CAPÍTULO - 19


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Gritei tão alto que Flávio se sobressaltou, mas continuou em cima de mim, ele me olhava como se eu tivesse enlouquecido e o pior é que qualquer pessoa, inclusive eu, desconfiaria da sanidade de alguém que me dissesse ver pessoas mortas caminhando livremente por uma casa.

- O que houve? - Ele me perguntou assustado.

- Seu... Seu pai estava na porta, nos olhando! - Sentenciei imediatamente. Tentei levantar e ele me ajudou.

- Mas Sam... - Ele tentou falar algo.

- Eu sei o que isso parece Flávio, sei bem! - Falei um pouco mais exasperado, mas eu sabia o que tinha visto.

- Meu amor, você deve estar se sentindo culpado por estar aqui comigo, sem ter terminado com o rapaz... - Sim, mas o mais natural se fosse esse o caso é que eu não quisesse terminar o que começamos, o que definitivamente não era o caso.

- Não Flávio, era ele. O seu pai estava nos olhando da porta, com uma cara de mal. - Senti meus olhos se encherem.

- Meu bem, ele está morto. - Flávio estava ajoelhado na cama, com a braguilha aberta e uma feição de súplica em seu rosto, acabei me aproximando novamente dele. - Vem, eu estou morrendo de saudades de você! - Ele falou de forma lasciva e apesar de meu coração estar inquieto eu não consegui lhe dizer um não. De joelhos na cama nós dois nos beijávamos com o desespero dos que passaram muito tempo sem se ver e sem se tocar, o beijo do Flávio era perfeito e dominador, eu me sentia dele cada vez mais, então num ato de coragem abri os olhos enquanto nos beijávamos e lá estava o velho novamente. Pulei para fora da cama e ele ficou um pouco frustrado. - E agora? - Ele perguntou.

- Flávio, eu não poso agora! - Decretei e saí do quarto. Ele veio atrás abotoando a bermuda e com uma ereção visível ainda.

- Hoje a noite no telhado, então? - Foi a última cartada.

- Tudo bem, a gente se vê a noite no telhado. - nos beijamos e lhe deixei ali sozinho naquela casa, os pelinhos do meu braço se eriçavam cada vez que eu lembrava do rosto de Genaro a nos olhar, com uma feição de ódio como da última vez em que nos viu. No elevador eu sentia um mal estar forte, um cheiro de algo podre pairava pelo ambiente e aquilo me nauseou. Entrei em casa e fui 'para o meu quarto, levei o telefone comigo e disquei o número de Afonso, na primeira chamada ele atendeu.

- Afonso? - Falei baixinho.

- Que foi Samuel? - Falou com a voz alterada.

- A gente pode conversar? - Falei fracamente.

- Que horas eu te pego? Você lembra que ficou de vir dormir comigo, não é? - Falou ainda com raiva e essas palavras vieram pesadas como se ele estivesse a me cobrar uma conta antiga.

- Lembro sim, mas é sobre isso que eu quero conversar! - Falei um pouco mais firme.

- Não estou acreditando que você vai voltar rastejando para aquele pirralho! - O ódio era visível.

- Afonso, desculpa cara, mas...

- Mas nada Samuel, porra! - Ele estava visivelmente alterado.

- Vem aqui em casa, vamos conversar frente a frente! - Falei firme, mas eu estava errado. Tenho consciência disso, eu pensaria o mesmo se estivesse em seu lugar, afinal de contas eu estava a ponto de voltar para uma pessoa que me abandonou e aquilo fazia toda a diferença.

- Você já disse o que precisava falar!

- Mas Afonso...

- Só não esquece, eu te disse que você é meu! - Agora sim aquilo soou como uma ameça.

- O que isso quer dizer? - Eu perguntei com medo.

- Olha Samuelzinho, você vai descobrir! - Ele desligou o telefone me deixando com medo daquelas palavras, me encolhi com medo daquela ameaça. Dormi um pouco, pois uma vez deitado vi que o dia havia sido cheio de emoções desde que amanheceu, sonhei com Genaro e não descansei nada. Levantei e a casa estava vazia, um ar pesado me rondava como se uma presença quisesse se fazer sentir, bebi água e senti um mal gosto e novamente o mal cheiro de mais cedo no elevador invadiu minhas narinas, não sei como explicar, mas sei que não vinha de nenhuma comida verdadeiramente estragada. Era algo no ambiente em si, algo pairando, algo a me ameaçar.

Pensei em ligar novamente para Afonso, porém lembrei de suas palavras mais cedo e desisti. Como em tão pouco tempo ele queria que eu o pertencesse? Afinal de contas estávamos indo para o segundo mês que estávamos juntos e infelizmente a situação havia tomado uma proporção maior do que eu supunha. Minha mãe chegou com várias sacolas nos braços e fui ajuda-la.

