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Eu namoro Felixie.

Falar isso, é muito melhor do que eu imaginei que seria. É libertador.

Eu, Hwang Hyunjin, namoro um menino, um homem. Felix.

Um sorriso nasce em minha boca só em ter pensamentos desse tipo, é... Tão bom namorar o Felix. É muito bom mesmo!

O lixie tem um cuidado enorme comigo, isso me deixa cada vez mais bobinho apaixonado por ele, por que ele é... Ele é muito apaixonante!

O lixie me dá comida na boca ás vezes, eu acho fofo mesmo dizendo que não sou bebê para dar comida na boca, ele ri e nega com a cabeça.

Ele diz que irá me mimar do jeito que eu mereço. Eu fico... Eu nem sei e ficar como eu fico, porque nunca imaginei que iriam me tratar assim, cuidar de mim assim, me amar assim...

E eu fico tão, mas tão feliz, que sinto meu coração fazer o tum-tum bom sempre que o lixie aparece, me deixando a cada dia mais apaixonado e bobinho por seu sorriso de dentinho torto e olhinhos fechados, o cabelo loiro brilhando na luz do sol.

Eu sinto que o mundo ficou mais bonito depois que o lixie apareceu.

Uma lenda diz que uma fadinha nasce sempre que um bebê sorrir, o Lixie tem o sorriso mais lindo que eu já vi e mais fofo também, então eu digo que o mundo das fadinhas estão cheio de bebês fadas, porque Felix com certeza deu vida a muitas delas com seus sorrisos.

Mas, infelizmente, nem tudo são flores, fadas e tortinha de morango.

Ultimamente, nem tudo são só sorrisos e coisas fofas que andam fazendo minha cabeça ficar ocupada. Tenho tido sonhos ruins e isso me deixa muito mal às vezes, por eles parecem tão reais. Muito reais.

Sempre tem mamãe e aquele bruto do Ji-hoon envolvidos, ou remédios e sons fortes. Dores, minha cabeça girando e escadas. Palavras feias e um copo caindo no chão.

Eu nunca sei como as imagens vão terminar, é sempre algo embaralhado e sem conexão. É ruim para entender ou saber o que fazer.

Às vezes são gritos e barulhos ruins que incomodam meus ouvidos até mesmo depois que eu acordo.

Eu tentei dizer ao Felixie , mas tudo embola na minha garganta e ela fica seca, meus olhos enchem de lágrimas e uma vontade de chorar de repente me deixa muito sensível. Eu não queria ser assim, queria poder contar tudinho, mesmo que não saiba o que tenho que contar...

"— Vomita essa porra!"

"— Isso era para o garoto!"

" — Eu não vou fazer isso com meu filho!"

Era basicamente as coisas que apareciam em meus sonhos.

— hyun? — Vovô apareceu no meu quarto, eu o olhei assim que as luzes foram ligadas. — O que aconteceu, meu amor?

— S-sonho ruim, vovô. — Desfiz o aperto em meus joelhos, esticando as pernas na cama e esperando ele se aproximar. — Onde está o papai?

— Seu pai dormiu tarde hoje, estava muito cansado. — Se sentou ao meu lado, segurando minha mão com cuidado e me puxando, me acolhendo em um abraço. Me senti protegido de novo. — Que tipo de sonho fez você gritar dolorido, meu pequeno Hyun?

Vovô é tão carinhoso, eu gosto tanto da forma que ele me trata.

Mesmo que eu seja maior que ele, vovô ainda me chama de pequeno. Ele que é pequeno.

— H-Hyunjinnie não lembra direito, vovô. — Neguei, encostando minha cabeça em seu peito e voltando a respirar tranquilo. Vovô me acalmava com seus abraços.

— Não se lembra do que acontece em seus sonhos, Hyun? — Ele perguntou, fazendo um carinho fofo no meu cabelo. Eu balancei minha cabeça e fiz que sim, respondendo sua pergunta. — Está tudo bem, ok? — Deixou um beijinho em minha cabeça, sorri. — Se você se lembrar de alguma coisa importante, pode contar para nós. — Deixou mais um beijinho na minha cabeça.

— T-tenho medo de lembrar, vovô. — Confessei, mordendo o lábio inferior. — Tenho medo de me assustar.

Tenho medo de que possa me deixar mal e que eu tenha mais emoções carregadas. Não consigo controlar minhas emoções quando elas são fortes demais e minha cabeça dói, tudo gira.

Mas eu sei que preciso lembrar, eu sinto que tenho que lembrar.

"— Os remédios dentro desse copos são muito fortes!"

— Volte a dormir, meu amor. — Vovô disse, me dando mais um beijinho. — Vai sonhar com coisas boas agora, se sonhar com algo ruim, eu apareço em nesse sonho e dou um peteleco em quem quer que seja! — Disse com convicção, me fazendo rir baixinho.

Eu tentei dormir, mas as poucas memórias ainda voltavam à minha cabeça, me deixando acordado. Então, me forcei a pensar em algo que me deixasse feliz e em memórias boas.

Minha família feliz e juntinhas de novo, papai mais presente e preocupado comigo, cuidado de mim de um jeitinho que me deixa feliz.

Vovô sendo um idoso fofo e bem humorado que me faz rir bastante e que me da muito, muito carinho!

Tem Seungmin, Jeongin, Minho, Changbin e jisung para serem meus amigos e amigos que me ajudam quando tenho dúvidas e brincam comigo.

E tem o Felix... Ah, o felixie...

Felix e seu sorriso fofo de dentinho torto, seus olhinhos se fechando quando ele sorri tão grande e bonito!

Felix me ajudando no começo da nossa relação e sempre me tratando bem. Felix me dando meu doce favorito e levando o risco de tomar bronca porque eu não podia açúcar.

Felix se desculpando caso fizesse algo que me incomodasse e, mesmo que fosse o mínimo que as pessoas deveriam fazer, eu não estava acostumado com aquelas palavras, até porque nunca fui capaz de ouvi-las vindo de pessoas que realmente me fizeram mal.

"Me desculpe, Hyunjin, por esquecer de seu almoço hoje", " Me desculpe, Hyunjin, por incomodar seus ouvidos com barulhos altos.", "Me desculpe pela intensidade da luz... " Eu nunca ouvi isso antes, não fazia parte da rotina que pedissem desculpas por fazer algo que incomode alguém como eu.

As pessoas com quem eu convivia, não fazia questão de se desculpar por fazer algo que me machucasse.

Mas, Felix, um garoto que não me conhecia, não fazia ideia do que eu era ou que tipo de pessoa eu sou — estou me tornando alguém legal, eu sei que sim. — Se importou comigo e me ajuda desde quando entrou na livraria do vovô para trabalhar. Eu tive muitas dificuldades no início do ano, mas, agora... Agora eu consigo fazer coisas que não fazia antes sozinho, porque tive estímulo e ajuda.

Estou me tornando um garoto independente e muito esperto!

E, querendo ou não, Felixie foi um grande ajudante nisso, ele indicou Changbin para que eu não tivesse mais tantas dificuldades para falar ou me expressar. Isso foi algo essencial para que eu me desenvolvesse mais rápido.

Também me ajudou com coisas pequenas, como andar de bicicleta ou responder cálculos de matemática que não consegui aprender direitinho na escola, e ele ainda insiste em dizer que não é bom em matemática!

Minha mente viajou para os momentos fofos que passamos juntos, quando passeamos no nosso parque favorito pela primeira vez, quando comemos pizza pela primeira vez e ele me apresentou Os Vingadores e eu gostei do Homem de Ferro!

E quando fomos para Busan e demos a nossa primeira bitoquinha e trocamos palavras fofas e declarações de garotos bobinhos e apaixonados, quando eu pedi o lixie para ser meu namoradinho... Era bom ter tudo aquilo. Era bom ter aquelas lembranças.

