CAPÍTULO - 08


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Eu estava em estado de graça, as ondas de amor compartilhadas por Samuel e Flávio deixavam a casa toda mais quente e acolhedora, por essa época eu comecei a perceber que tudo dentro daquele apartamento vibrava com uma quentura aconchegante, Viviane e Neto que já eram apaixonados um pelo outro, não se desgrudavam mais. Os meninos, mesmo tomando todas as precauções, davam na vista de que algo entre eles estava ficando sério e eu e Maria temíamos apenas pela relutância de Flávio em aceitar os seus sentimentos.

Comecei a notar que mesmo o seu corpo reagindo completamente à presença de Samuel, assim como sua aura e seus pensamentos, ele ainda temia assumir um relacionamento com o meu neto por medo do que as pessoas iriam pensar. Eu na minha santa ignorância, pensei que a partir do momento em que os dois se encontrassem, eles lutariam para ficar juntos e passariam por cima de qualquer empecilho, tendo em vista que estar juntos era o que mais importava. Oh homem de pouca fé! As interferências de que fui avisado, essas são as interferências. Um pai alcoólatra e extremamente violento, uma mãe relapsa que jamais ligou para ele, uma personalidade forjada sob os sentimentos mais complicados e doídos e além de tudo isso amigos homofóbicos, mas que durante muito tempo foram a fuga perfeita para os seus dias mais pesados.

Peguei-me pensando em como poderia ajuda-lo sem interferir em seu livre arbítrio. Bom, conversar não é interferir, não é? Naquela noite em que ele disse que não sabia se seu sentimento por Samuel era claro o suficiente eu esperei que ele dormisse e antes que o balé de almas começasse eu segurei em sua mão e entrei em seu sonho.

- Boa noite Flávio! – Cheguei ao lado dele que estava sentado sozinho no telhado do prédio onde ele e Samuel se conheceram. No sonho ele vestia uma camisa de meu neto, como forma de estar sempre próximo a ele.

- Boa noite Manoel! – Ele sorriu e eu vi que em mim agora havia um sentimento profundo por aquele garoto que até então me parecia em mau caráter.

- Você sabe o meu nome? – Perguntei ao sentar de frente a ele.

- O Sam me falou. – Disse ainda com aquele ar "marrento" que ostentava sempre.

- Muito bem, então você sabe que eu sou avô dele. – Falei simpático.

- Sim, sei! – Ele se empertigou.

- Quais são as suas intenções com o meu neto? – Falei firme, mas não ameaçador.

- Eu o amo, o senhor sabe! – Ele falou seguro de si.

- Sim, disso eu sei e bem, mas o que você pretende?

- Eu não sei se tenho forças para passar por mais dificuldades. – Disse ele triste.

- Não seria uma dificuldade maior viver longe dele?

- Seria! – Falou resoluto e olhou para aquele céu estrelado que só existia nas lembranças de sua infância e que só se reproduzia em seus sonhos.

- Então? – Perguntei esperançoso.

- Você acha que ele me perdoaria se eu me afastasse? – Perguntou triste e não teve coragem de me olhar nos olhos.

- Acho que ele lhe perdoaria, mas por que magoar alguém que só lhe fez o bem?

- Eu tenho medo de magoá-lo, talvez fosse melhor deixa-lo livre.

- Eu acho que desde que ele lhe conheceu, a última coisa que ele deseja é a liberdade.

- Eu também! – Uma lágrima fugiu de seu olho e o abracei.

- Não deixe que as pequenas coisas atrapalhem as grandes. Preconceito, medo, raiva e rancor são coisas pequenas na frente do amor de vocês. – Disse em seu ouvido enquanto o abraçava. – Pense nisso meu jovem! Você tem a chance de viver uma vida plena de amor, não desperdice!

Saí de seu sonho, pois eu já havia dado o recado. Agora vai dele aceitar a realidade e lutar pelo meu neto.

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Eu estava tão feliz, tão feliz de tê-lo em minha casa que vivia em completamente abobalhado, a felicidade que me chegava era tão forte que pela primeira vez em minha vida tive certeza sobre aquela bobagem de almas gêmeas, ele só pode ser a minha. Ri de mim mesmo por pensar um absurdo como aqueles, quem ainda acredita nisso?

