29- pov: Liz Carter.

— Dois cafés grandes, e fortes, por favor. — Fiz meu pedido para a sorridente atendente do trailer de café que tinha em frente à delegacia.

Estava quase anoitecendo, era sábado e estava frio. Enquanto esperava, tentei aquecer minhas mãos as esfregando, mas sem sucesso.

— Saindo dois cafés grandes para a senhorita Carter. — A moça me entregou o café, meus olhos brilharam ao sentir a fumacinha esquentar meu rosto. Ela também me entregou dois bolinhos. — É por conta da casa.

— Obrigada. — Peguei mais dinheiro no bolso da minha calça e deixei no seu pote de gorjetas. — Boa noite. — Sorri pra ela que retribuiu o sorriso.

Fui até Jacob que estava encostado do lado do trailer, ele sorria vendo alguma coisa no celular.

— Ganhamos até bolinho. — Falei ao entregar o café e um dos bolinhos pra ele.

— Obrigado. — Ele sorriu guardando o celular.

— E esse sorrisinho? — Dei um gole no meu café, estava do jeito que gosto.

— Não é nada. — Ele sorriu tímido, depois bebendo seu café também. Cerrei os olhos em sua direção. — Você é bem assustadora quando quer em Carter?

— Me conta Harris, alguma namorada? — Suspirei depois de dar uma mordida no bolinho, estava divino.

— Tá bem, ela não é minha namorada. Mas você conhece, é a Jennifer.

— Sério? Eu quero saber de tudo. — Falei surpresa. — Mas vamos entrar, tá muito frio aqui. — Caminhamos até a delegacia e seguimos pro elevador.

— Não aconteceu nada demais... estamos nos conhecendo com calma, você sabe, ela teve o trauma do com ex. Então, tá tudo bem e indo devagar.

— Isso é incrível, Jacob. Que bom que vocês estão se conhecendo melhor.

— Eu sei que o que ela passou não foi fácil, então não quero cobrar nada dela. Saímos duas vezes pra jantar, e foi ótimo. — Ele não conseguia disfarçar o sorriso bobo.

O elevador parou no nosso andar, então seguimos pra minha mesa.

— Continue mostrando que você se importa com ela, e não quer apenas sexo. Quando a gente sai de um relacionamento abusivo, é difícil recomeçar. Mas eu sei que você é um homem de verdade. — Sorri pra ele.
— Obrigado, Carter. Eu não quero que ela se sinta forçada, por isso a gente conversa muito.

— E vocês vão sair hoje? — Perguntei enquanto
sentava na cadeira. Ali dentro estava mais aquecido.

— Amanhã.

— Uh talvez seja a grande noite. — Dei risada dele que ficou vermelho. — Se quer uma dica, tem um restaurante chamado: The View Restaurant, na 15 com a Broadway, tem uma vista incrível da cidade. Vocês vão gostar — Pisquei pra ele.

Tivemos uma reunião rápida com a Olívia sobre alguns pontos de melhoria da delegacia. Além das questões dos índices de prisões que aumentaram durante essa época do ano.
Após a reunião sai em direção ao banheiro quando meu celular tocou. Vi o nome de Sofia piscando na tela.

ligação on:
— Sofi? Tudo bem?
— Sim, é.. acho que sim.
— O que aconteceu?
— Minha mãe tá na cidade. — Ouvi ela respirou fundo.
— Ah não, o furacão Lyra chegou? — Soltei uma risadinha, sabendo que ela se irritaria ainda mais.
— Sim. Você quer jantar com a gente? — Sua voz era calma, mas eu sabia que ela estava uma pilha.
— Você por acaso me odeia? Eu estou trabalhando desde as 5 da manhã.
— Por favor, Li.
— Com certeza ela não vai querer me ver.
— Eu não ligo pro que ela acha, Li. Por favor. Eu fico te devendo uma.
— Vai ficar me devendo um favor grande viu?
— Ok, o jantar vai ser no hotel de papai, aquele da Quinta Avenida.
— Tudo bem. Assim que eu tiver indo eu te aviso.
ligação off.

Sarah Lyra era a mulher mais insuportável do grupo das mães. Enquanto o pai de Sofia é incrívelmente simpático, sua esposa é total contrário. A única que não participava das reuniões e das festas organizadas pelas mães da escola.
Ela também não é a maior fã do Chris, na verdade ela não é fã de nenhum dos amigos da Sofi.
O título de esposa troféu servia pra ela, mas acho que a palavra soberba é bem melhor.

Depois de mais algumas coisas serem resolvidas, desci até o térreo e dirigi até minha casa.
Depois do banho, vesti-me com um vestido de tecido Tweed preto com botões brancos e um blazer curto de mesmo tecido. Vesti uma meia calça, e nos pés um salto agulha, não tão alto.
Fiz a maquiagem leve e o cabelo preso. Corri percebendo que chegaria atrasada.

Passei pela recepção do hotel, indo até a entrada do restaurante.

— Boa noite. Tem reserva? — Um simpático atendente do restaurante me perguntou assim que cheguei.

— Boa noite. Mesa do Sr.Lyra, por favor.

