2- 👑 Emoções 👑

         Entre o Amor e o Dever

         Descrição da história

Entre colinas, vales, riachos, florestas e jardins. Ficava o reino Myrabel.
O rei Felipo Gregório ll e a sua esposa, rainha Theodora, tinham um grande dever com o povo de Myrabel:ter um herdeiro. 
Nos ombros dessa criança herdeira, repousaria as expectativas, e anseio de todo o reino. Teria uma pessoa o poder para revolucionar uma sociedade machista?
 
                     Epígrafe

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Deus é nosso Refúgio e Fortaleza, socorro bem presente na angústia.
— Bíblia Sagrada
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            Recadinho

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Olá! Dessa vez a “história” será narrada por um dos personagens. Pela princesa Esmeralda do 
reino de Myrabel. Ela contará desde o seu nascimento até... quer dizer, acho melhor lerem 
para saberem de tudo. 
Apertem os cintos, pois vamos embarcar em uma aventura que se “passou” no ano de 1.800. 
Boa leitura! 
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                    Prólogo

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Minha dama de companhia e eu, fizemos um acordo.Temos o hábito de sair do palácio, e como o nome diz, ela sempre acompanha-me.
No entanto, gosto de fazer minhas próprias coisas sozinha, sem ser importunada por ninguém. 
Eis o nosso acordo: quando estamos fora dos portões do palácio ela é livre de suas obrigações para comigo. Sendo assim, ela pode fazer o que quiser, até o horário marcado no nosso ponto de encontro. 
O lugar onde eu me refugiava naquele dia seria com uma família que eu apreciava 
demasiadamente.
Ao entrar em sua residência, fui recebida com muita pompa. As crianças tinham planos para mim, naquele dia. 
— Princesa, conte-nos uma história — pediu a pequena Ana. 
— Oh sim! — respondi prontamente. — Uma das coisas que eu mais aprecio na vida, são as histórias. Não só aquela que por vezes lemos nos livros, mas desfruto ainda mais daquelas que alguém conta diretamente a mim. Sendo assim, agraciarei os vossos ouvidos com 
uma de minhas histórias favoritas: Tamanha felicidade inundou o coração de uma jovem muito especial, quando ela foi escolhida por um rei bondoso para ser a sua esposa. Ele acabara de ser 
coroado! Assim, os dois partilharam da felicidade de um reino querido e próspero, juntos. Com o passar dos anos, a rainha teve a sua felicidade nebulada. Um dos deveres de uma esposa era 
dar filhos ao seu esposo. Dias, meses e anos se passaram, e a rainha não conseguia dar um herdeiro ao seu esposo. Seu lindo sorriso se transformara em um semblante triste e sofrido. O  reino desfrutava de uma paz que seus pais tanto sonharam. Mesmo passando por problemas familiares, o rei jamais abandonava o seu povo. Aquele rei bondoso reunia-se com alguns homens importantes dos reinos vizinhos. Um grande Concílio fora criado para resolverem as questões de importância dos reinos. Esse Concílio era composto pelos reis, é claro, por seus conselheiros e pelos homens importantes de cada reino. Por vezes o Concílio ficava procurando soluções para a falta de herdeiro do pobre rei. Algo que, de fato, nem lhes dizia respeito.
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               Capítulo 1

           Contando uma história

O rei bondoso sofria com tamanha tristeza. Sentia a cada dia seu coração sendo dilacerado! Não só pelo fato de não ser agraciado com um herdeiro, algo que ele realmente queria. Presenciar a perda do sorriso de sua bela esposa. Ela 
tivera algumas ideias, levada pelo desespero, e angústia que agora eram seus companheiros íntimos. 

— Oh meu esposo! Sinto-me tão inútil! — disse a esposa com melancolia. — quisera eu que as histórias dos livros fossem reais. Sem hesitar, eu usaria a feitiçaria de uma bruxa e daria minha vida, em troca ela me agraciaria com um filho. 

— Minha amada, não te perturbes com esses pensamentos. No tempo certo os Céus nos abençoará com um herdeiro. 

— Minha fé se desvanece a cada nascer do sol. Temo que não viverei pra apreciar muitas primaveras. Acho que seria de bom tamanho, se tivesse um herdeiro com outra mulher. 

— Nem em meus piores pesadelos cogitarei algo tão descabido. 

