resmungou de volta.

— Você tem certeza que não vão achar esse lugar? — Luiz respondeu de volta.

Os dois ficaram em silêncio, provavelmente ouviram eu me remexer na cama, a algema fazia barulho quando encostada no ferro da cama.

A porta foi aberta bruscamente.

— Oi princesa. Teve um bom sono? Só com um soco ficou assim... fraca. — Ryan disse ao me ver ali.

Me da água — Sussurei. Minha boca estava seca, meu estômago doía.

— Só se você pedir com jeitinho. — Ryan se aproximou de mim, sentando do meu lado. Sua mão segurou meu pescoço.

— Só um pouco. — Engoli seco. Sua mão forte me apertava.

— Pede direito. — Ele trincou os dentes.

— Por...favor. — Falei com dificuldade.

— Boa menina. — Ele sorriu irônico, e levantou.

Não demorou muito e ele voltou com uma garrafa pequena cheia. Ele parou na frente da cama e bebeu a água quase toda, deixando uma pequena quantidade no recipiente.
Ele caminhou até mim, novamente sentou ao meu lado, levantei o troco e a cabeça pra conseguir beber pelo menos alguma gota da água, com uma mão ele colocou a garrafa na minha boca, bebi o pequeno gole que ele deixou.

— Me deixa sair — Falei com a voz pesada. Meu corpo todo estava doendo.

— Hahahaha — Ryan riu debochado.

— Eu te dou impunidade. Eu não quero passar por isso de novo, vai embora, você consegue sair do país. — Falei ofegante. Minha pressão já estava baixa.

— E você acha que eu vou confiar? Eu não quero fugir, eu quero te ver sofrer. — Ele mais uma vez me segurou pelo queixo. — Ver você sofrer, saber que aqueles idiotas da sua família estão sofrendo valem mais do que uma fuga. — Ele rangeu os dentes. — Sabia que eu vi você e o loirinho no parque?

— O que? — Me assustei ao ouvir sua última frase.

— Ele ainda está na jogada. É uma pena eu não ter dado uma surra naquele branquelo.

— Você não ousaria machucar ele ou qualquer um da minha família.

— Não precisarei Já sinto o prazer de saber que eles estão machucada ao saber que a princesinha deles está ferida também.

Uma movimentação tornou forma lá fora. Uma das janelas tinha visão pra frente da casa, Ryan sacou um das armas, ao asfaltar a cortina, consegui ver carros da polícia e vários agentes.

— FILHO DA PUTA. — Ele gritou. Rapidamente ele desamarrou minhas pernas. Quando ele me puxou, consegui ver que dois policiais algemaram Luiz enquanto o restante entrava na casa.

A porta da frente foi derrubada o que fez um barulho enorme.
Ryan me puxou, me segurando pelo pescoço, ele me colocou na frente dele, com a arma apontada pra mim, ele me guiou até a saída do quarto.

Meu coração aliviou vendo Olívia e Jacob, além dos outros agentes.
Com a arma apontada pra minha cabeça, Ryan me segurava pelo pescoço.
Tantas armas apontavam pra gente.
Meus olhar encontrava o de Olívia que parecia falar "fica calma", posso dizer o mesmo sobre meu parceiro.
Era como se estivéssemos nos falando por telepatia.

— Solta ela, você não tem chance. — Minha chefe falou em tom firme.

— Não se aproximem, se não eu atiro. — Ele me puxava mais pra perto, me apertando cada vez mais.
Eu chorei de dor, de dor física, de dor emocional...A arma dele encostada no canto da minha cabeça me fazia suspirar.

Eu não sei de onde tirei coragem, eu não sei de onde veio a força, eu não sei como foi... apenas sei que eu o chutei, foi rápido e por um momento ele me soltou.

Um tiro, dois tiros.

Eu caí no chão, desmaiada.

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