21 - 👑 Anel👑
O Pedro levou-me à um lugar muito lindo! Um de meus lugares favoritos, no Vilarejo das Ilhas. Eu tinha o hábito de visitar àquele lugar sempre que andava por aquelas redondezas. Porém, como boa dama, mostrei interesse. Não era mentira, já que eu realmente apreciava.
Era um lugar um pouco afastado do Vilarejo. Tinha uma clareira, a grama era tão verde e compacta, que lembrava um belo tapete! As flores rasteiras, de várias cores agraciavam o lugar. Nas árvores que cercavam a clareira, tinham uma espécie de cipó que produziam lindas flores perfumadas! Era uma beleza estonteante! Parecia um dos desenhos dos livros de contos de fadas, que eu tanto apreciava.
— Não é um lugar encantador, Esmeralda? — perguntou-me o Pedro. — posso chamar-te assim, sem formalidade?
— Sim, é um lugar magnífico! — respondi colhendo algumas flores silvestres. — Oh! Certamente que sim, pode chamar-me assim.
Por vezes eu olhava para o Beto, de soslaio. Ele mantinha a mesma postura e semblante.
O Pedro tentava manter o assunto agradável. Porém, minha mente estava distante. Ainda bem que ele não era tão perceptivo. Bom, foi o que pensei.
— Estás deveras distraída, Esmeralda. Estou sendo desagradável?
— Oh não! Perdoe-me. Esse lugar traz-me muitas recordações.
— Sinta-se à vontade para compartilhar, caso deseje.
Fiquei meio constrangida. Porém, resolvi falar. Eu precisava ser um boa companhia.
— Cresci brincando nesse local — respirei fundo. — Foi aqui onde descobri algo de suma importância.
— O que, seu amor pela natureza?
— Não exatamente. — sorri. — acho que devemos voltar, nos juntar aos outros.
— Certamente! Estou muito grato por seu tempo.
— Foi uma honra — sorri com sinceridade. — Vou permanecer aqui por um momento, preciso de um tempo a sós. Diga a meu pai que retornarei em instantes.
Assim que ele saiu, eu tirei meus calçados e, pisei na grama. Era ótimo sentir a grama entre os dedos. Minha mente divagava. Movida pela nostalgia eu girava ao som do vento nas copas das árvores. Como na minha infância, após girar e sorrir eu me joguei no chão. Meus olhos estavam fixos na imensidão dos céus. Fechei meus olhos, ainda deitada de braços abertos, totalmente perdida em meus devaneios. Senti uma sobra, abri meus olhos! Era ele, o Beto. De pé observando-me. O sol resplandeceu em seus cabelos ruivos, tornando a visão deveras agradável.
— Onde estão seus pensamentos, minha princesa? — o Beto segurava seu caderninho de anotações. Seu companheiro inseparável.
— Estava lembrando-me da nossa infância...
— Bons tempos! — Ele deitou-se ao meu lado. — lembra-se dessa flor?
Ele mostrou-me uma flor delicada. Lembrava uma margarina, porém era vermelha e minúscula.
— Oh! Como poderia esquecer-me. Foi com ela que tive o meu primeiro pedido de casamento. — nós dois sorrimos, lembrando-nos da nossa infância.
Ele entregou-me a flor, da mesma maneira que fez há anos. Bom, com uma diferença, para ser mais exata, da primeira vez ele estava ajoelhando. Ele enrolou o talo da pequena flor em forma de anel. Eu peguei com delicadeza e, coloquei em meu dedo.
— Sabia que aquele foi um dos melhores e piores dias da minha vida, Beto.
— Serio? Quem diria que um pedido de casamento, feito com um anel de flor mudaria minha vida.
— Como assim, mudaria sua vida?
— Oi?! Acho que você estava falando sobre o quanto ficou feliz com o pedido. Eu não sabia, que tinha gostado tanto.
— Eu disse isso?
— Sabia que aquele dia foi um dos melhores e piores dias da minha vida, Beto — ele imitou a minha voz. — só retirei a parte ruim. Diga-me, por que? E também por que depois disso ficastes tão distante? A partir daquele dia, sua sinceridade é sempre parcial.
— Podemos fazer um acordo — sentei-me no gramado abraçando meus joelhos. — contarei o que me pedes se, me deixar ver o seu caderno.
