21

Eu estava em um completo paraíso.

Nós dormimos juntos na segunda-feira. De conchinha, lado a lado, desfrutando da mesma cama e sentindo o calor um do outro. Juntinhos.

Eu acordei ontem completamente realizado.

Foi como se tivesse dormido em uma cama recheada de algodão e infestada com cheiro de flores. Sinceramente? Pensei ter acordado ao lado de um anjo.

Hyunjin ainda dormia quando acordei, encolhido em meu abraço enquanto repousava o rosto em meu peito. Nós, de alguma forma, mudamos de posição durante a noite e ficamos na posição que sempre ficamos enquanto estamos deitados, lendo algum livrinho. E eu confesso que foi a primeira fez que dormi tão confortável em uma posição visivelmente incomoda. Mas, para mim, foi como dormir em cima de nuvens.

Como alguém pode ser lindo até acordando? Eu sinceramente acho que acordo igual uma cacatua, com o cabelo todo em pé — Mas, pensando bem, cacatua é um bixo lindo... Mas isso não vem ao caso. E Hyunjin estava deslumbrante, os olhinhos fechados e tranquilos, a boca rosada formando um biquinho, as mãos agarrando a camisa azul de meu pijama... Ele é magnífico de tão lindo.

Ontem nós passamos o dia tranquilamente, na verdade, eu sequer consegui me concentrar e pensar realmente no que tinha acontecido na segunda-feira. Mamãe acordou quieta, quase não disse nada durante o café da manhã e ficou quieta depois. Eu queria falar com ela, conversar e tentar fazer ela desabafar, mas decidi dar esse tempinho para ela pensar. Tínhamos todo o tempo do mundo agora.

A tarde, acabei me lembrando de uma conversa que eu e Hyunjinnie tivemos alguns dias antes de vir para Busan, onde ele dizia querer ter um colar igual o meu. Que combinasse com o meu.

Eu confesso que entrei em um município surto quando percebi que tinha esquecido disso nesses últimos dias e liguei rapidamente para Jeongin.

— Oi? — Ele murmurou com a voz sonolento. Não acredito que ele estava dormindo até as dez da manhã.

— Você ainda estava dormindo? — Perguntei, segurando o riso quando ele resmungou e xingou baixinho.

— Tava, até você me ligar. — Segurei a risada alta que queria sair. — Diz logo ai o que você quer, vai, to aqui no chameguinho do Seungmin e-

— Me poupe dos detalhes. — Fiz uma careta, realmente não querendo saber o que eles estavam fazendo. — Preciso da ajuda de vocês...

— Vixe, o que aconteceu? — Mais em alerta, ele perguntou.

— Não é nada muito sério, só preciso de uma carona até o centro de Busan. — Sorri, mesmo que ele não pudesse ver. — Você sabe, não trouxe muito dinheiro para pagar passagem de ônibus e a fatura do meu cartão de crédito já está alta...

— Tudo bem, hyung! — Ele riu, suspirei aliviado. — Vou falar com Seungmin e daqui a pouco nós chegamos ai.

— Não! — Falei meio alto, respirando fundo longo em seguida. — Me avisem quando estiverem saindo e vou esperar vocês na saída da praia, está bem?

— Sim, mas... O que esta acontecendo? Vai pedir Hyunjin em namoro? — Ele perguntou animado, me fazendo arregalarem os olhos.

Eu não tinha pensado nisso.

Quero dizer, eu realmente tinha pensado em pedir Hyunjin em namoro. Mas não com um anelzinho de plástico.

E parei para pensar agora, mas não quero pedir ele em namoro com um anelzinho de plástico. Hyunjin merece o melhor, sei que ele não vai se importa com isso, mas eu quero dar o melhor para ele.

Um anelzinho de plástico não é o melhor. É simples. Sei que ele vai gostar, mas ainda é simples.

— Não. — Suspirei. — Ainda não, é só uma coisa que eu disse que daria para ele, mas esqueci...

— Ok, te mando mensagem daqui uns vinte minutos.

Encerrei a ligação ao dizer que sim e respirei fundo. Meu Deus.

— Lixie? — Ouvi Hyunjin chamar assim que eu desci as escadas, já arrumado para sair depois que Jeongin me mandou a mensagem dizendo que já estavam vindo.