É muito bom viver agora.

É bom não ter que ouvir gritos ou sermões por ter um colapso de emoções carregadas e ser deixado de lado até conseguir fazer parar aquelas dores sozinho...

Papai e vovô me ajudam tanto, felixie e os hyungs me incentivam a continuar a aprender a cada dia mais, porque era disso que eu precisava. Precisava de estímulos e incentivos.

Apenas um incentivo e ajuda necessária para melhorar tanto a minha comunicação, como a convivência com outras pessoas.

E foi preciso apenas um incentivo para que eu conseguisse lembrar de coisas que minha mente bloqueava.

🧚🏻‍♂️👻

— Tchau, papai! Até mais tarde. — Dei um abraço apertado em meu pai e o vi sumir pelas ruas de Seul, ele tinha me deixado na escola.

Na sexta feira, eu pedi lixie em namoro. Agora somos namorados e eu namoro um garoto muito, muito bonito, fofo e muito...

Eu não consigo achar muitos nomes legais para chamar Felix, ele é apenas o garoto mais legal e apaixonante que eu já conheci na vida!

— Bom dia, Hyun! — Dahyun noona disse assim que cheguei no portão da escola, sorrindo daquele jeitinho fofo de sempre.

— B-bom dia, noona! — Me curvei em sua frente, a cumprimentando.

— Como foi a noite? Dormiu bem?

Eu gosto da noona e do hyung professor, eles tratam todos os alunos com muito carinho e cuidado! Eu não gosto de pensar muito nisso, mas se mamãe tivesse aceitado o pedido do papai e me colocado na escola desde que eu era homenzinho bebê, não teria as dificuldades que eu ainda tenho.

Mas eu gosto de pensar que se tudo isso aconteceu, é porque tem um porquê de ter acontecido. Minho diz que nada que acontece na nossa vida é por acaso e, que se acontece, vai ter consequências que ainda sim estarão ligadas ao plano final que o destino tem para nós.

Felix e tudo isso que aconteceu comigo era meu destino, eu gosto de pensar nisso porque melhora minha ansiedade às vezes.

Sou destinado ao Lixie.

— Estou bem, N-noona! — Sorri, caminhando para dentro da escola.

Pode ser que eu não esteja muito bem, mas irei ficar. Tudo sempre melhora, nada é para sempre.

— Vá se sentar, daqui a pouco as aulas começam. — Ela sorriu mais uma vez, cumprimentando outros alunos.

Eu gosto daqui, mesmo que não tenha amigos para conversar ou só... Fazer coisas que amigos fazem, é bom vir a escola e aprender com alguém que gosta de ensinar.

— Bom dia! — Uma garota disse assim que entrei, era a Kazuha noona.

Eu e ela já tínhamos feito trabalho de artes juntos, eu fiz o desenho e ela a parte escrita. Foi fácil decidir quem iria fazer o que, já que minha caligrafia não é muito boa e ela não desenha bem.

— Bom dia, noona! — Sorri, me curvando. — Tem t-trabalho para fazer?

— Quem disse que posso falar com você só quando for fazer trabalho? Podemos ser amigos fora disso, Hyunjin! — Ela sorriu, se sentando na cadeira ao meu lado. A que sempre ficava vazia.

Meus colegas de classe são bem mais avançados que eu, socialmente falando, já que alguns fizeram amizade rapidinho e tem grupinhos. Mas eu não sou bom em me... Enturmar, eu acho.

Eles tentaram algumas vezes, mas eu ainda não sabia controlar minha gagueira e dificultava quando eu ia me comunicar, então nem tentava.

— Podemos? — Franzi o cenho, era a primeira vez que ela trocava muitas palavras comigo fora de algum trabalho escolar.

A noona veio do Japão, ela é muito bonita e muito animada, a vi raras vezes quietinha desde que as férias acabaram, já que ela entrou na escola durante as férias de verão.

— Claro que sim! — Sorriu novamente. — Você é muito tímido, eu sei, mas podemos tentar fazer uma amizade legal rolar, o que acha?

Eu fiquei meio emocionado, confesso. Ninguém nunca tinha dito aquilo para mim, não aqui na escola.

— Hyun- Eu acho m-muito legal, noona. — Sorri, abaixando a cabeça. Ela riu e bagunçou meus cabelos.

— Ótimo! Agora somos amigos e parceiros de trabalho também. — Riu, se levantando.

Eu achei que ficaria por aquilo mesmo, mas ela foi apenas pegar a sua mochila para que se sentasse ao meu lado.

— Que anel bonito! — Ela disse, apontando para a minha aliança de namoro com florzinhas azuis.

Era o anel mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida também. Além de ser muito, muito lindo, era o meu anel junto com o de Felixie, era muito especial.

— É... — Hesitei em continuar a dizer, com certo medo dela não gostar muito do que ouviria. — É minha a-aliança de namoro, noona. — Sorri, ignorando a hesitação e tocando minha aliança bonita.

— Namoro?! — Ela arregalou os olhos, surpresa. — Você namora?! Uau! Isso é...Uma surpresa.

— Por quê? — Perguntei meio confuso.

— É que... Bem, você namorando e... Esquece! Não sei explicar. — Ela riu, me deixando um pouquinho mais confuso, mas também menos tenso. — Mas não é nada de ruim, tá bem? Eu juro!

— T-tudo bem, noona! — Sorri, mordendo o lábio inferior. Eu estava animado.

— Eu também namoro, sabia? Minha namorada até veio embora junto com a gente do Japão, acredita? — Ela disse rápido, me deixando meio tonto. Mas eu gosto da animação dela.

Namorada...

A Kazuha noona namora uma menina!

Eu namoro um menino, então... Então ela não vai me olhar torto por isso, já que também namora alguém do mesmo gênero!

— Eu n-namoro com Felixie. — Um sorriso grande tomou conta da minha boca de um jeito tão rápido, que não consegui controlar. — N-namoramos a três dias.

— Ai, que fofo! — Ela sorriu, segurando nas próprias bochechas. — Ele é legal com você?

— Sim! — Sorriu mais uma vez, sentindo minhas bochechas esquentarem só de falar disso. — Felixie é o garoto mais fofo e a-apaixonante que eu já vi... Ele é tão atencioso e cuidadoso! Eu fico... E-Eu nem sei explicar, é um s-sentimento forte.

Muito, muito forte. Algo que me deixa muito feliz.

— Você está tão apaixonadinho! — Ela sorriu, me deixando mais envergonhado. — Tenho certeza que ele também está muito apaixonado por você, seria impossível não gostar de você! — Continuou a falar, me deixando meio emocionado mais uma vez.

— Você g-gosta de mim? — Perguntei, meio surpreso.

Eu me acho meio chato as vezes, já que demoro um pouco para entender o que as pessoas dizem. Tenho um pouco de medo de incomodar as pessoas com meu raciocínio lento.

— Hyunjin, você é, possivelmente, uma das pessoas mais legais que eu já conheci, mesmo não te conhecendo bem. — Ela sorriu mais uma vez ao dizer, ajeitando sua postura na cadeira. — Esse Felix com certeza deve se achar o maior sortudo por ser seu namorado.

Minhas bochechas esquentaram mais uma vez, porque o lixie já disse isso algumas vezes nos últimos três dias como meu namorado. E eu sempre fico envergonhado sempre que o lixie diz.

— Obrigado por isso, noona. — Foi o que eu disse, já que não sabia exatamente o que dizer para as coisas que ela disse.

— Não precisa ficar me agradecendo, seu bobo. — Ela sorriu, o hyung professor entrou na sala.— Prometo que serei uma boa primeira amiga aqui na escola para você.

Eu até pensei em perguntar como ela sabia que eu não tinha amigos aqui na escola, mas ela estuda aqui há quase um mês, então não deve ter sido difícil notar isso.

