23 - 👑Assuntos do coração 👑

Eu estava tão concentrada e, distraída com o Duílem que assustei-me, com aquela voz cavernosa.

— Príncipe Gerônimo! — coloquei a mão no peito — assustaste-me demasiadamente! — tentei tirar alguns fenos que estavam grudados em meus cabelos.

— Quem não deve não teme. — ralhou o príncipe Gerônimo — se estivesse portando como uma princesa, com graça e delicadeza não teria assustado. Pior do que deixar que os servos lhe toquem é ficar feito animal, rolando no feno. Algo vergonhoso e descabido. Se arrume, mostrarei como se agrada uma princesa — ele olhou para o Duílem.

Senti meu sangue ferver! Não sei até quando terei paciência, para suportar esse tipo de pessoa.

O Duílem deu um passo a frente, mas eu sutilmente toquei em seu ombro.

— Eu poderia dizer-lhe mil e uma coisas — aproximei-me dele e, olhei em seus olhos—, mas só digo uma coisa: enquanto não aprender a tratar uma mulher, não terá a minha companhia. Passar bem. — virei as costas para ele — Duílem, poderia acompanhar-me até...

— Adorei o seu novo visual! — uma voz agradável Interrompeu-me. — não irá nos agraciar com um luta?

— Meu pai! — virei bruscamente, e abracei-o.

Eu precisava muito de um abraço, naquele momento.

— Quer mudar as regras? Podemos fazer uma espécie de eliminatória — ele sussurrou em meu ouvido.

— Ouvistes o que ele disse-me? — perguntei no mesmo tom de voz.

— Sim, minha filha. E não estou apreciando a maneira que alguns agem contigo.

— Agradecida, meu pai, mas está sob controle.

Meu pai trouxe com ele os demais rapazes. Não sei qual era a intenção dele. Eu apreciava seu cuidado e proteção e, Confesso que fique tentada em mudar as regras.

O Beto fitou-me, senti minha face queimar, ao lembrar-me do quando eu estava desarruma e suja. Embora ele já tenha me visto suja e desarrumada, agora era diferente.

— Filha, ouvimos os seus sorrisos e ficamos deveras curiosos. Poderiam continuar o que estavam fazendo, por gentileza?

— Duílem, é contigo! Agora o nível da minha vergonha subiu — sorri tímida.

— Não se envergonhe, princesa. Está se saindo maravilhosamente bem.

Tenho que admitir. O Duílem é um ótimo partido! Um dia ainda fará uma mulher muito feliz!

Recomeçamos a lutar. Ele tem muita paciência para ensinar. Porém, em poucos segundos eu já estava de costas no chão novamente.

— Agora entendo o motivo dos sorrisos — ouvi o Edgar falando com o Vitório.

Eu já sentia-me exausta!

— Se algum dos rapazes desejar assumir o meu lugar, sintam-se a vontade.

Eles se entreolharam, mas nenhum se prontificou. Deram várias desculpas. Uma delas era “ não estou com traje adequado”

— Preciso retirar-me, por um momento — disse olhando para suas faces. — Não estou nada apresentável, nos vemos no jantar.

Deixei eles no local onde estávamos treinando e, fui em direção ao palácio.

❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️

— Esmeralda! — Edgar correu para alcançar-me.

— Sim, Edgar!

— Posso acompanhar-te, até a porta de seus aposentos? — ele estendeu o braço, para que eu pudesse segurar.

— Certamente que sim. Porém, acho melhor não tocar nessa sua roupinha engomada. Estou horrivelmente suja e suada.

— Aprecio ver-te, em seu hábitat natural — gracejou.

— Já que zombas de mim, terei prazer de sujar essa sua roupa pomposa. — joguei alguns fenos em seus cabelos e, segurei em seu braço.

— Não aprecio a maneira que alguns príncipes e condes falam contigo.  Faça-me um favor. Se não for escolher-me, escolha então o Duílem. Ele te respeita e te aprecia sem tentar muda-la.

— Ora, ora, ora! O Duílem gostará de saber que tem um admirador.

— Estou falando sério, Esmeralda. — ele me fitou-me, com o cenho franzido. — No fim de tudo isso, terá que escolher um de nós. Não suportaria se escolhesse alguém que eu sei que não te aceita como és. Prometa-me, que se alguém te fazer algum tipo de ameaça, irá contar-me. Ou então, conte ao Beto. Pelos Céus! — ele rolou os olhos — já estou falando dele como falas.

— Aprecio sua preocupação. Saiba que não pretendo escolher ninguém que me diminuía, ou que diminua as pessoas que eu amo.

— Alberto, no caso — sussurrou.

— Já fostes ver o seu amigo Cleomar? Deveria parar de dizer asneiras e ir lá visitá-lo. — fingi estar irada.

— Por que não consegue ser sincera? — ele falava baixo, para que o Beto nem a Guilhermina ouvissem.