— Ah, oi! — Sorri para ele e Hwang-hee, que estavam na sala. Mamãe estava na cozinha enquanto falava algo com Junghyun, ou cozinhava. Não sei ao certo. — Bem... Eu vou sair um pouco.

— S-sair? — Confuso, ele perguntou. Por favor, não faça tentar perguntas. — Mas... M-mas e se ele aparecer e te ver?

— Hyunjinnie, ele não vai ser louco de me espancar na frente de muitas pessoas. — Falei, sentindo um aperto no peito quando sua expressão mudou de confusa para entristecido. — Está tudo bem, eu juro que não demoro.

— Posso ir? — Ele perguntou baixinho.

Meu Deus...

— Meu bem, você não pode sair agora. — Hwang-hee se pronunciou fazendo Hyunjin murchar como uma florzinha.

— Poxa... Q-queria andar mais por Busan... — Falou entristecido, suspirei.

— Podemos andar mais por Busan quando virmos aqui da próxima vez, Hyunjinnie. — Hwang-hee sorriu, massageando com cuidados as costas do neto. — Precisamos organizar nossas malas para sairmos amanhã cedo, lembra?

— Verdade! — Como se uma luz atendesse em sua cabeça, ele sorriu. Hyunjin realmente gosta de organizar malas de viajem.

— Vou indo então. — Sorri, caminhando até a porta de entrada.

— Não fica t-triste por Hyunjinnie não ir com você, Lixie! — Hyunjin disse, acenando com a mão. Minha nossa, achei que infantaria com a velocidade que meu coração bateu. — Tchau!

— Tchau, docinho! — Me despedi, fechando a porta.

Juro que se Hwang-hee não falasse nada naquele exato momento, eu possivelmente não conseguiria dizer "não" para Hyunjin.

Quando cheguei no local marcado por mim, Jeongin e Seungmin já estavam lá parados. Nós seguirmos caminho até o centro de Busan e eu saí em disparada para uma lojinha antiga ali, procurando o bendito anel.

— O que deu nele? — Seungmin perguntou, rindo fraquinho.

— Moça! — Chamei uma das atendentes do local, sorrindo agradecido quando ela veio em minha direção.

— Bom dia! No que posso ajudar? — A mulher que aparentava ter uns vinte anos sorriu, indo para detrás do balcão da recepção.

— Vocês têm anéis desses de plástico? — Tirei minha corrente de dentro da camisa e sorri meio constrangido quando ela me olhou confusa. Mas logo seu rosto se suavizou e um sorriso curto apareceu em sua boca.

— Claro! — Virou-se de costas, procurando os anéis em alguma gaveta atrás de si. — Aqui, esses são meio antiguinhos porque quase não são mais procurados. Tem uma cor em. Específica que deseja? — Ela me mostrou o potinho com vários anéis de plastico e sorri aliviado ao ver a variedade deles ali.

O meu é roxo com uma florzinha. E quando vi aquele anelzinho azul com um coração, sabia logo que ele era o escolhido.

— Não acredito que você ligou para Jeongin quase desesperado por causa de um anel... — Seungmin murmurou, sem conseguir segurar o riso. — Porra, felix, nunca te vi assim por ninguém.

— É por que não foi com Hyunjin. — Respondi sem paciência, entregando o anel para a moça e sorrindo quando ela me disse o preço.

Peguei e voltamos a andar para o carro do pai de Seungmin, quando entrei, suspirei aliviado.

— Felix-ah, aquele ali não é o Seong-Hyeon? — Arregalou os olhos quando ouvi o nome citado e olhei para onde Jeongin apontava.

— O que... — A pergunta morreu em minha boca, ele estava ali, a alguns metro de distância de nós e sorrindo para um rapaz. Ele segurava algo em frente ao rosto e, quando virou-se em nossa direção, percebi ser uma câmera fotográfica.

— Esse cara que falou aquelas bobagens para você e Hyunjinnie, Felix? — Seungmin perguntou, parecendo irritado. Jeongin segurou em sua mão, que apertava o volante do carro com força.

— Sim, foi ele. — Suspirei, querendo não tocar naquele assunto. — Vamos embora, não quero trocar nem que seja uma palavra com esse cara.

— Espera, aquele ali não é o garçom daquela sorveteria que fomos no domingo? — Jeongin comentou, arregalei os olhos novamente. Puta merda, era ele!

