24
Estou feliz.
Muito feliz e emocionado. Triste de amor.
Certo,isso foi muito contraditório agora. Mas as coisas que Hyunjin causa em mim são tão diversificadas que é impossível resumir em apenas uma palavra.
Estou nesse agora mesmo me perguntando em que momento da minha vida a divindade que anda me observando decidiu que seria a hora perfeita para fazer minha vida virar de ponta cabeça da maneira mais incrível que se pode existir.
Eu estava todo ferrado até o senhor Choi dizer a Jeongin que a livraria dos Hwangs estava precisando de alguém. Preciso agradecer aquele velhinho ainda, graças às suas fofoquinhas, consegui um emprego, pessoas incríveis e um namorado maravilhoso — Na verdade, maravilhoso é apenas um dos adjetivos plausíveis para dar para Hyunjin.
— Você gostou, Lixie? — Me tirando de meus devaneios bobos sobre si, Hyunjin perguntou baixinho, movendo seu polegar em um carinho leve sobre o dorso de minha mão que estava entrelaçada junto da sua.
Como ele ainda tem dúvidas sendo que literalmente chorei enquanto lia sua cartinha linda e quase me derreti de amor quando nossas alianças foram colocadas em nossos dedos?
— Eu amei, Hyunjinnie. — Respondi, suspirando apaixonado pela quinquagésima vez naquele fim de tarde — Eu... Docinho, você não tem ideia de tudo que o me fez sentir, sério.— Confessei em um riso baixo, trazendo sua mão de encontro com minha boca e dando um beijo pequeno.
Ele sorriu tão grandiosamente que seus olhos marejados sumiram em risquinhos fofos.
— Jura?
— De mindinho. — Levantei meu mindinho na altura de seu rosto, sentindo seu corpo se mover quando uma risada fraca foi ouvida e seu dedo menor se juntou com o meu, selando nosso juramento.
A diferença de tamanho em nossas mãos é notável e, penso eu, que essa é uma das coisas que contribuem para o encaixe perfeito delas.
— Como você preparou isso tão bem? — Mudei de assunto, fazendo um carinho em sua mão com movimentos circulares. — Quero dizer... Eu nem cheguei a desconfiar que você estava fazendo isso.
— Eu e-estava tão nervoso que... Que às vezes achava que você iria d-descobrir, Felixie. — Respondeu rindo baixo, comendo um pouco mais de sua tortinha.
— Não desconfiei, sério. — Ainda meio constrangido, eu respondi enquanto acabava com mais uma das fatias de pizza que ainda estava ali.
— Bem que Jeongin disse... — Hyunjin murmurou meio pensativo, rindo logo em seguida.
Acho que quando eu não estou junto, Jeongin deve contar tantas coisas constrangedoras para ele que eu realmente não sei se quero saber se acontece.
— O que Jeongin disse?
— Que você era l-lerdinho demais para... Descobrir. — Tapando o sorriso com a mão, ele respondeu.
Ok, eu estava certo em dizer sobre as coisas vergonhosas que Jeongin diz.
Preciso dizer que fiquei chocado? Sou difamado pelos meus próprios amigos!
— Confesso que fiquei ofendido. — Ri baixinho, suspirando logo em seguida quando meu namorado se aproximou e me deu um beijinho na bochecha, tentando me consolar.
— E-eu não acho que o Lixie é lerdinho. — Disse, voltando sua atenção para a torta que comia. — As vezes eu s-sou também. — Completou, me arrancando um sorriso curto.
O sentimento de ofensa sumiu no mesmo instante, só foi receber um beijinho seu e está tudo bem mais uma vez. É tão lindo quando ele tenta me consolar.
Parei novamente para olhá-lo, analisando cada mínima ação sua e sorrindo como o boboca que sou, ele não me olhava de volta, acho que sequer imaginava que eu estava lhe observando. Mas a verdade é que é impossível manter meus olhos longe de si quando estamos perto, quanto mais o tempo passa, mais Hyunjin vai ficando bonito.
E eu não digo isso apenas sobre sua beleza física. Seu crescimento é lindo, sua evolução é linda, seu jeito de agir é lindo, a forma como ele se concentra para colocar em prática tudo o que está aprendendo a cada dia que passa, é linda!
Ok, essa última parte pode ser incluída no quesito "evolução" mas estou arrumando um pretexto para dizer o quão orgulhoso eu estou de tudo isso que ele está vivendo. E, de qualquer maneira, tudo nele é lindo.
— O-o que pensa tanto, Lixie? — Perguntou cutucando minha bochecha, trazendo minha mente de volta para a realidade.
— O quanto você é bonito. — Respondi sem pensar duas vezes, segurando a risada quando seus olhos se arregalaram e uma coloração mais intensa caiu sobre seu rosto.
Eu provavelmente já estava completamente vermelho, mas nada fora do comum. Apenas o efeito Hyunjin fazendo efeito.
— Me a-acha... Bonito? — Parecendo querer cavar um buraco e entrar, ele perguntou soltando um risinho engraçado.
— Sim, pra caramba. — Sorri também, colocando uma mecha solta de seu cabelo comprido atrás de sua orelha tão vermelha quanto suas bochechas infladas pela boa quantidade de torta que enfiou na boca.
Acho que ele tem a mania de colocar comida na boca para não poder falar quando um assunto lhe deixa envergonhado. Digo isso porque sou igual.
— Me acha bonito também, docinho?— Provoquei um pouco, rindo quando Hyunjin se engasgou com a tortinha no momento que foi engolir. — Meu Deus!
Meio desesperado por quase matar meu namorado no primeiro dia de namoro — primeira noite, no caso. — Peguei um pouco do suco de morango que tinha em seu copo e lhe entreguei quando, em meio a risos e tosses meio desesperadas, Hyunjin estendeu a mão em minha direção, buscando por seu suco.
Ok, nunca dizer nada que vá deixá-lo constrangido enquanto ele come.
— Tudo bem? — Perguntei depois que suas tosses sumiram e ele respirou fundo, segurando em minha mão quando voltou a sorrir, ajeitando os óculos tortos na ponte de seu nariz.
Que susto, meu Deus.
— F-foi de repente, Lixie! — Ele disse com a voz meio rouquinha por conta da tosse de agora a pouco. — Mas... Sim, F-Felixie, eu acho você o homem mais lin...Lindo do mundo!