— Bom dia, turminha linda! — Yugyeom professor disse, chamando nossa atenção, sorri para Kazuha e comecei a me concentrar nas coisas que o professor dizia.

Eu gosto do tratamento que o professor dá para nós, ele toma bastante cuidado para explicar tudo de um jeito que todos vão entender e nunca eleva a voz para chamar a atenção de algum dos meus colegas quando eles fazem bagunça, acho que não teria professor melhor para ensinar a gente sobre coisas do mundo e as matérias mais difíceis como matemática e física.

Ele é legal, muito atencioso é preocupado. Pergunta sempre o que eu estou sentindo e se está acontecendo algo em casa.

— Hyunjinnie! — O professor disse quando eu estava esperando papai me pegar na entrada da escola. — Já está indo?

Ele parecia nervoso.

— Estou e-esperando o meu pai, p-professor. — Sorri.

— Eu...Queria falar com você. — Respondeu, movendo as mãos juntas, me deixando meio confuso.

Parecia os movimentos que eu fazia para me acalmar às vezes.

— P-pode dizer. — Disse calmo, mesmo que estivesse meio confuso.

Será que fiz alguma atividade errada?

— É que... É um assunto meio...— Ele começou a dizer, bem hesitante.

— Tchau, Hyunjinnie! — Kazuha noona nos interrompeu, saindo da escola com uma mulher mais velha, acho que deveria ser sua mãe. Acenei com a mão, sorrindo para ela.

Eu tenho uma amiga e colega de classe para fazer trabalhos!

— Professor?— Chamei, esperando que ele continuasse a me dizer o que queria.

Mas papai chegou, cumprimentando o professor e me deixando meio curioso porque Yugyeom não conseguiu dizer o que queria dizer.

Naquele dia, eu dormi tranquilamente depois de uma ligação do Felixie, me desejando boa noite e dizendo que iria ter sonhos bons comigo. Eu fiquei feliz, porque também queria ter sonhos bons com o lixie.

Mas eu não lembro se sonhei aquele dia, porque dormi tão rapidinho que não se passou nada pela minha cabeça até eu acordar.

Minho gosta dizer que nossa cabeça costuma ficar cheia quando temos pensamentos muito fortes, o que é obviamente verdade, e se nossa cabeça ficar cheia de pensamentos ruins, nosso subconsciente faz projeções de imagens daqueles pensamentos e podem passar para nós vermos, que são os sonho bons, ou ruins.

Eu só preciso focar nos pensamentos bons que tenho aqui, já que os ruins são apenas coisas que eu ainda não entendo, mas espero não demorar entender.

🧚🏻‍♂️👻

Papai mente para mim.

Eu ouvi ele conversando com o vovô sobre ir para Busan e resolver coisas no Tribunal. Eles estão mentindo para mim e isso me chateia.

Eu fiquei muito mal quando descobri que papai estava sendo acusado de... De ter matado a mamãe. Foi numa tarde de sexta feira.

Era ruim ter que fingir não saber de nada, esperar que eles me contassem e finalmente saber de tudo certinho sem nenhuma dúvida. Mas, meu pai ainda não confia em mim.

Minha cabeça ficou girando e doendo quando ouvi papai dizer que estava com medo de ser preso por acharem que ele tirou a vida da mamãe, fiquei assustado com aquilo, mas... Mas alguma coisa me dizia que não tinha sido ele. Eu sabia que não havia sido ele.

Mas não entendia como eu sabia disso, mesmo sabendo que não tinha sido papai, eu não tinha certeza de como sabia que não tinha sido ele!

E aquilo mexeu muito comigo, eu queria não ter que ser tão... Sensível? Eu não sei, mas aquilo me deixou realmente mal, fiquei uns dois dias pensando nisso e, de repente, meu corpo e mente não aguentaram mais e colocaram meus sentimentos ruins para fora.

Eu odeio ter esses ataques, não gosto e fico muito mal quando acordo e vejo minha família tão preocupados e com os rostinhos tristes.

Mas não tenho culpa, chega um momento que meu corpo não aguenta tanta pressão e só... Coloca tudo para fora de um jeito ruim, e eu não gosto disso, mas também não consigo controlar quando as crises começam.

Eles acham que foi por conta do som alto que o novo vizinho tinha, aquilo foi um incentivo sim, mas o motivo de minha cabeça estar tão cheia ultimamente, é só pelo fato de que eles mentiram para mim. Mentiram porque não confiam em mim e acham que vou surtar caso descubra, que vou deixar de amar meu pai...

Ele não tem culpa de nadinha, eu queria ter provas disso, mas as coisas aqui dentro da minha cabeça ainda estão embaralhadas e fora do lugar. Não posso fazer nada, ainda.

Eu não podia dizer nada, porque queria esperar o momento em que papai confiaria que já sou um homem crescido e que posso lidar com coisas assim, mesmo que não tenha acontecido.

Eu passei mal? Sim! Mas foi porque eles não me explicaram direitinho e eu fiquei curioso demais para ouvir atrás da porta! A notícia me pegou de surpresa.

Mas eu não surtei porque não sei lidar com isso, porque consegui fazer eles acreditarem que eu não sabia de nada e esperei que me contassem, mas não contaram.

eu tive a crise porque aquelas informações me deixaram apreensivo e com medo de tirarem meu pai de mim, com medo de não conseguir ajudar do jeito certo e dos meus sonhos ficam cada vez mais fortes e deixarem a minha cabeça dolorida. Eu não queria ter deixado eles preocupados, mas também não posso controlar isso.

E Felixie estava certo, ele insistiu para que papai me contasse, insistiu para que ele confiasse em mim e que eu já era um homenzinho crescido. Mas papai disse que estava tudo bem.

Eu ouvi eles dizendo isso, achando que eu estava na aula com Changbin, mas saí só uns minutinhos para pegar meu lápis de cor no quarto e... Bem, eu ouvi a conversa deles.

Tentei não ouvir! Mas foi mais forte que eu.

— Junghyun, eu entendo que você quer proteger Hyunjin de tudo isso, mas você não acha que ele pode ficar chateado caso descubra e se sinta excluído também? — Felix disse, parecia meio bravo. Eu estava chateado.— Ele vai fazer dezenove anos amanhã! É praticamente o adulto.

Meu aniversário é amanhã e papai ainda não me disse, isso me deixa muito chateado.

Era bom ter Felixie tentando fazer papai me contar, ele confia em mim e sei que se fosse por sua vontade, eu já saberia de tudinho. Mas ele também é um homem íntegro e que não passaria por cima do pedido do meu pai, já que não quer perder a confiança que papai tem por ele.

Eu entendo o lado do Lixie, namoro um garoto muito esperto e inteligente. Mas que também cumpre com a sua palavra e é honesto, se ele disse que esperaria papai contar, é por que ele vai esperar.

— Felix, eu sei disso. — Ouvi papai dizer. Mordi o lábio inferior, ficando meio tenso. — Mas ainda sim, quero correr esse risco, tenho medo de que ele tenha memórias nada legais com o que pode perguntar para ele e acabe o deixando mal...

Meus olhos ficaram marejados ao ouvir aquilo, papai só estava preocupado comigo, eu entendo isso.

Mas eu queria tanto que ele confiasse em mim...

— Junghyun...

— Não insista, por favor. — Papai disse novamente, parecia estar sério. — Vai dar tudo certo, Hyunjin está bem melhor agora, Ji-hoon não tem provas contra mim e eu não quero que hyunjin se envolva nisso... Então, por favor Felix, não insista.

Eu saí dali meio emocionado e um pouco confuso, porque não sabia direito o que pensar.

— Hyunjinnie, está tudo bem? — Changbin perguntou assim que cheguei na sala.