— Nossa, será que eles namoram? — Seungmin comentou, dando partida no carro.

Seong-Hyeon namorava um homem?! Ele fazia aqueles comentários homofóbicos para mim, mesmo namorando um homem?!

Eu fiquei com aquilo na cabeça tempo o suficiente para perceber que o carro havia dado partida, só quando chegamos na casa de Praia do hwangs. Suspirei, balançando a cabeça e saindo do carro.

— Vocês vão descer? — Perguntei, encarando os dois.

— Não, não. — Jeongin sorriu. — Esta tudo bem? Você ficou calado o caminho todo.

— Sim, só... Pensando. — Sorri. — Vejo vocês antes de viajar de volta para casa?

— Vamos vir aqui hoje a noite, Felix. — Seungmin respondeu, dando ligando o carro. — Quero, pelo menos, uns dois livros de graça por você me acordar só para comprar um anel.

— Vai sonhando. — Neguei com a cabeça, rindo fraquinho e saindo do carro. — Vejo vocês mais tarde então!

Entrei na casa quando vi eles sumirem entre as rodovias de Busan e suspirei, procurando por alguma alma viva aqui dentro.

— Mamãe? — Chamei, vendo ela e Junghyun ainda na cozinha. Hum...

— Ah, filho! — Ela sorriu, largando a panela que segurava no fogão. — Que bom chegou antes do almoço!

— Aconteceu algo, Felix-ssi? — Junghyun perguntou, não deixando de cortar os legumes que estava em suas mãos.

— Não, não! Está tudo bem. — Sorri, ainda meio constrangido com sua preocupação. — Eu só... Esqueci de comprar algo. Hyunjinnie e Hwang-hee-ssi ainda estão lá em cima?

— Estou aqui! — Meu chefe sorriu ao terminar de descer as escadas, com aquele seu sorrisinho animado de sempre.

— Ah, vou subir para falar com... Com Hyunjinnie, volto já! — Sorri, sentindo minhas bochechas esquentarem com os olhares sugestivos que recebi deles.

Minha nossa.

Apressado, corri escada acima e só parei para respirar quando a porta do quarto de Hyunjin apareceu em minha frente. Sorri, tirando o anel da sacolinha decorada da loja e coloquei no bolso do meu moletom marrom escuro. Respirei fundo e bati na porta.

— Docinho? — Chamei, rindo fraquinho quando passos apressados ecoaram pelo quarto e Hyunjin apareceu em minha frente, assim que abriu a porta.

— Lixie! — Ele sorriu, dando espaço para que eu entrasse. — Chegou f-faz tempo?

— Eu acabei de chegar, Hyunjinnie. — Sorri, sentando em sua cama, onde tinha algumas mudas de roupas. — Trouxe uma coisinha para você. — Sorri quando seus olhinhos curiosos me encararam por poucos segundos antes de olhar para minha mão, que ainda estava dentro do bolso do meu moletom.

— Lembra daquela conversa do anelzinho que a gente teve aquele dia? — Perguntei, rindo fraquinho quanto seus olhos se arregalaram.

— Sim! L-lembro, Lixie! — Respondeu, se sentando ao meu lado.

— Olha, sai hoje só para ver se ainda tem por aqui. — Sorri ainda mais quando tirei minha mão do bolso e lhe mostrei o anelzinho azul com um coração. Hyunjin sorriu lindamente.

— Que fofo! — Foi o que disse, sem pegá-lo. — Posso... pegar?

— É seu, docinho. — Sorri, segurando em sua mão com cuidado e a abrindo. Coloquei o anel em seu dedo mindinho, foi o único dedo que coube. — Agora estamos combinando! — Sorri. Hyunjinnie ficou encarando o anelzinho azul em sua mão em silêncio, o sorriso largo diminuindo e meu coração foi acelerando quando percebi seu lábio inferior tremer levemente. — hyunjinnie? O que aconteceu?

Ele estava chorando.

Hyunjin estava chorando! Meu Deus, será que isso foi algum tipo de gatilho para despertar alguma memória ruim dele?!

O que aconteceu?!

— L-Lixie... — Ele chamou, ainda encarando o anel em torno de seu dedinho. — Hyunjinnie gostou tanto!

Eu vou infartar qualquer dia e a culpa será dele. Estou avisando.

Puta merda.

