34- pov: Liz Carter.
Acordei com um peso enorme na cabeça. Talvez pelo choro, talvez pela garrafa e meia de vinho que bebi durante a noite.
Devo ter passado mais de uma hora no banho, deixando a água gelada cair sobre meu corpo inteiro. O dia estava nublado e frio, isso fez com que eu me arrependesse do banho.
Escolhi uma roupa de frio qualquer do meu closet, uma blusa de manga comprida e gola alta preta, calça da jeans mesma cor e uma jaqueta de couro. Enrolei o cabelo e o prendi depois de secá-lo.
Enquanto terminava de arrumar uma pequena mala, ouvi alguém bater na porta e franzi a testa, estranhei tentando adivinhar quem seria.
— Oli? — eu disse com a voz suave, sorri aliviada ao ver ele ali.
— O Chris me contou. — Foi primeira frase de Oliver. Antes que eu pudesse responder, ele me puxou pra um apertado abraço. Meus braços se entrelaçaram no corpo dele, me fazendo suspirar.
— Eu achei que você estaria viajando. — Eu disse enquanto seguíamos até a sala.
— É.. meu vôo foi cancelado. Decidi não ir. — Foi a vez de Oliver falar. — Você vai pra Staten Island agora?
— Sim. Eu estava prestes a sair. — Andei até a cozinha e ele me acompanhou. Paramos e ficamos frente a frente encostados no balcão da pia.
— Como você está? De verdade. — Suas mãos geladas tocaram as minhas.
— Eu não quero ter essa conversa, Oli. Eu digo que estou bem, você acredita e então seguimos. — Eu disse, ainda segurando as mãos dele.
— Me explica como vou acreditar vendo essas garrafas de vinho? Uma vazia e a outra pela metade. — Seu rosto apontou pra pia onde estavam as garrafas.
— O Chris não consegue guardar uma né? — Tentei desviar a atenção dos vinhos.
— Por que não me ligou? — Oliver me olhou sério. Suas mãos continuavam a tocar as minhas, agora as acariciando.
— Você está tão distante, eu não quis te meter nisso. — Desviei o olhar dele — Além de que eu estava imaginando você em Los Angeles. Eu sei que disse que me ligaria, mas você não deu as caras.
— Mas eu estaria disponível em qualquer lugar do mundo pra te atender. — Ele sorriu de canto.p
— E se estivesse com a "Julie"? — Fiz careta, me soltando dele e seguindo até a sala.
— Esquece isso. — Ele revirou os olhos. — Quer que eu vá junto com você? Eu dirijo.
Pensei em contestar a ideia, mas imaginar pegar a estrada com trânsito, e ainda com a dor que eu estava sentindo...
— Eu concordo. — O olhei e sorri.
— Quer ir agora?
— Sim. Só foi terminar de arrumar umas coisas na mala. Fica a vontade, a casa é sua. — Caminhei até o quarto, finalizando de fechar a minha pequena mala.
— Vai passar 1 mês lá? Pra que tanta roupa? — Oliver, que estava no sofá, deu risada me vendo puxa-lá.
— Bobo. Você vai passar na sua casa pra pegar suas coisas? — Perguntei checando minha bolsa de mão.
— Já falei com o Chris e ele busca lá no meu ap antes de ir, tem uma mala pronta, sabe, da viagem. — Ele guardou o celular — Deixa que eu carrego isso. — Oliver levantou do sofá, pegando minha pequena mala e seguindo até a porta. O acompanhei, e ao sairmos, tranquei a porta.
Descemos pro estacionamento do prédio e então decidimos que iríamos com o meu carro.
Nos organizamos no carro, eu no banco do passageiro. Depois de colocar o cinto, Oliver deu partida caminho a Staten Island.
— Agora você pode realmente expressar sua opinião sobre o.. Matthew. — Eu disse quebrando o silêncio.
— Eu não vou fazer isso, Lili. — Ele disse, sem tirar os olhos da pista.
— Eu sei que você quer. — O olhei.
— Não vamos estragar nossa pequena viagem falando sobre esse cara. — Ele piscou pra mim.
Pouco tempo se passou, ficamos um tempo em silêncio enquanto eu admirava a vista pela janela e Oli estava focado no volante.
— A Sofi disse que eles chegam antes das seis. — Bloqueei meu celular depois de ler a mensagem dela e o guardei no bolso da jaqueta. — E ela ainda não sabe, então, você pode não comentar nada até eu conversar com ela?
— Como que você quiser, Lili. — Oliver seguiu firme do volante.
— Não sei se Chris aguentou guardar a bomba. Pelo jeito ele teve achar alguém pra fofocar — Ri. O Chris era o maior fofoqueiro que eu conhecia.
Oliver engoliu seco, dando uma risada sem graça. Ignorei, continue a olhar a vista da estrada pela janela.
Quase chegando a cidade, vi Oliver diminuir a velocidade e parando perto de uma cafeteria.
— O que você vai fazer? — Perguntei confusa.
