29 - 👑 Príncipe Vitório 👑
Eu não sabia como agir, ele estava deixando-me apavorada!
— Vitório? Acalme-se, tente falar comigo. Imagino que poderemos resolver, seja lá o que for — tentei a todo custo passar confiança.
Ele tentava parar, porém num instante e tudo voltava.
Levantei-me, paguei um copo d’água e, entreguei-o. Agradeci mentalmente a Zelda, pelo cuidado de sempre deixar água para mim.
Suas mãos estavam trêmulas.
A água o ajudou a se controlar, graças ao Altíssimo!
— Esmeralda... temo ter começado uma guerra. Como pude ser tão tolo!
— O que fizestes? — arregalei os olhos.
— Acho que devo contar-lhe toda a verdade. Não tenho dúvidas que me odiará, ainda mais. Andei fazendo algumas coisas, para prejudicar a paz entre os reinos — falou com pesar na voz. — Lembra quando meu irmão veio visita-los, assim que voltastes de Aldória? Ele foi emboscado e ferido, nos termos de Myrabel. Eu orquestrei tudo — ele abaixou a cabeça.
— Feristes o vosso próprio irmão? — senti que meu semblante havia mudado. — qual era vossa intenção?
— Eu contratei mercenários para fazer isso, sem que percebessem que era eu. Eu queria vingar-me de vós. Se meu pai pensasse que o príncipe Edgar tinha sido ferido por homens de Myrabel... bom, eu contava que teria uma guerra.
— Porque me odeia tanto, Vitório?
— Eu não te odeio Esmeralda, não mais. Mas antes, tudo que eu adimiro hoje em ti, era um motivo para odiar. Quando notei que meu irmão não quis anunciar o ocorrido, eu precisava de outro plano. Foi aí, onde comecei ser “bonzinho”, minha intenção era sabotar os vossos planos. Meu plano era eliminar todos os concorrentes que lhe agradava. E eu comecei colocar em prática, porém, a convivência contigo acabou levando-me a questionar os meus atos. Foi aí que procurei o Alberto.
— Espera aí, então envolvestes o Beto em seus planos maléficos?!
— De modo algum. Um certo dia, fiquei aguardando o momento em que ele voltou de vossos aposentos. Então eu o abordei.
— Preciso falar-lhe.
— O que desejas, príncipe Vitório?
— Diga-me, o que há de errado contigo, com a Esmeralda e com a Guilhermina?
— Nada, Alteza.
— Então porque depois de tudo que eu lhes fiz, não sinto o ódio em vossos olhares?
— Porque presamos pelo perdão. Sempre que queremos alimentar o rancor, o ódio por alguém, imediatamente começamos a orar por aquela pessoa, assim o ódio não se instala.
— E quando fazem o que não devem?
— Buscamos o perdão do Altíssimo.
— Isso não é pra mim. Os meus pecados são demasiadamente grandes, mais do que podem ser perdoados.
— Onde se engana, vossa Alteza. ¹”Venham, vamos refletir juntos”, diz o Senhor. “Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão. Este é um trecho das escrituras sagradas.
— Estás dizendo-me, que o Altíssimo pode perdoar os meus inúmeros pecados?
— Certamente que sim. Se tivesse limite, Ele não seria todo-poderoso. Não há pecado demasiadamente grande. O que há, é falta de arrependimento, confissão e abandono do erro.
— É deveras agradabilíssimo, para ser verdade. Qual o preço? Tudo tem um preço.
— Certamente que sim. Teve um preço, um alto preço. Porém, já foi pago.
— Estás dizendo que Alguém já pagou um preço por mim?
— Estás certo. O filho de Deus, Ele pagou o preço, por toda a humanidade. E foi um preço demasiadamente grande, foi um preço de sangue.
— Não sei o que queres dizer — nesse momento nós dois já estávamos sentados no chão, em meus aposentos.
— Quero dizer, Alteza que o Senhor Jesus Cristo, deu a sua vida, para resgatar a nossa — ele notou que eu ainda me encontrava confuso. — há muito tempo, Ele veio ao mundo, nasceu de uma virgem...
— Virgem? Como assim nasceu de uma virgem? — o Alberto repreendeu-me com o olhar — tá bom, prossiga, depois me explica essa parte.
— Pois bem. Ele foi concebido pelo Espírito Santo, no ventre de Maria. Sua missão aqui na terra era morrer, isso mesmo. Ele sacrificou a própria vida, deixou ser pregado em uma cruz, para que através de recebê-lo, pudéssemos ter o perdão de nossos pecados. E, uma morada garantida, no Céu, quando morrermos.
— Ele deu a vida, espontaneamente?
— Sim, Alteza.
— Mas porquê? Ele não era inocente?
— Sim, era. Mas nós não. Ele morreu em nosso lugar.
— Achei essa história muito triste. Alguém inocente morrer pelo culpado...
— É uma linda história de amor, Alteza. O amor de Deus pela humanidade! — ele respirou satisfeito — Ah! O senhor sabe que ele ressuscitou, não sabe?
— Não! Eu não sei. Ora essa, a pouco eu não sabia do seu nascimento!
— Verdade! Foi isso, quando tinha três dias que ele havia morrido, Deus o ressuscitou dentre os mortos!
— Fica cada vez melhor! Eu sou a prova viva que funciona.
— O que funciona?
