1- pov: Liz Carter.

— Como um ser humano pode ser tão ativo ás 7 da manhã? — Sofia me xingava aos berros no telefone — Vá dormir e curtir sua folga e me deixe curtir a minha também!! — Berrou.

— Desculpe, até parece que você não me conhece. – Resmunguei na linha.

Era uma manhã de outono, de um ensolarado sábado. A essa altura, eu estava chegando da minha rotineira corrida no Central Park. Meu novo apartamento está em reforma e nos últimos meses eu estava morando em um quarto de hotel, sorte a minha que o dono do renomado hotel era o pai da minha melhor amiga.

— Não aguento mais esse quarto, preciso da minha casa! – Exclamei e ouvi Sofia dizer algo como não critique o hotel dos meus pais.

— Li, sua casa ficará perfeita! Só precisa de um pouco de paciência. – Chris resmungou aos fundos.

Chris é arquiteto, um dos mais renomados da cidade, senão, o mais. Ele está cuidando do projeto da minha casa nova, e não me deixa saber de nada. Sofia é dermatologista, e tem sua própria clínica.

— Uh, vocês estão se pegando enquanto estou do outro lado da linha? – Falei colocando meu celular na cama e sentando na mesma para tirar meus tênis.

— Já que você nos acordou, estamos matando a saudade. – Sofia falou, ofegante.

— Entendi o recado, usem camisinha, seus pervetidos! Nos vemos a noite. – Desliguei antes de que eu pudesse ouvir a resposta deles.

Depois de tomar um banho, e vestir a primeira roupa que eu achei em meio àquela bagunça do quarto de hotel, sentei em frente a pequena escrivaninha que o Sr Lyra havia instalado pra mim, respondi alguns e-mails e preenchi alguns relatórios pendentes sobre o trabalho. Ser detetive na cidade que nunca dorme não era nada fácil. Eu havia me tornado detetive aos 22 anos de idade, e hoje aos 26 me sentia realizada, apesar das grandes surras que a vida havia me dado.

Meu pai e minha madrasta, Peter e Melissa Carter são as minhas maiores motivações, meus amigos são como minha segunda família.

Depois dos maus bocados que passei por ter sido noiva de um homem, (se é que posso chamá-lo assim.), que durante 3 anos tornou minha vida um inferno, eu me reergui e estou salva.

Aos sábados, nos reuníamos na casa de um de nós, para conversarmos e claro, beber. A casa escolhida de hoje foi a de Oliver. Oliver era meu melhor amigo desde que nós tínhamos 6 anos. Sua mãe, Camila e a mulher que me deu a luz eram melhores amigas.

— Está 10 minutos adiantada, Liz. — Oliver falou enquanto abria porta. Ele me olhou com seus olhos azuis e abriu um lindo sorriso.

— Bom te ver também, Oli! E como sabia que...?

— Sofia ligou, avisado que se atrasaria, problemas com o trânsito, nos dois nós sabemos que é uma desculpa para: "Iremos nos atrasar pois paramos para uma rapidinha" – Oli imitou Sofia e tirou de mim uma gargalhada.

Oli me abraçou depois que coloquei minha bolsa em cima de seu sofá.

– Senti sua falta. Quanto tempo faz desde a última vez que nós nos vimos?

— Sinceramente? Não sei. – Exclamei me jogando em seu lindo sofá branco. – Não tenho casa, o trabalho está uma loucura. – Peguei a taça de vinho que Oliver me oferecia – Obrigada, também senti sua falta.

— Eu imagino.

— Como estão as coisas no trabalho? – Perguntei sorrindo, enquanto bebia mais um gole do vinho e enquanto Oliver se sentava ao meu lado, puxando minha pernas para si e fazendo massagem nas mesmas. Não. Não há nada se sexual nisso, ele sabia que depois de uma longa semana de plantões, eu precisava disso.

Depois de alguns minutos conversando, Oli resmungou se levantando quando ouviu a campainha tocar.

— Finalmente! — Gritei quando vi Sofia e Chris na porta. — Chris, por favor, me diga que minha casa ficará pronta logo.

-- Oi pra você também, querida amiga! Senti sua falta. E sim, prometo que sua casa ficará pronta em breve. — Falou colocando a comida que ele e Sofia haviam trazido em cima do balcão da cozinha de Oli, minha amiga além de médica era uma ótima cozinheira.

Levantei e abracei Sofi. Realmente fazia semanas que não nos reuníamos.

Horas de conversas se passaram e estávamos reunidos na sacada da cobertura de Oliver. Meu novo apartamento seria a poucas quadras dali.

— Li, conheci o sócio do Chris, ele também está no projeto do seu ap, ele é um gato, você deveria conhecê-lo. — Disse Sofia se sentando ao meu lado, com sua (provável) vigésima taça de vinho.

Ouvi Oliver pigarrear e sair do ambiente, dizendo que ia ao banheiro, depois de ouvir a frase dita pela minha amiga.

— Não precisa falar assim do cara da minha frente, querida. - Chris resmungou e demos risada dele falando sério daquele jeito.

— Sofi, não quero conhecer ninguém. — Dei um sorriso de lado.

— Oh querida, a quanto tempo você não... sai com alguém?

— Sofi meu bem, eu não tenho tempo pra isso. — Apesar de tentar discutir comigo, Sofia logo desistiu de me empurrar para o amigo de Chris. Mais algum tempo se passou e o casal foi embora.

Ajudei Oliver a limpar sua cozinha.

— Você está bem? — Perguntei enquanto lavava minhas mãos em sua pia.

— Por que a pergunta? — Oliver me olhou.

— Você ficou quieto hoje, nenhuma piadinha sobre a Sofia alcoolizada, ou sobre o novo homem que ela quer me arranjar..

— Estou bem, só que.. eu estava conhecendo alguém e, mais uma vez, não deu certo.

— Por que não me contou antes? Quem era ela? O que houve? — Meu celular apitou com uma notificação qualquer e o relógio mostrava 2:30 da manhã.

— Li, não quero lhe incomodar com minhas decepções a essa hora. — Dei um soco de leve em seu ombro e ele resmungou — Qual é, você é forte.

— Você que é fraco, me conte tudo sobre a mulher que lhe magoou, se quiser posso, sabe, mandar uma intimação, fazer uma visita a ela. — Caminhamos em direção a sua sala e sentamos.

— Nós conhecemos no café, ficamos algumas vezes, e ainda sabe.. não tinha rolado nada demais. Há alguns dias ela disse que o ex ainda estava atrás dela, ouvi também ela reclamar que eu estava sendo lerdo demais. Você sabe, não costumo ir muito rápido nos relacionamentos, e sempre acontece a mesma coisa. – Disse e logo eu o envolvi em um abraço e fiz cafuné em seu cabelo loiro.

Desde sempre ouço Oli e suas decepções, e sempre me disponibilizo para curar seu coração.

— Mais uma que não merecia seu amor, tudo bem, logo a garota certa aparecerá e você poderá ser quem você realmente é. – Sorri de lado.

— Sabe, eu queria viver um amor leve como o Chris e loira. Eles são melhores amigos, estão juntos desde o colégio. – Ele falou, se aproximado ainda mais de mim.

— Por que está tão sentimental, Stark?

— Nada Li, acho que estamos passando na nossa cota de vinho. Vamos dormir, fica aqui, você não vai pegar um táxi sozinha depois de tantas taças..

Eu não trabalharia amanhã, e sinceramente, já estava enjoada de ficar presa no hotel. Aceitei e fomos dormir.

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