A rainha não fazia por mal. Porém, o desespero a fazia pronunciar as palavras sem muita sabedoria. Afinal de contas, nenhuma esposa em sã consciência pensaria em algo tão escandaloso.
No Concílio, os outros homens importunavam o rei bondoso. Segundo eles, a intenção era ajudar. 

— Majestade, isso que sua esposa lhe propôs não é algo descabido, se ela não pode gerar um filho, não pode negar o direito de um herdeiro, o reino precisa de um. Se ela não tem capacidade pra fazer o seu papel, outra fará por ela — disse um dos condes, seguido de uma gargalhada. 

Gargalhada e palavras das quais se arrependera amargamente. 
O rei em um momento de fúria, levantou-se, empunhou a sua espada e chamou proferiu palavras furiosas.

— Como ousa insultar minha rainha com palavras tão degradantes? — a fúria era tanta, que de seus olhos pareciam emanar labaredas de fogo!

Graças aos Céus o conde humilhou-se perante o rei, e não iniciaram um duelo.

Eles, no entanto, continuaram a insistir no mesmo assunto. Como se fosse algo que os afetaria de alguma forma. 

— O problema ainda persiste, Majestade — disse o Olávio, rei de Árago. — Não quero importunar-te, só preocupo-me contigo. Que os Céus não permitam, mas e se algo grave lhe acontecer? Seu povo, seu reino ficarão desprovidos de proteção. 

— Agradeço demasiadamente suas palavras, rei Olávio! Sinto-me honrado com vossa preocupação. Ah, acabaste de dar-me uma ideia grandiosa! Chame um escrivão. 

Todos o observavam sem entender do que se tratava aquela tal ideia grandiosa. 
Em instantes o escrivão se apresentou. O rei bondoso começou a ditar o que era para registrar. 

— Fica registrado que a partir de hoje, dia 25 de Agosto do ano de 1.800, que na minha morte, ou se por algum motivo eu não for mais qualificado e ainda não tiver alguém que herde o meu trono, a minha esposa, rainha Theodora assumirá o trono. Assim o digo e assim será. 
Houve um certo tumulto entre os homens. Um deles foi mais corajoso e pronunciou: 

— Isso não pode acontecer, seria um ato de escândalo! As tradições não podem ser quebradas — o conselheiro do rei bondoso disse com muita reverência. 

— Ela não consegue dar-te herdeiro, e ainda assim, tem a ousadia de deixar de seguir a tradição? — disse o conde Romero do reino de Árago. 

— Conde, quem garante que o problema não está comigo? 

— De modo algum creio em algo tão descabido. Somos homens, somos superiores. Os Céus jamais nos castigariam com tamanha humilhação! — disse o rei Fausto, famoso por sua 
crueldade. 

— Senhores cavalheiros; ao meu ver os Céus nos trata como bem lhe parecer. E, quanto às tradições, elas podiam funcionar para nossos pais, mas eles não passaram pelo que estou passando. Pronto, já está selado com o meu anel real — disse enquanto apertava o seu anel na 
cera quente. 

Claro que não ficaram felizes com o ocorrido. Sem sombra de dúvida agora o Concílio torceria para que o rei tivesse uma vida longa e saudável. Já que não iriam querer a presença de uma mulher, que ao ver deles estaria maculando aquele local. 

Mais uma vez, graças aos céus a paz não foi rompida entre os reinos. Mesmo depois de algo tão “ escandaloso” ao ver deles. 

Em uma certa manhã de primavera, a rainha adoeceu. Pobre rainha nunca o desânimo e mal estar tomara conta assim do seu corpo. O rei foi chamado as pressas.

— Oh minha rainha, espero que não desfaleça! Meu coração não suportaria tamanha tristeza. 
— Majestade — uma das servas fez uma mesura — não necessita que se abale assim. Ela está de fato muito bem.
— Como pode dizer-me isso? Ela não comeu, vomitou e teve até desmaio! 

— Pode agradecer aos Céus! A doença dela tem uma boa explicação. A rainha está esperando um filho, vossa Majestade! 

Tamanha era a felicidade do rei que ele ficou emudecido! Se aproximou da rainha e a envolveu em um carinhoso abraço. Pobre serva, ficou envergonhada por ter visto a intimidade das Majestades. Sei que parece tolice, mas os reis e rainhas não têm o hábito de trocar carinhos enquanto são vistos. 