Eu não podia falar para ele, porque não sabia o que dizer.

— Está sim, binnie. — Sorri, mordendo o lábio inferior e colocando o lápis que eu havia pego sobre a mesinha da sala.

Não pense tanto nisso.

— Você parece meio tenso. — Ele observou, se aproximando de mim. — Aconteceu algo?

O que eu digo? Poxa vida...

Vou mudar de assunto.

— É que... Eu ando meio c-confuso, binnie. — Mexi com meus dedos, pensando em algo legal e que fosse convincente para dizer.

Então, lembrei de algo que também estava me deixando meio... Confuso e assustado.

Última algumas coisas estão me deixando muito confuso.

— Confuso? É com algo sério? — Ele se aproximou mais, sentando próximo a mim.

Mas não é em relação a nada da minha cabeça ou pensamentos... É meu corpo.

Eu estudei na escola no início do ano, que nosso corpo se desenvolve na adolescência e vai criando hormônios e, no meu caso, crescendo a testosterona.

Mas eu não imaginava que essa testosterona me deixaria tão confuso e meio envergonhado em relação às reações que meu corpo tem às vezes...

É muito vergonhoso dizer isso, mas Felix tem culpa! Ele fez essa dúvida entrar na minha cabeça e também por deixar meu corpo de um jeito que nunca tinha ficado, mesmo que seja toques simples!

Felix mexe comigo de todas as maneiras que a cabecinha dele imaginar, até mesmo da forma mais vergonhosa possível.

— B-Binnie, posso fazer uma pergunta? — Perguntei ao Seo.

— Claro que sim, Hyun. — Ele sorriu, deixando meu caderno de lado. — Pela coloração de seu rosto, já sei que a pergunta não é sobre como se pronuncia a palavra otorrinolaringologista.

Por que o binnie aparece com palavras difíceis assim?

— Não é s-sobre esse trava língua, binnie. — Sorri, começando a mexer com meus dedos.

Fique calmo, Hyunjin-ah, o binnie é menino e já é adulto, pode ajudar.

— Pode dizer, Hyunjinnie. — Ele sorriu, voltando a escrever algo em meu caderno. — O que aflige essa cabecinha com cabelos compridos?

— Felixie. — Mordi o lábio inferior ao dizer, Changbin-ssi levantou o olhar rapidamente.

— Aconteceu algo com ele? — Perguntou preocupado, sorri.

É só dizer, o binnie vai entender.

— É que... — Minha nossa, é mais difícil do que eu pensei. — binnie, o que... O que eu faço quando sinto uma... Uma... Uma coisa m-meio... Aish, não sei explicar! — Tapei o meu rosto com as mãos, sentindo meu rosto esquentar um pouco mais.

Era como se uma carga de energia me atingisse sempre que Felix me toca em lugares que deixam meus pelinhos arrepiados.

É... Estranho, mas ao mesmo tempo bom. Um estranho bom.

— Ei, Hyunjinnie, calma! — Ele sorriu, respirando fundo e mordendo o lábio inferior. — O que você sente?

— É... É tipo um c-choque no corpo, minhas bochechas e-esquentam mais do que o normal e minha barriga dói. — Respondi, me remexendo no e juntando as minhas pernas em meu peito. — As b-borboletinhas na minha barriga voam rápido demais.

— Isso acontece quando... Quando Felix te toca? Ou quando você tem pensamentos com suas bitoquinhas? — Ele perguntou calminho, me deixando menos tenso.

Era exatamente isso.

— Sim, Binnie. — Respondi, balançando a perna um tantinho nervoso. — E-Eu fico... Envergonhado e... E Excitado.

— Isso é normal, Hyun! — Ele sorriu grande, daquela firma que seu rosto fica iluminado. — Isso te incomoda? tipo, essa... Eletricidade que você sente, te incomoda?

— Não, Binnie. — Suspirei mais tranquilo, tentando achar palavras que se encaixassem certinho em meus pensamentos. — Eu só... Fico confuso, porque nunca senti coisas assim e c-com vergonha.

Muita vergonha.

— Está tudo bem, Hyun. — Ele sorriu grande mais uma vez, tocando em minha mão. — Felix sabe que você se sente assim?

— Não! — Arregalei meus olhos, colocando minhas mãos em frente ao rosto mais uma vez e o Binnie riu baixinho. — N-não ri, binnie! É muito... Muito d-difícil!

— Hyun! — Ele riu mais uma vez, respirando fundo e controlando a risada uns segundinhos depois. — Está tudo bem o seu corpo reagir assim a toques específicos, você ainda é jovem e virgem! E nunca sentiu isso, como me disse, certo? — Balancei a cabeça para sua pergunta e concordei, prestando atenção em sua explicação.

Estava com vergonha, mas conversar sobre isso me deixava mais tranquilo e me fazia esquecer um pouco da situação de papai. Além de me ajudar a entender melhor meu corpo e as reações que ele tem.

Eu queria entender o que estava acontecendo, entender bem as reações do meu corpo.

— O-o que eu vou sentir quando... Quando isso acontecer de novo, binnie? — Perguntei, balançando levemente meu corpo para frente e para trás.

— Eu não sou a melhor pessoa para te explicar sobre isso, mas... — Ele suspirou. Parecia estar pensando.

Changbin é uma das pessoas mais pacientes que eu já vi, fico muito feliz que ele tenha se tornado meu professor e ter essa paciência para responder as perguntas que faço fora do tema inicial da aula.

— Essa sensação de choque que você sente, é pela eletricidade que seu corpo sente quando você está ficando excitado, Hyunjin. — Respondeu, olhei para ele por um tempinho, entendendo o que ele queria dizer. — Essa eletricidade vai... Se concentrar em certas partes do seu corpo. — Ele respondeu, sorrindo de um jeitinho diferente.

Changbin também estava ficando vermelhinho.

Era engraçado ver ele assim, vou brincar mais um pouquinho e perguntar coisas que ainda me deixam confuso.

— Que p-partes, binnie? — Mordi o lábio inferior, Changbin arregalou os olhos minimamente e riu de um jeitinho diferente.

Eu sabia que tipo de "partes" ele estava falando, e era vergonhoso até para mim ter que pensar sobre isso.

— Seu pênis, Hyun.— Sorriu ao dizer, me deixando mais constrangido com a facilidade e velocidade que falou.

Não estava esperando!

— A-ah... — Murmurei, sem saber o que dizer depois.

— Mas não se preocupe com isso, está bem? São reações normais para... Algumas pessoas. — Começou a dizer, mas eu senti que ele queria dizer algo a mais..

— binnie, p-por que para algumas pessoas? Não é normal?

— Não é isso, Hyunjin-ssi. — Sorriu mais uma vez, ficando pensativo. — É normal para algumas pessoas sentir isso, mas não para... Não é normal para pessoas como eu, sabe?

— Como você?

— Sim. — Concordou com a cabeça, mordendo o lábio inferior. — Eu sou uma pessoa Assexual, Hyunjinnie. — Respondeu.

Minha confusão aumentou mais e, parecendo perceber, o binnie riu baixinho e ficou um tempinho pensativo.

Eu estava com certo medinho de dizer algo que pudesse magoar Changbin, já que não sabia nada do que era uma pessoa como ele havia dito.

— Uma pessoa Assexual não sente atração sexual como as outras pessoas, Hyunjin-ah. — Começou a explicar. — Por exemplo, você ficou excitado mesmo tendo poucos toques de Felix em você, não é? — Perguntou calminho, balancei na cabeça meio envergonhado por voltar a falar daquilo.

Era bom conversar com Changbin, ele explica tudo certinho e sem muitas palavras difíceis.