— Meu Deus, docinho... — Ri fraquinho, segurando em sua mão e lhe puxando para um abraço. — Você me assustou.

— Desculpa... — Pediu, fungando em meu peito. — Me e-emocionei, Felixie. — Riu fraquinho, levando a mão desocupada até seus olhos e limpando qualquer resquício de lágrima dali. — Obrigado, Lixie. Agora vou ter m-memórias boas com esse anelzinho.

Ah sim. Memórias boas.

Agora quem irá chorar sou eu.

— Sim, sim. — Sorri. — As melhores. — Beijei o topo de sua cabeça, dando acariciando sua mão com o anel. — Agora que temos anéis combinando, não somos mais apenas amigos. — Sorri mais uma vez quando ele se afastou, me olhando com os olhinhos ainda avermelhados e as bochechas tão coradas quanto.

— S-somos... Somos o que?

— Meninos que dão bitoquinhas. — Soltei um riso soprado, acariciando sua mão. Hyunjin sorriu largo e me abraçou novamente, daquele jeito que fazia eu me sentir no paraíso.

Meninos que dão bitoquinhas apaixonadas. Completei mentalmente.

[...]

Estávamos voltando para Seul.

Depois de longos cinco dias em Busan, nós finalmente estávamos voltando para Seul. A viagem teria sido perfeita se aquele incidente com Ji-hoon não tivesse acontecido.

Mas eu realmente quero esquecer que ele existiu nessa viagem. Quero focar nas coisas boas que aconteceram e simplesmente deletar sua existência da minha vida. E sim, a maioria de minhas memórias são coisas boas relacionadas aos meus amigos, mamãe e Hyunjin.

Hoje, na quarta-feira, estamos todos dentro do carro de Junghyun indo para nossa casa. Mamãe está no lado direito do carro, sentada em um dos bancos traseiros e eu ao seu lado, no meio. Hyunjin, sentado no lado esquerdo, apoia sua cabeça em meu ombro enquanto alguma música aleatória de nossa sua playlist roda em meu fone e Hwang-hee estava no banco do carona, com Junghyun dirigindo.

Jeongin e Seungmin iriam vir mais tarde, meu melhor amigo queria almoçar mais uma vez com seus pais antes de retornar para nossa rotina quase normal. Já que ainda faltam alguns dias para o retorno das aulas.

— Quanto está a torta de morango, moça? — Perguntei para a atendente da lanchonete, estávamos em um posto para abastecer o carro e bem, obreira que hoje é quarta feira.

— 1050 wons, senhor. — Ela sorriu, olhando para minha mão junta com a de Hyunjin. Pedi que ela tirasse um pedaço para nós. Para ele, na verdade. — Irão comer aqui ou vão levar para a viagem?

— Pra viagem, por favor. — Sorri, esperando que ela me desse a torta e logo após, caminhei até o caixa para entregar o dinheiro para outra rapaz. — Obrigado, tenha um bom dia.

Caminhamos de volta para o carro e nós sentamos enquanto esperávamos a mamãe voltar do banheiro.

— Quer comer agora, docinho? — Perguntei baixo, olhando Junghyun e seu pai conversavam alguma coisa com o frentista que tinha lhe atendido.

— Sim, Lixie! — Animado, ele respondeu. Seu sorriso só aumentou quando recebeu sua tortinha em mãos, abrindo a embalagem e encarando a fatia bonita que tinha ali dentro.

O anelzinho azul ainda estava em seu dedo mindinho. Sorri de um jeito tão abobado que senti vontade de me socar por ser tão bobão assim. Culpa de Hyunjin.

Com o garfo pequeno e de plástico que foi dado pela moça que nos atendeu, ele começou a comer tranquilamente seu docinho de fruta vermelha.

— Quer um p-pouquinho, Lixie?

Encarei seu rosto bonito, focando instantaneamente meus olhos em sua boca um pouco melada pela cauda da tortinha e sorri, concordando com a cabeça. Ele sorriu timidamente e pegou um pouco da torta com o garfo, neguei com a cabeça.

— Assim não, docinho. — Me aproximei mais de si, rindo fraquinho quando seus olhos se arregalaram minimamente e suas sobrancelhas se juntaram, com um nítida expressão confusa. — Prefiro provar indiretamente, lembra?