- Pensando em que? – Ele sussurrou em meu ouvido, depois de mais uma sessão enlouquecedora de amassos no quarto de hospedes. Naquela noite ele havia tirado a camisa, a dele e a minha, e o toque de sua pele em mim foi algo muito próximo do sublime. Os arrepios que ele me provocava cada vez que sua mão audaz descia pela lateral do meu corpo somente para encontrar a minha bunda que ele dizia ser "carnuda e suculenta", palavras dele devo acrescentar.

- Em tudo e em nada! – Respondi me virando para lhe olhar. Será que algum dia viveu nessa terra um homem tão bonito como ele? Fiz carinho em seu rosto anguloso, sua barba começava a despontar e beijei o seu queixo sem parar de lhe encarar.

- Em algum momento você pensa em mim? – Ele me perguntou se apoiando ao braço – No meio desse tudo e desse nada? – Sorriu de forma charmosa e eu temi pela minha sanidade.

- Penso! – Admiti.

- Que bom saber! – Ele sorriu e deitou-se em cima de mim novamente. Mexi em seus cabelos, colocando-os para o lado. Flávio tinha muito cabelo na cabeça, era liso e volumoso. Depois passeei com minha mão pelas suas costas magras, notei que aquilo lhe arrepiou.

- Me beija? – Pedi e fui atendido. Aquele era um beijo diferente dos outros, era algo que eu descobriria que quer dizer: "Vamos transar agora".

Ficamos muito tempo nesse beijo enlouquecedor, ele por cima fazia os movimentos de foda e aquilo me deixava completamente ensandecido, imaginava ele dentro de mim, fustigando o meu interior com aquele pau que parecia ser longo e grosso. Ah, como eu perdia tempo do meu dia imaginando aquele menino completamente nu, todo pra mim. Na maioria das vezes pensava nele saindo do banho, com água escorrendo pelo seu corpo e aquele sabonete a me intoxicar os sentidos e o juízo, mas o seu cheiro natural era um espetáculo a parte também. Perdi-me novamente nesses pensamentos enquanto sua língua dominava a minha.

- Tu é muito gostoso Sam! – Ele disse em meu ouvido, beijou-me ali me arrancando um gemido. Foi nessa hora que paramos tudo, ouvimos os meus pais entrando em casa. Eles haviam saído naquela noite para ter uns momentos a sós e desconfio que eles queriam fazer isso por nós também, fizeram bastante barulho, forçando os passos para que eles fossem audíveis, esbarrando em móveis e coisas do tipo. Meu pai bateu na porta.

- Boa noite meninos! – Ele nos olhou da porta com um certo sorriso, por me ver assanhado, mas totalmente vestido e mesmo com o ar condicionado ligado eu e Flávio estávamos bem suados.

- Boa noite, pai! – Levantei e sentei imediatamente lembrando que minha ereção se fazia notar pelo calção que eu vestia. Fiquei super envergonhado e ele riu.

- Venham, nós trouxemos algo para vocês comerem! – Olhei para Flávio que estava igualmente tenso como eu. Andamos com as mãos em concha tapando as nossas ereções e sentamos muito rápido à mesa.

- Mas meu filho, já ouviu falar de uma invenção revolucionária chamada pente? – Disse minha mãe e tive certeza que ela estava determinada a me fazer ter um AVC.

- Mãe... Pelo amor de Deus! – Supliquei e ela riu.

- Tá bem, não tá mais aqui quem falou! – Flávio sorriu e segurou minha mão por baixo da mesa.

- Escolham aí! – Trouxeram salgados variados, eu sei que não faz bem comer aquele tipo de comida gordurosa àquela hora da noite, mas eu não resisti e nem vi Flávio tentando. Aliás, ele estava até mais gordinho desde que foi pra minha casa, a comunicação com seu pai se dava pelo interfone, mas normalmente quem falava com ele era a minha mãe. Em alguns momentos eu via que ela ficava balançada, provavelmente ele fazia o papel de coitadinho muito bem, mas bastava ela olhar para o rosto dele que ainda não estava totalmente sarado que a raiva daquele senhor voltava com força total.

