Capítulo 7 (parte 1)
"Físico, irresistível, fabuloso, é lógico
Você é maravilhoso, mas
Você me afasta
Você me afasta do seu coração"
(Agua de Annique - Physical)
Mais um dia cansativo. Um monte de coisas para fazer tanto na faculdade quanto na biblioteca, saudades de casa, Steven e tudo isso acompanhado de uma incômoda dor de cabeça, que acabava com o humor de John. Para fechar com chave de ouro, chuva.
John saiu da biblioteca e seguiu correndo sob a chuva até o alojamento. Não estava muito a fim de conversa, mas teve de ser simpático com seus vizinhos de quarto, com quem tomou um rápido café da noite. Depois, foi até o quarto e procurou um analgésico dentro da gaveta. Ainda precisava encontrar Steven para "entrevistá-lo". Não estava com um pingo de vontade de fazê-lo, mas acordo é acordo.
Andrew ainda não havia chegado. John tirou a roupa molhada do corpo, se enxugou e colocou uma seca. Lavou as mãos e o rosto e procurou um guarda chuvas dentro do armário. Não tinha certeza de que trouxera um em sua mudança. Pegou o de Andrew emprestado e saiu novamente. Correu sob a chuva até o estacionamento e entrou em seu carro. Deu partida e seguiu para a casa de Steven rapidamente.
Desceu do carro e entrou na academia abandonada. Respirou fundo. Sua cabeça ainda doía, apesar do analgésico efervescente, e seu mau humor e cansaço permaneciam. Não estava a fim de enfrentar Steven. Subiu as escadas de ferro, caminhou pelo corredor e bateu à porta três vezes.
Não houve resposta.
John se lembrou de que Steven dissera que era só entrar, pois a porta estaria aberta. Então seguiu a recomendação e assim o fez. Abriu a porta e entrou. Limpou os pés no pequeno tapete marrom e observou o lugar.
Uma espécie de apartamento funcional. À esquerda, uma cozinha com fogão, armário, pia e uma mesa. Ao lado, uma porta de onde vinha um barulho de chuveiro ligado. Logo à frente, a cama onde John vira Steven e a garota desconhecida. À direita, uma TV velha sobre uma cômoda ainda mais velha, dois sofás e uma escrivaninha com duas cadeiras, lembrando um escritório. Uma pequena estante com alguns livros, um guardarroupas, muita bagunça, paredes mofadas e poeira visível a olho nu.
— Meu senhor... — pensou John.
Ouviu-se um ruído vindo do banheiro e o barulho de chuveiro cessou em seguida. John saiu do cômodo. Não queria que Steven o encontrasse lá dessa forma. Então voltou ao corredor e esperou um instante, o tempo de Steven se vestir.
Minutos depois, bateu à porta novamente.
— Entra.
John abriu a porta novamente e entrou. Steven estava parado em frente ao guardarroupas, vestindo um short de futebol vermelho. Seu corpo ainda úmido.
— Boa noite — cumprimentou.
— Boa noite — respondeu Steven, indo em direção à cozinha. — Quer beber alguma coisa?
— Não, obrigado.
Steven abriu uma lata de cerveja e começou a tomá-la na própria lata. Ligou a TV e se sentou no sofá, acomodando-se.
— Senta.
John já estava um tanto envergonhado, embora permanecesse calmo. Sentou-se no sofá de frente ao de Steven, que mudava os canais da TV com uma mão e parecia segurar o volume em seu short com a outra. John não pôde deixar de observar e observar:
Ele está seminu. Só um short vermelho. E não tira a mão do saco. Começou.
John cruzou as pernas.
— Podemos começar?
Steven desligou a TV. Pôs o braço direito sobre a cabeceira do sofá enquanto segurava a lata de cerveja com a mão esquerda, esperando a primeira pergunta.
— Quando começou a nadar?
— Aos 14.
— Você é daqui de Taigo?
— Sou.
— Pretende seguir carreira como nadador?
— Não.
— Não? — surpreendeu-se. — Por quê?
— Estudo Direito, não natação.
Primeira resposta atravessada da noite. John fez suas anotações.
Nada desde os 14, é daqui, não vai ser nadador. Ainda está seminu. Isso está me desconcentrando.
Vez ou outra Steven passava a mão sobre o short, que marcava um abstrato contorno de seu membro viril. Parecia fazer para provocar. A fim de tentar evitar a distração, ou a tentação, John pediu:
— Será que você poderia se vestir, por favor?
Steven esticou as pernas sobre a mesa de centro.
— Não. Eu estou na minha casa, não na sua.
John não estava para resignação aquela noite.
