SOB PRESSÃO E NOVOS COMEÇOS

Os últimos meses haviam sido um turbilhão para Maria Clara. Apesar da felicidade com a gravidez e o apoio de João, os dias não eram fáceis. Desde que a notícia de seu relacionamento com o lateral-direito do São Paulo veio a público, ela se tornou alvo de críticas e ataques, muitos deles vindos de torcedores do próprio Corinthians.

As redes sociais eram um campo minado. Entre mensagens de apoio, havia uma enxurrada de comentários ofensivos, acusando-a de traição ao clube, de não levar a sério a rivalidade e até de ser uma "vendida".

Maria Clara tentou ignorar, focando no que realmente importava: sua família, sua carreira e os bebês que estavam a caminho. Mas a cada jogo, a hostilidade das arquibancadas parecia crescer. Vaias vinham de onde antes só recebia aplausos, e até mesmo os olhares de algumas colegas de time haviam mudado.

Um Momento de Dúvida

Uma noite, após um treino exaustivo, Maria Clara chegou em casa visivelmente abalada. João, que estava preparando o jantar, percebeu imediatamente.

— O que aconteceu? — ele perguntou, largando tudo e indo até ela.

Ela suspirou, sentando-se no sofá.

— Não sei se aguento mais isso, João.

— Isso o quê?

— As vaias, os comentários, o ódio. Eu nunca pensei que minha própria torcida pudesse me tratar assim.

João se sentou ao lado dela, segurando suas mãos.

— Eles não te conhecem de verdade. Você sabe disso.

Maria Clara balançou a cabeça, os olhos cheios de lágrimas.

— E se eu mudasse de time? Recebi uma proposta do Internacional... Talvez fosse melhor. Um recomeço.

João ficou em silêncio por um momento, processando o que ela acabara de dizer.

— E você acha que isso resolveria?

— Talvez. Pelo menos eu não teria que lidar com essa torcida que me odeia.

Ele apertou suas mãos com mais força.

— A decisão é sua, Maria. Mas você não pode deixar o ódio dos outros definir quem você é ou onde você deve estar.

Ela encostou a cabeça no ombro dele, sentindo o peso das escolhas que precisava fazer.

Algo de Ruim Acontece

Na semana seguinte, Maria Clara jogava pelo Corinthians contra o Palmeiras. O estádio estava lotado, mas, como vinha acontecendo ultimamente, as vaias da torcida corintiana eram constantes.

No segundo tempo, em uma disputa de bola, Maria sofreu uma entrada violenta de uma zagueira adversária. Ela caiu no gramado com uma expressão de dor que fez o estádio silenciar.

João, que assistia ao jogo pela TV, sentiu o coração parar ao vê-la ser levada para fora do campo de maca.

Três Meses Depois

A lesão de Maria Clara não foi grave, mas o médico recomendou que ela se afastasse dos treinos até o nascimento dos bebês. O período de recuperação foi difícil, tanto física quanto emocionalmente, mas a proximidade do parto trouxe uma nova esperança.

Naquela manhã, três meses depois do jogo, Maria Clara acordou com contrações leves. Inicialmente, pensou que era um alarme falso, mas as dores começaram a intensificar-se.

João, que já estava em alerta desde que o médico avisou que os bebês poderiam chegar a qualquer momento, imediatamente pegou as malas e a levou ao hospital.

O Parto

Horas depois, Maria Clara estava na sala de parto, com João ao seu lado, segurando sua mão e dando força.

— Você está indo muito bem — ele sussurrou, enxugando o suor de sua testa.

Finalmente, o momento chegou. Primeiro nasceu Heitor, saudável e chorando forte, seguido por Olívia, que chegou ao mundo com a mesma energia.

João olhou para os dois bebês, os olhos marejados de emoção.

— Eles são perfeitos, Maria.

Ela sorriu, exausta, mas feliz.

— Eles são tudo o que eu poderia sonhar.

Um Novo Começo

Mais tarde, no quarto do hospital, João segurava Olívia enquanto Maria Clara tinha Heitor em seus braços.

— Tudo isso... o ódio, as críticas... não importa mais agora — ela disse, olhando para os filhos. — Eles são a minha prioridade.

João sorriu e beijou sua testa.

— E nós vamos enfrentar tudo juntos. Como sempre.

Maria Clara sabia que os desafios continuariam, mas, naquele momento, enquanto olhava para sua família, sentiu-se mais forte do que nunca