24 - 👑Nesse mato tem coelho?👑

Eu peguei a carta e li em voz alta.

— Família querida, sei que não esperavam por isso. Porém, notei que não tenho aptidão para liderança. Meu rei, não se culpe. Na verdade, começamos errado. Não quero que procures por mim. Esmeralda querida, continue sendo essa jovem corajosa que enche meu Coração de alegria. Não quero que pare a sua escolha por um esposo. Vivam suas vidas e, mais uma vez digo: não procurem por mim. Prefiro viver distante, pois sei que assim, ficarão bem.
Amo vos.

Eu não conseguia acreditar naquelas palavras que acabei de ler.
Porque minha mãe iria embora, depois de tantas lutas e conquistas ao lado do meu pai? Aquela carta não fazia sentido algum, para mim.

— Esmeralda, sua mãe compartilhou contigo alguma coisa? Ela parecia infeliz? — meu pai estava desolado.

— Não senhor, meu pai. Ontem a tarde ela parecia muito feliz, radiante, pra ser mais exata.

— Ela passou o dia contigo Lady Fiona, por acaso comentou algo?

— Não — falou entre soluços — apenas pediu-me perdão por aquele ocorrido.

— Que ocorrido, tia?

Ela e meu pai se entreolharam.

— Não se preocupe, minha filha. Vamos nos concentrar na sua mãe. — Pressentia que estavam escondendo algo de mim. — não sei o que fazer — ele olhou para o conselheiro.

— Terá um grande alvoroço, se os súditos souberem do ocorrido.

— É a rainha deles, certamente eles tem o direito de saberem de todos os fatos. — falei impaciente.

— Criança ingênua. Isso pode ir muito além do que imaginas. — o conselheiro fitou¬-me, com um olhar de reprovação. — sabia que pelas tradições, o rei não pode ficar sem uma esposa? Quando o rei perde a esposa ele precisa casar-se, o mais rápido possível. Quanto menos os súditos souberem, mais tempo terão para encontra-la. Só torço para ela não ter feito o pior, já que tem um histórico de demência na família.

— Estás dizendo que meu pai tem que se casar, mesmo com minha mãe viva por aí? E, porque falas em demência?

— Falastes mais do que deveria, conselheiro.
— Perdoe-me, majestade.

— Com todo respeito, meu pai, mas acho que ele não falou o suficiente.
— Teremos que começar os preparativos para o casamento, caso a rainha Teodora não apareça. Ah, já tens alguma pretendente em mente?

— Tenho sim, conselheiro. A minha amada esposa, rainha Teodora. Não quero que mencione mais essa história descabida, de casamento.

— São as tradições, majestade. E, se me permites dizer, estás quebrando muitas tradições, em seu reinado.

— Eu não permito dizer.

— Acham que a minha irmã está com demência? — Minha tia não parava de chorar.

— Mais um motivo para se casar com outra mulher. Os súditos precisam de uma rainha que seja saud...

— Silencio! — bradou o meu pai irado — Conselheiro, se retire da minha presença imediatamente! Guardas, levem-no daqui. Se eu voltar a ouvir sua voz hoje, sem ser solicitado, serás lançado no calabouço!

— Meu pai, com vossa licença. Preciso retirar-me. Os rapazes aguardam minha presença — dei um abraço carinhoso em meu pai.

— Sim minha filha. Concentre-se nisso. Sua mãe tem razão. Deixe que nós cuidaremos do restante. — dei um sorriso forçado.

❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️

Saí em passos largos.

— Meh, fale comigo.

— Sim Beto.

— Não estás com cara de quem está indo para os seus aposentos se lamentar por vossa mãe e, nem que irás ao encontro dos príncipes e condes.

— E não estou indo — parei abruptamente. — irei atrás de respostas, meu caro.

— Na biblioteca?

— Não Guilhermina. Porém quanto menos saberes, melhor será para ti. — falei enquanto segurava as suas duas mãos. — tenho uma missão par ti. Preciso que vá, onde os rapazes estão e, diga a eles o que ouve. E que assim que possível, encontrar-me-ei com eles.

— Princesa — ela arregalou os olhos—, queres que eu vá lá e, fale com os príncipes e condes?

— Certamente que sim! Seja audaciosa! Porém, por via das dúvidas, fique ao lado do Edgar. Ele irá proteger-te.

— Audácia! Pelos Céus princesa! De onde eu terei?

— Do Altíssimo Deus! Ele é o nosso Refugio e Fortaleza, minha cara. — ela respirou fundo e, saiu o mais rápido possível.

— Sele dois cavalos para mim, por gentileza. Ah, preciso de mantimentos também — falei ao servo que passou por mim.

Ele fez uma mesura e, foi para os estábulos.

— Não irás compartilhar comigo os vossos planos, princesa? Perdoe-me, mas não parece desesperada, por vossa mãe.

— Nesse mato tem coelho! E eu irei descobrir. Nunca imaginei que meu pai guardava segredos de mim. Nos registros reais não há nada sobre o tal casamento que o conselheiros sugeriu. A não ser que meu pai os guarda, em outro local. Porque eu nunca soube sobre a possível demência que ronda minha família? Ah! E, porque ela disse que começaram errado. Porque a tia Fiona disse que ela pediu perdão, mas não falou pelo quê e, porque meu pai quer que eu fique de fora?

— Estás mesmo decidida. São demasiados “porquês”. Estarei contigo, para o que precisar.