— Eu não costumo sentir isso, na verdade, nunca me senti bem em fazer isso. — Suspirei, mordi o lábio inferior ao perceber seu pequeno incômodo. — Me deixava incomodado ver as pessoas insinuando coisas com cunho sexual para mim e... Depois de muito tentar, me descobri Assexual.

Minha boca estava levemente aberta diante da sua pequena explicação. Eu não sabia disso!

Era... Legal e meio preocupante, já que o hyung parecia meio tristinho em dizer aquilo.

— Obrigado por me explicar, binnie. — Sorri, tocando em sua mão e apertando levemente. — V-você é muito legal.

Eu não sou o melhor em dar concelhos ou consolar alguém, mas eu espero que changbin tenha entendido que ele não precisa se sentir mal só por ser diferente de outras pessoas.

E eu acho que ele entendeu, já que deu um sorriso grandão e me abraçou, deixando meu coração mais calmo.

— Obrigado, hyunjinnie. — Disse fazendo um carinho gostosinho nas minhas costas, suspirei menos tenso.

— binnie, o que eu faço se eu sentir toda a e-ele... Eletricidade ir para meu p-pénis e ele ficar... Diferente? — Voltei ao assunto inicial.

Era constrangedor, mas minha curiosidade e vontade de entender tudo direitinho, falava mais alto.

Eu sou um ser humano como qualquer outro, oras, é normal se sentir confuso com isso!

— Diferente? — Ele riu baixo.

— M-maior e durinho, binnie. — Respondi simples, Changbin deixou seus olhos maiores.

— Meu Deus, Hyunjinnie-ah...

Eu só queria entender direitinho.

🧚🏻‍♂️👻

— Boa tarde, Hyunjinnie. —Minho hyung disse assim que entrei na sua sala. — Feliz aniversário! Como foi a sua semana?

Hoje era meu aniversário!

Era a primeira vez que eu ficava feliz por ter nascido e por ter pessoas ao meu redor. Eu não comemorava meus aniversários lá em Busan, mamãe dizia que era perigoso e papai trabalhava quase todos os dias, ele me levava às vezes para comer em alguma pracinha ou restaurante, mesmo que só nos dois.

E eu não vou comemorar meu aniversário hoje também, mas estou rodeado de pessoas que me amam e cuidam de mim!

Seungmin disse que eu sou o dongsaeng favorito dele e que vai me levar em um passeio em um campo de flores, aqui em Seul junto com o Jeongin! Vai ser na Sexta-feira e vai ser muito legal.

— Foi muito l-legal, hyung. — Sorri, me sentando na poltrona grande que mais parecia uma cama pequena.

— Aqueles sonhos ruins ainda andam aparecendo? — Sua pergunta me fez suspirar.

— Sim... — Suspirei, mexendo com meus dedos para tentar acalmar meu coração que ficou acelerado de repente.

— Eu tenho a impressão que não são apenas sonhos, Hyunjin. — Minho ajeitou sua postura na cadeira, digitando alguma coisa em seu computador gigante. — Esses sonhos parecem ser reais para você?

Sim, muito. E isso me deixa assustado.

"— Que filho?! Agora ele é seu filho?!"

Eles são... Assustadores.

— Sim, hyung... — Respondi, respirando fundo.

Fica calmo, Hyunjin, não vai acontecer nada de ruim.

— Você teve algum sonho assim nessa noite?

— N-não, eles não são todos os dias. — Me remexi na poltrona gigante, tentando controlar meus sentimentos fortes. — Mas...— Parei de falar, fechando os olhos com força.

— Mas? — Minho médico de sentimentos me incentivou a continuar, sempre metendo a voz calma e tranquila de sempre.

Era bom conversar com ele, Minho sabia como acalmar não deixar que sentimentos muito fortes me atingissem.

— Mas eles me deixam muito mal, hyung. — Mordi o lábio inferior, respirando fundo mais uma vez. — É como... Como se eu t-tivesse vivendo aquilo, como se fossem...

— Memórias. — Completou, suspirando e digitando algo em seu computador mais uma vez. — Você pode narrar essas memórias cortadas, Hyunjin-ah?

— Eu não lembro, hyung. — Abaixei a cabeça, decepcionado comigo mesmo. Eu queria lembrar.

— Não fique decepcionado com isso, Hyunjinnie-ah, suas memórias foram... Bloqueadas, digamos assim. Aos poucos elas vão retornar. — Disse, me deixando mais tranquilo.

Eu gosto disso em Minho hyung, ele sabe deixar a gente mais calmo e menos tenso em poucas palavras.

— Sabe, Hyunjin-ah... — Lino começou a dizer novamente, ajeitei meus óculos em meu rosto e prestei atenção em suas palavras. — Quando um bebê encosta em alguma coisa quente e se assusta pela primeira vez, eles ficam com medo até ouvir a palavras "quente" e então, choram e sabem que não podem mais tocar em coisas quentes. — Começou a sua explicação, tentei entender certinho. — Isso vem de um alerta das amídalas dos nosso cérebro. Mas por trás das amídalas, têm o hipocampo, que é o responsável por armazenar novas memórias. Significa que se criarmos muitas memórias felizes e as colocarmos no hipocampo para trabalharem, podemos encobrir essas memórias assustadoras, com memórias felizes.¹

Eu estava tentando entender certinho o que o hyung estava dizendo, mesmo que às vezes fique difícil.

— O que eu quero dizer, é que, independente de tudo, as suas memórias felizes sempre irão se tornar prioridade para você. — Sorriu ao dizer, concordei com a cabeça. Eu realmente prefiro lembrar das memórias felizes. — O seu hipocampo foi afetado por conta de altas doses de remédios fortes, mas, aos poucos, ele vai mandar certas memórias para seu subconsciente e elas vão voltar a ser memórias concretas na sua cabecinha.

— E-então eu vou lembrar te tudo? — Perguntei, ficando meio nervoso. — T-tenho medo de lembrar, hyung, não sei o que acontece... Eu quero l-lembrar, mas tenho medo.

— Ter medo é normal, Hyunjinnie, são coisas que fizeram mal a você e que seu subconsciente armazenou tão bem em seu hipocampo, que ficaram esquecidas e vagas. — Ele sorriu de um jeitinho menos feliz. — Essas memórias foram esquecidas com a ajuda dos medicamentos fortes que você tomava e um jeito que seu cérebro achou para proteger você mesmo de coisas piores como a depressão, foi fazendo elas ficarem guardadas e protegidas para que você não se lembrasse e ficasse pior do que já estava.

Eu acho Minho hyung tão inteligente e fala tão bem, queria ser assim como ele, já que agora eu não tenho mais medo de lembrar dessas coisas.

Quero dizer, ainda tenho, mas quero lembrar por que sinto que são coisas importantes.

Meu hipocampo vai fazer todo o trabalho dele e eu vou conseguir lembrar, mesmo estando com medo.

— Suas lembranças foram eficazes para que você tivesse certeza que as coisas que sua mãe fazia, não eram legais. — Ele começou dizendo, concordei com a cabeça e a baixei logo em seguida, aquele assunto ainda me deixando meio... Mexido. — Aos poucos, elas iram lhe dar respostas daquilo que você precisa saber, está bem? Não se preocupe tanto e nem se force a lembrar, Hyunjin-ssi.

Eu concordei com a cabeça, ficando menos tenso e feliz por hyunjinnie hyung me entender e ajudar tanto. Se não fosse por a ajuda dele e dos outros, eu acho que ainda seria um completo desconhecido para mim mesmo.

Ele pode me ajudar na questão de papai também, mas ainda fico com certo medo de contar sobre isso. Então, deixei para outro dia.

Quando eu acordei na manhã seguinte, tudo que eu pensava era: Meu Deus, eu virei um homenzinho adulto!

Fiz dezenove anos, esse último ano foi realmente o melhor ano da minha vida.

Melhorei muito em tão pouco tempo e isso é impressionante até mesmo para mim!