Certo, eu não estava esperando por isso.
Eu nem imaginei que ele fosse responder a minha pergunta!
Estou, literalmente, sem reação.
— Felixie? — Percebendo a minha falta de reação, ou momento surto, como gosto de chamar, Hyunjin chamou baixinho, apertando minha mão e me olhando, desviando os olhos quando percebeu que eu já o olhava.
— S-se... Se eu tivesse algum problema cardíaco, você me mataria. — Foi o que eu disse, rindo meio abobado quando sua expressão se suavizou.
— Não diz isso, Felixie... — Ele pediu ainda sorrindo, entrelaçando seus dedos em um ato envergonhado.
— Mas eu estou falando sério! — Ri meio constrangido, mordendo o lábio inferior. — As vezes meu coração bate tão rápido quando estou com você, que se eu tivesse um problema cardíaco igual ao Orion de O primeiro a morrer no final, já teria tido uns vinte infartos! — Confessei, não entendendo muito bem quando ele riu fraquinho.
— E-então... Então eu te daria meu coração, Lixie. Igual o V-Valentino. — Respondeu. Arregalei os olhos.
Ele flerta de um jeito tão fofo que tenho vontade de chorar de tanta emoção.
— Prefiro nossa realidade, sem Central da Morte ou corações parando a qualquer momento. — Lhe abracei, trazendo suas costas de encontro ao meu peitoral e deixando ele ali, deitadinho de um jeito confortável.
A vista que tenho agora é digna de um quadro exposto em um museu bem sucedido. O sol se pondo e reluzindo nas poucas ondas que o lago a nossa frente faz, os patinhos nadando tranquilamente e borboletas voando com calma. E tem Hyunjin.
Ele com certeza é um modelo digno de todas as obras que deveriam ser feitas para contemplar sua beleza exterior e interior, já que existem aqueles apreciadores de arte que gostam de tentar entender bem a imagem, se olhassem para um quadro feito de Hyunjin, chorariam de emoção assim como eu.
Ele parecia pensativo e eu apenas acariciava seus cabelos, dando esse tempinho para ele tentar assimilar o que seriamos de hoje em diante.
Somos namorados agora, oficialmente namorados.
Depois de um tempinho, ele escorregou entre minhas pernas e deitou sua cabeça em minha coxa, ainda olhando para a paisagem à nossa frente e, com a mudança de posição, era mais fácil para mim ver seu rosto.
Com toda a admiração que eu tenho aqui, digo com toda a certeza do mundo pela, sei lá, milésima vez que... Puta merda, que garoto bonito.
— Felixie? — Ele chamou baixinho, ainda pensativo.
— Hum? — Murmurei, descendo um de minhas mãos e acariciando seu braço.
— Vai... Vai mudar alguma coisa? — Perguntou, me deixando confuso.
— O que? Mudar o que? — Meio confuso, perguntei.
— No nosso re...R-relacionamento. Vai mudar alguma coisa?— Explicou melhor e eu prendi a respiração, tentando achar uma resposta à altura de seu questionamento.
O que vai mudar? Nada e tudo ao mesmo tempo.
— Nós... Hum... Nós meio que já namoramos sem namorar. — Ri meio incerto, voltando a fazer carinho em seus cabelos.
— Como?!— Hyunjin levantou rápido, me assustando um pouco. — V-você pediu e eu não percebi? Não, H-Hyunjinnie não lembra, então-
Preciso fazer um eletrocardiograma.
— Hyun! — Dei risada, segurando em seus ombros com cuidado para não lhe machucar e o deixando quieto. Respirei fundo, procurando um jeito mais fácil de lhe explicar e eu mesmo não me embolar com as palavras. — O que eu quero dizer é... A gente já agia como namorados, docinho.
— Ah... — Parecendo entender, ele murmurou e dei uma risada curta, me fazendo rir também. — P-puxa... Parando para pensar, é verdade.
— Como você sabe a forma que os namorados agem? — Provoquei com um sorriso fraco, tocando na ponta de seu nariz e o puxando de volta para se deitar em meu colo.
— binnie, Jeongin e Seungmin explicou, Felixie! Q-quero dizer, eles explicaram... — Resmungou meio bravinho, me arrancando um sorriso ainda maior. — Eu p-pesquisei também.
Certo, fiquei apreensivo mais uma vez.
Não se pode confiar muito na internet quando o assunto é esse. Sabe se lá as coisas nada... Apropriadas que podem aparecer ali.
— Nós já namoramos antes mesmo de eu perceber que estava apaixonado por você. — Confessei, rindo baixinho quando um som surpreso escapuliu de sua boca.
— Quando foi? — Mais interessado, ele perguntou baixo. Parecia mais constrangido que eu.
Eu já tinha estado em outros relacionamentos antes de Hyunjin, mas confesso que nenhum outro me deixou da forma que Hyunjin me deixa. Eu amo cada sensação, revirada de estômago, frio na barriga, constrangimento... Eu amo sentir isso quando estou com ele. Amo ele.
— Quando foi que percebi que você era o garoto que roubou meu coração?
— Mas... M-mas seu coração ainda está aí, Lixie. — Ele deu risada, me fazendo rir também.
— Estou tentando ser romântico à altura do seu piquenique surpresa, docinho! — Me defendi, rindo quando ele levantou a cabeça um pouquinho para me ver, voltando a olhar para a paisagem à nossa frente poucos segundos depois. — Acho que... Não sei. — Respondi sua pergunta anterior, suspirando. — Talvez depois que você me abraçou quando andou em blim-blim sozinho pela primeira vez, ou em alguns dos nossos momentos sozinhos em seu quarto...
"Ah, mas quem se apaixona sem beijar?" Eu.
— Então a g-gente era na... Namoradinhos sem namorar? — Parecendo um pouco confuso ainda, ele perguntou, concordei com a cabeça, rindo fraquinho.
— Nós fazíamos coisas que namorados fazem, Hyunjinnie. — Nem todas as coisas que namorados fazem, completei mentalmente.
Mas, parando para pensar, não existe um padrão que defina quais são as coisas que namorados fazem. Muita gente por aí fica com mais de cinco pessoas por noite e, bem, se seguir a lógica das " Coisas que namorados fazem" Esses toques íntimos são unicamente reservados para casais, coisa que não acontece mais hoje em dia.
