CAPÍTULO - 14

* A missão do Samuel começou a se desenhar no último capítulo... Vamos ver o que acontece a partir daí... Beijos.

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Às vezes eu sinto uma falta avassaladora de minha Leninha, quando Flávio descansa, eu me encontro com ela em seus sonhos. Pode parecer loucura, mas hoje em dia ela está ainda mais bonita do que quando nos conhecemos. Os cabelos com mechas brancas presos num coque, aquele óculos apoiado em seu nariz, o semblante sóbrio, as pequenas marcas de expressão que apareceram em seu rosto com o tempo só deixaram a minha esposa ainda mais bonita. Em nossos sonhos eu consigo ficar perto dela, não é a mesma coisa, mas ao menos a saudade diminui um pouco.

Vendo novamente a alma de Flávio desesperada de saudade da sua metade eu me compadeço e volto a orar por eles, que consigam logo se reencontrar. Naquela noite em particular eu estava energizando aquela casa onde eu sozinho era o protetor, já que Elisa e Armand não possuíam os seus, acabei entrando no quarto dos dois e eles dormiam tranquilos sonhando cada um com uma coisa material, ele com um barco enorme que pretendia comprar em breve e ela com joias.

Saí andando e me permiti pensar em meu filho Neto, em Viviane e em Samuel e minha Maria que estava afastada há algum tempo, por ter que cuidar de Samuel. Foi quando entrei no quarto de Flávio e pela primeira vez desde que eu virei seu protetor vi um parasita querendo se apoderar dele, aquele ainda não estava totalmente perdido... Mas... Espere! É o Genaro!

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- Mas a senhora pode ficar aqui, não há necessidade de ir embora! – Tentava convencer a Isabel que ela poderia prestar queixas contra o marido e ficar trabalhando em nossa casa por enquanto.

- Mas meu filho, entenda se eu prestar queixas ele não vai preso e isso só vai fazer com que ele fique com mais raiva! – Ela se desculpava com o rosto todo roxo.

- Mas eles podem expedir um mandato para que ele fique longe da senhora! – Tentei fazer com que ela visse que haviam opções.

- E quando ele desobedecer o mandato, sim por que ele vai, eu faço o que com esse papel? Jogo nele? – Fiquei olhando para ela e piscando os olhos mecanicamente, ela tinha razão um papel não a protegeria.

- Desculpe... – falei envergonhado da minha ingenuidade.

- Tudo bem, o senhor já me ajudou demais! – Ela levantou e eu me senti muito impotente – Se ao menos eu tivesse um bom trabalho...

- A senhora sabe costurar? – Algo me ocorreu de imediato.

- Sim, sei.

- Pois a senhora vai trabalhar pra mim! – Disse desfazendo a trouxinha que ela pretendia levar pra casa com algumas miudezas que minha avó havia doado para ela.

- Mas aqui na sua casa? – Ela arregalou os olhos.

- Eu costuro – Ela me olhou espantada – Sim, eu costuro. – Sorri. – E tem tido muita saída, eu e minha avó não estamos dando conta dos pedidos sozinhos, além do mais ela já é de idade...

- Mas seria costurando? – Ela perguntou sorrindo.

- Sim, seria. – Respondi firme.

- Nossa! – Ela se emocionou – Eu aceito sim! – Respondeu rápido.

- Pois está decidido, mais tarde eu vou em sua casa para lhe ajudar a buscar os seus pertences e depois quando você estiver bem, nós começamos.

- Mas eu estou bem, não quero ficar sem fazer nada! – Ela se apressou em falar.

- Isabel, não discuta, por favor! Você precisa sim de um descanso. – Ela acabou por aceitar, mas mesmo assim ajudou em algumas tarefas domésticas. Minha avó ficou com medo de que o homem viesse reclamar a esposa e os filhos e estando somente eu e ela em casa era natural que temesse por nossa segurança, felizmente meu pai viria no fim de semana e havia outros empregados da fazenda que eram de confiança.

