CAPÍTULO - 28

*Pessoas  estamos no antepenúltimo capítulo, queria passar e me desculpar porque nos últimos dias não tenho tido condições de responder a todos os comentários que estão chegando, mas os leio sempre e fico muito feliz com cada um, logo que eu terminar esta história volto a responder, tudo bem?

O capítulo de hoje vai dedicado a uma querida que maratonou todas as minhas histórias de uma vez em um tempo recorde e hoje em dia está escrevendo também e me surpreendendo com a sua escrita maravilhosa! Beijos! <3 <3


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Em Fortaleza os nossos dias voltaram ao normal, eu e Flávio dormíamos juntos diariamente, ainda não tinha tido a coragem para avisar aos meus pais que pretendíamos morar juntos no apartamento dele, diariamente ele saía em busca de emprego, foi então que pela indicação de Armand, Flávio conseguiu uma colocação numa filial de uma empresa chamada Olimpo que era enorme, esta importava e exportava artigos de moda para o Brasil e para o mundo. Ele vivia dizendo que o diretor da unidade era um homem intragável e que fazia e tudo para dificultar a sua vida.

O emprego lhe deu um novo gás, apesar de ele trabalhar numa parte burocrática coisa que eu jamais imaginei o meu namorado fazendo, ele parecia feliz acordando cedo e chegando a noite. Eu passava o dia todo num dos quartos que ele permitiu que eu reformasse e transformasse numa extensão do ateliê que havia sido montado no Ipu com as minhas meninas.

- O que é isso que você está fazendo? – Ele perguntou no meu ouvido um dia à noite, não consegui ouvir quando ele entrou em casa e eu mais uma vez tricotava um gorro, igual ao que ele me deu na primeira noite em que conversamos no telhado do prédio.

- Ai que susto Flávio! – Falei pondo a mão no peito, lhe olhei e ele sorria. A visão do meu menino sorrindo era o suficiente para me deixar feliz. – É um gorro! – Joguei nele ainda com as agulhas presas a peça.

- Caramba, tá ficando massa meu amor! – Ele parecia fascinado por aquela peça e resolvi que depois de termina-la eu lhe daria.

- Obrigado. – Dei a volta no sofá e enlacei o seu pescoço – Como foi o dia no escritório? – Beijei o pescoço dele e suas mãos pousaram na altura do meu cóccix me arrepiando como sempre.

- A gente parece aqueles casais de novela! – Falou sorrindo e colou os lábios aos meus.

- Parecemos mesmo! – Beijei de novo a sua boca – Mas hoje eu não quero filme com classificação livre, a gente bem que podia encenar um pornô mais tarde, o que acha? – Falei de forma sensual em seu ouvido.

- Estou dentro! Mas tarde estarei ainda mais dentro! – Completou com essa piadinha de gosto duvidoso. Fui para a cozinha e não gostei de nada do que vi, na verdade fiquei tão absorto nas costuras que não lembrei de fazer janta naquele dia. O interfone começou a tocar.

- Alô? – Falei.

- Samuel? – Era a voz de minha mãe e ela parecia triste.

- Mãe? O que houve? – Me sobressaltei.

- Estou triste... – Ela falou chorosa, mil coisas passaram pela minha cabeça, mas Vó Leninha foi a primeira delas.

- Meu deus mãe, o que houve? – Falei já a ponto de chorar.

- Sabe o que é, eu passei nove meses com um "caboquinho" morando na minha barriga, passei noites e noites em claro sempre que ele ficava doente, dei banho, carinho e mais amor do que ele vai aguentar em toda a vida, e tudo isso pra que? – Ela fez uma pausa dramática e ouvi a risada de meu pai ao fundo – Responde Samuel? – Eu já estava bem mais aliviado.

- Ai mãe, sem drama...

- Eu? Fazendo drama? Drama, Samuel? Eu? – Falou com a voz falsamente embargada.

- Ai mãe... – Falei rindo e ouvindo a gargalhada de meu pai.

- Tá bom, ingrato! Quando eu morrer, você vai ficar pensando, se remoendo de culpa: "Eu devia ter dado mais atenção à minha mãezinha" – Ela falou afetando a voz como se estivesse me imitando e chorando – Mãe só tem uma, Samuel! – Falou e fungou alto, como se sobre ela repousasse o mal do mundo.