Mas, parando para pensar mais uma vez, eu devo parar de pensar para que esse assunto não se estenda e um Jimin — Euzinho mesmo — Se coloque em situações complicadas e saia desse parque mais vermelho que um tomate maduro.
— Mas agora somos namoradinhos oficialmente namorados. — Conclui, me abaixando para beijar sua testa. — E, ah... Não precisa ter vergonha de me perguntar as coisas que quer saber sobre relacionamentos e namoros, está bem? Seu namorado está aqui para tirar todas as suas dúvidas!— Perguntei, vendo ele assentir ao movimentar a cabeça.
— Agora podemos dar várias b-bitoquinhas sem ter... Sem ter vergonha? — Foi a única coisa que ele disse, me deixando meio envergonhado.
Me sinto um adolescente de quinze anos prestes a perder a virgindade. — Não que seja certo adolescentes com tão pouca idade fazerem isso, estou falando por experiência própria.
E eu apenas fui pedido em namoro e meu namorado está falando de beijos.
Bitoquinhas. Várias delas.
— Quantas bitoquinhas você quiser. — Foi o que eu disse, fingindo que não estava saltitando de alegria quando me abaixei e deixei um beijinho em sua boca com cheiro de calda de morango.
Ele riu baixinho quando pressionamos nossos lábios, levantando seu braço direito e levando sua mão até meu cabelo, fazendo um carinho enquanto eu distribuía selares pela sua boquinha adocicada. Estávamos meio que naquela posição do Homem Aranha e da Mary Jane, no clássico Homem Aranha de dois mil e dois.
Suguei seu lábio inferior depois de um tempo, sentindo os pelinhos da minha nuca se arrepiarem quando Hyunjin soltou um ofego baixo, fechando a mão em meus cabelos e repetiu o que eu havia feito, dando pequenas chupadinhas tímidas em meu lábio inferior também. Eu quis aprofundar aquele beijo.
Deus de misericórdia. Eu quase joguei meu autocontrole nos quintos dos infernos.
Percebi agora que Hyunjin me deixou meio evangélico também, qualquer coisinha que ele faça de "novo" Já estou clamando por Deus, e olhe que nem sou religioso.
— A-acho melhor nós irmos. — Me afastei dele, dando mais dois selinhos curtos antes de levantar meu tronco e respirei fundo ao tentar controlar meus nervos.
— Já? — Parecendo decepcionado com a minha fala, ele murmurou entristecido, levantando de minha coxa e passando os dedinhos longos por seu cabelo comprido ao tentar arrumá-los.
— Está ficando tarde, Hyunjinnie... — Murmurei, quase desistindo da ideia de ir embora agora quando aquele olhar de cachorrinho abandonado surgiu em seu rosto. Então, tive uma ideia. — Nós comemos praticamente tudo que você trouxe, mas ainda tem espaço aí nessa sua barriguinha?
— Um pouco... — Respondeu incerto, meio desconfiado. — Por que, Felixie?
— Compro um sorvete para você quando voltarmos para casa. — Respondi me levantando, segurando em suas mãos para que ele viesse junto a mim. — Quer?
— Sim! — Sorriu ao dizer, se agachando rapidamente e colocando as louças sujas dentro da cestinha que estava deixada de lado até agora a pouco.
Fizemos todo o processo em silêncio e quando acabamos, caminhamos até blim-blim. Hyunjin franziu o cenho quando me viu montando em sua bicicletinha.
— Lixie? — Ele chamou, verbalizando sua confusão. — Vai... Me deixar andando?
Queria colocá-lo dentro dessa cestinha e exibir em outdoors, mostrando para todo mundo quão gracioso ele é fazendo absolutamente nada. Sério, assim não dá.
— Claro que não, seu bobo. — Ri baixinho, me virando e apontando para a garupa atrás de mim. — Monta aí, meu docinho, vamos nos aventurar pelas ruas de Seul como se não houvesse amanhã.
Eu posso estar exagerando? Com certeza.
Mas o que acontece é que depois de seu pedido, eu sinto que a endorfina e a serotonina de meu corpo aumentaram em níveis catastróficos, me deixando mais bobo do que já sou.
— Mas papai disse q-que... Que buscaria a gente. — Avisou, contradizendo sua própria fala ao sentar devagar na garupinha de blim-blim.
— É bom poupar o tempo do sogrinho. — Respondi, arregalando os olhos quando percebi o que havia dito.
E Hyunjin sorriu.
— S-segure em mim, Hyun. — Tentei disfarçar, sentindo seus braços rodearem timidamente minha cintura. — Pode apertar, está bem?
— O que?
Tive que rir.
Eu juro que tentei controlar, mas meu próprio corpo me traiu.
— Pode apertar minha cintura para ter mais estabilidade, Hyunjinnie. — Respondi, ajeitando a cesta de louças sujas na parte frontal da bicicleta. — Se você sentir qualquer coisinha que te incomode, pode dizer, está bem?
— Estou c-com medo. — Confessou, fazendo meu olhos se arregalarem.
Ok, confesso que não estava esperando, mesmo pedindo para ele dizer.
— Não vamos cair, confia em mim. — Pedi, me ajeitando na bicicleta e pronto para começar as pedaladas.
Ele não disse mais nada depois disso, e eu levei isso como um sim. Quando comecei a pedalar em direção à saída do Parque, os braços de Hyunjin ao redor de minha cintura intensificaram o aperto, denunciando seu receio em sair por aí montado na garupa de Blim-blim.
— Relaxa, Hyunjinnie. — Segurando um riso curto quando, contradizendo minha fala, seus braços me apertaram mais. — Quer ligar para seu pai? — Meio apreensivo dele não estar bem com essa ideia minha, perguntei.
— Ta b-bom assim, Lixie. — Foi o que disse, parecendo relaxar enquanto deitava a cabeça em minhas costas.
Devagar, nós pedalamos — eu pedalei — em direção a livraria. Eu olhava as vezes para os estabelecimentos pelas quais a gente passava, procurando por uma sorveteria e sorri tranquilo quando, chegando no nosso destino, avistei uma sorveteria meio vazia.
Fui parando aos poucos e, curioso, Hyunjin levantou de minhas costas, por conta da minha falta de visão — já que estava de costas — Não pude saber que expressão fazia.
— P-paramos por que, Lixie? — Denunciando sua dúvida, perguntou.