— isso aí do perdão. Já que vós três parecem não adiar-me. Deve ser porque tiveram os pecados perdoados, aí querem fazer como o Juses.
— Juses?
— Sim, o da vossa história.
— É Jesus, Alteza — senti que ele segurou o riso.
— Então, estás dizendo que se eu arrepender Ele Irá perdoar-me?
— Tão certo como a luz do amanhecer, como o verde das folha, como o calor do sol, Alteza!
A partir daquela noite, tenho tentado ser diferente, com sinceridade. Tenho procurado ser bom e gentil. O Alberto ajuda-me sempre. Todas as noites nos em encontramos em meus aposentos, após ele deixar-te aqui. Nós lemos o a Bíblia Sagrada e, procuramos aplicar em nossas vidas.
— Estás dizendo-me, que tivesses um encontro verdadeiro com o nosso Senhor Jesus Cristo.
— Sim, princesa. Porém, os erros que cometi tem consequências. Não vou pedir que me perdoe — seus olhos voltaram a lacrimejarem —, tens todo o direito de odiar-me. Porém, quero que saiba, que sou um novo homem. Minhas novas obras falam e falarão por mim de agora pra frente.
— Por que estás com medo de provocar uma guerra?
— Agi como um verdadeiro asno — o ar de preocupação voltou a tomar conta dele — provoquei o acidente na mina, aquele que feriu o Cleomar.
— Não estou surpresa. Eu sabia que alguém tinha provocado, porém não tinha certeza que eras tu, apenas suspeitava. O Beto estava investindo... pelo visto esqueceu de relatar o que descobriu.
— Preciso falar com o Cleomar. Estou tão temeroso da reação dele. — sua expressão mudou, novamente — essa culpa me assola...
— Sabes que o Altíssimo já lhe perdoou, não sabe?
— Sim — respondeu pesaroso — porém não consigo parar de pensar em meus erros e nas possíveis consequências que terão. O Alberto disse-me como fazem para não guardarem rancor, porém o meu caso é deveras diferente.
— Tudo gira em torno de perdão e oração. Precisa liberar perdão para ti mesmo. Quando os seus “inúmeros”— fiz áspas com os dedos — erros lhe vierem á mente, ore por si mesmo. E comece a meditar nas bondades e gentilezas que tens feito. O perdão não é esquecer, é lembrar sem sentir dor. Esquecer é amnesia, não perdão.
Ele fitou-me, de uma maneira que nunca havia feito. Não consegui discernir aquele olhar. Pelo visto sentiu-se constrangido, já que desviou o olhar.
— Não sou forte o suficiente. Sinto que preciso fazer um tipo de penitência, para recompensar o que já fiz de mal.
— ²Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Estás se punindo por algo que não está mais nos arquivos do Altíssimo — dei um sorriso gentil. — a bondade deve fazer parte das nossas vidas, mas não como forma de penitencia. O Altíssimo nos criou para as boas obras, Vitório.
— Tem certeza que não és um anjo, Esmeralda? Sinto-me bem perto de ti, é como se os minha escuridão interna soubessem que a luz está por perto.
— Agora temos a mesma luz. ³Jesus, a luz do mundo! Só se permita senti-la. Em uma parte tens razão. As ações más que fizestes, precisa remedia-las.
— Estou disposto — ele se levantou — pagarei o preço que for. Só espero que o Cleomar seja pacífico. Já me acertei com meu irmão, embora ele já imaginava quais eram meus planos iniciais. Acho que sou bem previsível, afinal de contas. Amanhã ao romper da aurora irei falar com o Cleomar, iria comigo?! — perguntou tímido.
— Certamente que sim. Ah! Tens o meu perdão.
— Como?! — ele fitou-me surpreso.
— Príncipe Vitório de Aldória — eu segurei as suas duas mãos—, eu te perdoo, eu te perdoo. Estás entendendo-me? Eu. Te. Perdoo.
Ele ficou sem palavras, com os olhos fitos em mim. Notei que seus olhos azuis como o céu, estavam sendo tomados por uma enxurrada de lágrimas. Agora não tão azuis assim, mas com um leve vermelhidão, devido ao choro. Não estava acostumada com o lado sensível do Vitório, não sabia como reagir. Então peguei um de meus lenços de seda e, sequei as lágrimas que rolavam sem parar.
— Espero que sejam lágrimas de felicidade — falei gentilmente enquanto as secava.
— São sim! — ele sorriu meio tímido — são de felicidades e alívio. Só não sei porque fico chorando, isso não é comum pra mim.
— Estás com medo que eu te ache um fraco, devido a isso? — gracejei dando um leve soco em seu braço.
— De modo algum! Ou melhor sim... talvez.. não sei. Considera-me um fraco? — ele arregalou os olhos, agora sem lágrimas.
— Não seja tolo, claro que não — sorri com sinceridade.
— Sabe qual é um dos meus maiores arrependimentos? Perdi a chance de ter como minha esposa. Essa foi a minha maior perca.
— Oh! Não perdestes grande coisa — senti meu rosto arder, tinha certeza que ele estava rubro.
Agora que ele já se encontra melhor, retirou-se dos meus aposentos. Não antes de agradecer-me, demasiadamente.
Confesso que fiquei sobremaneira surpresa com tudo que aconteceu, naquele dia. Foi realmente um dia e tanto.
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Aqui estão os endereços dos versículos citados nesse capítulo.
1: Isaías 1: 18
2: II Coríntios 5: 17
3: João 8:12
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