30 - 👑O acordo👑

O Vitório não estava brincando concernente ao horário.

Eu encontrava-me tão cansada, que mal encostei minha cabeça no travesseiro e ouvi batidas na porta. Levantei-me e fui atender a porta, já que a Esmeralda ainda não havia chegado.

— Bom dia Esmeralda — o Vitório cumprimentou-me com um sorriso enorme.

Por um momento, achei que ele nem tinha chegado aos seus aposentos, mas ao ver o Beto, o Edgar, a Guilhermina e a Tábata ao seu lado, eu notei que a noite tinha passado em um piscar de olhos.

— Bom dia! — respondi em um tom mais baixo — estão bem animadinhos, olha só esses sorrisos! Ou... podem estar zombando da minha aparência! — passei as mãos nos meus cabelos — pelos Céus! Eu devo estar horrível! — fechei a porta, e fiquei escorada nela, do lado de dentro.

— Só estamos felizes por vê-la, princesa. Não estamos zombando — disse Edgar, dando leves batidas na porta. 

— Preciso ficar apresentável primeiro.

— Guilhermina e eu lhe ajudaremos, para ser mais rápido!

— Certo Tábata, então pode entrar, só as duas.

Era mais drama meu, embora eu não gostasse de admitir. Em pouco tempo, eu já estava arrumada, pronta para um novo dia, que a propósito se iniciou bem cedo para mim.

Como combinado, fomos em direção aos aposentos do Cleomar.

Eu estava deveras ansiosa! Muita coisa poderia acontecer! Ele poderia reagir bem, mas também poderia pegar tudo aquilo como uma grande afronta. Conhecia ele a pouco tempo, então não estava certa de vossa reação.

— Olha só — ele disse sorridente ao adentrarmos — quando um servo veio anunciar que uns a amigos viriam visitar-me, fiquei deveras curioso, para saber de quem se tratava. Confesso que estou surpreso só com a vossa presença, Vitório.

— Não pegarei como uma afronta, já que minhas atitudes anteriores me precedem — riu nervoso e respirou fundo — Cleomar, quero que saiba que foi eu que...

— Que teve a iniciativa de visitá-lo a essa hora — eu interrompi descaradamente.

Se ele já falasse de cara, dificilmente o Cleomar reagiria bem.

— Sem problemas — ele sorriu de leve. — confesso que a vida tem sido bem solitária, a não ser pelas visitas da Esmeralda, da Tábata e de alguns servos bondosos que insistem em me fazer companhia — Notei que ela ficou deveras corada.

— Já estás quase bom, não?! — o Beto perguntou preocupado.

— Sim, já iniciei andar, o médico recomendou que eu fizesse isso. Hoje devo ir até os jardins reais — falou como se fosse o melhor programa que tivesse para fazer.

— É muito bom vê-lo se recuperando — ofereci um sorriso sincero — sabe, uma coisa muito boa que nossos pais conseguiram foi a paz entre nossos reinos! Provavelmente se eles não conseguissem assinar aquele acordo de paz entre os reinos, nunca seriamos amigos.

Todos concordaram. Notei que o Vitório me olhou disfarçadamente, acenou com a cabeça e, sorriu.

— O quanto prezas pela paz, Cleomar?

— Ora Vitório, ela pra mim, como a Esmeralda disse, é uma das maiores conquistas dos nossos pais.

— O que estaria disposto a fazer para mantê-la?

— Bom, não consigo pensar em nada que me faria partir para uma quebra do acordo — o semblante do Vitório deu uma leve alegrada, mas continuava tenso.

— Não é segredo para ninguém que eu não presto.

— A sua fama lhe precede, meu caro Vitório — Cleomar gracejou. — porém, é a primeira vez que lhe vejo admitindo isso.

— Tenho tentado mudar minhas ações, Cleomar. Tenho tentado ser bom. Sei que isso soa como uma piada aos vosso ouvidos, mas espero que minhas novas ações lhes conquistem.

— Bom, não sou tão difícil de convencer assim. Inclusive as notícias de seus atos  heróico tem chegado até essa parte do castelo! Espero que seja algo real, pois uma confiança perdida é muito difícil de ser conquista. — o Vitório engoliu em seco.

— Não me orgulho de minhas antigas obras — ele olhou-me de soslaio. — porém estou tentando remediar todo mal que fiz.

