CAPÍTULO - 27

*Pessoas estamos bem próximos do final do livro, viu? Passando só pra visar!

Ah sim, esse capítulo vai dedicado a outra leitora maravilhosa que sempre vota e comenta nos meus livros! <3


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Não o reconheci de imediato, Samuel estava mudado quando nos encontramos na estrada naquele dia, mas ao ver seus olhos grandes e expressivos demonstrar medo de mim algo me lembrou daquele menininho delicado que morava próximo à fazenda de papai. Sempre impliquei com ele quando éramos menores exatamente por ele demonstrar tudo àquilo que eu tentava desesperadamente esconder até de mim mesmo e consegui manejar isso por um tempo. Mas depois que minha mãe morreu e eu fiquei sozinho com meu pai, não pude mais esconder muitas coisas, ele se aproximou de mim de uma forma que eu jamais esperei, cuidou de verdade de tudo e assumiu o resto de minha criação.

Não foi fácil para ele quando me assumi logo após sair da faculdade de agronomia, curso esse que amei fazer, pois me dava a possibilidade de mexer com tudo o que eu sempre gostei: Terra. Amava sair para os plantios acompanhando os peões e os agricultores, às vezes até com papai e entender cada processo e melhor jeito do plantio foi o que mais me fascinou. Na faculdade eu tive amigas que me ajudaram a melhorar minha aparência, pois eu parecia um bicho do mato, sempre que eu voltava à fazenda meu pai soltava: "Tá ficando muito 'afrescalhado' pro meu gosto", ao que eu respondia: "A mulherada curte Juarez!", meu pai ficava todo orgulhoso, foi ruim destruir essa ilusão que ele tinha a meu respeito de eu ser o pegador da faculdade, mas ainda pior era ter que viver me escondendo o tempo inteiro.

Quando contei a ele vi sua face transfigurada de dor, seus olhos marejaram e por quase dez minutos ininterruptos ele repetia: "meu único filho, onde foi que eu errei?", falava andando no grande escritório que ele havia feito para si em nossa casa. Passamos mais ou menos duas semanas sem que isso fosse conversado normalmente, os dois em silêncio naquela casa enorme, só se ouviam as vozes dos empregados, por último ele acabou aceitando, mas com reservas, dizia sempre que eu teria que me manter mais discreto para que os outros não soubessem e que o rapaz teria que vir de uma boa família como a nossa.

Por boa família, entendam: Brancos, com boa situação financeira. Desde cedo notei que meu pai nutria um preconceito absurdo com pessoas negras, nunca consegui compreender aquilo completamente, mas para ele era como se essas pessoas tivessem um defeito de caráter intrínseco à sua personalidade só por serem negros. Muitas vezes ouvi: "Negro bom é negro calado" "Negro só serve pra trabalhar e tem uns que nem pra isso servem!", procurava me manter com a mente aberta e não deixar que isso me chegasse, mas para o meu azar e dele mais ainda, os homens de cor morena e negra me atraíam sobremaneira.

A pelo com aquele tom de chocolate, que suada brilhava ao sol dando um tom de bronze, os corpos que por genética, normalmente, são mais musculosos e mais desenvolvidos, a boca que normalmente é farta e carnuda. Tudo, tudo mesmo neles me atraía, por um tempo consegui manter alguns relacionamentos clandestinos com caras, sem ter que mostra-los ao meu pai, isso agradava a ele e a mim, pois sem a necessidade de assumir um compromisso com uma pessoa específica eu conseguia me soltar e devo dizer que fazia até um certo sucesso por ter esse jeito meio bronco.

Samuel apareceu num momento importante, ele retornou ao convívio na nossa cidade quando meu pai começou a dar piadinhas de que nunca teria um neto para dar continuidade à nossa família, que seu nome morreria depois de mim, e comecei a cogitar a possibilidade de ter filhos apenas para agradá-lo, tendo em vista que ele já era um homem idoso e tirando esta falha de caráter ele sempre foi um homem exemplar. Não quero desculpá-lo ou diminuir a importância deste defeito, mas meu pai não era simplesmente um homem preconceituoso, era também o sujeito honesto que se fez por si só, que lambia o chão em que minha passava e que me mostrou que o amor pode superar várias barreiras.