- Meu Deus mãe, tudo isso pra me convidar pra jantar aí? – Joguei.

- Claro, por que se eu não ligo, você não desgruda desse menino! – O menino em questão era o Flávio, que agora eu já ouvia assoviar no banho.

- A gente já sobe! – Falei rindo.

- Vou cuspir no chão, quero você aqui antes do cuspe secar! – Falou fazendo graça. Desliguei o interfone e fui ao banheiro apressar o Flávio.

- Um pornô, durante o banho? – Ele falou dentro do box e mexendo nervosamente as sobrancelhas, como se fosse o Ace Ventura.

- Não, vim te apressar, por que nós vamos jantar com meus pais! – Sorri ao ver sua ereção se perdendo – Vem, antes que a mamãe passe mal lá em casa. – Falei, mas não sai do banheiro, fiquei admirando o meu amor se ensaboar. O corpo do Flávio estava mais bonito, tinha poucos pelos no peito que estava um pouco maior, as pernas mais grossas e peludas, uma barbinha começava a despontar em seu rosto e o cabelo um pouco maior, em alguns momentos ele me lembrava o Derek Shepperd de Grey's Anatomy. Ele saiu do banho se enxugando, me olhando:

- Vai ter volta, viu mocinho? – Chacoalhou os cabelos como um cachorrinho saindo do banho enquanto sorria.

- O que? – Quis saber.

Ele segurou o pau por cima da toalha, deixando-o marcado e me provocando uma cascata na boca.

- Isso! – O pau duro, cheirando a ele e ao sabonete, do jeito que eu gostava de chupar. Quase me coloquei de joelhos imediatamente, mas quando dei o primeiro passo o interfone tocou de novo. Me atrapalhei e ele sorriu ao ver a vontade estampada em meu rosto, tirou a toalha e eu fiquei todo abobalhado sem saber se ia atender, já sabendo quem era ou se ficava e me ajoelhava em sua frente para lhe chupar bem. – Deixa, eu atendo. – Ele deixou a toalha cair e eu fiquei o olhando de longe, aquele menino alto e gostoso, no apartamento que agora eu via como nosso. Em pé, ao lado da geladeira que era onde ficava o interfone, ele me olhava como se me provocasse e vi sua mão envolver o membro que já dava mostras de que estava aumentando. – Nós já descemos sogrinha! – Foi só o que ouvi ele falar, passou por mim e por mais espaço que houvesse ele passou esfregando-se inteiro em mim – Hoje a noite tem! – Sentenciou e beijou o meu pescoço.

Ele se vestiu rapidinho, uma bermuda e uma regata, passou um perfume e penteou os cabelos, eu ainda tentava, em vão, esconder a ereção que se formou desde o momento que lhe vi no banho. Ele veio e eu mexia dentro da cueca, tentando encontrar a melhor posição, pois apesar de não ser um homem com dotes enormes, o meu tinha certa grossura e por ser bem reto dificultava e muito escondê-lo de maneira satisfatória.

- Mais tarde eu cuido dele! – Ele meteu a mão dentro da minha cueca e o ajeitou para mim, mas tudo piorou, pois sentir a sua mão daquele jeito me deixou no ponto, senti até uma fisgada forte. Ele puxou a mão, sabendo que estava me provocando muito, cheirou-a e disse: - Você tem um cheiro – Lambeu o dedo – e um gosto maravilhoso meu amor! – Encostou-me à parede e me beijou.

- Ai Flávio, assim você me mata meu bem! – Cochichei quando desgrudamos a boca um pouco.

- Quero você assim hoje á noite, bem maleável. – Segurou a minha mão e saiu me puxando, trancou a porta e voltou a segurar-me pela mão, descemos as escadas calados e chegamos à minha casa.

- Muito bem! – Minha mãe falou assim que abriu a porta.

- Oi mamãe! – Falei ao lhe abraçar.

- Menino ingrato, mora embaixo de mim e não tem coragem nem de vir me dar um beijo- Falou ainda sem me soltar do abraço sufocante, parece até que faziam dois séculos que não me via – Estava com saudades do meu bebê! – Falou intensificando o aperto e eu temi pela minha vida.

- Mãe... Tá me sufo... cando... – Falei me soltando finalmente, acho que estava até roxo.