— Isso sim, é sinal de quem quer mudar. Assumir um erro feito e se desculpar por ele não é pra qualquer um — gracejou Cleomar, se ajeitando em sua poltrona confortável.

— Perdoe-me, Cleomar. Agi desumanamente contigo.

— Ora, não senti nenhuma ofensa da vossa parte. Creio que deves desculpa é para a Esmeralda, não para mim.

— Eu já fiz isso — respirou fundo. — sou culpado por estares nesse estado. Queria eliminar a concorrência. Eras muito próximo da Esmeralda.

— Queria matar-me na mina? — seu semblante mudou drasticamente.

— Não! De modo algum! Queria apenas tira-lo da jogada — o Vitório pacientemente contou sobre seus planos e como o Altíssimo tinha outros planos para ele.

O Cleomar ouviu atentamente cada palavra que o Vitório proferia.

— Entendo... — o Cleomar parou para analisar as palavras que diria. Ele parecia estar escolhendo a dedos o que diria. — Eu te perdoo Vitório, mas com uma condição.

— Farei qualquer coisa que pedires a mim.

— Quero que renuncie seu direito ao trono! Nós dois bem sabemos que vosso irmão é bem melhor do que tu. Sem contar que quando eu for rei vou preferir negociar com pessoas que eu confio. — ele tinha um ar de ira.

— Certo! Se deres a vossa palavra de que manterá a paz entre os reinos, eu aceito.

— De modo algum! — pronunciou Edgar — Cleomar, não pode estar falando sério. Sabes que esse é o legado dele, não o meu.

— Agora é o vosso, parabéns meu amigo. Teremos um longo reinado de paz.

— Não dever...

— Edgar — Vitório colocou a mão em seu ombro, ao impedi-lo de falar. — Está tudo bem, meu irmão. Eu aceito de bom grado o que ele propôs. Acho que os Céus estão conspirando a vosso favor, meu irmão! Já é a segunda vez que isso acontece. Lembra quando a Esmeralda venceu-me, na arena?! É seu destino, reinar sobre Aldória.

— Não quer dizer que nunca serás rei, irmão — Tábata se pronunciou pela primeira vez. — estás em uma disputa pelo coração de uma linda princesa, e com o coração vem a coroa de brinde! — ela gracejou.

— Oh minha irmã! — o Vitório colocou as duas mãos, uma de cada lado do seu rosto — tens o coração tão bom, quanto o da nossa mãe! Depois de tudo que fiz, ainda deseja-me o bem. Ainda não me desculpei contigo. Perdoe-me, minha irmã. Passarei a minha vida tentando recompensar-te.

— Já perdoei, meu irmão. Tenho lhe observado e sei que és um novo homem. Voltarei para Aldória. Porém, quero vos esperar — ela fitou os dois irmãos. — não quero deixar escapar nada, antes da hora. Terão que resolver essa questão do trono, com o nosso pai. Daremos chás calmantes a ele por um mês, aí depois falarão.

— Tens razão, minha irmã e quanto ao casamento com a Esmeralda... bem, acho que já sabemos quem ela irá escolher — ele fiou o Edgar.

— Ora — o Edgar ergueu as duas mãos—, não me olhes desse jeito! Certamente não sou eu, a escolha dela.

— Não sei porque estás dizendo isso. É uma escolha óbvia, a meu ver.

— Que deselegante! Estamos atrasados para o desjejum — interrompi antes que daquela conversa surgissem mais especulações.

— Calma, minha princesa. Ainda faltam alguns minutos, é tempo suficiente para chegarmos lá — o Beto como sempre, acalmou-me.

Todos saímos às pressas dos aposentos do Cleomar. Meu coração se partiu, ao notar aquele olhar solitário do Cleomar.

— Rapazes — olhei para os dois irmãos—, fariam a gentileza de ajudar o Cleomar chegar até a mesa? Sinto falta dele conosco.

Pude ver seu rosto se iluminar, de felicidade.

Os príncipes irmãos ficaram um de cada lado do Cleomar. O príncipe enfermo colocou um braço em torno do pescoço do Edgar e um em torno do pescoço do Vitório. Os dois irmãos firmaram o Cleomar e o ajudaram a chegar até o local onde nos alimentaríamos.