— Disse que te daria um sorvete. — Respondi, rindo fraquinho quando ele praticamente pulou de cima de blim-blim quando terminei de falar.
— Quer um também, Felixie? — Perguntou, esperando que eu descesse da bicicleta.
— Pode deixar que eu pago, docinho. — Sorri, franzindo as sobrancelhas quando ele enfiou a mão no bolso mais uma vez.
— P-papai deu o cartão! — Avisou, tirando o cartão de crédito da carteira azulada.
Ok, estava surpreso.
— Mas-
— O Lixie paga o meu e Hyun... E eu pago o seu! — Protestou, me fazendo suspirar. — Isso, isso.
Meu deus, que garoto...Meu Deus, não tenho adjetivos certos para dar a ele. Todos os adjetivos bons já existente são dignos de serem dados a ele.
— Não nega, Felixie. Não vale. — Avisou, me fazendo suspirar.
— Está bem, Hyunjin. Pode ser assim. — Disse rendido, encostando blim-blim no estacionamento para bicicletas e segurando em sua mão quando entrámos na sorveteria.
Caminhamos até uma das mesas espalhadas pela sorveteria e deixamos nossas coisas em uma das cadeiras, a garçonete apareceu alguns minutos depois e nos entregou os cardápios e como sempre, Hyunjin pediu um sorvete de morango com alguma coisa de chocolate e eu pedi um de baunilha, não é o meu sabor favorito, mas não estava de comer nada de chocolate hoje.
— Vão comer aqui ou embrulha para viagem? — A garçonete perguntou ao finalizar nosso pedido, sorrindo de um jeito meio estranho para Hyunjin.
Hum...
— Quer comer aqui ou em casa, docinho? — Fiz questão de segurar em sua mão durante a pergunta, sorrindo meio incomodado.
Sei que foi uma ação meio idiota, mas eu realmente me senti incomodado com aquela sua ação que denunciava um claro flerte. Hyunjin pode não ter percebido, mas eu sim.
Oras, será que não tá na cara que nós dois aqui somos um casal agora?
— A-aqui, Felixie! — Respondeu animado, me fazendo sorrir quando ele mesmo entrelaçou sua mão com a minha.
Logo após a resposta de Hyunjin, a moça apenas deu um sorriso e voltou para onde estava assim que chegamos para preparar nossos pedidos, suspirei e movi meu polegar na mão de Hyunjin, fazendo um carinho leve.
— Lixie? — Ele chamou, nos tirando de nosso silêncio confortável de sempre.
— Sim?
— O q-que você gostou mais? — Perguntou, me deixando meio confuso.
— Em que?
— No pedido...— Rindo fraquinho, ele respondeu.
— Essa é, sinceramente, uma das perguntas mais difíceis de responder. — Disse sincero, mordendo o lábio inferior. Ele parecia ansioso pela resposta.
Olhei para nossas mãos unidas e sorri ao suspirar meio abobado. Nossas alianças brilhavam na iluminação da sorveteria.
— Sua cartinha, as alianças, o piquenique... — Meu sorriso se alargou quando suas sobrancelhas se juntaram e um sorriso pequeno nasceu em sua boca.
— Tudo?
— Exatamente! Tudo. — Respondi, rindo. — Eu amei tudo, Hyunjinnie.
Por um segundo eu jurei que ele iria chorar ali, mas apenas sorriu e concordou com a cabeça, parecendo emocionado.
Depois de nossa pequena conversa, a mesma moça de antes apareceu com nossos pedidos e sorriu amigavelmente ao nos entregar. Mas seu sorriso amigável sumiu e deu lugar a um sorriso estranho ao olhar para Hyunjin mais uma vez.
— Posso, hum... Fazer uma pergunta intima? — Perguntou depois que colocou os sorvetes na mesa, segurando a bandeja em frente ao seu corpo.
— Claro. — Disse, tentando segurar um riso pequeno quando Hyunjin colocou uma boa quantidade de sorvete na boca e fez uma caretinha engraçada, possivelmente incomodado com a junção do quente de sua boca e o frio do sorvete.
— Vocês são irmãos?
Sério, eu tentei não revirar os olhos diante de sua pergunta. Que tipo de irmãos olharia para Hyunjin da forma que eu olho?
— Na...Namoradinhos. — Surpreendendo tanto a mim quanto a garçonete, Hyunjin respondeu ainda com a atenção em seu sorvete de morango.
— Ah, sim. — Foi o que a moça disse, parecendo decepcionada. — Bom apetite.
Eu quis rir. Sinceramente, tive que ser muito forte para segurar a risada intensa que queria sair de mim.
— Vamos comer rápido, capaz de seu pai mandar a polícia até o parque em busca de notícias sua. — Brinquei, arrancando uma risadinha sua.
— Nossa notícia, Lixie! — Ele protestou apos a risada cessar, comendo mais de seu sorvete. — Papai se p-pre... Preocupa com você também.
É, esse é um dos momentos que Hyunjin me deixa sem palavras.
— Como você fez para esconder tudo isso de mim? — Mudando de assunto, perguntei. Sei que já tinha perguntado sobre isso, mas foi a única coisa que me veio na mente. — Sério, foi tão... Eu não consigo nem encontrar palavras que descrevam esse momento.
— Lixie... Você jura de m-mindinho que não percebeu? — Confuso, ele perguntou.
— Eu juro por todos os dedos da minha mão, Doce Hyun. — Respondi, rindo fraquinho quando ele fez o mesmo.
Nós terminamos de comer nossos sorvetes em silêncio e, após efetuar o pagamento de ambos — Da forma que Hyunjin havia dito, porque ele não aceitou que eu pagasse os dois de jeitonehum — voltamos a seguir em direção a livraria. Era pouco mais de sete da noite quando chegamos lá.
Eu praticamente fui atacado por Jeongin e Jisung quando entrei na livraria.
E bem, tinha mais gente que o esperado ali, na sala do segundo andar.
— O que é isso? — Eu perguntei enquanto hyunjin estava praticamente esmagado em um abraço dado por Junghyun.
No andar de baixo estava tudo calmo, mesmo que desse para ouvir algumas coisas que Jeongin e Jisung falavam, já que eles não são lá muito silenciosos.