- Carinho não mata! – Rum, sei...

- Oi pai! – Falei e lhe abracei também.

- Não vou dizer nada por que hoje a sua mãe já vai lhe encher seus ouvidos! – Ele disse me olhando, minha mãe já estava na mesa com Flávio, enchendo o prato dele que daqui a pouco seria capaz até de alimentar uma família pequena.

- Quer mais meu filho? – Ela perguntou colocando a décima colher de arroz.

- Não Dona Viviane, nem sei se como isso tudo! – Ele falou arregalando os olhos.

- Flávio, você esqueceu que morou aqui um tempo? Quase nos levou à falência! – Ela falou rindo e ele também. Sentei ao lado de meu pai.

- Bom Samuel, eu e seu pai queremos saber quando você vai confirmar... – Ela disse assim que botou a primeira garfada na boca.

- O que mãe? – Perguntei despreocupado.

- Que está morando com o Flávio – Percebi que ela falou brincando, sem saber ainda de minhas reais intenções, meu namorado me olhou sorrindo como se dissesse: "Chegou a hora".

- Mamãe, na verdade... – Comecei timidamente e meu pai e ela prestaram atenção em mim, por causa do tom que eu usava.

- Samuel e Flávio, vocês não tem idade para isso! – Ela ralhou.

- Mas D. Viviane, ele já mora comigo. – Flávio falou como se fosse algo que não poderia ser mudado jamais.

- Não, as coisas dele ainda estão todas aqui e... – Meu pai lhe olhou como se dissesse para ela se acalmar. - Meu filho... – Ela gemeu.

- Mãe, calma. Como a senhora mesmo falou é só um andar que nos separa, não faz assim tá? – Coloquei minha mão em cima da dela e vi que minha mãe queria chorar. – Meu amor, eu ainda vou estar ali embaixo é só a senhora descer ou eu subir e a gente se vê! – Falei calmamente, olhei para Flávio em busca de apoio, mas ele estava determinado a acabar com aquela montanha de comida.

- Mas... – Ela queria dizer algo, mas pude ver que não pode se opor à minha decisão. – Tudo bem, mas eu quero vocês dois por aqui sempre, ouviu? – O resto do jantar ela ficou meio chorosa, quando terminamos eu a ajudei a lavar a louça enquanto Flávio conversava com meu pai, ouvia as risadas dos dois, provavelmente rindo de mim e de minha mãe que éramos muito dramáticos como às vezes os dois falavam. Na hora da despedida minha mãe veio cheia de carinhos, abraços e lágrimas. Acabei me emocionando um pouco e Flávio e meu pai riram de nós, os dois receberam olhares reprovadores. Subimos pelo elevador, pois Flávio afirmou estar muito cheio, dentro de casa eu fui tomar um banho.

Lá dentro fiquei pensando em como a vida era cheia de surpresas, agora eu estava morando com meu namorado que meses atrás eu nem desconfiava que tornaria a ver, minha mãe apesar dos pesares aceitou tudo numa boa, minha avó estava bem saúde, a cooperativa começava a andar novamente, Afonso nunca mais deu as caras e eu torcia e muito para que ele tivesse caído em si e se acertado com o Diógenes, afinal o rapaz parecia gostar dele e apesar de tudo o Afonso era um bom homem, nós nunca nos desentendemos verdadeiramente. Quando saí do quarto vi o Flávio sentado em nossa cama me olhando de um jeito que já conhecia e bem. Fui me aproximando devagar e na frente dele deixei a toalha cair.

- Cuida dele agora! – Falei de forma sensual, ele sorriu...

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Foi impressionante a mudança que se deu em Genaro depois de ouvir tudo aquilo saindo da boca de Flávio, estávamos felizes por ver que um espírito que tinha o potencial para se tornar um obsessor, se regenerava a olhos vistos. Pode parecer estranho falar em lágrimas na atual situação em que ele se encontrava, ou seja, livre de qualquer traço de matéria, mas Genaro chorava ao ver o mal que causou na vida do filho. O quanto ele mesmo foi o responsável por sua ruína e o quanto atrapalhou a evolução do filho.