— Não te ensinaram que é de extrema deselegância receber visitas seminu?
Steven inclinou o tronco e apoiou os cotovelos sobre os joelhos, colocando a lata de cerveja, já terminada, no chão.
— Não.
— Pois nunca é tarde para aprender — disse John, com um sorriso irônico.
— E alguém já te disse que você é patético?
John fechou seu bloco de anotações e se inclinou, como Steven fizera. Após o silêncio de efeito, perguntou, calmamente:
— Você se acha muito foda, né?
— Eu não me acho, eu sou.
— Sim, sim, você é. É um grande pedaço de merda estúpida e arrogante que se acha o último oásis do deserto. Eu tenho pena de gente como você.
Steven sorriu seu sorriso enigmático e se recostou ao sofá novamente. Deslizou a mão pelo peito e colocou-a dentro do short.
— Tanta pena que mal consegue disfarçar o tesão que sente quando está perto de mim.
O coração de John foi à boca. Não era possível que Steven tivesse percebido que despertava nele desejos ocultos. As mãos gelaram, a boca secou, as pernas tremeram, mas John conseguiu não demonstrar. Apenas se levantou, guardou sua caderneta no bolso, respirou fundo e finalizou:
— Nem se você fosse o último homem.
Caminhou em direção à porta, mas Steven o impediu de sair. Rapidamente, puxou-o pelo braço e o impeliu bruscamente contra a parede. John estava ofegante. Temia pelo que Steven pudesse fazer.
Steven o fitou com olhos de ira. Respirava forte, exalando hálito de cerveja. John estava apavorado, a adrenalina o deixou sem fala. Permaneceram ali por intermináveis segundos.
John tentou sair novamente, mas Steven colocou seus dois braços contra a parede, deixando-o encurralado.
— Steven...
Ostentando o mesmo olhar colérico, Steven o impeliu novamente, rendendo-o de vez.
Então, com toda sua rudeza, pressionou seu corpo contra o de John e beijou-o com urgência.
O coração de John foi a mil. Batia tão forte que chegava a doer. As pernas tremeram ainda mais. Não acreditava no que estava acontecendo. Jamais imaginara que pudesse acontecer. Não sabia o que fazer, apenas arregalou os olhos e sentiu-se sufocar por um instante.
Steven puxou-o contra si pela cintura e passou a mão por sua nuca. John então entendeu que aquilo estava acontecendo porque Steven queria que acontecesse. Por fim, se entregou. Apoiou suas mãos no quadril de Steven e retribuiu seu beijo com a mesma intensidade.
Steven parecia querer devorá-lo. Suas línguas brigavam por espaço em suas bocas e seus corpos agora se exploravam como territórios desconhecidos. O sabor de cerveja e o perfume másculo que Steven exalava — o mesmo que John sentira outrora — deixavam-no ainda mais extasiado. Sustentaram esse beijo ardente por longos segundos.
Pararam e se entreolharam por um instante, ofegantes. Antes que John dissesse qualquer coisa, Steven beijou-o novamente. Com as duas mãos, tirou o casaco e a camisa de John, deixando-o apenas de calças. Em seguida, pegou a mão direita de John e levou-a até seu órgão ereto, dentro do short. John masturbou-o com força, desajeitadamente, enquanto Steven tirava o cinto de suas calças.
Quando estavam ambos apenas de cueca, Steven conduziu-os até a cama, ainda entre beijos. Acabaram de se despir e logo estava John, ali, naquela mesma cama protagonizando a cena que vira há dias.
Colocou-se, então, sobre Steven e continuou a explorar seu corpo. Beijava seu pescoço, seu peitoral, seu abdome, enquanto segurava seus bíceps torneados. O membro de Steven pulsava. Era exatamente como John imaginara em suas fantasias mais ousadas. Assim, John as realizou, saboreando cada centímetro daquele pedaço pulsante de músculo como se fosse o próprio fruto proibido. O corpo de Steven se comprimia e John ouvia seus pequenos urros de prazer.
Steven segurou os cabelos de John com sua mão esquerda e gemeu alto em seguida, cerrando os dentes enquanto John o sorvia. John olhou-o rapidamente. Os olhos apertados de Steven denunciavam sua satisfação.
Com ambas as mãos atreladas aos cabelos de John, Steven puxou-o para si e beijou-o novamente. Abriu, com alguma dificuldade, a gaveta do criado mudo ao lado e pegou um preservativo. Deitou-se sobre John, virando-o de costas para si. Colocou, então, o preservativo em seu pênis rígido.