Então Samuel me aparece e quando eu estava começando a cogitar a possibilidade de me aquietar com ele, pois aquele menino parecia ser o tipo que meu pai gostaria, ele era cuidadoso comigo, tinha um corpinho todo no lugar com várias das coisas que eu gostava como pernas grossas, bundão, corpo liso e uma boquinha vermelha e solícita, além do mais sua família era uma das que competia conosco em questão de riqueza e de terras, a diferença é que a grande parte da fortuna de sua família vinha da pecuária e muito pouco da agricultura, enquanto em nossa fazenda o que mais se vendia e exportava era proveniente do segundo e o primeiro quase não desenvolvemos aqui. Ele vai lá e me faz me envolver em seu projeto o que me fez ver algumas coisas que aconteciam em minha fazenda sem que eu me envolvesse de forma incisiva, mas de alguma forma foi ele que trouxe Diógenes aqui.

A primeira vez que o vi, meu coração disparou e eu quis pular em cima dele, mas Diógenes era um rapaz calado com olhos tristes, mas extremamente bonito. A primeira coisa que notei, foi sua boca avermelhada coberta por um bigode que em nada o favorecia, sua calça folgada não foi capaz de esconder as nádegas carnudas que ali estavam. Mas foi a sua justeza de caráter que me encantou de forma irrevogável, a maneira como ele falava com os empregados sem lhes dar ordens, mas sem que ninguém lhe desrespeitasse ou ousasse lhe desobedecer, na fazenda havia muitas pontas soltas, coisas que precisavam ser resolvidas, mas que o antigo administrador/capataz nunca levava a frente e nós que nos acostumamos com a situação também não nos dignamos a tentar resolver.

Nas mãos de Diógenes as coisas começaram a entrar nos eixos, até papai que não costumava elogiar os empregados acabou dando o braço a torcer mesmo dizendo que isso os deixava "orgulhosos e folgados", mas uma noite ele disse: "Esse 'neguinho' sabe fazer as coisas não é Afonso?", me doeu ter que rir de forma diplomática dessa piadinha ruim de meu pai. Se eu demonstrasse algum tipo de super proteção com ele, levantaria suspeitas e isso seria ruim. Meu envolvimento com ele começou de uma maneira um tanto inocente de minha parte, estava começando a intensificar uma pressão para o Samuel liberar e me ajudar, pois eu vivia de banhos gelados, punhetas históricas, até o cheiro das éguas estava me excitando nos últimos tempos. Cheguei mais uma noite de um encontro com ele e Diógenes estava sentado em um tronco que fora colocado embaixo de uma grande árvore que havia por ali.

Sob a luza da lua a pele dele estava quase dourada, sem a barba o seu rosto assumiu uma feição infantil e foras das roupas que ele costumava usar o seu corpo me chamou muito a atenção, quando me aproximei ele exalava um odor frutado muito bom, fraquinho, mas que me tomou por completo. Ele me olhou:

- Boa noite "seu"Afonso! – Ele falou me encarando.

- Boa noite Diógenes! – Falei e respirei fundo. – Posso sentar ao seu lado?

- À vontade – Ele sorriu e seus lábios brilharam como se ele usasse aquele negócio que as mulheres usam pra fazer os seus lábios brilhar, mas tenho certeza que não era isso, só que ele era perfeito e mais uma característica sua que se mostrava daquela forma.

- Fazendo o que por aqui? – Tirei a camisa por causa do calor e um pouco para medir a sua reação.

- Só pensando na vida... – Ele encarou o meu peito cabeludo e eu acompanhei o seu olhar, quando voltei minha atenção para o se rosto ele mordia o lábio inferior, de uma maneira que só pode ser dita como erótica. Nos encaramos por vários minutos e senti meu pau latejar, foi então que me dei conta de que estava com uma ereção enorme sabe-se lá desde que horas.