Consegui fazer muitas coisas, melhorei minha relação com meu pai, vovô virou meu melhor amigo e consegui tantos amigos em apenas alguns meses depois que vim para Seul!

E, principalmente, tenho um namorado incrível e que me respeita acima de tudo, cuida de mim de uma forma confortável e que não me sufoca com coisas que, para as outras pessoas, podem ser normais.

Eu estava feliz. Mesmo depois de tudo, mesmo com os últimos acontecimentos e momentos de tensão e algumas outras coisas, eu estava muito feliz.

— Hyunjinnie! — Kazuha noona disse assim que me viu, correndo de um jeitinho engraçado e parando em minha frente. — Feliz aniversário! Posso te abraçar?

Ela sempre pergunta se pode me tocar quando quer fazer. A noona gosta muito de toques e essas coisas, eu já disse para ela que também não me incomodo com isso, vindo de pessoas específicas, claro. Mas mesmo assim ela pergunta, e eu fico feliz por isso também.

— Claro que p-pode, noona. — Respondi sorrindo, e sendo recebido com um abraço apertado.

Kazuha noona é bem alta, ela tem quase a minha altura e acho que a altura de Felixie. Mas eu gosto mais dos abraços do lixie, ela só não pode saber disso porque vai me dar um peteleco na testa.

— Eu e felix vamos vir daqui a pouco, está bem? — Papai perguntou com um sorriso largo depois que a noona me soltou, sorri e balancei a cabeça.

Observei papai sair e acenei para ele, que mandou um beijinho na ar. Eu amo meu pai, e estou lutando para tentar ter coragem de fazer ele me contar o que vai fazer em Busan, mesmo estando feliz por ele ter ficado para comemorar meu aniversário junto a mim.

Eu queria que ele me contasse com a própria voz que estava sendo acusado de ter feito aquilo, queria que ele confiasse em mim. Mas, não aconteceu ainda.

— Uau, você cortou a franja! — Ela disse quando papai se afastou de mim, passando os dedos pela minha franja que cortei ontem à tarde.

Vovô é um ótimo cortador de cabelo também, eu amei a minha franjinha.

— Ficou bom? — Perguntei para ela, que sorriu grande e concordou.

— Ficou incrível! — Sorriu, me deixando tímido e feliz.

— E-estou ansioso para saber se Felix  vai gostar, ele... Ele g-gosta de fazer carinho na minha cabeça para que eu durma. — Confessei, mordendo o lábio inferior quando ela soltou um barulhinho engraçado.

Felixie com certeza vai me elogiar um montão e dizer que estou bonito, eu sei que sim. E eu gosto de saber que ele me acha bonito, faz com que eu realmente me sinta bonito.

Acho que se eu aparecesse sem cabelo algum, o Lixie gostaria, por que ele realmente é bem bobinho quando o assunto é me elogiar, e isso me deixa ainda mais bobinho apaixonado por ele, porque eu também acho ele bonito de qualquer jeito.

— Finalmente irei conhecer o seu Felixie?— Kazuha perguntou sorridente, fiquei meio envergonhado e balancei a cabeça, concordando.

— Eu n-não falei de você para ele, mas acho que ele vai gostar de você, noona. — Respondi, ficando meio nervoso.

O Lixie nunca conheceu nenhum amigo meu, até porque... Eu não tinha amigos diferentes para apresentar para ele.

— Feliz aniversário, hyunjinnie-ssi! — Yugyeom hyung disse quando me viu entrar na escola, sorrindo abertamente. — Dezenove anos, não é?

— Sim! — Sorri, balançando a cabeça. — O-obrigado, professor. — Me curvei em sua frente, ele balançou a cabeça e deu um sorriso curto, suspirando em seguida.

Nós fomos para a sala, quando chegamos estava tudo organizado para a pequena festinha. Alguns pais de alunos estavam ali para acompanhar os outros aniversariantes e eu estava me sentindo meio deslocado porque queria papai ali também, mas ele disse que tinha um compromisso e que viria logo mais junto com o lixie.

E Felix foi praticamente o primeiro a me dar os parabéns, junto de um textinho lindo que me fez chorar logo às seis da manhã.

Fico emocionado só de me lembrar dele.

"Hoje o dia é unicamente seu, meu menino lindo. Quero dizer, meu homenzinho lindo.

Aqui é o Felix passando para te desejar os mais sinceros parabéns, Hyunjinnie. Eu fico feliz por saber que consegui acompanhar seu crescimento emocional e mental nesses poucos meses que estamos juntos.

Eu poderia passar horas falando de como te admiro e amo cada partezinha de seu ser, poderia passar cada segundo falando de como eu te amo e de como você me faz o homem mais feliz da face terrestre e de como esse mundo horrível é privilegiado por ter você como morador. Poderia escrever milhões de textos para dizer que, meu Deus, você é o garoto mais incrível que eu já conheci, meu docinho.

Mas, agora, eu só quero dizer: meu parabéns e obrigado, obrigado por me deixar fazer parte da sua vida e por me dar a honra de te chamar de meu namorado. Parabéns pelo seu dia e por todas as coisas que você viveu e superou, por ser tão forte e maravilhosamente apaixonante, Hyun, meu amor.

Sei que esse textinho está grande, mas eu gostaria de escrever um livro completo só dizendo de como eu sou feliz e grato por ter você na minha vida, por me permitir viver no mesmo ambiente que você, por ser forte e corajoso o suficiente por ter me pedido em namoro antes mesmo que eu pensasse que poderia fazê-lo, sou feliz por ter você junto a mim, meu docinho da fruta vermelho.

Eu desisti de ser astrônomo por não entender muitos dos cálculos que eram feitos para ter tal profissão, mas uma estrela infinitamente mais brilhante e importante me achou diante da escuridão que eu estava vivendo naqueles dias, você chegou na minha vida iluminando cada pedacinho dos meus dias tediosos. E eu sou imensamente grato por ter você.

Você é uma estrelinha brilhante, meu anjo, você é a estrela mais brilhante que todas as constelações juntas. Você é o próprio Sol, Hyunjin-ah. Meu sol particular, o sol que ilumina a sua tulipa e a faz florescer como alguém responsável e apaixonado.

Feliz aniversário, meu docinho, espero que se divirta muito no seu dia. Eu te amo muito, muito, muito mesmo."

Lembrar disso me faz querer chorar mais, porque eu chorei muito.

Felix é realmente uma das melhores coisas que já me aconteceu.

Eu achei que não teria mais nada de tão interessante no meu aniversário, já que ninguém tinha comentado sobre nada e, mesmo assim, eu estava imensamente feliz por todas aquelas pessoas me desejando feliz aniversário, mesmo que por celular.

Até chegar a noite.

Eu estava preocupado com o Lixie, já que ele disse que estava dodói e que queria que eu fosse para a casa dele. Aquele bobão mentiu para mim, mas foi a minha me tira favorita.

Eu ganhei uma festa de aniversário surpresa, conheci novos amigos do hyung e ganhei um cachorrinho! Um cachorrinho lindo e bebê!

Dei para ele o nome de Bam, é até mais fácil para ele aprender o próprio nomezinho, já que ainda é um filhotinho de cachorro. Bam virou o meu filho e eu, com dezenove anos, virei o papai hyunjin do Bam bebê.

Eu tinha o Myung também, mas ele é mais filho do felixie já que passou a vida todinha com ele, mas eu estou conquistando o coraçãozinho daquele gatinho emburrado aos poucos, ele passou praticamente metade da minha festa de aniversário em meu colo e me enchendo de pelos.

Mas são pelos de amor, mesmo que às vezes faz a minha rinite atacar e meu nariz ficar vermelho de tanto espirrar.