John não temeu. Era isso o que queria. Mal podia acreditar no que estava acontecendo, então que tudo fosse como ele imaginara. Steven, devagar, penetrou John, que sentiu um misto de prazer e submissão inexplicável, como nunca antes sentira. Steven segurou-o pela cintura e manteve o ritmo lento, enquanto John o tocava e gemia de prazer.
Aos poucos, Steven aumentou sua velocidade e intensidade. Beijava os lábios de John com desejo, ofegante, enquanto este se masturbava sofregamente. Sempre cadente, Steven se manteve incansável por longos minutos daquele momento de pura luxúria. Não contendo mais tanto prazer, John, cansado, ejaculou em explosão, banhando seu peito em próprio sêmen. Logo depois, Steven, também exausto, atingiu o clímax e uniu seu sêmen ao de John.
Aquela foi a noite de sexo mais intensa que John já tivera em toda sua vida. Steven se deitou sobre John e beijou seu pescoço. John o abraçou. Estar ali, naquele quarto cheirando a suor e torpeza, fora, de certa forma, a coisa mais profanamente romântica que John poderia ter vivido. Sentiu-se, apesar da circunstância, feliz. Feliz. Aproveitou o corpo suado de Steven sobre o seu o quanto pôde. Fechou os olhos e regozijou-se, sem dizer qualquer palavra. Logo percebeu que Steven adormecera.
Beijou-lhe os lábios uma vez mais e tomou um banho rápido. Enxugou-se na toalha que Steven deixara sobre o sofá e se vestiu novamente. Foi embora em transe.
Ao olhar o relógio, percebeu que quase duas horas se passaram. Pouco importava. Voltou para casa e dormiu nas nuvens.
▪▫▪
O som frenético do despertador o acordou de súbito. John esfregou os olhos e se sentou na cama. Observou Andrew, desmaiado, por um segundo e logo se lembrou da noite anterior, dos momentos de paixão que vivera intensamente com Steven. Sorriu. Sentiu, por algum motivo, que coisas boas estavam para acontecer.
Levantou-se, tomou um banho reforçado, trocou de roupa e saiu. Precisava contar seu grande feito a Melanie, mas ainda não sabia como fazê-lo. Apesar da amizade existente entre ambos, John se sentia constrangido em revelar suas intimidades a outrem, mesmo que próximos. Tia Beth, que também deveria ser informada a respeito, era a exceção.
Tomou um rápido café com seus vizinhos de quarto e, então, seguiu para a universidade. Preferiu não encontrar Melanie no refeitório, pois acabaria revelando a ela o ocorrido. Tratou de ir logo para a sala de aula. Aproveitou-se de que o rapaz simpático da carteira ao lado estava aéreo e puxou assunto. Conversaram sobre assuntos acadêmicos e outras coisas sem importância. Ao som do sinal, Melanie chegou e John finalizou o assunto com o rapaz, virando-se para ela.
— Oi, John — sentou-se.
— Bom dia. Tudo bem?
— Tudo, e você? O que conta?
John levantou as sobrancelhas e pensou em como responder sem responder.
— Eu vou bem, obrigado — evadiu.
— Nenhuma novidade?
— Amn... — pensou por um instante — Mais ou menos.
— Eu tenho uma, mas vou te contar só à noite, quando sairmos.
— Ué, por quê? Vai me deixar curioso?
— Vou. Preciso, antes, me certificar de um detalhe importante. Mas não é nada demais. Eu te conto a minha e você me conta a sua.
Justo.
O professor adentrou a sala, cumprimentou os alunos e logo começo sua aula.
Enquanto ele falava, eloquentemente, John o fitava sem ouvir o que dizia. Apenas o fitava com olhos turvos, lembrando-se da noite anterior, que ainda circundava seus pensamentos. Cada suspiro, cada beijo, cada movimento, cada gota de suor... Tudo tão torpe e, ao mesmo tempo, tão solene que fazia um sorriso bobo brotar de seus lábios a cada lampejo relembrado.
Assim John permaneceu durante todo o dia. Almoçou com Melanie tendo trocado poucas palavras. Esta chegou a questionar o porquê do comportamento tão introspectivo, mas a resposta foi esquiva. Não houve insistência.
— Às oito no bar?
— Pode ser.
— Então tá. Quero saber o que foi que te deixou assim tão hipnotizado.
John sorriu.
— Até a noite.
Pouco após a retirada de Melanie, John se levantou e caminhou calmamente até a biblioteca. Agora que Steven treinava à noite, não havia mais possibilidade de vê-lo nadando com Andrew pela manhã. Não seria problema. Vê-lo-ia em outras ocasiões mais interessantes.
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