— Ah, verdade! — Ele riu, me deixando bobinho com sua reação repentina. Ele tirou os óculos do rosto e comeu a tortinha que estava no garfo, com uma quantidade generosa de calda ficando em seus lábios avermelhados. Minha nossa... — Beij- quero dizer, e-experimenta, Lixie.

Puta merda.

— Claro! — Foi o que respondi, segurando com cuidado nas laterais de seu rosto e nos aproximando. Eu consigo sentir o cheiro do morango caramelizado. — Segure em meus ombros, Hyunjinnie. — Pedi, segurando um riso curto quando ele arregalou novamente os olhinhos perdidos, levando as mãos até meus ombros.

Como sempre fazia, juntei nossos lábios com calma e suspiramos juntos com o toque suave de nossas bocas. Com cuidado, suguei seu lábio inferior e quase soltei um som vergonhoso ao sentir o gosto doce da calda de morango junto da maciez de sua boca. Hyunjin apertou os meus ombros, suspirando baixinho e rindo quando eu me afastei.

Eu queria pôr a língua para lamber cada gota de cauda em seus lábios, mas me contive. O ato repentino e meio nojento poderia assusta-lo.

— Lixie, você d-disse que não gosta de tortinhas. — Acusou, voltando a comer o doce em sua mão.

— Mas gosto de te dar bitoquinhas. — Respondi, rindo baixinho quando ele concordou com a cabeça, parecendo satisfeito com a resposta.

Alguns minutos depois, os Hwang's e mamãe voltaram para o carro e seguimos viagem para Seul novamente. Eu não sei quanto tempo de viagem tivemos, já que depois de certo tempo, deitei minha cabeça no ombro de Hyunjinnie e dormi feito um bebê cansado, acordando apenas quando o carro de Junghyun parou em frente a livraria e a voz suave de Hyunjin soou pelos meus ouvidos.

— Lixie? — Ele dizia baixinho, me balançando com a mão livre. Dei um sorriso contido,fingindo que não tinha acordado. — Ya, F-Felixie, acorda! — Ele riu baixinho, me fazendo segurar novamente a risada forte. — Vou falar pro p-papai que você... Q-que você babou no carro dele.

— Eu o que?! — Levantei rapidamente, olhando para onde minha cabeça estava encostada e percebi que cai em uma pegadinha de hyunjin.

Hyunjin estava tirando uma com a minha cara.

Não acredito.

— hyunjin, pelo amor de Deus! — Exclamei, tentando não rir mais uma vez. Meu Deus, ele vai fazer meu coração explodir.

— Desculpa, Lixie! — Ele pediu, encarei seu rosto e percebi seu sorriso diminuir. — Você está... Bravo?

— O que? Claro que não! — Assegurei, olhando ao redor para ter certeza que estávamos sozinhos. — Eu só fiquei com medinho do seu pai brigar comigo. — Sussurrei, rindo baixinho quando ele entendeu, voltando a rir.

— Bobo... — Murmurou, negando com a cabeça. — Papai te a-adora, Lixie. — Disse, me fazendo suspirar.

Eu amo quando ele fala assim...

— Sei... — Me fingi de desentendido, rindo fraquinho. — Mas, vamos entrar? Estou quebrado.

— Se m-machucou, Lixie? — Sua expressão estava confusa novamente, e além disso, preocupada.

— Ah, é só uma forma de dizer, docinho! — Sorri, negando com a cabeça. — Estou apenas cansado, está bem?

— Queb-brado é forma de dizer que esta cansado? — Ele juntou as sobrancelhas, rindo logo em seguida. — Faz sentido.

— Sim, sim, Hyunjinnie. — Sorri as uma vez, completamente abobado com sua fala.

— Hyunjinnie, Felix ainda não acordou? —Junghyun perguntou, fazendo meus olhos arregalarem. — Ou estão dando beijinhos às escondidas igual fizeram lá no posto?

— Lixie! — Hyunjinnie falou, meio assustado com minha tosse repentina.

[...]

Finalmente estava na livraria. Jisung nos recebeu com um sorriso largo e abraço confortante, ele quase falou me esmagar com seus braços longos e ombros fortes quando me abraçou, quando viu mamãe, sorriu confortante e sorriu calmo, completamente diferente de quando me viu.

Mas, a surpresa real aqui, era Minho na livraria.

— Vejo que deu tudo certo. — Ele sorriu ao me cumprimentar com um abraço acolhedor, o corpo maior que o meu me abrigando em um abraço confortável e inusitado. Ele nunca tinha me abraçado antes.