Ele foi recebido na mesa com muita pompa! Todos fizeram questão de vir cumprimentá-lo. Dava para notar o sorriso estampado em sua face.

— Princesa, não que eu esteja contrariado com a presença do príncipe Cleomar, mas achei que aqui se reuniria apenas os vosso pretendentes.

— Oh! Isso está longe de ser verdade, Inácio. Já que os meus pais e a princesa Tábata também se encontram aqui, não gosta da presença do rei e da rainha de Myrabel?

— Foi só uma rude observação, princesa.

Imagino estar conquistando o respeito desses jovens. Espero que a nova geração de mulheres sejam mais bem aceitas na sociedade. Pesa-me o coração saber que a maioria das mulheres e moças dos reinos vivem em uma condição muito triste. Desvalorizadas apenas pelo fato de serem uma mulheres. Dou graças ao Altíssimo, por meu pai não ser assim. Quero influenciar os homens, a tratarem melhor suas mulheres.

— O dia da vossa escolha se aproxima, Esmeralda. Estamos ávidos para descobrir quem será o vosso escolhido!

Ao ouvir aquelas palavras do Duílem meu coração disparou! Fiquei com os olhos fixos e emudecida. Tenho certeza que nunca seria feliz no casamento. Não amo nenhum deles! Imagina, como deve ser deveras horrível, estar casada com alguém que não amas?! Será que com o decorrer dos anos eu passarei a amar o meu esposo? Mil e uma coisa passavam por minha mente.

— Minha filha? — meu pai tirou-me dos meus devaneios.  

— Sim, meu pai. Ah! Sim Duílem, está próximo logo saberão quem foi o escolhido — coloquei o meu melhor sorriso no rosto.

Conseguiu usar minha máscara o dia todo. Por dentro eu estava destruída, mas por fora eu sorria. Seria uma ótima atriz! Modéstia a parte.
Dentro de cinco dias eu decolheria com quem iria me casar. Obviamente tinha a parte boa de tudo isso. Apesar de não ama-lo, ele era um bom rapaz.

Dei graças ao Altíssimo, pelo dia enfim ter findado. Seria o momento que eu poderia ser eu mesma, me derramar perante o senhor, em oração.

Aquela noite foi diferente das outras. Sempre eu aproveitava aquele momento em que o Beto acompanhava-me até meus aposentos, para conversarmos. Naquela noite porém, o silêncio era absoluto. Fizemos todo o trajeto sem dizer palavra alguma.

Ele abriu a porta de meus aposentos, assim que adentrei, antes de fechar a porta, sua voz ressoou.

— Minha princesa, sei que estás abatida pelo casamento. Tenha fé, tudo dará certo.

— Não Beto, não dará certo. Minha fé se esvaneceu nessa parte. Porém, já aceitei esse fardo. Porém tem outra coisa a esse respeito que me perturba: sou cristã e eles não são, como será viver dessa maneira, sem estarmos em harmonia?

— Bom, o Vitório é um cristão agora, talvez devesse escolhe-lo.

— Ainda não sei quem será ao certo, Beto.

— Quero dizer que independente do que aconteça, sempre estarei orando por ti. Te desejo muitas bençãos dos altos Céus! Os vossos pretendentes tem se mostrado confiáveis, sei que estará bem protegida — ele tinha o semblante pesaroso, como se escondesse algo.

— Agradeço Beto. E sim, eles tem se mostrado confiáveis. Sem contar que também tenho o meu guarda pessoal para proteger-me — sorri com sinceridade.

Ele não disse nada, apenas deu um leve sorriso.

Como eu imaginava, a noite foi deveras difícil! Demorei demasiadamente para pegar no sono. Enfim, pela graça do Altíssimo consegui adormecer.

Assim que eu acordei, notei que havia um pedaço de papel próximo a porta. Certamente alguem teria enfiado por debaixo da porta. Como não sou nada curiosa, desci do meu leito em um salto e fui ver, do que se tratava aquele papel.

Era tudo muito delicado, fiquei com um sorriso congelado ao começar ler, porém esse sorriso transformou-se em lágrimas no fim da leitura. Meu coração estava dilacerado! Não sabia como agir naquele dia. Minhas lágrimas desciam, como se não ti
vesse o amanhã.

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Essa princesa sofre, hem?!

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