Capítulo 4: A visita indesejada
O campo de Quadribol estava resplandecente sob o sol da manhã, com o céu limpo e um vento leve que fazia as bandeiras das casas ondularem suavemente. Era um dia especial para os alunos de primeiro ano, pois era o dia da primeira aula de voo.
Os jovens bruxos e bruxas estavam alinhados em frente ao campo, ansiosos e animados. A professora de voo, Madame Hooch, estava à frente, com seu manto esvoaçante e sua expressão séria. Ela segurava uma vassoura em uma das mãos e estava observando os alunos com um olhar atento.
-Bom dia a todos! -Madame Hooch exclamou. -Hoje é o dia da nossa primeira aula de voo. Espero que estejam tão animados quanto eu. Para começar, vamos fazer uma pequena introdução às vassouras.
Ela fez um gesto para que os alunos se aproximassem e pegassem suas vassouras. Cecily e Mavis, sendo as únicas que já tinham alguma experiência, pareciam relaxadas e confiantes. Cecily já estava ajustando a sua vassoura com facilidade, enquanto Mavis conversava animadamente com Nia e Beatrice sobre o que esperar da aula.
-Estou um pouco nervosa. -Nia confessou a Mavis, enquanto tentava ajustar a vassoura. -Nunca voei antes.
-Não se preocupe. -Mavis respondeu com um sorriso tranquilizador. -É mais fácil do que parece. Apenas mantenha a calma e siga as instruções.
Amelie estava ao lado de Nia, observando com atenção. A ideia de voar a fascinava, mas a inexperiência a deixava um pouco nervosa. Ela tentou imitar o que Cecily estava fazendo, sem muito sucesso.
Enquanto os alunos estavam se preparando, dois colegas do primeiro ano, Evandra e Laÿs, começaram a implicar. Evandra, com um olhar desdenhoso, se aproximou de Cecily.
-Olha só, mais uma que acha que pode se dar bem apenas por estar na Corvinal. -Evandra zombou, com um sorriso sarcástico. -Não que você tenha alguma chance real de se destacar.
Cecily tentou ignorar, mas a provocação de Evandra era clara. -Deixe-a em paz. -Mavis disse, lançando um olhar repreensivo para Evandra.
-Ei Evandra, por que ao invés de ir pentelhar Cecily você não tenta ir concertar esses seus dentes tortos? Parece uma pá. -Lily disse friamente cruzando os braços, ouvindo gargalhadas das pessoas ao redor, vendo Evandra bufar e se encolher na multidão.
Laÿs, por outro lado, estava mais focada em Amelie. Ela se aproximou com uma atitude desafiadora. -O que você acha que está fazendo com essa vassoura? -Laÿs perguntou, com um tom provocador. -Você nem sabe como voar direito.
Amelie tentou manter a calma, mas suas mãos estavam tremendo um pouco. -Eu só estou tentando aprender. -ela respondeu, tentando não deixar a insegurança transparecer.
Madame Hooch interrompeu o pequeno confronto, percebendo a tensão no ar. -Vamos começar, por favor! Todos, peguem suas vassouras e sigam minhas instruções.
Ela começou a explicar como montar nas vassouras e como mantê-las equilibradas. Cecily e Mavis, que já estavam familiarizadas com o processo, demonstraram suas habilidades com facilidade, mostrando aos colegas como era feito.
-Cecily, Mavis, venham aqui e mostrem um pouco. -Madame Hooch pediu, e as duas se aproximaram. Cecily fez uma demonstração elegante, enquanto Mavis fez algumas manobras simples, mas impressionantes.
-Viu? Não é tão difícil quando você pega o jeito. -Mavis sussurrou para Nia e Beatrice, que estavam tentando se concentrar nas instruções.