- Não sei muito sobre você... – Tentei entabular uma conversa com ele naquele momento, por que percebi que mais que o seu cheiro, mais que o seu corpo, mais que a sua boca o que eu queria era a companhia dele.

- Não tem muito pra saber sobre mim! – Ele me olhou sorrindo, mas seus olhos eram tristes e uma vontade quase irrefreável de lhe abraçar nasceu naquele momento.

- Fala um pouco, ué... – Dei um soquinho em seu braço esquerdo, eu me arrepiei e ele também.

- Bom, meus pais morreram, fui criado por minha madrinha que não era a melhor pessoa que já viveu nessa terra, meus irmãos estão espalhados pelo Brasil, uma no Rio de Janeiro, um em São Paulo e o mais novo no Espírito Santo, cada um trabalhando, só o mais novo não é casado – Quanto mais ele falava, mais eu notava que ele fazia de tudo para não falar de si mesmo.

- E você? – Falei com real interesse de ouvir mais sobre aquele rapaz que parecia precisar de uma alegria na vida, quem dera pudesse ser eu, me peguei pensando.

- Ah... – Ele ponderou um pouco - Eu não sei o que falar de mim... – Ele estava tímido.

- Qualquer coisa! – Falei.

- Qualquer coisa? – Ele baixou a cabeça, abriu a boca e pareceu pensar um pouco antes de falar, fez um sinal negativo com a cabeça, e por fim abriu a boca – Eu gosto de chocolate! – Riu de si mesmo por fazer uma revelação tão infantil, eu ri junto dele, pois eu também amava chocolate, uma pele cor de chocolate... Resolvi jogar e ver o que saía dali.

- Eu também adoro chocolate. – Falei de forma lasciva lhe olhando nos olhos e novamente ele mordeu o lábio inferior.

- O senhor...

- Meu nome é Afonso! – Lhe corrigi e percebi que ele sempre me chamava assim e só agora eu o corrigia.

- Afonso... – Ele falou como se o meu nome precisasse ser degustado em sua boca.

- Sim, me chame assim. – Encostei-me a ele, pois eu não conseguia mais me conter.

- O senhor... Digo, Afonso eu preciso ir pra minha casa. – Ele estava nervoso.

- Em qual casa você está? – Perguntei e não gostei de não lembrar qual das casas tinha sido cedida a ele.

- Naquela perto da porteira... – Ele disse levantando.

- Eu te levo! – Falei levantando e colocando a camisa no ombro.

- Não precisa, eu...

- Eu te levo Diógenes! – Falei e lhe puxei para o carro. Ele veio à contragosto como se eu fosse muito perigoso.

- Tudo bem! – Ele falou vencido, entramos no carro em silêncio, eu o olhava o tempo todo, quase passei de sua casa. Quando estacionei na frente da casa eu estava tão perdido emm seu cheiro que simplesmente agi, passei meu braço por seus ombros e o tomei para mim. A boca dele era ainda melhor do que eu imaginava, doce, macia, cheirosa, afoita e muito, mas muito gostosa. Ele também tinha fome de mim, isso era notório. Não foi naquela noite que transamos, mas depois daquilo eu não via mais tanta graça em beijar Samuel, ele era um ótimo menino e eu sentia muito carinho por ele, mas ele seria somente o disfarce; Afonso passou a me provocar durante o trabalho, sua calça folgada caía um pouco e a visão do início do rego dele me deixava desnorteado, a camisa aberta mostrando o peitoral sequinho e aquela boca...

- Oi Afonso! – Ele me surpreendeu uma noite quando eu voltei de uma saída com Samuel.

- Oi Dió! – Passei a chama-lo por esse diminutivo sempre que estávamos a sós.

- Eu preciso falar contigo. – Ele falou decidido, me olhando no fundo dos olhos.