- Dormiu bem filhote? - Ela me perguntou fazendo carinho em meu rosto.

- Não muito, fiquei mal com umas coisas... - Falei desanimado.

- Pensei que você estaria aqui todo serelepe depois de fazer as pazes com o Flávio. - Falou preocupada.

- Tem o Afonso no meio disso tudo, ele não recebeu bem a notícia... - Baixei a cabeça com vergonha por fazê-lo sofrer.

- Mas você conseguiu falar com ele?

- Consegui, mas não resolvemos nada. Ele ficou com muita raiva logo e eu não pude explicar a situação... - Também nem eu conseguiria explicar de forma lógica o que aconteceu naquele dia.

- Vai com calma meu amor, vai dar tudo certo. Você vai ver! - Abracei minha mãe, ela sempre oi tão gentil e jamais me julgou. O resto do dia correu como o esperado, costurei algumas coisas e às 19hs o Flávio tocou a campainha.

- Boa noite! - Ele falou assim que me viu.

- Oi Flávio! - Meu sorriso se iluminou.

- Vim te buscar pra jantarmos juntos. - Ele falou me olhando - Claro, se não tiver problemas para vocês! - Ele falou olhando para os meus pais.

- Não, podem ir! - Meus pais falaram ao mesmo tempo e riram de si mesmos.

Ele estava lindo, usava um jeans e uma camisa de alfaiataria que marcava bem os seus novos músculos, o cheiro daquele perfume maravilhoso, mas que em nenhum momento era melhor que o cheiro próprio dele. Entrei no banheiro e tomei um banho caprichado, mas não demorado e me vesti de forma simples no meu quarto. Quando saí ele me olhou como se tivesse me visto pela primeira vez, sorriu tão bonito e saímos juntos. Dentro do elevador ele apertou para o último andar.

- Nós não vamos sair? - Perguntei vendo que subíamos ao invés de descer.

- Não, nós vamos ter um jantar romântico preparado por mim! - Ele sorriu e segurou em minha mão. Chegamos no último andar e descemos de mãos dadas, pegamos a escada de incêndio e logo que eu cheguei no telhado ele tinha arrumado um cantinho lindo, com uma tenda branca improvisada, algumas luzes japonesas que nos deixavam numa penumbra gostosa e intimista. Segurei sua mão com mais força e ele beijou a minha sorrindo. - Vem, eu fiz pra você! - Ele me segurou e me deu o melhor beijo que já recebi em minha vida, passamos alguns minutos assim e eu tremia todo de excitação e antecipação. Na tendinha ele puxou a cadeira pra mim e quando sentei ele me beijou no pescoço.

- Você fez isso tudo sozinho? - Perguntei ele sentou na minha frente.

- Sim, fiz! - Sorriu envergonhado - Eu sei que faltam muitas coisas...

- Não. Não falta nada! - Sorri.

- Eu queria me desculpar amor, por hoje a tarde.

- Pelo que? - Ele não tinha feito nada.

- Bom, por insistir tanto. Se você precisa de um tempo pra ficar comigo de novo eu vou entender. - Ele falou de forma bonita e meu coração já sabia que era ele.

- Imagina... - Falei envergonhado.

- Eu vou servir a comida, tá bem? Estou com muita fome! - Fez uma carinha infantil e eu me derreti. Ventava pouco aquele dia e ele me serviu do risoto de camarão que havia feito, jantamos tomando vinho e eu que era super fraco pra bebidas já estava todo sorridente.

- Você serviu esse vinho pra diminuir a minha resistência não é? - Falei rindo.

- Não amor, imagina! - Ele falou com falsa afetação. Trouxe sua cadeira e colocou-a ao meu lado e nem esperei que ele sentasse e já voei em cima dele. Nos beijamos como dois desesperados, coloquei minha mão por dentro de sua camisa e ele gemeu ainda me beijando.

- Vamos pra tua casa! - Falei.

- Não, hoje a noite a gente fica aqui em cima! - Ele disse e me puxou até o parapeito, me abraçou por trás e ficamos ali olhando a cidade toda iluminada, não sei se era por conta da bebida ou da presença dele ali comigo, mas meu peito estava quente.

- Eu quase morri quando você foi embora! - Soltei sem ter controle do que eu dizia.

- Eu também meu amor, quando cheguei lá eu já queria voltar! - Ele beijou o meu pescoço. - Só você que pode me fazer feliz! - Seus lábios tomaram os meus, suas mãos me deixaram preso a ele e eu sentia que desmaiaria a qualquer momento de tanto tesão.

- Vem, deixa de me maltratar! - Olhei para uma manta enrolada no chão e sorri. Fomos calados até lá e tentei ajudá-lo a estendê-la no chão, mas do jeito que eu estava só atrapalhei e ele riu bastante de mim.

Deitei e ele veio por cima, me beijou e logo estávamos sem roupas.

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