Aquele momento em família demorou um pouco e logo eles foram dormir. Flávio e eu estávamos elétricos ainda dos amassos e das mãos bobas que não cessaram, entramos em meu quarto, mas nem deu tempo de ligar o ar condicionado.

- Vamos no telhado hoje? – Ele falou em meu pescoço que estava até ardendo de tanto ele roçar a barba.

- Vamos sim! – Respondi baixinho sem lhe olhar. Continuamos naquele abraço por algum tempo. Esperamos os sons da casa se acalmarem, ele pegou uma manta para nós dois e subimos. Nas escadas de mãos dadas, subindo para o telhado olhar o céu beijar mais uma vez aquela boca que era impossível de enjoar eu tive a certeza que o amava e que se ele quisesse fugir comigo eu o seguiria a qualquer lugar da terra.

Chegamos ao nosso destino, lá em cima o céu estava estrelado como se estivéssemos no interior. Ele segurou em minha mão e a beijou, eu sorri e fomos para o nosso lugar, lá ele sentou em cima da manta estendida, encostou-se ao parapeito e pediu que eu sentasse entre suas pernas.

- Eu queria te perguntar uma coisa Sam. – Disse em meu ouvido.

- Pode perguntar. – Falei sem conseguir lhe olhar, algo no tom que ele usou me assustou.

- Quando eu te perguntei se tu pensava em mim e você disse sim, o que isso quer dizer? – Perguntou bem no meu ouvido.

- Não sei... – Falei depois de titubear.

- Não sabe ou não quer dizer. – Falou um pouco mais firme.

- Eu sei o que eu penso, só não sei se você vai gostar de ouvir. – Falei e sentei de frente para ele.

- Me fala, por favor! – Ele falou em súplica e foi só então que eu percebi que ele queria uma certeza comigo, algo que definisse a nossa situação.

- Flávio, eu nunca me envolvi com nenhum outro cara. – Falei pausadamente – Mas eu acho que estou apaixonado por você – Não tive coragem de lhe olhar, qualquer pessoa diria para eu esperar, mas exatamente por ser inocente nesse quesito eu não sabia dessas pequenas regrinhas inventadas para complicar as relações. Ainda hoje acredito que quanto mais verdadeiro você for com uma pessoa mais vocês têm chance de estarem juntos, esses joguinhos de: "Só posso ligar depois de tantas horas para não parecer desesperado!" ou "Ele que se declare primeiro, eu nunca que vou me expor assim" esse tipo de coisa só serve para atrapalhar as relações e honestamente uma sociedade que preza pela frieza, deve estar doente.

Voltando, eu me declarei para ele e recebi um olhar bastante inquietador, ele virou o rosto e eu notei que ele ainda queria falar.

- Falei algo errado? – Disse lhe encarando.

- Não, imagina! – Ele segurou em meu rosto.

- Então por que você está assim?

- Sam, eu não sei se eu te mereço. – Foi a primeira vez que ele me mostrou a sua fraqueza, não física, não de caráter, mas sim de autoestima.

- Como assim? – Perguntei inquieto.

- Eu sou errado, eu não tenho nada pra te oferecer – Uma lágrima desceu pelo seu rosto – Uma hora eu vou ter que voltar a viver com o meu pai e se ele sonhar que estou envolvido com você... – Ele parou de falar e pareceu considerar a possibilidade, um terror invadiu sua face – Eu seria capaz de mata-lo se ele se atrevesse a te tocar! – Disse seguro.

- Amor... – Parei de falar pelo susto em sua face. – Desculpa – Me apressei em me corrigir.

- Diz de novo Sam! – O sorriso que eu precisava estava ali.

- Amor? – Ele sorriu e me deu um selinho – Não te preocupa comigo, se eu estiver com você vai ficar tudo bem.

Ele veio deitando em cima de mim novamente, dessa vez eu mesmo tomei a inciativa e tirei a minha camisa, enquanto ele tirava a sua me apressei e baixei a bermuda e a cueca.

- Sam...

- Vem! – Disse decidido e ele veio.

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