12
A DECLARAÇÃO
O pôr do sol tingia o céu de tons dourados e rosados quando João estacionou o carro em frente a um mirante afastado da cidade. Era um lugar que ele descobrira por acaso durante uma folga, um refúgio silencioso em meio ao caos de São Paulo. Hoje, ele o escolheu como cenário para algo especial.
Maria Clara, sentada ao seu lado, olhava a vista com curiosidade, mas também com um ar de desconfiança.
— Por que você me trouxe aqui, João? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Ele sorriu de canto, tentando disfarçar o nervosismo que sentia.
— Achei que você merecia um lugar tranquilo. Algo diferente das nossas reuniões secretas em estacionamentos e hotéis.
Ela riu, mas sua expressão suavizou.
— É lindo aqui... Mas você está estranho.
— Estranho como? — João brincou, mas logo desviou o olhar.
— Nervoso. — Maria Clara estreitou os olhos. — O que você está tramando, Moreira?
João respirou fundo, encarando o horizonte por um momento antes de virar para ela.
— Não é trama, Maria. É só... algo que eu preciso dizer.
O Momento
Maria Clara se calou, surpresa pela seriedade na voz dele. João, que sempre fora tão controlado, parecia diferente naquele instante.
— Desde que você entrou na minha vida, tudo mudou. No início, eu odiava como você conseguia me tirar do eixo, como você era tudo o que eu queria evitar. Mas agora...
Ele fez uma pausa, tentando organizar os pensamentos.
— Agora eu percebo que você é exatamente o que eu precisava.
Maria Clara sentiu seu coração disparar. As palavras dele, tão sinceras, tocaram algo profundo dentro dela.
— João...
— Me deixa terminar, por favor — ele disse, sorrindo.
Ela assentiu, um pouco atordoada.
— Eu sei que isso não vai ser fácil. Sei que temos o mundo inteiro contra nós — continuou João. — Mas também sei que não quero enfrentar nada disso sem você. Quero estar ao seu lado, nos dias bons e ruins. Quero lutar por nós, por você, por tudo o que significa estar com você.
Ele então tirou uma pequena caixinha do bolso. Não era um anel de noivado, mas um pingente em forma de uma bola de futebol, simples, mas significativo.
— Maria Clara, você aceita namorar comigo?
A Resposta
Maria Clara olhou para ele, sem acreditar no que estava acontecendo. Uma parte dela queria gritar "sim" imediatamente, mas outra parte estava ciente das consequências. Porém, quando olhou nos olhos de João, viu a sinceridade, a coragem e o amor que ele estava oferecendo.
— Você é louco, sabia? — ela disse, sorrindo.
— Um pouco — ele respondeu, rindo nervoso.
Ela estendeu a mão e pegou o pingente, sentindo o metal frio contra os dedos.
— Eu aceito.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Maria Clara o puxou para um beijo. Foi intenso, cheio de emoção, como se todas as palavras não ditas fossem transmitidas naquele momento.
Mais do Que Romântico
Depois do beijo, eles ficaram ali, sentados no capô do carro, observando as luzes da cidade acenderem enquanto a noite chegia. Maria Clara segurava o pingente em suas mãos, brincando com ele enquanto João a envolvia com um braço.
— Sabe que isso vai ser difícil, né? — ela perguntou, quebrando o silêncio.
— Eu sei. Mas eu nunca fui de fugir de um desafio.
Ela sorriu, apoiando a cabeça no ombro dele.
— Você é irritantemente perfeito, sabia?
— E você é irritantemente impossível de ignorar.
Eles riram juntos, sentindo, pela primeira vez em muito tempo, que o mundo parecia menor, menos ameaçador.
Ali, sob o céu estrelado, eles decidiram que estavam dispostos a enfrentar qualquer coisa. Porque, apesar de tudo, o amor que compartilhavam era maior do que a rivalidade, maior do que o medo.
Era mais do que romântico. Era real.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top