— Do que adiantaria, Edgar? Tem assuntos que devem ser enterrados e, esquecidos.

— Nenhum de nós jamais conseguirá conquistar o vosso coração, já que ele já está ocupado, com o seu “melhor amigo”  — fez aspas com os dados.

— Oh! Estás com medo de não conseguir e, já estás desistindo? Que feia essa atitude, para um príncipe! — zombei dele — talvez eu deva escolher mesmo o Duílem.

— Prometa-me outra coisa: que não irá escolher-me, se ainda amar o Alberto. Apesar de lutar todos os dias para conquistar o seu amor, eu não suportaria te ver sofrendo por outro. Saber que era em outros braços que desejaria estar. — senti pesar em sua voz.

— Hoje porventura seria o dia das promessas, meu caro? — forcei um sorriso.

Em poucos minutos chegamos na porta dos meus aposentos.

— E se eu estiver apaixonada por ti, pelo  Duílem ou por qualquer um dos outros? Não acha que tem essa possibilidade? — disse entrando em meus aposentos.

— Ainda não. A maneira que olhas para ele é inigualável! Não olhas nenhum de nós, daquele jeito. — ele permanecia na porta, do lado de fora.

— Prometo o que pediu, se prometeres que nunca mais tocará nesse assunto.

— Se é o que queres, então eu prometo. E sim, continuarei lutando por vosso amor, eu não desisto tão fácil, do que é importante para mim.

❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️

Meu coração estava apertado. Porque ele tinha que ficar insistindo naquele assunto?
Abri minha caixinha das lembranças, que ficava em um baú especial e, retirei vagarosamente o anel de flor, do meu dedo e, guarde-o junto com o primeiro que o Beto me deu. Aproveitei para ler, novamente, o poema que o Beto me presenteou, aquele dia.

— Princesa — chamou-me Zelda —, seu banho está pronto. Precisa que eu a ajude a se banhar?

— Agradecida Zelda. Só ajude-me a retirar esses fenos de meus cabelos, por gentileza.

Ele gentilmente, ajudou-me.

— O que andou aprontando, menina? Deixe-me lava-los para vossa Alteza.

— Estava treinando luta, no feno. Acho que quero sim, sua ajuda.

Em pouco tempo os meus cabelos estavam devidamente limpos. Nem era o dia de lava-los. Isso que dá, não agir como dama.

Assim que tomei meu banho deitei-me um pouco, em meu leito. Estava exausta!

Estava quase pegando no sono, mas acordei com um som magnífico!

Movida pelo som, aproximei-me da janela do meu quarto e a abri.

Deparei-me com uma linda serenata! 

Era o Duílem! A canção era magnífica! Falava sobre amor, sobre conquista. Quando percebi as lágrimas já estavam rolando. Ele tinha uma voz tão agradável de se ouvir!

— Isso é para agradecer-te, pela tarde de hoje! — ele disse, assim que terminou a canção.

— Oh! Duílem! Que voz magnífica! Eu adorei, meu coração se derreteu em lágrimas, foi lindo!

Eu havia mandado um bilhete, pedindo para que um dos jovens fosse  buscar-me, para o jantar.

Segundo contaram-me, eles resolveram sortear entre eles, para ver quem iria buscar-me, em meus aposentos, até a sala de jantar.

Estava ansiosa. Não que eu quisesse que alguém em  especial fosse buscar-me. Era bem o contrário. Tinha uns que eu não apreciava nem um pouquinho, a presença.

Chegou a hora! Ouvi três batidas na porta. A Guilhermina abriu. Eu saí ávida para ver de quem se tratava.

— Boa noite, princesa. O sortudo de hoje, sou eu.

— Boa noite, príncipe Gerônimo. Então Vamos. — falei sem muito entusiasmo.

O silêncio estava constrangedor. Dava para ouvir perfeitamente o cricrilar dos grilos. Embora, eu preferisse mil vezes o cricrilar deles, a ouvir a voz desse príncipe insolente.

— Princesa — ele quebrou o silêncio, infelizmente—, perdoe-me por minha atitude hoje a tarde. As vezes sou um pouco desagradável.

— Tem algum momento que não és?!

— Certo, eu mereci mesmo essa resposta. Todavia, preciso que considere o meu pedido, de hoje a tarde.

— Ora, príncipe Gerônimo — respirei fundo—, se aprenderes a comportar-se adequadamente e, parar de destratar as pessoas, certamente que posso, considerar o vosso pedido.

Enfim, chegamos à sala de jantar.

Os rapazes e meus pais aguardavam-nos.

Nos sentamos, porém a Guilhermina e o Beto ficaram em pé. Sei que era chato para eles, ficarem enfrentando aquelas pessoas mal armadas, porém, eu precisava deles.

— Juntem-se a nós, por gentileza — fitei-os.