Quando foi a vez de Amelie, ela estava nervosa, mas com o incentivo de seus amigos, conseguiu subir na vassoura com sucesso, embora sua primeira tentativa de voo fosse um pouco hesitante. Laÿs, uma aluna da sonserina, observou com um sorriso desdenhoso, mas Amelie conseguiu se concentrar e se manter no ar, o que fez a provocação de Laÿs diminuir um pouco.
-Bom trabalho, Amelie! -Cecily gritou de longe, encorajando-a.
A aula prosseguiu com algumas dificuldades e sucessos variados, mas ao final, a maioria dos alunos estava animada com a nova habilidade. Evandra e Laÿs, embora ainda provocadores, estavam um pouco mais contidos, vendo que suas provocações não tinham desmotivado os colegas.
Quando a aula terminou, Madame Hooch deu alguns elogios gerais e lembrou aos alunos de praticarem sempre que possível. Cecily, Mavis, Nia e Amelie se reuniram após a aula, conversando sobre as experiências e o que aprenderam.
-Foi mais divertido do que eu esperava! - Nia exclamou, ainda animada. -E parece que estamos todos indo bem.
-Sim, e foi ótimo ver Cecily e Mavis em ação. -Amelie disse, sorrindo para as amigas. -Vocês foram incríveis!
-Obrigada! -Cecily respondeu, sorrindo. -Eu estou realmente animada para continuar praticando.
O grupo se dirigiu para o almoço, conversando e rindo sobre as aventuras da aula. Apesar das provocações e dos desafios, a primeira aula de voo havia criado novas memórias e reforçado as amizades, marcando o início de uma jornada promissora para todos.
O Grande Salão estava agitado como sempre na hora do almoço, com o som de risadas e conversas ecoando por todas as mesas. Os pratos flutuavam de um lado para o outro, servindo os alunos de Hogwarts com uma variedade de deliciosos alimentos. Cléo, Amelie, Cecily e Nia estavam sentadas à mesa da Lufa-Lufa, conversando sobre a aula de voo e rindo das pequenas dificuldades que todos enfrentaram.
Do outro lado do salão, Lilian Baylão estava na mesa da Sonserina, observando discretamente Amelie com um leve sorriso nos lábios. Ela ainda não tinha se juntado ao grupo das amigas, mas estava de olho na movimentação ao redor.
De repente, Laÿs, com seu olhar provocador, se aproximou da mesa da Lufa-Lufa, seu foco diretamente em Amelie. -Nossa, Amelie. -começou Laÿs com um tom debochado, -parecia que você estava montando um hipogrifo desgovernado naquela vassoura. Será que você consegue fazer algo direito, ou vai sempre ser a mais fraca do grupo?
Amelie, que estava começando a relaxar com os amigos, congelou no lugar. Sua expressão, que antes era de diversão, rapidamente mudou para nervosismo. Ela tentou ignorar, mas Laÿs continuava a provocá-la.
-Deve ser difícil, né? Todo mundo tentando aprender, e você lá, sempre um passo atrás... Não é de se admirar que você esteja tão deslocada.
Cecily, ao lado de Amelie, estava começando a ficar irritada, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Lilian já estava em movimento. Sem hesitar, ela se levantou bruscamente da mesa da Sonserina, sua expressão sombria e determinada, e atravessou o salão com passos firmes em direção à Laÿs.
Quando Lilian chegou perto, ela agarrou os longos cabelos de Laÿs e deu um puxão firme, fazendo a garota dar um passo para trás com um grito de surpresa. O salão, antes barulhento, ficou em silêncio enquanto todos os olhares se voltavam para a cena.
-O que você pensa que está fazendo? -Lilian rosnou, sua voz baixa e ameaçadora. Ela se inclinou um pouco mais perto, mantendo o controle sobre Laÿs. -Se eu te ver irritando a Amelie de novo, vai ser muito pior do que um puxão de cabelo. Entendeu?
Laÿs, surpresa e envergonhada, tentou se afastar, mas Lilian não soltou imediatamente. -Vai continuar com essa atitude ou vai aprender a ficar na sua?