Mamãe estava ali e, após me dar um abraço apertado, sorriu ao proferir as próximas palavras: — meu chefe preparou uma festinha surpresa pelo passo que Hyunjin deu ao te pedir em namoro.— Disse com um sorriso largo no rosto, me deixando de olhos arregalados.
Junghyun fez uma mini festa porque Hyunjin deu um passo a mais na nossa relação? Posso dar o prêmio de pais mais bobão para ele, agora?!
— Não é possível... — Sussurrei, rindo fraquinho quando Hyunjin riu alto ao perceber o que estava acontecendo ali, ainda enrolado nos braços do pai.
— Se eu soubesse que coisas assim aconteceriam ao trabalhar aqui, teria me candidatado muito antes! — Jisung disse alto, me fazendo gargalhar e negar com a cabeça. — E ai, novo namorador de Seul. — Falou cutucando minha costela.
— Oi. — Respondi, franzindo o cenho quando Minho apareceu na sala, vindo na direção que ficava o banheiro. — Quem mais está aqui?
— Changbin chega agorinha mesmo. — Seungmin disse, me fazendo suspirar.
— Quando planejaram isso? — Foi a minha próxima pergunta.
— Hoje a tarde. Meu filho estava tão ansioso com isso que me pediu para comprar salgadinhos de festa e algumas coisas para o jantar, já que não teria tempo para cozinhar. — Hwang-hee respondeu se aproximando de mim, me aproximando com um abraço apertado.
Eu estou igual aqueles memes que Jeongin me manda quando está com algum horário vago na floricultura: Simplesmente não reaja.
— Se prepara que Junghyun só tem aquela cara de homem sério e bravo, ele e Hyunjin são literalmente iguais. — Meu chefe ainda completou, me fazendo rir.
Realmente, são dois bobinhos.
— Você não fica para trás, não é, chefinho? — Jisung disse rindo quando Hwang-hee lhe deu um tapa brincalhão, resmungando algo antes de se afastar de nós e ir até Hyunjin.
— Como você está? — Jeongin perguntou ao se aproximar.— Como foi?
— Você sabia de tudo, não é?
— Passo a passo. — Riu, dando de ombros. — Meio que foi ideia minha Hyunjin te pedir em namoro lá no parque.
— Me agradeça por sair de casa às dez da noite para buscar suas alianças, rápido.— Seungmin se pronunciou, olhando para minha mão. — Realmente, são lindas.
— Demais... — Sorri meio abobado, tocando minha aliança com a outra mão. — Para falar a verdade, eu quase tive um ataque cardíaco quando ele tirou a caixinha do bolso, depois que terminei de ler sua cartinha.
— Cartinha?! — Como nunca foi discreto antes, Jeongin disse alto. — Meu Deus, foi mais fofo do que eu pensava! Tá vendo, Minnie? Eu disse que deveríamos ter ficado lá para ver!
Meu melhor amigo as vezes é lelé da cuca.
— Está doido? A privacidade fica onde? — Jisung quem disse, fazendo todos na sala rirem.
Poucos segundos depois, a porta da sala se abriu e Changbin entrou com seu sorriso radiante de sempre, cumprimentando Hwang-hee assim que o viu e seguindo a ordem de cumprimentos conforme andava pela sala.
— Me agradeça pelos conselhos que dei a Hyunjinnie mais tarde. — Disse a mim no segundo em que segurou minha mão.
— Binnie! — Hyunjin, que estava a poucos metros de nós, protestou entre risos, voltando a dar atenção para seu pai no segundo seguinte.
Após a chegada de Changbin, nos preparamos para jantar e, para ser sincero, não consegui comer mais que dois bolinhos de arroz por conta de toda a comida que eu e Hyunjin comemos no parque, junto com o sorvete médio.
Nossa conversa segui bem depois disso. Risadas eram ouvidas a todo momento e, depois de tempos demais longe do meu namorado, fui ate ele e me sentei ao seu lado, percebendo que Hyunjin estava mais quieto e apenas observando nossos movimentos, ou so pensativo. Não dava para realmente saber o que ele fazia.
— Cansado? — Perguntei, sorrindo quando ele segurou em minha mão e a entrelaçou com sua, deitando a cabeça em meu ombro.
— Um pouco... — Disse bocejando, coçando os olhos com a mão livre. — Q-que horas são?
— Quase dez horas. — Respondi apos checar o horário certinho em meu celular. — Minha nossa, como as horas passaram rápido...
— Sim. — Ele concordou, suspirando. — V-vou... Vou tomar um banho, Lixie. — Avisou ao se levantar, sorrindo pequeno.
— Quer ler algo hoje? — Ele negou, sem soltar minha mão.
— Te chamo quando a-acabar. — Foi o que disse, soltando se soltando de mim e seguindo caminho para fora da sala, suspirei.
Eu só não havia notado que a sala estava em completo silêncio, não até Hyunjin sair. E, confuso com aquele silêncio todo, olhei para onde todos estavam e arregalei os olhos quando percebi que estavam me olhando, cada um com um sorriso no rosto e expressões abobadas.
Eu quis cavar um buraco e me enfiar para nunca mais sair. Quis fazer cosplay de avestruz.
— Acho que sou o pai mais feliz desse mundo. — Junghyun foi o primeiro a se pronunciar, fazendo o meu desejo de sumir aumentar. Que vergonha.
— E eu a mãe mais feliz desse mundo! — Minha mãe também disse, rindo quando Jeongin fingiu um choro alto.
Meu Deus.
Não sei se eles perceberam, mas estão sendo tão bestas...
— Agora diz, Felixie. — Jisung provocou, penso que ele quis imitar a forma fofa que Hyunjin me chama, mas saiu completamente besta. — Como foi ser pedido em namoro pela primeira vez na vida?
— Por que vocês gostam de me deixar constrangidos? — Perguntei, escondendo o rosto dentre as minhas mãos.
— É meu passatempo favorito. — seungmin respondeu, dando de ombros. — Minho precisa trabalhar mais para ver se resolve esse seu problema com a lerdeza. — E completou, fazendo meus olhos arregalarem por que Minho estava literalmente do seu lado.
— Tem jeito pra tudo. — Foi o que meu psicólogo e amigo disse, arrancando mais risadas dali, inclusive as minhas.
Eu estava feliz, sabia que aquilo era apenas uma brincadeira de amigos e confesso que às vezes esquecia que minho era meu médico quando não estávamos em seu consultório.