- Pode... Pode falar – Cheguei a gaguejar ao ver aquela faceta dele.

- Será que você pode me acompanhar ao paiol? – Ele falou.

- Agora? – Tirei a camisa e a coloquei no ombro, o olhar dele em mim foi muito gostoso de sentir.

- Sim, por favor! – "Filho da puta, tá me provocando!" pensei. Andamos até lá, ele na minha frente e aquele bundão durinho parecia me chamar. Entramos no local e bastou que eu fechasse a porta e ele pulou em cima de mim.

- Estava com aquele garoto? – Ele perguntou.

- Estava – Não consegui mentir, ele então colou os seus lábios aos meus me tirando o fôlego e a sanidade. O beijo foi crescendo e quando segurei em sua bunda ele pulou e eu o segurei em meus braços, totalmente entregue ele chupava a minha língua e segurou o meu pau, novamente ele gemeu. Encostei-o na porta com alguma força, ele gemeu, mas pareceu adorar.

- Me come! – Ele falou no meu ouvido enquanto eu beijava o seu pescoço e ele o meu. Rapidamente eu estava dentro dele, ouvindo a loucura que eram os seus gemidos másculos e roucos, gozamos juntos e em pé.

- Isso foi... – Tentei falar.

- Mágico! – Ele disse me beijando, se desencaixou e a visão que tive de mina porra escorrendo dele foi algo quase enlouquecedor. Depois disso sim eu quis parar de ver Samuel, mas meu pai estava um tanto empolgado com ele e eu não tinha a coragem necessária para lhe contrariar. Naqueles dias eu via o Samuel sem a menor empolgação, saía com ele sem querer vê-lo, era Dió que eu queria ao meu lado nas lanchonetes, no caminho de volta para minha casa, era Dió quem tinha direito a estar ao meu lado. Foi então que durante uma viagem que fiz com o Samuelzinho, que conheci aquele narigudo que a coisa mais estranha aconteceu, eu senti raiva e despeito por ser trocado daquela forma, senti ódio mortal daquele tal de Flávio e por orgulho não quis deixa-los juntos.

Isso se estendeu por muito tempo e se não fosse o próprio Samuel me chamar a atenção para esse ciúme e sentimento de posse sem sentido eu não teria acordado, Diógenes estava se afastando, com mágoa e ressentimento ele me respondia as coisas que eu perguntava, com lágrimas nos olhos ele disse que não me esperaria para sempre.

- Mas eu não posso fazer isso Dió! – Falei sentado em sua cama.

- Por que Afonso, é por que sou pobre? – Ele perguntou me encarando, ajoelhado em minha frente.

- Dió... – As lágrimas desciam de nossos olhos.

- Meu pai...

- Você já não tem mais essa desculpa Afonso, seu pai não te controla!

- Ele vai falar um monte, vai dizer coisas contra você, vai fazer um inferno... Eu te amo Dió! – Admiti por fim.

- Então demonstra caralho! – Ele falou com raiva. – Eu não tenho medo de palavras, ele pode dizer o que quiser, se você ficar ao meu lado isso não será problema para nós! – Ele era corajoso, tenho que admitir.

- Você sabe o que as pessoas vão dizer sobre nós? – Perguntei tentando fazê-lo entender. – Vão dizer que você está comigo por interesse e que eu te quero por que negro é bom de cama! Vão dizer horrores...

- Eu sabia que a maioria das pessoas pode pensar assim, mas nunca imaginei que você também pensasse... – Ele falou magoado. – Sai daqui, agora! – Ele disse frio, foi como se com aquelas palavras eu tivesse destruído aquela situação delicada em que nos encontrávamos.

Saí de lá derrotado, mas disposto a mudar. Mas antes preciso da resposta de uma fazenda aqui próximo, se eu tiver esse emprego eu levo Dió comigo e nem que nós dois fiquemos morando numa casa de taipa é com ele que vou passar os meus últimos dias.

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