— Essa velharia? Ah, são só alguns rabiscos.
— Então não se incomodará em compartilhar comigo. — estendi a mão.
— Primeiro vossa Alteza. Conte-me o que quero saber, então deixarei que veja.
— Princesa — um dos guardas reis interrompeu-nos — seu pai, o rei quer saber se já estás pronta para voltar ao palácio?
— Oh sim! — Levantei-me imediatamente. Passei as mãos na roupa, para livrar-me de algumas sujeiras.
Estava satisfeita por ter nossa conversa interrompida. Embora, a curiosidade estava falando bem alto.
— Meh, irá fugir novamente? — o Beto encarou-me, com aqueles olhos de avelã.
Ele franziu o cenho, como se implorasse por aquela conversa.
Senti aquelas borboletas atrevidas, farfalharem no meu estômago.
— Diga a meu pai que só preciso de mais alguns minutos. — fitei o guarda.
Ele fez uma reverência e saiu.
Nos sentamos novamente no chão. Dessa vez, nos recostamos em uma árvore.
Seus olhos fitavam-me.
— Então, diga-me, minha princesa. Porque aquele dia foi um dos melhores e, piores dias da sua vida?
— Quando ajoelhou-se diante de mim, com aquele anel feito de flor — encarei o anel no meu dedo. — Meu coração saltitava de alegria! Nunca havia ficado tão feliz! Estava ávida pra contar aos meus pais. Lembro-me que foi bem formal. Pedi que encontrassem-me na sala de reuniões. Lembro-me de meu pai dizendo.
— Estás radiante minha filha! Que brilho magnífico carregas no olhar!
— Meu pai, minha mãe, irei casar-me com o Beto! — estendi a mão com o anel. Meu sorriso era enorme!
Notei que mudaram o semblante.
Meu pai abaixou-se, e olhou em meu olhos. Com toda calma e delicadeza, ele contou-me a dura realidade.
— Minha querida. Infelizmente não poderá casar-se com ele. Só podes casar-se com um príncipe ou com algum nobre. E seu casamento já está arranjando, há anos.
Senti meu nariz arder e as lágrimas rolaram. Eu chorei inconsolavelmente. Era como se o meu mundo tivesse acabado ali, naquele momento. Por Isso, não saí pra brincar nos dias seguintes, não conseguiria encara-lo. Foi apartir daí, que comecei usar a minha “mascara”. — limpei alguma lágrimas teimosas que escaparam. Não olhei para o Beto, enquanto contava o ocorrido. — Prontinho, sua vez. — estendi a mão.
Porém, surpreendi-me com o que vi. O rosto do Beto estava molhado, de lágrimas. Ele tentava seca-las, sem que eu percebesse. Sem sucesso, já que elas desciam sem controle.
— Beto, tudo bem, sou só eu. — entreguei-o um de meus lenços de seda, para que secasse suas lágrimas.
— Perdoe a minha ingenuidade daquela época, Meh. Não queria ferir seus sentimentos. Porém, eu também não sabia dessa realidade. Minha mãe ensinou-me naquele dia, que apesar de sermos amigos, pelas tradições era só isso que poderíamos ser. Arrependi-me amargamente, pelo que eu havia feito, porém era tarde de mais. E não tive coragem de tocar no assunto, até hoje. Aquele também foi um dos melhores e piores dias da minha vida. Lembro-me, como se fosse hoje do momento que disse sim. Meu coração quase saiu pela boca! Enfim, agora somos adultos, e sabemos dos nossos limites. Promessa é dívida. Aqui está. — ele entregou-me o caderno.
Fiquei boquiaberta quando deparei-me com o conteúdo!
— Beto! Uau! Estou sem palavras! E olha que sempre tenho o que dizer.
— Faço isso pra sempre mantê-la por perto, minha princesa.
Senti um gelo na barriga e um aperto no coração, seguido de mais lágrimas teimosas.
— Porque choras, minha princesa?
— Não sei... — falei com a voz embargada. — seus desenhos são incríveis! Eu nem sabia que desenhava.
— Só te desenho, minha princesa. Nunca desenhei outra pessoa.
— Beto, sempre agradeço ao Altíssimo, por ter te colocado em minha vida! Nem sei o que seria minha vida, sem sua presença.