— Preciso falar uma coisa séria com vocês. — Foi o que eu disse, segurando a risada quando todos pararam de rir abruptamente.
— Você parece tão sério que tenho até medo de perguntar.— changbin disse, os outros ali concordaram com sua fala.
— Eu estava planejando pedir hyunjin em namoro no dia de seu aniversário, mas-
— Meu senhor, que lerdo. — Jisung me interrompeu, talvez pensando que seria discreto mesmo estando em uma sala pequena com mais de oito pessoas juntas.
— Mas como já sabem, não deu... — Decidi ignorar sua fala, continuando a minha. — Soque não desisti da minha ideia de dar uma festa surpresa para ele. Queria saber se vocês querem ajudar e se Hwang-hee me dá o dia primeiro de setembro de folga para poder preparar tudo lá em casa... — Falei então, rindo meio envergonhado enquanto todos se mantinham em silencio.
Eu sabia que mamãe, Jeongin, Seungmin e Jisung ajudariam. Mas ainda estava com certo receio de falar com Junghyun sobre isso, já que ele poderia ter uma programação para ele e Hyunjin fazerem sozinhos e poderia não aceitar minha proposta.
Mas soube que estava errado quando um sorriso largo nasceu em seus lábios finos e ele concordou, junto dos demais ali.
— Dia de folga concedido, Felix-ssi! — Hwang-hee disse sorridente. Soltei um suspiro aliviado.
— Mais trabalho para mim, pelo menos é por uma boa ação! — E jisung completou.
— O que tem planejado, Felix-ah? — Minho perguntou e, levando em consideração minhas aulas sobre linguagem corporal, eu posso arriscar em dizer que o sorriso que estampava seu rosto era de completo orgulho.
— Várias coisas... — Respondi, começando a explicar detalhadamente tudo que eu havia pensado.
Ainda não havia escolhido quais docinhos seriam comprados para enfeitas sua mesa de doces e deixar o paladar das pessoas mais adocicado. Faria isso hoje a noite ou amanhã, já que não tive tempo de conversar com a Bae hoje a tarde e, bem, tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de olhar as fotos do cardápio que eu havia tirado mais cedo.
— Ouviram isso? — Um tempinho depois, Changbin murmurou com as sobrancelhas franzidas, deixando todos confusos.
— Isso o que, Changbin? — Meio assustada, mamãe perguntou.
— Barulho de buzina. — Explicou, me fazendo arregalar os olhos.
"— Eu sei onde você trabalha, posso passar ai para conversarmos a sós?" A voz de Yugyeom fez com que eu me levantasse rapidamente, deixando todos meio confusos.
— É o professor da escola de Hyunjin. — Eu expliquei, mesmo que ainda estivessem confusos e eu sem certeza de realmente ser ele. — Ele disse que queria falar algo comigo, vou lá dizer que hoje não dá.
Foi a última coisa que disse antes de descer rapidamente as escadas e correr em direção a porta, vendo Yugyeom parado ao lado de seu carro e com roupas diferentes das que estou acostumado a ver.
Bem, normalmente ele sempre está com o uniforme padrão para os professores da escola que trabalha. Não é comum vê-lo com calças apertadas ou blusa preta.
— Desculpe o atraso. — Foi a primeira coisa que ele disse quando atravessei o pequeno quintal da casa dos Hwangs e fechei o portãozinho de ferro.
— Ah, não. Está tudo bem. — Respondi, passando minhas mãos nervosamente pelas laterais de meu corpo. Que situação.
— Podemos ir? Tem um restaurante aqui perto com cabines privadas. — Disse abrindo a porta de passageiro do seu carro para mim, juntei as sobrancelhas em confusão.
Como é?
— Bem, professor... Sobre isso-
— Não me entenda mal, Felix. — Me interrompeu, sem fechar a porta. — O que eu tenho para te falar é meio privado. E pode me chamar de Hyung.
Posso estar sendo precipitado, mas isso não está me cheirando bem.
— Certo, Hyung. — Respondi, suspirando. — Eu só queria dizer que não vai dar de conversar hoje.
— O que? — Foi a vez dele parecer confuso. Mas alem de confusão, seu olhar estava realmente decepcionado.
— Aconteceram alguns... Imprevistos. — Tentei disfarçar um sorriso ao lembrar dos acontecimentos de hoje a tarde.
— Felix, sério, eu realm-
— Hyung? — Hyunjin apareceu na porta da livraria, colocando apenas a cabeça para fora e mostrando seus olhinhos curiosos, mesmo que pela pouca iluminação da rua.
— Docinho! — Disse menos tenso, vendo ele caminhar meio apreensivo ate onde eu e seu professor estávamos. — Saiu do banho agora?
— Fui na sala e você não estava lá... — Falou quando parou ao meu lado. — O-oi, hyung professor.
— Oi, hyunjinnie! — Ele sorriu, parecendo nervoso. — Bem...Hum... Então quando você vai estar livre, felix-ssi...?— Parecendo desistir da ideia de termos essa tal conversa hoje, ele disse em um suspiro meio derrotado.
— Amanhã. — Respondi, segurando na mão de Hyunjinnie.
Observamos Yugyeom dar a volta no carro, convencido com a resposta que dei e a aparição repentina de Hyunjin.
— Até amanhã então. — Ele disse com um sorriso entristecido no rosto e entrando no carro, dando partida.
— O que o p-professor queria, Felixie? — Hyunjin perguntou interessado, me puxando de volta para o calor confortável da livraria.
— Ele me ligou mais cedo dizendo que queria conversar algo. — Expliquei, trancando a porta de entrada. — Mas acho melhor deixar essa conversa misteriosa para amanhã, minha tarde foi perfeita demais para se estragar com uma conversa chata. — Conclui e lhe dei um beijinho na bochecha, rindo fraco quando sua boca se abriu em um bocejo lento.
Caminhamos de volta até a sala e sorrimos quando os olhares curiosos de todos ali se concretizaram em nós.
— O que aconteceu? — Jeongin foi o primeiro a perguntar, sentado no colo de Seungmin.
— Nada. Deixei a conversa para amanhã. — Respondi, me sentando no sofá que estava sobrando, com Hyunjin ao meu lado.