O dia passou sem maiores surpresas, esqueci totalmente do mundo depois que comecei a costurar no começo da tarde e fui até às 19hs quase sem parar. Eu estava com um pouco de frio, a luz fluorescente iluminava o alpendre e eu dava uns arremates num colete que estava trabalhando. Os filhos de Isabel estavam jantando e quando fui levantar para entrar, percebi um carro se aproximando. Era um carro grande, robusto e potente, já sabia quem era mesmo antes dele chegar mais próximo. Sorri ao perceber que estava gostando daquela expectativa de vê-lo novamente e conferi se ainda estava cheiroso para recebe-lo. De repente ele parou na frente da casa, desceu do carro e sorriu. Encostou-se na porta do carro e cruzou os braços, ficou me analisando de longe e eu fui andando vagarosamente até chegar nele.

- Oi! – Disse dando um pulinho.

- Oi Samuelzinho! – Ele sorriu para mim.

- Nem avisou que viria... – Ele me puxou de encontro a ele, cortando o meu discurso e me deixando sem ar.

- Vai se arrumar, quero sair contigo hoje!- Ele ditou.

- Mas... A gente nem tinha combinado nada... – Tentei entender o que ele queria.

- Cara eu passei o dia pensando nesses teus lábios, vai, por favor! – Eu sorri e vi que ele ia me beijar, mas me desviei, afinal fazer com que a vontade dele aumentasse era de meu interesse sim! Ele sorriu de uma forma sensual que me deixou profundamente desconcertado, entrei em casa e fui me arrumar para sair com ele, demorei uns quarenta minutos e quando saí ele olhava para o céu, sentado no capô do Jeep.

- Pensando em que moço? – Perguntei sorrindo.

- Em ti! – Ele respondeu de pronto e aquela sinceridade dele me deixava um tanto desconcertado, entramos em seu carro e novamente ele me beijou sem pedir licença, havia algo de diferente nele, aquela brutalidade, o jeito com que ele me tratava como se eu fosse uma guloseima saborosa que ele vivia com vontade de ter mais, me deixava super satisfeito. Sua mão em minha cintura e a outra em meus cabelos, o carro pegou fogo e não sei se foi ele ou eu, mas a camisa desabotoou e eu pude finalmente sentir os pelos em seu peito, delirei com a sensação.

- Nossa, você tá fogoso hoje! – Falei respirando com dificuldade.

- Sempre sou fogoso! – Sua mão que estava em minha cintura desceu marotamente para a minha bunda e ele a apertou bem rápido, tirei-a dali.

- Ei, te acalma que não é assim! – Falei sem conseguir ainda me desfazer do seu abraço de urso.

- De boa... – Ele sorriu de lado. O Afonso estava se mostrando um safado de primeira. Ele botou o carro para andar e de vez em quando me olhava, sorria e voltava a prestar atenção na estrada. – E a situação da mulher, como ficou? – Ele quis saber.

- Vou ajuda-la! – Falei seguro – Ela vai ficar me ajudando nas encomendas de costura que recebo.

- Você só está costurando?

- Por enquanto sim, mas pretendo fazer o curso de Estilismo e Moda depois.

- Será que dá certo? – Ele fez uma cara desanimada.

- O que? – Perguntei sem entender.

- Um peão que nem eu e um estilista como você! – Ele sorriu.

- Claro que dá! – Segurei em sua mão que estava no câmbio da marcha e ele a beijou.

- Te admiro sabia? – Ele falou ainda sem me olhar, mas com um leve sorriso no rosto.

- Por que?

- Você ter coragem assim de ajudar a quem precisa, depois que te ajudei naquele dia fiquei me perguntando como eu nunca ajudei antes. Lá na fazenda tem um caso parecido com esse, sabe? – Minha espinha chegou a gelar só de pensar em mais uma mulher apanhando.

- Pois me leva lá depois! – Ele me olhou alarmado.

- Pra que Samuel? – Ele perguntou como se aquela pergunta fizesse sentido.

- Para eu ajudar essa mulher. E você Afonso, tem obrigação de agir, assim como cada um de nós! Se fosse a sua mãe? – Ele me olhou assustado. – Aliás, nem precisa ser parente de sangue não, o fato de ver outra pessoa passar por uma situação complicada devia ser o suficiente para querer ajudar! – Falei com um tom um pouco mais alto e cruzei os braços. " Se esse cara quiser mesmo ficar comigo, vai ter que mudar!"