— É... Sim, deu sim. — Sorri ao me afastar de seu abraço, vendo ele ir em direção a Hyunjin e lhe cumprimentar com um rápido aperto de mãos e, para sua surpresa, os braços abertos de meu docinho lhe para lhe receber em um abraço.

Meu Deus, eu jamais pensei que seria emocionante ver pessoas se abraçando. Mas eu realmente quis chorar quando, mesmo que rapidamente, Hyunjin abraçou Minho.

Mas ainda estava em dúvida de o porque ele estava aqui.

— Você trabalha aqui, Felixie? — Mamãe perguntou baixinha, olhando admirada para o meu local de trabalho.

— Sim, mamãe. É linda, não é? — Olhei em volta, percebendo que a livraria estava da mesma forma que deixamos, e se comprar, ainda mais organizada.

— Realmente, meu bem. — Ela sorriu mais abertamente. — Sua casa é muito longe?

— Não, não. — Suspirei, mordendo o lábio inferior. — O prédio onde eu é Jeongin moramos é na rua de cima, o apartamento é meio pequeno mas acho que podemos arranjar um jeito de dar certo, mamãe...

— Tudo bem, filho. — Ela sorriu. — Eu realmente não me importo com o lugar, se estiver com você, está tudo bem.

Quero chorar.

Mas não tive tempo, Jisung foi mais rápido em segurar em minha mão e me puxou para algum canto da livraria.

— Senhora Lee, devolvo seu filho agorinha mesmo! — Foi o que disse.

— Que isso? — Perguntei confuso, ajeitando minhas roupas.

— Me conte detalhadamente como foi deixar de ser um cu doce. — Pediu, sua expressão estava assustadoramente eufórica.

— Meu Deus, Jisung, eu acabei de chegar! — Respondi, rindo e negando com a cabeça.

— Meu filho, eu sou fofoqueiro curioso. Jeongin nem quis me dizer!

— Você anda de conversinha com Jeongin agora, é? Estou ferrado... — Murmurei, rindo fraquinho.

— Amigos de fofoca, beleza? Amigos de fofoca! — Riu baixinho. — Vai, pitoco, diz pro Hannie o que aconteceu?

— Argh, não fala assim. — Neguei com a cabeça, segurando a gargalhada alta.

— Você pode falar com o Hyunjin, mas eu não posso falar com você? Injustiça! — Cruzou os braços.

Eu realmente acho que Jisung é uma criança no corpo de um adulto. Sua personalidade é verdadeiramente alegre, não a quem fique triste ao seu lado, sério. Até mesmo quando ele começa a contar aquelas piadas de tiozão broxa.

— Meu relacionamento com Hyunjin é diferente. — Mordi o lábio inferior, sentindo minha barriga se revirar apenas em citar o nome dele. — Mas, aí. Qual seu lance com o Minho?

— Ah... — Ele murmurou, rindo. — Ele é meu amigo a um tempo, nós nos conhecemos na Universidade antes dele se formar. — Respondeu.

— Porra, que mundo pequeno. — Comentei, olhando por cima do ombro de Jisung e vendo hyunjin, Junghyun e Minho conversando.

— Não sabia que ele era o Psicólogo seu e de Hyunjin, agora que sei, fica mais fácil de descobrir coisas boiolas que vocês fazem. — Ele riu baixinho mais uma vez, dando um tapa em meu ombro.

— Vai sonhando. Minho é profissional. — Deu de ombros, realmente não me preocupando.

— Droga, não pode nem tirar onde com sua cara. — Fingiu estar decepcionado e negou com a cabeça, rindo baixinho. — Agora vem, preciso passar as contabilidades da semana para Hwang-hee e você não tira o olho do seu namoradinho ali.

— Ele não é meu namorado... — Comentei, Jisung virou rapidamente. — O que?

— Você não pediu ele em namoro?! — Ele gritou. Gritou alto.

Meu Deus. Puta merda.

— Hahahah, muito boa a piada! — Ri nervoso, olhando por cima de seus ombro mais uma vez e vendo o olhar de todos para onde nos estávamos.

Acho que o objetivo favorito de Jisung é me fazer passar vergonha.