Aquele bebê ainda no ventre da rainha, trouxe de volta a sua felicidade! Os meses passaram rápidos! Logo a barriga dela tinha quase o tamanho de uma melancia, e o formato também se assemelha muito. 
Algumas parteiras do reino afirmaram que seria um menino! “ O formato da barriga é de menino, disso eu tenho certeza", diziam elas. 

Enfim, o dia do parto chegou! 
Os cidadãos que habitavam próximo ao reino foram e permaneceram no pátio do palácio. Todos queriam contemplar o príncipe herdeiro! Após um sofrimento incomum, ouviu-se um barulho, um som que anunciara a chegada do bebê real. Após fazer o necessário, o neném foi envolvido em panos e entregue ao rei.  Seus olhos brilharam, ao contemplar aquele pequeno ser envolto em panos. Seu coração fora invadido por uma felicidade que nunca havia sentido antes.
 Era o que faltava para ter sua felicidade completa. 

Após contemplar a criança, o rei a levou até a sacada do palácio para que os seus súditos pudessem alegar-se com ele. 

— Viva o príncipe herdeiro! Viva o príncipe herdeiro! — Os súditos comemoraram em voz alta. — Queridos súditos! Esse é um dia de esplêndida alegria! Os céus nos abençoaram com uma linda e doce menina! Isso mesmo! Contemplem a vossa princesa!

Os súditos disfarçaram a decepção. E comemoraram a chegada da princesa. No fundo eles não estavam felizes, pois o que queriam era um príncipe, para que herdasse o trono. 

— Oh! Como a chamaremos? Ela é linda e delicada como uma flor! Vou chamar-te de Jasmim! Não, esse nome não é suficientemente grandioso, para ti — ele fitava os olhos da pequena princesa —   És preciosa, minha jóia mais rara! Tens uma beleza estonteante pequena princesa, cabelos negros 
como o corvo, e esses olhos… São como duas lindas esmeraldas! Oh! Esse será o vosso nome pequena minha. Chamar-lhe -ei de Esmeralda! Isso! Princesa Esmeralda! 

— Ah! Já sei que história é essa Alteza! É sobre a família real de Myrabel! —interrompeu-me uma garotinha. 
— Muito esperta, pequena Ana! Agora irei continuar a história da minha família! Meus pais 
sentiram-se realizados em mim. No início eu sentia-me uma menina normal, com brincadeiras deveras não tão comuns assim. Eu tinha um amigo, o nome dele era Alberto. Dono de lindos 
cabelos ruivos e de um olhar meigo gentil. Como brincávamos! A vida era tão leve naquela época… Dentro dos muros do castelo brincávamos de escalar árvores, cavalgar, arco e flecha, de esconde-esconde. Tive uma boa 
infância, apreciei cada momento oportuno. 

— Alteza, preciso indagar: porque falas do seu amigo de infância no passado?

— Ronivon, quando nos tornamos maiores, as responsabilidades tendem a falar mais alto — senti um aperto no coração por aquela lembrança. 

— Agracie-nos com essa história princesa. 

— Existem histórias que não devem ser contadas, mas sim guardadas como verdadeiros tesouros em nossos corações, querido Ronivon. — fitei-o, torcendo para que entendesse —  Olha só — olhei no relógio de bolso — Já está na hora de ir, não posso atrasar-me para o chá da tarde. 
 

                     Capítulo 2
 
                     Emoções

Tive que sair um pouco antes do previsto. Não queria tocar naquele assunto. Estava preparada para aguardar pela minha dama de companhia, já que chegaria no nosso local de encontro antes dela. No entanto, ela surpreendeu-me. 

— Princesa — fez uma mesura—, está se sentindo bem? É a primeira vez que vossa Alteza vem antes do combinado — perguntou Guilhermina, minha fiel dama de companhia. 

— Oh sim — respondi sem encará-la. Pensei que teria que esperar-te. 

— Não princesa, eu sempre chego mais cedo, caso resolva vir antes do combinado. Ah, imagino que um 
de seus súditos tenha tocado no assunto proibido — ela fez aspas com os dedos. 