— Vai tomar banho para dormir? — Felixie perguntou quando nós chegamos em meu quarto, depois da minha festinha ter acabado.

Foi a melhor primeira festa de aniversário que já tive. Tia Taeyeon fez um bolo de aniversário maravilhoso e Felixie comprou várias tortinhas de morango na cafeteria da Joohyun!

Ela é tão legal, disse que vou poder comer tortinhas grátis por muitos meses, e eu nem fiz nada para merecer isso!

— Eu a-acho que tem pelo de Myung até no meu cabelo, lixie...— Sorri, acariciando a barriguinha de Bam, já que ele estava deitadinho em minhas pernas— Vou banhar rápido.

— É, eu também. — Concordou.— Suei muito na ansiedade de saber se você iria ou não gostar da surpresa.

Eu amei muito, muito mesmo a surpresa. Mesmo que no início tenha ficado um pouco assustado por conta das coisas que aconteceram e por, do nada, o Felix aparecer com um cachorrinho quando eu acreditava que ele estava realmente muito doente.

Mas depois eu fiquei muito feliz, porque ninguém nunca tinha feito aquilo por mim.

— Eu amei ela! — Falei, porque era a mais pura verdade. Eu amei muito a minha festinha.

— Sério?

Felix bobinho, sempre duvidando de algumas coisas. Mas ele sempre acredita quando eu respondo de um jeitinho diferente.

— Q-quer bitoquinhas para a...Acreditar? — Perguntei completamente envergonhado e com as minhas bochechas esquentando.

Queria não ser tão vergonhoso, mas falar sobre essas coisas ainda faz meu rosto e orelhas queimar muito, muito.

— Várias, para ter certeza. — Respondeu, sorrindo fraquinho e afastando uma mecha de sua franjinha da minha testa, descendo a mão até a minha bochecha e fazendo um carinho ali.

Eu amo a delicadeza que o Lixie me toca, ele age como se eu fosse algo muito especial e precioso, é como se fosse uma fada tocando no pozinho responsável por fazê-las voar.

E gosto muito de como ele me trata, faz minha cabeça ficar vazia e eu me sinto nas nuvens. E também a todos os pelinhos do meu corpo subirem e ficarem arrepiadinhos.

Mas, naquela noite, não foi só os meus pelinhos que subiu.

Eu fiquei meio assustando quando aquilo aconteceu, foi tão... De repente, que quando percebi um incomodo lá, não fiz nada além de correr para o banheiro que papai avisou estar vazio.

Eu não imaginava que poderia ficar daquele jeito só com os toques firmes e ao mesmo tempo delicados de Lixie em mim, já tinha sentido coisinhas parecidas, mas não tinha deixado meu... Meu coisa daquele jeito!

Foi... Ah, foi muito vergonhoso ver aquilo lá, tava em pé! Em pé!

Completamente diferente de como é quando eu estou tomando banho, ele é murchinho e quieto, não... Daquele jeito diferente!

Como changbin disse uma vez, precisamos arranjar um jeito para aliviar, então, eu fiz o mais fácil: tomei um banho de água gelada para diminuir, e realmente funcionou. Ainda bem.

Eu ainda não sei fazer a segunda instrução, que é, basicamente, tocar lá na intenção de fazer ficar mais... Maior? É difícil ter que narrar coisas assim, mas eu não queria tocar ele para que ficasse da forma normalzinha.

E foi bom ter contado pro Felixie, porque ele fez eu entender ainda melhor de que aquilo era realmente uma reação normal do meu corpo.

Mesmo eu achando ainda meio estranho, na próxima vez, eu posso tentar fazer coisas novas.

🧚🏻‍♂️👻

Eu não gosto de gente que ofende pessoas só por elas serem diferentes.

E não gosto mais ainda de pessoas que ofendem pessoas por serem diferentes e ainda dizem que a minha aliança de namoro com felixie é ridícula e faz coisas que me deixam incomodado.

Felixie e eu estávamos no salão de beleza, era minha primeira vez em um e eu estava muito feliz por ter a Ayana noona que é muito legal e sabe sobre mitologia igual a mim!

Confesso que estava realmente triste por papai não ter contado para mim sobre o que ele e vovô foram fazer em Busan, mas prefiro acreditar que estava tudo bem e que aquelas acusações não deram em nada e que papai está certo.

Então, o Lixie veio pintar o cabelinho dele de vermelho e eu fiquei conversando com a Ayana, que era a responsável por deixar o cabelo dele ainda mais bonito.

Felixie é perfeito loirinho, é como se ele tivesse o cabelo naturalmente loiro!

Mas eu apoio ele mudar o cabelo, já que ele vai pintar de vermelho e vai virar, não literalmente falando, o meu moranguinho.

E, do nada, uma moça malvada apareceu.

A voz irritante e aquele jeitinho que fazia minha cabeça doer só de olhar, ela era arrogante e ignorante. Além de conhecer Felixie e disse que era para ele ficar com ela.

Estava tudo tão bagunçado, que até o menino malvado do mercadinho apareceu, chamando a tal Sohui para irem embora. Ele parecia diferente, a voz estava meio desesperada e ele olhava para mim e Felixie com certo pesar no olhar.

Mas eu estava com medo, já que ele foi muito malvado comigo na primeira vez que nós vimos. E ele ainda conhece essa moça lelê da cuca.

Foi quando ela abraçou Felixie, que senti uma sensação ruim em meu peito e eu levantei, a tirando de perto do Lixie e o abraçando com força.

— felix é meu namorado! — Meu, meu, meu namorado! Por que ela estava fazendo aquilo se ele estava incomodado?— V-você é d-doidinha da cabeça, deixa o Lixie em paz!

Aquela moça me magoou, disse coisas muito malvadas e ainda disse que eu era um homem malvado que tinha seduzido o Lixie. Falou que eu era doente, retardado e burro. Aquilo me deixou mal, realmente mal.

Mas eu não queria demonstrar, porque não ia deixar aquela garota falar mal assim de mim só por felix-ssi não ter retribuído seus sentimentos e por seu coração tes escolhido a mim para amar. Ele era doidinha da cabeça e não iria deixar alguém como ela me deixar mal, não mais.

Mas ela fez memórias em minha mente se clarearem de uma forma ruim, por que tudo o que saia da boca daquela garoto, era coisa ruim e que me deixou realmente magoado.

E então, naquela noite, tudo se clareou na minha cabeça.

[ Busan: 19:39 da noite, aquela noite ]

Eu não queria beber aquele remédio hoje. Mesmo mamãe insistindo para que eu tomasse, eu não queria.

Aqueles remédios faziam minha cabeça girar de um jeito forte, mais forte do que quando eu tenho crises e me deixavam com dores de cabeça, por dormir demais.

Mas naquela noite eu não tomei, eu coloquei o comprimido na boca e fingir ter tomado. Já tinha dezessete anos e logo, logo iria fazer dezoito.

Então, ouvi um grito.

— Por que caralhos eu iria fazer isso, Ji-hoon?! — Era a voz de mamãe, ela estava alterada e fazia meus ouvidos doerem, mesmo estando no andar de baixo.

E eu estava ainda mais assustado por que aquele homem estava lá. Ele foi meu professor, o pior de todos. Me xingava, ameaçava e dizia que se eu não fizesse as atividades corretamente, iria me deixar várias e várias horas preso no quartinho da disciplina, onde era escuro e frio.

Eu tinha medo dele, muito mesmo.

— Aquele moleque só te atrapalha! — A voz dele se fez presente, meu coração acelerou. — Se dermos um fim nele, nossas vidas estarão feitas!

Fim?

— Por que acha isso? O que eu falaria para Junghyun amanhã?! Ele vai chegar de viagem e ver Hyunjin morto! — Mamãe disse, aquilo me deixou confuso.

Hyunjin sou eu, por que eu estaria... Morto?