Nós conversamos sobre mais algumas coisas, o assunto anterior foi deixado completamente de lado quando Minho e Jisung disseram que precisavam ir, já que estava tarde e ambos acordaram cedo. Alguns minutos mais tarde, changbin também foi embora, se despedindo de cada um com um abraço caloroso e nos desejando uma boa noite.
— Acho que também precisamos ir. — Eu disse, sentindo Hyunjin apertar minha mão com mais força.
— Vocês podem dormir aqui! — Junghyun disse, me fazendo arregalar os olhos.
Meu Deus.
— Mas...
— Bem, eu vou dormir com meu gatinho na casa dele. — Jeongin me interrompeu, dando um beijo na bochecha de Seungmin, que sorriu ao concordar.
— Tem um quarto sobrando e Felix pode dormir com Hyun! — Hwang-hee disse animado, me fazendo arregalar os olhos.
— Eu nem tenho roupa...
— P-posso te emprestar um pijaminha, Lixie! — Animado com a ideia, Hyunjin respondeu, me fazendo suspirar quase derretido.
Como eu vou negar algo para ele? É impossível!
Esperando que mamãe dissesse algo, ela apenas sorriu e apontou para uma mochila pequena ao seu lado. Como eu não tinha visto aquilo ali?
— Trouxe umas roupas para mim. — Disse ainda sorrindo, me fazendo suspirar. Eles planejaram aquilo.
O que eu poderia fazer sendo que ele mesmo estava morrendo de saudades de dormir abraçadinho com Hyunjin? Exatamente, nada.
Me dando por vencido, acompanhei Jeongin e Seungmin ate a saída da livraria enquanto Hyunjin foi até seu quarto escolher um pijama que servisse em mim, coisa que não seria muito dificil, já que suas roupas são duas vezes maior que seu corpo e ele é um tiquinho maior que eu. Sorri quando meu melhor amigo me abraçou forte pela milésima vez naquele dia.
— Nem acredito que você está finalmente namorando alguém descente! — Disse ao se afastar, me deixando envergonhado.
— Nem eu acredito que aconteceu. — Foi o que eu disse. — Quero dizer, não acredito que aconteceu desse jeito.
— Hyunjin tem mais atitude que você, fiquei orgulhoso. — Seungmin respondeu. Me dando um tapinha.
— Você não pode dizer nada, ficou quase quatro meses ficando com Jeongin para ele te pedir em namoro. — Retruquei, rindo quando suas bochechas ganharam uma coloração mais intensa.
— Dois anos já, esquece isso! — Resmungou, me fazendo rir.
— Vocês dois são impossíveis. — Jeongin riu, negando com a cabeça. — Agora, vê se não corrompe meu neném, está bem? — Ele perguntou para me, deixando meus olhos arregalados mais uma vez.
Se for aquilo que eu estava pensando, Jeongin tem uns parafusos a menos.
"Meu neném" ora essa. ..
— Meu Deus... — Foi o que eu disse, segurando a risada constrangida que queria sair. — Nunca cheguei nem a pôr a língua durante o beijo...
Ok, esse pensamento saiu alto demais.
— Como é?! — Jeongin gritou surpreso. — Ta dizendo que em um mês beijando Hyunjinnie, não passou de selinhos?!
— Jeongin, pelo amor de Deus, cala a boca! — Pedi, fazendo o favor de tapar sua boca com minha mão, tirando dali rapidamente quando ele deu uma lambidinha. — Argh, nojento!
—Sério que não deu nem uma lambidinha assim?
Esse é um dos momentos que eu desejo que Deus exista para me arrebatar para longe daqui.
— E isso importa? Ta com aquele mesmo papinho de gente que acha que sexo é a base de um relacionamento... — Resmunguei cruzando os braços, chateado com sua insistência.
— Claro que não é isso! — Ele se defendeu, negando com a cabeça.
— Você não fez por que? — Seungmin se pronunciou, parecendo analisar a situação.
— Tenho medo de assustar ele... — Confessei, mordendo o lábio inferior. — Sei lá, vai que ele pega trauma de uma coisa cutucando sua boca do nada e nunca mais queira me dar bitoquinhas? Prefiro continuar com os selinhos e chupadinhas do que não ter nada.
— Esse tanto de "inhas" me deu dor de cabecinha. — Como sempre, Seungmin não perdeu tempo em tira uma com a minha cara.
Jeongin riu.
Mas parou logo em seguida, percebendo que eu estava meio certo.
— felix, você não vai saber se ele gosta, se nunca fez nada parecido. — seungmin quem disse, me surpreendendo.
— Sim, meu Deus! Como ele vai saber se gosta ou se vai incomodar sendo que nunca teve a experiência? — Meu melhor amigo disse, suspirando logo em seguida. — hyunjin já mostrou que não é um boneco de porcelana, Felix. Ele merece uma vida como a de qualquer outra pessoa! Experimentar um beijo de língua não vai matar ele.
Eles estavam certos e eu me sinto um completo idiota por ter pensado que Hyunjin se assustaria com um beijo mais... Intimo e intenso.
— meninos? — Hyunjin apareceu no fim das escadas, com algumas roupas em mãos. Qual é a dessa mania dele aparecer do nada em momentos meio complicados?
Eu praticamente virei um pimentão maduro depois que ele apareceu justo quando estávamos falando dele e beijos mais quentes.
— Estamos indo, Hyunjinnie! — Jeongin disse, abrindo a porta de saída.
— Boa noite, novos namorados.— Foi a última coisa que Seungmin disse quando passou pela porta, rindo fraquinho.
Eu e Hyunjin rimos nitidamente envergonhados, ele me entregou as peças de roupa junto com uma toalha e subimos juntos.
Demoramos tempo suficiente para mamãe tomar seu banho e já estar pronta no quarto de hóspedes da casa, fiquei surpreso. Hwang-hee também já estava em seu quarto e Hyunjin foi me esperar no seu. Eu estava esperando Junghyun sair de seu banho rápido.
— Prontinho. — Ele disse ao sair com a toalha enrolada na cintura, rindo timidamente.
Eita meus amigos. Foi uma situação meio vergonhosa.
— Felix, preciso conversar com você depois. — Falou ao se afastar mais, parando em frente a porta de seu quarto. — É sobre Hyunjin.
Acho que às vezes ele esquece que é um homem com quase um metro e noventa centímetros com músculos que facilmente quebraria o meu rosto inteiro, para poder usar esse tom de voz sério como se não fosse me deixar cagado de medo.