— Ah claro, Liz Carter, certo? — Ele leu na lista do seu iPad.

— Sim.

— Pode me acompanhar. — Segui ele que me direcionou até a mesa.

— Boa noite. — Falei me aproximando da mesa.
Olhei pra Sofia e Chris que sorriram aliviados quando me viram.

— Olá, Liz. — Bernard, pai de Sofia se levantou quando eu cheguei mais perto. Me cumprimentou com um aperto de mão e depositou um beijo na mesma.
Vi de relance Sarah olhar para seu brilhoso relógio. Eu sabia que estava 5 minutos atrasada, mas ela nem pra disfarçar.

— Sra Lyra. — Olhei pra Sarah que deu um sorriso falso.

Chris levantou me abraçando rapidamente.
Sentei ao lado de Sofia, que sussurrou um obrigada por vim.

Na mesa redonda, Sarah e Bernard estavam lado a lado, ao lado de Bernard estava Chris, Sofia, enquanto eu infelizmente, fiquei no meio da mãe e da filha.

— Como vão os negócios, sr Lyra? — Olhei diretamente pra ele.

— Você pode me chamar só de Bernard. — Ele sorriu pra mim. — Vão muito bem, querida. Estamos expandindo além do país, em breve teremos hotéis na Europa.

—  O senhor sempre conquistando o sucesso independente do continente. — Sorri com a notícia e ele levantou seu copo de uísque, e então brindei com ele.

— Como está as coisas na polícia? — Bernard continuou a conversa.

— Eu agora sou de uma patente mais alta, senhor.

— Meus parabéns! Seus pais devem estar orgulhosos. — Bernard sorriu.

O constrangedor silêncio durante uma parte do jantar foi interrompido quando o pai de Sofia falou.

— E os preparativos do casamento, filha? Está tudo bem? Vocês precisam de ajuda? — Bernard direcionou a atenção filha.

— Não precisamos, pai. Não se preocupa, está tudo correndo bem. O local, as flores, a banda, meu vestido.

— Quem será a responsável pelo vestido? Eu tenho a minha própria estilista, ela fará um ótimo trabalho. — As primeiras palavras da Sarah na noite.

— Tia Camila. — Sofia falou despretensiosa.

— Essa mulher ainda continua no núcleo de vocês? Por favor, Sofia. E por que você ainda a chama de tia? — A Sarah revidou.

Sofia respirou fundo pra não xingar sua mãe. — Ela é mais presente na minha vida do que você, querida mamãe. — Ela disse bebendo todo líquido da sua taça.

O clima do jantar foi tenso ao extremo. Pobre Chris não falou nada a noite inteira. A cada minuto eu me perguntava porque eu estava ali.
Bernard tentava quebrar o gelo algumas vezes, se mostrando interessado sobre os nossos trabalhos.

— Sofia, você está tão pálida. E tão magra. — A voz rude de Sarah atrapalhando o silêncio mais uma vez e fez Sofia bufar.

— Sarah, por favor! — Bernard colocou a mão em cima da dela.

— Olha bem, Bernard. Vai precisar de um vestido com mangas pra cobrir esse ombro e braços magros. — A mulher disse e parecia nem se importar.

— Já chega. Eu não te aguento mais. — Sofi jogou o guardanapo de pano na mesa e levantou. — Você não cansa de ser assim? — Sua voz carregada demonstrava que o choro estava chegando. Sofia saiu rápido dali, não demorou para que Chris corresse atrás dela.

— Escuta, Sarah. — Fixei meu olhar nela, que arregalou os olhos ao me ouvir.

— Como ousa...? — Ela falou, ainda surpresa.

— Por favor não me atrapalhe. Durante todos esses anos eu te respeitei, respeitei sua casa e todo essa sua marra. Mas a Sofia não é mais uma criança, talvez se você estivesse por perto, soubesse a mulher incrível que ela se tornou. Você sabia que ela vai ganhar o prêmio de melhor dermatologista do estado? Você sabia que a agenda dela é lotada, mulheres do país inteiro vêm pra serem atendidas por ela.
A Sofia é feliz aqui, é feliz com o Chris. — Respirei fundo, ainda não acreditando que eu estava a confrontando. — Recomendo que você repense suas atitudes.
Bernard, sinto muito por isso. Foi bom vê-lo, até breve. — Levantei dali, pegando minha bolsa e seguindo até a saída do restaurante.

Entrei no elevador e quando o mesmo chegou ao térreo, vi Sofia sendo segurada por Chris.

— Você quer que eu vá com vocês? — Perguntei chegando perto deles.

— Não, Li. Desculpa ter feito você vir pra esse inferno. Vai descansar, a gente se fala tá? — Sofia falou enxugando suas lágrimas. A abracei, me certifiquei se ela ficaria bem.
Saímos do hotel em direção as nossas casas.

No jantar, recebi mensagem de Matt dizendo que nos veríamos amanhã, pois precisava resolver alguns assuntos com os pais. Estranhei, mas quando cheguei em casa, respondi a mensagem.
Ficar sozinha depois do longo dia me faria feliz.

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