— Conhece-me muito bem Guilhermina! — sorri gentilmente — É sim, tocaram no assunto proibido. Sabe que não 
aprecio falar nesse assunto em particular. Só falo sobre isso abertamente convosco. Pois para mim és como uma querida irmã. 

— Sinto-me honrada princesa. — ela retribuiu o sorriso, com olhos brilhantes e compreensivos.

Eu adorava fazer longas caminhadas. Em pouco tempo já adentramos o castelo. 
Já passei direto para os meus aposentos. Aquele assunto deixou-me em um terrível estado de espírito.

Eu adorava fazer longas caminhadas, porém naquele dia eu contava os passos, para adentrar os portões do castelo.

Após lavar-me, recostei em uma confortável poltrona e comecei ler um livro. Apesar de  amar os livros de romance, dei uma pausa neles por um tempo. Contentei com outros temas, precisava manter o foco no meu dever.

Ah! Não compartilhei o meu dever real. Como meu pai não tinha um filho homem para assumir o trono, eu precisava casar-me com um príncipe. A única coisa que procurava no príncipe era  liderança. Devia isso ao meu pai e ao povo de Myrabel. Sendo assim, nada de livros românticos. Não queria ficar criando histórias bobas na minha mente e acabar distraindo-me do meu dever real. 
Naquele dia eu lia um livro que ensinava sobre administração. 

Empolguei-me com o livro! A cada parágrafo que eu lia parecia que meu entendimento era inundado, como uma grande enxurrada.

De repente, ouvi batidas na porta. Saí para conferir, era um dos guardas reais. 

— Princesa — disse o guarda ao fazer uma mesura—, o rei solicita vossa presença na sala de reuniões. 

Saí imediatamente, indo atender ao meu pai. Fiquei bem atordoada, ele nunca tinha sido tão formal comigo. 

— Solicitou minha presença, meu pai? 

— Sim querida, aproxime-se — ele estendeu a mão para que eu me segurasse. — lembra-se do Alberto? 

— Decerto que sim! — tentei agir com naturalidade. — meu amigo de infância. 

— Como estás ciente, aproxima-se o dia que será tomada em casamento. Como deve saber o Alberto, tornou-se um bom soldado. Solicitei os seus serviços no palácio. Ele será o vosso guarda pessoal — senti meu coração disparar, mas eu jamais iria contrariar meu pai. 

— Sei que gosta de aventurar-se pelo reino. Não quero que sua honra seja maculada. Ela te seguirá como uma sombra, estás proibida de dispensar a proteção dele.

— Sim meu pai, farei tudo conforme o seu desejo — usei todo meu autocontrole para não desabar. 

— Ele chegará para o desjejum. 

Assim que terminou a reunião com meu pai, apressei-me até o conforto dos meus aposentos e me derramei em lágrimas. Lágrimas de desespero. Certamente que eu não conseguiria pregar os olhos naquela noite. Foi uma noite  sombria e tenebrosa com certeza. Li vários capítulos do Livro Sagrado! E orei em meio às lágrimas. “Senhor, faço das palavras do rei Davi as minhas! Clamo a Ti na minha angústia, livra-me, por tua graça.” 
Aquela oração acalentou o meu coração. 

No dia seguinte uma serva veio até meus aposentos, para aprontar-me para o desjejum. 

— Vou alimentar  nos meus aposentos hoje Zelda — disse para a serva. 

— Certamente minha princesa — fez uma mesura e saiu. 

Passei o dia em meus aposentos. Todas as minhas refeições foram servidas ali mesmo. 

Minha dama de companhia acobertou-me, dizendo que eu não estava me sentindo bem.  Fato verídico, eu estava longe de estar bem. 

A noite minha mãe veio até mim. 

— Minha querida, diga-me, o que tanto perturba-te? — perguntou minha mãe, deveras preocupada. 

— Oh! Não gastes vosso  precioso tempo em preocupações comigo minha mãe — tentei ser forte. — amanhã estarei renovada como uma águia — forcei um sorriso.

Ela deixou-me, mas não antes de dar-me um beijo na testa. Coisa que ela fazia desde sempre. 

Procurei ajuda dos céus para sentir-me melhor. 

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No dia seguinte quando a Zelda veio ajudar-me, eu já estava devidamente arrumada. Tentei agir o mais natural possível. Sorrindo, mesmo que meu coração estivesse dilacerado pela dor. 