Eu não entendia na época, mas agora, sei o peso que aquelas palavras tinham.

— A gente pode sumir com o corpo daquele doente e dizer que ele saiu e não voltou mais! — Ji-hoon disse, me sentei no fim das escadas, devagar e com certo medo de que eles me vissem. — Eu sou o delegado de Busan, tenho contatos de criminosos que deram um jeitinho naquele garoto antes de sumir com o corp-

— Cala a boca! — Mamãe disse alto, me assustando. — Eu não vou matar o meu filho!

— Que filho?! Agora ele é seu filho?!

— Sei que fui uma mãe horrível, mas eu não vou cometer esse crime, seu idiota?! Meu filho não vai morrer comigo sendo cúmplice disso!

Morrer?

— Você fez coisas horríveis com aquele garoto e agora chama ele de filho?! Que mãe deixa o filho um dia inteiro sem comer como castigo por ele não aprender a falar direito?!

Lembrar daquilo doía. Doía muito.

— Você é a pior mãe do mundo! Matar ele será só mais um acréscimo nessa sua lista! Pensa... Nós podemos fugir com o dinheiro que tiramos daquele idiota do Junghyun nesses anos! Vamos matar Hyunjin e sair sem problemas algum, mulher! O que te impede? Aquele retardado doente sequer sabe falar para se defender!

— Eu não... Isso não quer dizer que eu deva matá-lo para me livrar dele!

Eu apenas ouvia aquilo, com lágrimas silenciosas descendo pelo meu rosto, me sentindo desprotegido naquela casa com aqueles dois juntos.

O que eu tinha feito? O que fiz para eles? O que fiz para Ji-hoon me odiar tanto ao ponto de querer me encher de remédios e... Me matar? Eu nunca fiz nada de ruim para nenhum deles.

Eu posso sim ser meio lerdo e ruim em aprender, mas a culpa é deles por serem tão ignorantes e não me ensinarem direito! Agora querem me matar por que?!

— Seohyun, meu amor, me escuta! — Ele pediu mais uma vez, ouvi um copo caindo no chão e se quebrando. — Esse caralho de remédio é a solução para nossos problemas! Hyunjin morre e nós estamos livres, você está livre! Assim como fez com aquele outro garoto!

— Não fala dele! Eu não o matei!

— Mas abandonou!

— Não importa! EU NÃO VOU MATAR O HYUNJIN!

Me encolhi mais sobre a escada, queria voltar para meu quarto, mas meu corpo estava paralisado.

— Se você der esse copo com remédios para Hyunjin, ele morrerá em menos de dez minutos! Nem será nada agonizante para ele não sofre muito, mas-

— Por que eu tenho que dar essa porra?!

— Porque ele é burro e vai confiar na mamãezinha dele! Simples assim! Ele tem medo de mim, é notório, mas-

— Mas nada, caralho! — Mamãe disse.

E então, os gritos se acalmaram.

E mais um copo se quebrou.

E mais um grito alto de Ji-hoon ecoou.

E eu senti meu coração acelerar.

— Caralho! por,que você fez isso sua desgraçada?! — Ele disse, a voz assustada. — PORRA! ISSO ERA PRO GAROTO! PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?!

— Eu.. Eu não sei...

O que tinha acontecido? Eu não consigo ver!

— VOMITA ESSA PORRA AGORA!

E então, eu não consigo me lembrar de mais nada.

Eu não sabia o que realmente tinha acontecido até a manhã seguinte chegar. Eu não consigo me lembrar do que aconteceu depois que aquilo aconteceu, só me lembro do papai chegar em casa e ficar desesperado. Lembro dele ligando para algum lugar e depois, barulhos de sirenes ecoarem.

Eu não lembro do que aconteceu depois, mas lembro que mamãe tomou algo que era para me fazer mal. Ela não me odiava, só não me amava.

Mamãe não queria que eu morresse, mas morreu no meu lugar.

E eu não sei o que pensar sobre isso, ainda me parece muito... Confuso, como se fosse um sonho distante, que não aconteceu.

Mas aconteceu, os copos quebrados, os gritos de Ji-hoon mandando mamãe vomitar todos aqueles remédios e dizendo que era para eu tomar aquilo, não ela.

Era para mim ter morrido, não ela.

— Hyunjinnie... — Felix disse, me abraçando com força. — Meu Deus, eu... Meu bem, você foi tão forte.

Felixie estava chorando.

E eu comecei a chorar também, em uma madrugada do dia sete de setembro, após conseguir me lembrar de como eu perdi minha mãe. Que era para eu ter ido no lugar dela.

E, por incrível que possa parecer, eu não estou sentindo nenhum sentimento triste, eu estou... Aliviado.

Não estou aliviado por mamãe ter morrido, estou aliviado por ter me lembrado disso. Por saber que eu tinha razão quando disse que papai não foi o responsável por sua morte, nunca foi.

Mas, talvez... Talvez eu tenha sido.

— Lixie... — Chamei baixinho, me afastando de seu abraço e enxugando as minhas próprias lágrimas. — Eu... Eu sou culpado?

Não.

— Não. — felix disse a mesma coisa que eu havia pensando, segurando em meu rosto e deixando um beijinho em minha testa. — Aquele desgraçado do Ji-hoon é o culpado por tudo isso.

Sim, não foi eu quem disse para ele colocar remédios no copo e dar para mamãe. Ele queria me fazer mal, me tirar da vida de todos, tirar de mim a oportunidade de ser feliz.

— Se você está achando que teve culpa, por favor, para de pensar nisso imediatamente. — Felicidade, beijando minha bochecha. — Eu não acredito que aquele cara iria tirar você de mim... — Deu bitoquinha em minha outra bochecha, esfregando seu narizinho pequeno no meu. — Não acredito que ele queria tirar o garoto que eu amo.— E então, ele me deu uma bitoquinha na boca.

Felix parecia não está acalmando apenas a mim, ele parecia estar acalmando a si mesmo.

— Eu odeio aquele filho da puta.— Me deu mais uma bitoquinha, sorri menos tenso. — Desculpa estar falando tantas palavras feias. Mas, Hyun... Meu docinho, ele vai pagar muito caro por tentar te fazer mal. Eu juro, eu juro de mindinho e por todos os dedos da minha mão, que aquele desgraçado vai se ferrar mais do que queria que eu me ferrasse, ele vai pagar muito caro por querer tirar você de mim.

Naquele momento, um arrepio diferente passou por minhas costas, por que a voz do Lixie estava mais rouca e sussurrada. Assustadora.

Mas, eu não senti nada a mais do que proteção. Me senti incrivelmente protegido.

Me senti protegido e menos tenso depois de finalmente lembrar do que tinha acontecido.

— E-Eu te amo, Lixie. — Eu dei mais uma bitoquinha em sua boca bonita, ele finalmente deu um sorrisinho. — Obrigado.

— Não precisa agradecer, agora vamos deitar e tentar dormir. — Ele me puxou para se deitar em sua caminha pequena, comigo me aconchegando em seu peito. — Você é o garoto mais forte que eu já conheci, Hyunjin.. Eu te amo cada dia mais.

Eu estava menos tenso, mas com medo do que poderia acontecer futuramente.

Só não imaginava que o destino tinha ainda mais surpresas para mim. Mas sabia que no meio de todo aquele caos, além de Felix para me ajudar e proteger de tudo, eu teria meus hyungs junto de nós dois para enfrentar aqueles que um dia fizeram mal para nós.

E que, além de tudo isso, eu descobri que minha família não era apenas vovô, papai, a tia Taeyeon, Felixie e nossos amigos.

Foi incrivelmente inesperado, mas chegou em um momento certo. Porque naquela situação que nós estávamos, foi o momento certo para que eu descobrisse aquilo.

Eu tinha um irmão. 

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