— Já que meu pai não quer dizer-me a verdade, irei na residência dos meus avós mantermos. Certamente falarão, o que quero saber.

Fomos na cozinha discretamente, pegar algumas guloseimas para a viagem.

Ao chegarmos no estábulo deparei-me com uma cena inusitada.

Todos os príncipes e condes estavam lá, ao lado de seus cavalos selados.

— Oh! A Guilhermina não vos passou o meu recado?

— Certamente que sim, porém decidimos ir contigo!

— Meu irmão está coberto de razão — completou o Vitório—, que tipo de pretendes seríamos, se nesse momento de angústia nos ausentássemos?

— Temos nossas diferenças, princesa. Porém jamais a deixaremos sem ajuda. — Gerônimo deu um passo a frente, enquanto falava.

— Decerto que estamos contigo, princesa. Para o que precisar — completou o Lucas.

— Surpreendestes-me, rapazes. Sinto-me agraciada. Porém, se forem todos juntos, levantaremos suspeitas. Iremos juntos até o Vilarejo das Ilhas, depois nos dividiremos em grupos. — respirei fundo — avante rapazes! — falei, enquanto motava meu cavalo.

Pedi ao rapaz que selou meu cavalo para anunciar ao meu pai que eu havia saído com os rapazes.

Cavalgávamos rápido! Chegamos no Vilarejo das Ilhas em pouco tempo. Paramos na praça. Para dividir os grupos.

— Então é verdade, princesa? Vossa mãe, a rainha. Ficou com demência e fugiu de casa?

— Tomas, como sabem sobre a minha mãe?

— Todos no Vilarejo já sabem. As notícias por aqui correm de modo extraordinário.

— Não foi bem assim que aconteceu. — entreguei-lhe a carta.

— Porque ela disse que começaram errado?

— Ainda não sei, estou indo atrás de respostas. E também, procurar por ela. — poderia fazer a notícia certa espalhar?

— Posso sim, já sei com quem falar. E iremos ajudar na procura por ela, de forma discreta.

Dividi os rapazes em seis grupos.

— Esmeralda, um de meus homens é um ótimo rastreador. Iremos encontra-la.

— Agradeço imensamente Vitório! Como também a todos vós. Como não conhecem Myrabel muito bem, cada grupo terá um guia. Irei com o Beto e com a Guilhermina atrás de respostas.

❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️

Cada grupo partiu em um direção. Combinamos de mandar um mensageiro, caso encontrasse minha mãe.

Demorou algumas horas, até chegarmos à casa dos meus avós.

— Olá minha querida neta! Que bons ventos lhe trazem.

— Vovó! — lancei-me em seus braços.

— Ora, porque está aí parado meu filho? Venha aqui, dê-me um abraço — ela fez sinal com a mão, para que o Beto se aproximasse.

Fez o mesmo entusiasmo com a Guilhermina.

Minha avó era um encanto em pessoa! Tão animada! E engraçada! Os cabelos eram lindos! Como o algodão! Apesar de não ter tanta idade assim. Ela era toda fofinha! Lembrava a fada madrinha dos meus livros de contos de fadas.

— Onde está o vovô?

— Está ordenhando as vacas, sabe como ele é. Sempre cutucando uma coisa ou outra.

— Venha Beto, Guilhermina, vamos ver o vovô.

— Ô Manuel — gritou a minha avó — olha só quem veio visitar-nos!

— Pelos Céus! Minha neta favorita! Dê-me um abraço, minha querida.

Ele era tão animado quanto a minha avó. Era mais velho do que ela, porém seus cabelos eram em um tom de cinza. Ao contrário dela, ele era alto e magro, um pouco curvado, devido a idade.

— Que saudade meu avô! — abracei-o forte.

— Eu sabia que esse dia iria chegar, mais cedo ou mais tarde.

— Qual dia, meu avô?

— O dia quem que irias fugir com esse rapaz. Eu sabia que nenhum daqueles príncipes e condes, que estão infestando o palácio não iria agrada-la.

— Vovô — minha face corou de vergonha—, eu não estou fugindo, não sei de onde o senhor tira essas ideias — olhei de soslaio para o Beto e, ele tentava segurar o sorriso. — Irás para o castelo conosco? Como pedimos ano após ano? — desviei o assunto.

— Nosso coração pertence a esse lugar, minha neta — ele colocou a mão nos ombros da minha avó.

Isso era demasiadamente difícil de acontecer. Uma demonstração de carinho em público, entre eles.

Saímos do curral e, voltamos para a residência deles. Um cheiro delicioso de café fresquinho invadiram minhas marinas, fazendo minha boca encher-se,  de água.

Tinha uma bela mesa posta. Hum! Estava tudo delicioso!

— Pode falar, minha neta — meu avô segurou minhas mãos — sei que não veio aqui só para comer com seus avós. Estás forçando a felicidade, desde que chegou aqui.

— Sim, vovô. Tem algo que incomoda-me sobremaneira — respirei fundo. — Minha mãe mencionou algo sobre ter começado errado, com meu pai. Porém ele não quis dar-me nenhum detalhe. Pode dizer me, do que se trata?

╭┉┉┅┄┄┈•◦ೋ•◦❥•◦ೋ•

Que fofura de avós!

Mais um mistério ronda o palácio de Myrabel...

•◦ೋ•◦❥•◦ೋ•┈┄┄┅┉┉╯

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top