Meus pais estavam um a minha direita e outro a minha esquerda.
Ao notarem o constrangimento do Beto e da Guilhermina, os meus pais se entreolharam.

— Alberto, Guilhermina — meu pai disse levantando-se. — podem ocupada nossos lugares, ao lado da princesa. A Teodora e eu nos sentaremos ao lado do príncipe Gerônimo.

Uau! Esse é o meu pai! Sei que a maioria naquela mesa estavam o maldizendo, em suas mentes. Eu porém, o admirava cada dia mais.

— Alberto — chamou o príncipe Gerônimo, todo prepotente—, o que achas desse evento inusitado, da princesa Esmeralda?

Quando o Beto abriu a boca para responder, foi interrompido pelo príncipe Gerônimo.

— Queira perdoar-me, esqueci completamente, que os guardas não tem permissão para falar.

— Não se deixe enganar — a voz do meu pai ressoou — os guardas aqui em Myrabel tem permissão para agirem normalmente. Ah, o Alberto não é apenas um guarda. Ele cresceu junto com a Esmeralda. É um grande amigo da família. Já ofereci a ele um cargo bem mais importante, porém ele recusou. É escolha dele, continuar como guarda pessoal da Esmeralda.

Bom, eu não estava por dentro desse fato.

Pelo visto, meu pai estava irritado com a maneira de alguns de meus pretendentes. Espero que ele tenha paciência.

Após a intervenção de meu pai, a favor do Beto, a noite ficou mais agradável, mas fiquei feliz quando acabou o jantar.

Como sempre, o Beto acompanhou-me até meus aposentos. Gostava desses momentos, pois dava para trocar algumas palavras com ele.

— Beto, porque não gosta de falar, na presença dos príncipes e condes?

— Ah, não gosto de atiçar a ira deles — sorriu. — Vou ser sincero contigo. Apesar de serem bons comigo, sei muito bem onde é o meu lugar. E não é, à mesa, com os nobres.

— Tolice, meu caro. Sabes que não pensamos assim.

Ele apenas sorriu e, concordou com a cabeça.

Ele ficava tão lindo, iluminado apenas com a luz das velas! Dava um charme especial.

— O que ouve, minha princesa?

Só aí, eu notei que o olhava fixamente, sem piscar. Senti meu rosto corar. Dei graças aos Céus, pela luz ser fraca.

— Nada! Acho que complico sua vida. Não sou uma boa companhia pra ti. Não sei qual cargo meu pai lhe ofereceu, mas acho que deveria aceitar. Outro guarda fará minha segurança.

— Posso esperar mais alguns dias. Após se casar, aceitarei a proposta dele.

Ouvir aquela palavra “casar”, fazia meu estômago embrulhar.

— Poderia acompanhar-me até os aposentos do Cleomar? — mudei de assunto — gostaria de ver como ele tem passado.

❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️👑❤️

Por sorte, ele ainda permanecia acordado.

— Que honra! Ter a visita da princesa! Perdoe-me, por não fazer uma reverência — ele gracejou.

— Bom saber que o acidente não afetou o seu humor.

Fique alguns minutos com ele, depois fui para meus aposentos.

Após ser deixada em meus aposentos, fiz uma oração de agradecimento pelo dia. Também pedi ao Altíssimo forças para passar por tudo aquilo.

A noite foi deveras revigorante! Acordei com o canto dos pássaros! Linda sinfonia aos meus ouvidos! Sempre encantava-me com a calmaria de um amanhecer.

Calmaria essa, que foi interrompida por batidas rápidas em minha porta.

Fui atender rápido. Pelas batidas, parecia ser algo urgente.

— Minha princesa, preciso que venha comigo nesse momento.

— Beto, ainda não estou arrumada adequadamente, faltam alguns acessórios. O que seria tão urgente?

— Venha e verá — ele puxou-me pela mão.

Saímos correndo pelos corredores do palácio.

— Estás assustando-me, Beto. Porque estamos correndo?

— Seu pai lhe dirá.

Assim que chegamos onde meu pai estava, pude notar que ele estava desolado. Seus olhos estavam lacrimejando. Passava as mãos pelos cabelos e barba.

— Meu pai, o que ouve?

— Sabe por que ela faria isso? — disse com a voz embargada e, entregou-me um bilhete.

╭┉┉┅┄┄┈•◦ೋ•◦❥•◦ೋ•

Aiaiai. O que deixou esse rei tão desolado hem?

O que acharam da serenata?

Obrigada pessoal, por estarem acompanhando essa minha obra.
Quero que saibam que os seus comentários me dão ânimo, para escrever!

•◦ೋ•◦❥•◦ೋ•┈┄┄┅┉┉╯

É assim que imagino o príncipe Edgar. Desenho feito pela minha amiga talentosa IchiGoYeah
Adorei o presente! 💖😍

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top