-Tá... tá bom, me solta! -Laÿs gaguejou, claramente assustada.
Lilian a soltou com um movimento brusco, e Laÿs rapidamente se afastou, olhando ao redor, tentando manter algum resquício de dignidade, mas falhando miseravelmente. O salão inteiro estava assistindo, e alguns alunos estavam cochichando e rindo da humilhação de Laÿs.
Amelie, ainda um pouco chocada, olhou para Lilian com uma mistura de surpresa e gratidão. Cecily, por outro lado, estava quase rindo da cena, admirando a coragem da amiga.
-Obrigada, Lilian... -Amelie sussurrou, meio sem jeito, enquanto Lilian se sentava ao lado dela, como se nada tivesse acontecido.
-Não precisa agradecer. -Lilian disse com um meio sorriso. -Só não vou deixar ninguém mexer com você. Deixe comigo.
Enquanto o murmúrio no salão voltava ao normal, Nia e Cecily olhavam para Lilian com respeito renovado. Aquela demonstração de lealdade e proteção havia fortalecido ainda mais o laço entre elas.
-Você foi incrível!! -Cecily disse, finalmente soltando uma risada. -Eu nunca vi alguém dar um puxão de cabelo tão rápido! Parecia que ela ia ficar careca! Quase descolou a peruca dela! –Cecily gargalhava alto, sua risada chamando a atenção de todos, principalmente Helena na mesa da sonserina, que riu baixo olhando a menina rir.
Lilian deu de ombros, pegando um pedaço de pão e mordendo como se aquilo tivesse sido a coisa mais normal do mundo. -Ela mereceu. Agora, vamos comer. Temos muita magia para praticar mais tarde.
◇
Depois do almoço, tiveram suas aulas normais, transfiguração, poções e etc.., ao entardecer Cecily chamou as meninas para o dormitório da corvinal, para ficarem aproveitando até o horário de recolher.
A noite estava silenciosa, o castelo de Hogwarts envolto em uma neblina espessa que parecia apertar os muros da escola. Lilian, Amelie e Cecily estavam na sala comunal, cada uma ocupada com suas próprias coisas. Lilian estava revisando um livro antigo de feitiços, Amelie desenhava algo em seu pergaminho, e Cecily, como sempre, estava compondo algo e tocando sua pequena lira.
De repente, a lareira, que antes crepitava suavemente, apagou-se. O ar ao redor das meninas ficou gelado, como se uma presença escura tivesse invadido o espaço. Lilian sentiu um arrepio subir pela espinha, seus olhos se ergueram lentamente do livro, encontrando as chamas extintas.
— O que... foi isso? — Amelie murmurou, percebendo a mudança repentina no ambiente.
Antes que alguém pudesse responder, um sussurro, sombrio e quase inaudível, percorreu a sala. Não era uma voz clara, mas parecia vir de todos os cantos ao mesmo tempo, murmurando palavras ininteligíveis. As luzes das velas começaram a piscar, e uma sombra espessa começou a se formar no centro da sala, projetando-se de forma bizarra no chão e nas paredes.
Cecily, de olhos arregalados, levou rapidamente do chão com as meninas e instintivamente deu um passo para trás.
— Vocês estão vendo isso? — ela perguntou, sua voz trêmula, o que era raro para ela.
A sombra no chão tomou forma, como se algo estivesse emergindo de dentro dela. Era alta, esguia, e com uma aura de maldade palpável. Quando a figura começou a se solidificar, uma presença sombria e opressora preencheu a sala, drenando o calor e a luz.
E então, como se o ar ao redor delas tivesse congelado, elas ouviram. Uma voz baixa, fria e cortante, como uma lâmina de gelo:
— Tantas jovens promissoras... e tão despreparadas para o verdadeiro poder...