— Agradeço pelas palavras, minha princesa. Eu tenho um vislumbre, do que seria minha vida sem a vossa presença. — ele olhou dentro dos meus olhos.— Seria como um jardim sem flores!
Como o mar sem água!
Como o deserto, sem areia!
Como a floresta, sem as árvores!
Como a noite, sem a escuridão!
Como as abelhas, sem o mel!
Assim, seria a minha vida, sem a tua presença.
— Beto... — limpei as lágrimas—, Suas palavras, elas tocam-me, demasiadamente. És um jovem de muitos talentos! Sem sobra de dúvida, és o melhor.
Olhei de soslaio e pude notar, que a Guilhermina estava conversando com o Edgar, distraindo-o, para que não aproximasse de nós. Mas conseguiu isso por apena algum momento.
— Estás bem, Esmeralda? — Edgar estendeu-me a mão, para que eu levantasse-me.
— Estou sim, estávamos relembrando nossa infância.
Ele fitou-nos, com uma de suas sobrancelhas levantadas.
— Tem algo que queiram compartilhar comigo?
— Não! — Beto e eu respondemos uníssono!
— Se estão dizendo... — ele estendeu o braço, para que eu pudesse segurar. — já estás pronta?
— Estou sim. — respirei fundo — Ah! Beto, agradeço-te por tudo.
— Belo anel! — o Edgar gracejou.
— Foi um presente. — olhei para o Beto.
Seguimos rumo ao Vilarejo das Ilhas. Como sempre, o Beto e a Guilhermina seguiram-nos, afastados.
— Quer compartilhar comigo, porque estavam chorando? — Edgar falou quase que como um sussurro.
— Quem?
— És tão inocente hem?! Não sabes de nada, pobre princesa. — gracejou. — tens algum amigo?
— Sim, o Beto!
— Ele não é seu amigo, ele é mais do que isso, muito mais. Digo amigo mesmo, alguém que possa pensar em voz alta, que possa contar tudo. Alguém que possa falar de todos os seus anseios, suas dores e sentimentos.
— Tenho sim. O Altíssimo Deus! Só Ele entende-me.
— Gostaria muito de ser essa pessoa pra ti, aqui na terra. Uma pessoa que possa desabafar, ser sincera, tirar a máscara. Ainda conquistarei o vosso coração! Escreva minhas palavras. — sorrimos juntos. — Eu sinto muito por estares divida entre o amor e o dever. — sua voz era triste e sincera.
— Agradeço! Quer dizer, quem disse que estou?
— Não precisa dizer.
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A volta para o palácio foi bem agradável. Não teve disputa para ver quem ficaria ao meu lado, já que deixei que meu cavalo corresse a vontade. Ele era rápido como o vento!
Ao chegarmos ao palácio, minha mãe e minha tia receberam-nos alegremente.
— Sejam bem-vindos! — minha mãe tinha um grande sorriso nos lábios. — príncipes e condes, vou precisar da presença do meu esposo e da minha filha por um momento, devolverei ela o mais breve possível.
Acompanhamos elas até os jardins reais, onde tinha uma mesa posta. Com limonada e alguns biscoitos. E ninguém mais, ninguém menos do que a minha prima, Lady Jovina.
— Estás radiante, minha rainha! — meu pai elogiou minha mãe — e também, muito misteriosa.
Nos sentamos, e desfrutamos daquela delícia diante de nós.
— Então, meu marido. A minha irmã tem sido de grande ajuda para mim. Gostaria de saber, se ela pode permanecer aqui no palácio, por tempo indeterminado. Será bom pra mim e, também para a nossa filha. Pois terá a companhia da sua adorável prima.
— Permito que faças tudo o que possa te fazer feliz, minha rainha. — ele deixo um beijo no dorso de sua mão.
— O que acha minha filha?
Eu pensei bem, respirei fundo e falei de uma vez.
— É claro minha mãe! Desde que ela fique longe dos meus pretendentes.
Eles arregalaram os olhos, com a minha resposta.
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Olá! Viu como hoje eu fui boazinha?!
Não deixei o suspense da conversa do Beto e da Meh para o próximo capítulo.
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Obrigada smpassos pelo lindo presente! Adoreeiiiii 😍😍
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