Como primeira missão depois proteger Flávio, fui a ir busca-lo naquela dimensão paralela onde espectros de todos os tipos se acotovelavam fugindo ao perceber a luz que eu emanava. Encontrei sozinho, na beira de um precipício, uma alma magoada, suja e maltrapilha, mas ao menos ele já ostentava em si a forma que adotou na última encarnação. Ele estava preparado para se jogar dali de cima novamente, coisa que as almas perturbadas pelo suicídio faziam e muito. Repetir o ato à exaustão, parecia lhes trazer algum conforto, mesmo que fosse amargo.

- Genaro, não pule! – Ele se virou e eu vi as lágrimas descendo de seu rosto, elas emanavam o desespero do arrependimento.

- Eu não mereço o perdão dele... – Sentenciou.

- Merece meu irmão, merece sim. Agora que vejo que seu arrependimento é real – Enquanto falávamos, percebi uma legião de almas perdidas se amontoando por perto, muitos parasitas se aproximavam, mas não chegavam a nos tocar.

- Eu só fiz o mal a ele... – Chorou e de desespero ele se acocorou naquela encosta, eu sabia que não havia uma segunda morte, mas mesmo assim vê-lo ali me causava certo desconforto, me aproximei e segurei em sua mão.

- Não, isso não é verdade. Lembre do que ele falou, das boas lembranças que mantém de você... – Tentei lhe lembrar e algo nele se acendeu.

- Mas como eu seria perdoado? Eu nem posso pedir isso a ele... – Ele disse caminhando em minha direção e alguém rosnou perto de nós, seguramente com raiva por perceber que aquele espírito estava, talvez em muito tempo, encontrando o caminho da evolução.

- Me acompanhe, eu lhe mostrarei! – Dei minha mão e foi muito perceber que a luz que emanava de mim não lhe assustava, ele até pareceu ansiar por isso. – Venha. – Lhe abracei de modo fraterno e passamos então por camadas e camadas de energia que nos protegiam dos obsessores e parasitas daquela região. Chegamos a um longo prado que já era meu conhecido, aquele era um dos meus lugares favoritos, pensei em Maria então logo ela apareceu e sorriu ao ver que consegui resgatar Genaro.

- Que alegria lhe receber Genaro. – Ele se olhou e viu a sujeira, aquilo não era nada além de energia se fazendo perceber da maneira que ele se via, sujo, maltrapilho e fedorento, como se merecesse passar a eternidade daquela maneira para espiar as suas culpas. Lembro- me de ter chegado tão sujo e fraco como ele, porém eu mesmo não achava que era o responsável por minha aparência e forma de enxergar as coisas.

- Eu preciso me desculpar com ele... – Ele caiu ajoelhado e nós o carregamos até aquela pequena colônia de espíritos da qual participávamos, ele sim necessitava e muito de ajuda. Entregamos o nosso irmão a alguns outros que participavam de maneira mais ativa na regeneração dos espíritos que por algum motivo se perderam ou se desgarraram e que agora procuravam a nossa ajuda.

- Papai, fico muito orgulhosa ao ver que o senhor conseguiu ajudar o nosso irmão Genaro a trilhar o caminho do bem. – Maria falou com um tom de felicidade inconfundível.

- Me falaram que seria mais difícil, mas tirando a parte de ter que ir ao local para busca-lo nem tudo foi assim tão complicado! – Falei orgulhoso e feliz por conseguir.

- O senhor vinha trabalhando nisso por meio de Flávio há muito tempo... – Falou me fazendo um carinho no rosto.

- Como assim? – Perguntei.

- Ora papai, Flávio também mudou muito e isso se deve a ter alguém ao seu lado o tempo todo, lhe guiando, orando e cuidando dele. – Maria me olhava com extremo carinho.

- Tudo bem, admito que influenciei em algumas coisas, mas a maior parte é mérito dele! – Falei sorrindo de orgulho de Flávio.

- Claro ele também quis mudar.

- Diga minha filha, você já teve que salvar algum espírito daquele lugar? – Perguntei genuinamente curioso.

- Não se lembra papai? – Ela perguntou sorrindo e imediatamente lembrei daquele lugar, mas ele estava diferente do que eu lembrava e parecia muito mais agoniante e ruim do que eu conseguia lembrar.

A vida na colônia era regida por tanto amor que me surpreendi por perceber que agora sim eu vivia e plenamente.

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YSW

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