Lilian, de respiração pesada, deu um passo à frente, seu olhar fixo na figura que agora tinha olhos vermelhos faiscando. Mesmo sem nunca ter visto antes, ela sabia quem era. Voldemort.
— Quem... é você? — Amelie perguntou, quase em um sussurro, sua mão tremendo ao apertar o pergaminho.
A figura apenas riu baixinho, como se a pergunta fosse ridícula.
— Vocês já sabem quem eu sou... a pergunta real é... o que EU quero com vocês.
Ele se aproximou lentamente, suas palavras gotejando veneno.
— Vocês... carregam em si um potencial que muitos subestimam. Poder que eu posso... moldar, guiar. Vocês têm algo que me pertence...
Cecily, apesar de estar apavorada, foi a primeira a responder, sua mente acelerada.
— Não estamos interessadas em você ou no que você quer.
Voldemort inclinou a cabeça levemente, um sorriso maligno curvando seus lábios.
— Cecily Guerra, a rebelde, a ovelha negra, a esquecida dos Guerra, a sangue sujo... Sua linhagem está tão entrelaçada com as trevas... será difícil se afastar do seu destino. E você, Lilian Baylão, tão cheia de segredos, medos, coisas que se soubessem temeriam a ti... ainda tem muito a descobrir sobre si mesma e sua família.
Lilian congelou, sua mente trabalhando em um turbilhão de pensamentos. Como ele sabia tanto? O que ele queria?
Voldemort virou seu olhar para Amelie, e por um breve segundo, os olhos dela encontraram os dele. Havia algo ali... uma escuridão que ameaçava devorá-la.
— Você, Amelie Pigaiani, com seu coração tão vulnerável... fácil de manipular... fácil de corromper, imagina se elas soubessem seu adorável segredo...
Antes que ele pudesse se aproximar mais, Lilian deu um passo à frente, ficando entre Voldemort e Amelie.
— Fique longe dela.
Voldemort riu novamente, sua risada fria ressoando nas paredes.
— Coragem, Baylão... mas isso não será o suficiente. Eu voltarei para vocês... e quando voltar, estarão prontas para fazer uma escolha: poder... ou destruição.
E com isso, a figura começou a se dissipar, como fumaça sendo levada pelo vento. As chamas da lareira acenderam novamente, e o calor voltou à sala. Mas o peso das palavras dele permanecia.
As meninas ficaram em silêncio por longos momentos, tentando processar o que acabara de acontecer. Lilian olhou para Amelie, ainda tremendo um pouco, mas firme.
— Ele não vai tocar em você — Lilian disse, sua voz firme.
Cecily suspirou profundamente, finalmente relaxando, mas com a mente ainda girando.
— Ele... quer algo de nós. Algo grande. Precisamos descobrir o que é antes que seja tarde demais.
— Deveríamos falar com o professor Dumbledore sobre o que aconteceu agora! —Amelie disse, coçando o braço nervosa.
—Não! Será muito pior, ou ele não irá acreditar, ou vai achar que somos manipuláveis. —Lily respirou fundo, massageando as têmporas. —A família Baylão e Guerra já tem uma imagem manchada sobre seguir Voldemort, imagina se Dumbledore descobre que ele esteve aqui?
—Iria vigiar vocês o tempo todo... —Amelie sentou, dizendo em voz baixa.
—Então o que a gente faz? —Cecily sentou ao lado de Amelie.
—Vamos tentar não morrer, e principalmente descobrir o que ele quer. Estamos juntas, né?
Amelie e Cecily sorriram, concordando com Lily.
—Bem, acho que somos um trio agora. —Amelie sorriu.
—Somos as travessos! —Disse Cecily empolgada.
—Travessos? Prefiro as danados! -Amelie disse rindo.
—Marotos. Nós seremos os marotos. —Lily disse se sentando com elas.
—É um bom nome, é um ótimo nome. —Cecily concluiu.
—Eh, enfim, somos os marotos.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top