E tudo que fiz foi concordar, entrando rapidamente no banheiro para tirar aquela tensão que ficou sobre meu corpo. Nada que uma água quentinha nesse frio de quase inverno não resolva.
Tomei um banho rápido e minha boca se abriu quando percebi qual pijama Hyunjin havia escolhido para mim. Era um pijama rosado com estampas de moranguinhos.
Eu nunca tinha visto Hyunjin com aquele pijama e me deu certo constrangimento quando percebi que ele servia tranquilamente em meu corpo.
Apesar de não ter muita massa muscular — como eu mesmo não tenho — Hyunjin tem ombros mais largos e esse pijama definitivamente não serve nele. Deu um leve medo dele me dar isso aqui por que, me conhecendo bem, não vou conseguir negar.
Tudo só ficou ainda mais vergonhoso quando atravessei a porta de seu quarto e ele colocou a mão sobre a boca ao sorrir, me olhando minimamente.
— F-ficou lindinho, Lixie! — Foi a primeira coisa que disse. Dando espaço para que eu me sentasse na cama com ele.
— Você fez de propósito, não é? — Perguntei, segurando meu sorriso.
— Q-queria saber como... Como o rosa fica em você. — Confessou, olhando para as próprias mãos.
— Como eu fico de rosa?
— Lindo! — Respondeu rapidamente, balançando a cabeça junto de suas palavras apressadas.
Corei, mas a próxima pergunta saiu genuinamente da minha boca antes mesmo que eu pensasse.
— Se eu pintasse o cabelo de rosa, você acha que ficaria bom? — Ele me olhou por breves segundos e, timidamente, levou a mão até meu cabelo.
— V-vermelho. — Respondeu, fazendo movimentos meio desengonçados e circulares em minha cabeça, me fazendo rir. — Vermelho ficaria lindo. Rosa também é b-bonito, mas... Vermelho, hyung.
— Apoia que eu pinte o cabelo então? — Perguntei curioso, tirando sua mão do meu cabelo e entrelaçando junto da minha.
— G-gosto do loirinho... — Respondeu, sorrindo pequeno. — M-mas vermelho ficaria muito, muito lindo. Juro, juro!
— Vermelho, então? — Perguntei sorridente, feliz com sua resposta.
— Doi?
— O que ?
— P-pintar o cabelo, dói? — Formulou sua pergunta.
— Arde um pouco e o cheiro é muito forte. Mas não dói tanto. — Respondi, me deitando em sua cama e trazendo seu corpo junto ao meu.
— É c-como cortar as unhas?
— Suas unhas doem quando corta? — Franzi as sobrancelhas, rindo fraquinho. Às vezes seu raciocínio vai além do que meros humanos podem pensar.
— Um pouco. — Deu de ombros, deitando sua cabeça no travesseiro ao lado da minha.
— Então é como cortar as unhas. — Foi o que eu disse, me virando para ele e sorrindo ao olhar para seu rostinho cansados e de olhos fechados.
— Então e-eu apoio você pintar, lixie. — Respondeu minha pergunta anterior, me fazendo rir.
— Felixie? — Ele chamou de repente, murmurei um "Hum" Esperando que ele continuasse. — Conchinha?
Abri meus olhos tão rapidamente que senti minha pálpebras doer.
— Quer ser a conchinha de dentro ou a de fora? — Perguntei baixinho, levando minha mão até seu rosto e fazendo um carinho curto com meu polegar em sua bochecha.
— Dentro! — Disse sorridente, virando de costas para que eu me aproximasse mais de seu corpo e lhe abraçasse pela cintura.
— Calma, estou com cede...— Sorri quando ele virou para mim de maneira rápida, vendo meu corpo se afastar do seu
Eu sinceramente amo quando ele faz aquele biquinho emburradinho.
— Tras p-para Hyun... Mim? — Se corrigiu, me fazendo suspirar e concordar.
Eu fico tão feliz com sua evolução na fala em tão pouco tempo. Mas fico tão bobinho quando ele fala em terceira pessoa que chego a ficar chateado quando ele se corrige em minha frente.
Tudo que fiz foi concordar com a cabeça e me distanciar de seu quarto, ligando a lanterna de meu celular ao chegar nas escadas, já que a iluminação ali não era as das melhores e eu estava com preguiça de ir até o fim do corredor ligar a luz das escadas.
E, quando iria colocar meu celular no bolso da calça de pijama, assim que cheguei no andar de baixo e liguei as luzes da livraria para ir em direção a cozinha , ele começou a vibrar feito louco em minha mão.
Era um número desconhecido me ligando.
— Alô? — Atendi, sentindo meu coração acelerar.
— Felix?
Puta que pariu.
— Por favor, não desligue! — Hyeon pediu, me fazendo revirar os olhos.
— Cara, o que você quer? — Perguntei sem paciência.
— Eu realmente preciso falar algo sério com você, Felix. — Disse mais uma vez, suspirando.
— Você está parecendo um louco desesperado. — Foi o que eu disse, negando com a cabeça. — Está me perseguindo até aqui?
— Saiba que eu não queria fazer nada dessas merdas. — Respondeu impaciente e, por meio segundo, eu me perguntei se ele falava sobre todas as coisas que já fez ou sobre a coisa tão importante que precisava me dizer.
— Eu não ligo. — Dei de ombros, suspirando.
Eu só queria uma água e do nada esse cara querendo estragar minha tarde perfeita.
— Porra, Felix! — Ele explodiu, parecendo sem paciência. — Eu tenho que te contar algo sobre seu pai, seu idiota! Estou falando que é sério, porque é sério mesmo!
— Eu não entendo você. — Confessei, pensando em desligar. — O que precisa me dizer? — Mas decidi dar essa chance, já que aparentemente ele queria me avisar que iria me dar uma surra, como aquele cara havia dito.
— Tem que ser pessoalmente...
— Você acha que sou burro?
— Se eu responder, você fica ofendido? — Perguntou retórico, me deixa do de venho franzido.
É sério que ele realmente disse isso?
— Que se foda, tchau-
— Tem haver com Hyunjin também, Felix... — Ele disse mais baixo ao me interromper, me fazendo arregalar os olhos.
— Amanhã depois da faculdade, lá naquela cafeteria que você me viu hoje. — Respondi, dando fim a ligação.
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