Seria privada da minha liberdade antes do previsto. Eu sabia que isso aconteceria, mas eu esperava que fosse depois do casamento. Prometi para mim mesma que agiria com naturalidade e docilidade com o Alberto. Como costumava ser antes. 

Após o desjejum, dirigi-me para o jardim. Observar as flores sempre acalmava-me. Naquela manhã não foi diferente. Sentir seu perfume, contemplar o balançar de seus galhos movido pelo vento fazia-me lembrar do Senhor Criador. E isso era um consolo para qualquer dor que eu sentia, pois sabia que a presença Dele estava comigo. 

— Bom dia, vossa Alteza — cumprimentou Alberto. Folgo em ver-te! 

Quando ouvi sua voz, meu desejo era sair correndo e esconder-me em algum lugar. Porém, como prometido portei-me como uma dama. 

— Bom dia Alberto — cumprimentei com um sorriso. 

Alberto fez uma mesura e deixou um beijo no dorso da minha mão. Portou como um cavalheiro. Ele estava maior, como também parecia mais forte.Certamente era devido aos treinos. Porém os olhos e o sorriso ainda eram meigos e gentis.
Bem, foi o que pensei até seu próximo ato espalhafatoso. 

— Que vossa Alteza?— disse enquanto levantava-me  no ar com um abraço. 

Eu soltei um grito, não esperava por aquilo. Confesso que senti a  pele do meu rosto enrubescer pela vergonha do grito que soltei. 

— Meh, que saudade! — disse ele enquanto rodava abraçado comigo. 

— Também senti saudade! Pena que não posso chamar-te de anão de jardim mais, já que estás muito maior do que eu. Agora coloque-me no chão. 

— Que modos — ele parecia envergonhado — Por um momento esqueci-me disso. 

— Pois bem, como aproxima-se o dia do casamento, meu pai quer ter certeza que ninguém maculará minha honra. E ficar abraçando-me seria um ato deveras desonroso. 

— Sinto-me envergonhado. Por um momento lembrei-me de quando éramos crianças... 

— Eu libero-te da sua culpa. 

— Meh, por ter ficado o dia inteiro nos seus aposentos, vou entender que não te alegraste com a minha presença. 

— Ainda insiste no apelido de infância?!

— Ainda fico deveras confuso, diga-me duas coisas, não prive-me da verdade, eu imploro-te — seu semblante mudou, naquele momento.

— Sempre sou sincera. 

— Retire o que disse — disse sorrindo. — Vossa Alteza é uma princesa, mas é a rainha em esconder o que sente.  Ainda podemos ser bons amigos, eu perdoo-te pelo que fizeste. 

Senti meu coração apertar, e um nó se formar em minha garganta. Não poderia ser totalmente sincera com ele. Nunca! Só a Guilhermina me ajudaria com esse fardo. 

— Tentarei ser o mais perto possível da sinceridade. 

— Contento-me com isso. Começarei pela dúvida que permeia os meus pensamentos a três longos anos: Meh — ele pegou minhas duas mãos e olhou nos meus olhos. — por que não quiseste mais ser minha amiga? Esses três anos foram os piores da minha existência. 

Minhas lágrimas desceram sem a minha permissão. 

— Não alegro-me pelo que fiz — ele entregou-me um lenço que retirou do bolso. 

Aproveitei para livrar-me de suas mãos, (discretamente),  que seguravam as minhas. 

Sentei-me debaixo de uma árvore e repousei a minha cabeça em seu tronco. Eu precisava ser sincera com ele, eu devia isso a ele.

— A nossa amizade estava atrapalhando-me, a cumprir o meu dever de princesa — disse de uma vez. 

— Não entendo, poderia ter dito-me na época e daríamos um jeito. 

— Perdoe-me, jamais voltarei  afastar-te — fitei-o.

— Suas palavras são como uma doce canção aos meus ouvidos cansados, e meu ferido coração.

— Encanta-me com vossas palavras requintadas! Por um momento, esqueci-me de como és um exímio poeta. Faça sua segunda pergunta, por gentileza. 

Não estava preparada para responder mais nenhuma pergunta, mas eu devia isso a ele. 

— Pois bem princesa: porque não ficastes feliz com a minha volta? 

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É princesa, vai ser sincera mesmo? 

Que as bençãos dos altos Céus vos abençoem!👑

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