- Eu entendo o que você diz, mas... – Ele parou de falar.

- Mas o que? – Perguntei impaciente.

- É que o capataz lá da fazenda é como se fosse da família... – Ele disse como quem se desculpa.

- Me perdoe Afonso, mas se você tem amigos deste tipo eu não sei o que estamos fazendo juntos! – Olhei para a estrada.

- Ai Samuel, não precisa disso tudo! – Ele falou firme também, mas vi que consegui lhe deixar pensativo.

- Claro que precisa Afonso, imagina aí você viver dentro de uma casa com medo de errar a todo momento sob pena de apanhar.

- Mas se elas não denunciam e não se afastam...

- Nem termina essa frase! – Ameacei quase gritando.

- Calma, cara! É o que o povo diz!

- Não existe isso de mulher que gosta de apanhar Afonso, o que existe é mulher humilhada demais para pedir ajuda, machucada demais para reagir, com medo demais para acusar e dependente demais para ir embora! – Ele se calou, mal sabia que aquilo eu havia lido em um cartaz há um tempo e ficou gravado em minha memória, mas era a mais pura verdade.

- Foi mal... – Ele parecia um pouco desconfortável, mas o choque de realidade havia sido dado. Andamos o resto do percurso calados, ele pensativo e eu rezando que aquilo não o deixasse chateado, afinal de contas era o certo a se fazer, mas eu tendo sempre a impor minhas opiniões. Chegamos na cidade e fomos tomar um lanche, ele estava calado, até meio nervoso posso dizer. – Você está bem? – Quis saber.

- Sim, desculpa se fui rude! – Falei envergonhado, afinal o único erro dele era ser ignorante quanto ao assunto.

- Não, você tá certo! Eu que fui meio idiota mesmo – Ele sorriu envergonhado – Vou mudar, prometo! – Finalmente aquele sorriso bonito, conversamos bastante depois que o clima apaziguou, ficamos nos encarando e a conversa melhorou bastante. Na volta ele tomou um atalho e me levou naquele mesmo lugar perto da bica onde havia uma piscina natural e as pedras que pareciam bancos. – Quer entrar na água? – Ele falou de forma lasciva.

- Não, tá muito frio! – "E eu com muito medo!". Afinal naquele momento eu pensei em fazer sexo com ele, mas me peguei lembrando de Flávio e será que seria uma traição? Nós nos beijamos até as nossas bocas incharem, ele deitou em cima de mim e seu peso era uma delícia de sentir. Depois deste encontro os dias foram passando, fui em sua fazenda e ajudei outra mulher de lá. Rapidamente a notícia correu pela região dando conta de que eu "resgatava" mulheres que apanhavam de seus maridos, quando na verdade eu apenas oferecia uma chance de que elas pudessem se manter por meio de seu próprio trabalho e sem saber como isso ajudava também em sua autoestima, logo depois de uns quinze dias um antigo galpão que havia na fazenda de minha avó se transformou numa espécie de ateliê de costura e renda, e fabricávamos todos os tipos de artigos ali. Eu, vovó e mais 16 mulheres, cada uma recebia por aquilo que costurava e eu tinha planos de transformar aquele contingente de mulheres em uma cooperativa para que assim, mesmo que eu me afastasse depois para estudar o projeto de vida delas pudesse continuar.

Um mês se passou e Afonso vinha me ver diariamente, me ajudava a lidar com os comerciantes da cidade, me levava em várias cidades vizinhas onde eu ia mostrar o nosso trabalho e eu via que o projeto tinha força, o melhor foi perceber a força que o grupo tinha, quando um dos maridos agressores chegou lá para buscar a sua mulher, as 16 mulheres lhe enxotaram de lá debaixo de socos e pontapés e aquilo foi como se cada uma se vingasse de seu agressor, por mais que não pregássemos a violência, entendi o efeito catártico que aquela ação teve na psique de cada uma. Numa dessas viagens, Afonso alugou um quarto num hotel para que ficássemos a sós, a cidade ficava no pé da serra e iríamos passar o fim de semana por lá. Assim que entramos no local ele disse: - De hoje não passa Samuelzinho! – Me beijou arrancando de mim todo o fôlego e toda e qualquer resistência, ele me queria e ele me teria!

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