— Espera aqui. — Disse ele tirando o cinto e saindo do carro.
Minutos depois, ele volta com as mãos cheias de comida: Dois milk-shakes de chocolate, dois hambúrgueres com batatas fritas e uma caixinha de donuts.
— Vamos relembrar as nossas viagens. — Disse ele rindo e me entregar as comidas.
— Meu Deus, Oliver — Minha risada ecoou no carro.
Ficamos um tempo comendo e rindo de quando fazíamos isso antes.
As lembranças de quando viajávamos juntos quando éramos mais jovens vieram à tona na minha mente.
Os momentos de alegria que vivemos juntos, relembrar tudo que passamos juntos me fez sentir aliviada. Era incrível como Oliver me apoiava em todos os momentos.
— Obrigada por cuidar de mim. — Falei antes de dar a última mordida no meu hambúrguer.
— Sempre cuidarei de você, Lili. — Ele mostrou seu largo sorriso e eu ri quando vi o canto da boca dele sujo.
Peguei um dos guardanapos e limpei a sujeira da boca dele.
Nossos olhares se cruzaram fixamente.
Senti meu coração palpitar vendo aqueles olhos azuis brilhando ao me olhar e o arrepio no corpo quando sua mão tocou a minha, que estava parada perto do seu rosto.
Por um momento, foi como tudo tivesse parado ao nosso redor.
Mas esse momento foi estragado quando alguém buzinou na rodovia, nos fazendo voltar a realidade.
— Podemos voltar pra estrada? — Oliver balançou a cabeça, como se estivesse voltando pra realidade.
— Sim. — Sorri sem graça. Enquanto limpava aquela bagunça do carro, guardando os lixos pra jogar assim que chegássemos em casa.
Em menos de 20 minutos, chegamos na casa dos meus pais. Oli estacionou na frente e então seguimos até a porta. Toquei na campainha e logo papai apareceu.
— Olá! — Sorri vendo papai abrir a porta.
— Filha? Que surpresa. — Papai exclamou. — Não achamos que viria hoje.
O abracei apertado — Tive folga e decidi vir mais cedo.
— Que bom, minha princesa. Olá, Oliver. — Papai sorriu.
— Sr Carter. — Oliver o cumprimentou com um aperto de mão.
— Amor? Quem é? — Mel caminhou até a porta, ainda sem ver que era eu. — Li? — Ela veio meu encontro me abraçando.
— Oi, mamãe.
— Está tudo bem? Não achamos que você viria hoje. — Ela fez a mesma pergunta.
— Está.. eu resolvi vir pois tenho o resto da semana de folga. — Adentramos a casa, e paramos no meio da sala.
— Oi, Oliver. Que bom que você veio cedo também. — Melissa o abraçou. — Mas, onde está o Matt? — Mel perguntou me fazendo engolir seco.
— É, eu vou levar a mala da Li pro quarto dela. — Oliver pegou minha bagagem, saindo da sala e subindo até o andar de cima.
— Eu e o Matt não estamos mais juntos. — Falei, sem rodeios.
— O que aconteceu? — As mãos de Mel envolveram minha cintura, me guiando até o sofá, onde nós três sentamos, eu no meio deles.
— Ele vai voltar pra Londres. — Respondi sua pergunta.
— Como assim? Por um tempo? — Ela me olhou, ainda confusa.
— Tempo definitivo. Ele recebeu um oferta de emprego e terá sua própria empresa. Os pais também vão voltar.
— Ah, querida, eu sinto muito. Como você está? — A voz de preocupada de Mel havia surgido.
— Não se preocupem comigo. — Tentei amenizar aquele mini drama.
— Vou sempre me preocupar. Sei que esse coraçãozinho está sofrendo. — Sua cara de pena me incomodava um pouco.
— Eu vou continuar focada no trabalho, sem tempo pra sofrer.
— Por que você não ligou? — Foi a primeira frase de papai na conversa.
— Foi ontem, eu preferi contar assim que eu estivesse aqui. A Sofia também não sabe. Mas gente, não é o fim do mundo. — Disse, despreocupada.
— Vocês estavam tão bem. — Papai disse.
— É assim mesmo, não é nada que eu já não tenha passado. É sério, não vamos estragar o feriado pensando nisso. Estamos aqui juntos, é o que importa. — Sorri sem graça.
Como chegamos antes do almoço, e pra amenizar toda aquela pena, sugeri pra Mel, que deveríamos preparar a comida juntas, enquanto papai e Oliver bebiam suas cervejas e conversam sobre trabalho, ou jogo.
Depois de tudo pronto, almoçamos e ficamos relembrando quando morávamos ali. Oli morava a menos de uma quadra de distância, Sofi morou na mesma rua e Chris morava mais afastado.
A tarde passou rápido e antes do anoitecer Sofia e Chris chegaram.
A casa dos meus pais era grande, além do nossos quartos tinham mais 2 de hóspedes. Nosso feriado de ação de graças sempre foi junto e sempre era a mesma bagunça. Eu amava viver aquilo com esse bando de maluco.
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