— Cala a boca, Jisung! — Implorei em um sussurro, respirando fundo. — A gente deu nosso primeiro beija a... Sei lá, quatro dias?! Eu ainda não tive tempo de pra parar nada muito elaborado para fazer o pedido mas, porra, eu tenho certeza que quero ele como meu namorado... — Confessei, rindo fraquinho quando o olhar perdido de Hyunjin se formou junto com o meu, mesmo que logo tenha desviado para algum lugar da livraria enquanto prestava atenção mas palavras que seu pai e Minho diziam.

— Felix, eu juro que vocês devem ser os últimos românticos nessa terra... — Jisung murmurou com um sorriso abobado dançando em seus lábios. — Sei que às vezes sou exagerado, mas é que não foi preciso nem um mês trabalhando aqui para perceber a tensão romântica forte ao redor de vocês dois.

— Você está me deixando envergonhado. — Confessei, cobrindo o rosto com as mãos.

— Essa é a intenção também. — Rindo mais uma vez, ele disse.

Nós não demoramos ali, depois de alguns segundos Junghyun e Hyunjin subiram com suas malas enquanto mamãe e Hwang-hee conversavam alguma coisa interessante demais. Sorri, era bom saber que ela estava se familiarizando com pessoas tão importantes para mim e também era bom saber que minha família estava cada vez mais completa.

— Mamãe, vou me despedir de Hyunjinnie e daqui a pouco vamos embora, tá bem? — Falei ao me aproximar deles, ela sorriu e concordou com a cabeça, mas fez questão de verbalizar sua resposta.

— Tudo bem, querido, não precisa se apressar. — Foi o que disse, me dando um beijo na bochecha antes que eu seguisse caminho ate o andar de cima.

No caminho, encontrei Junghyun no corredor principal e sorri, ele retribuiu, mas me parou assim que me viu. Juro, eu sei que não tem mais motivo para que eu me sinta intimidado com sua presença depois do que aconteceu em Busan, mas mesmo assim, é quase impossível não sentir aquela pitadinha de um leve medo quando ele me olha ali de cima.

— Estou indo me despedir de Hyunjin, eu e mamãe vamos daqui a pouco... — Falei, coçando a nuca meio envergonhado.

— Ah, era justamente o que eu iria falar. — Ele sorriu, se afastando de mim. — Quando forem, irei levá-los até seu apartamento.

— O que? Não-

— Não negue, Felix. — Ele repreendeu, rindo fraquinho. — É melhor e estou me disponibilizando para isso! Deixa de ser cabeça dura, menino.

Um puxão de orelha assim, do nada?

— Ah... Tudo bem! — Sorri, desistindo de protestar. — É... Vou lá, quando eu descer vamos embora, tá bem? — Disse, me afastando lentamente de si.

Ele ficou me olhando por mais alguns segundos e negou a cabeça sorrindo, retomando sua trajetória inicial. Soltei o ar que havia prendido.

Em passos calmos, eu caminhei até parar em frente a porta de Hyunjin e sorri involuntariamente. Bati uma vez, mas não fui respondido, suspirei e bati novamente. Nada.

Arrisquei então a entrar, abri lentamente a porta e franzi o cenho em confusão quando não o encontrei em sua cama.

— Hyunjinnie? — Chamei, olhando ao redor. Ele não estava aqui. — Docinho?

— Felixie? — Ele apareceu na porta de seu closet, parecia confuso mas, assim que seu olhar me encontrou ali, sorriu e se aproximou. — T-tudo bem?

— Sim. — Sorri, levantando meu olhar um pouquinho para encarar seu rosto bonito. — O que estava fazendo?

— O-organizando minhas roupinhas, Lixie. — Sorriu, caminhando até o closet novamente. — Vem, vem!

Sorri de sua fala e concordei, caminhando atrás de si. Nós paramos em frente a uma gaveta que estava aberta e meus olhos se arregalaram minimamente quando ele me mostrou o objeto que estava pegando.

— A-aqui, Felixie! Achei uma c-correntinha quase igual a que você tem! — Animado, ele tirou o colar prateado da caixinha que ele estava a muito tempo, certamente. — Vou colocar meu anelzinho e... E eu e o Lixie vamos ter algo combinando de verdade!

Eu queria realmente chorar de felicidade. Ele ainda lembra da conversinha que tivemos alguns dias antes de ir para Busan e quer ter um anelzinho na corrente igual a minha... Meu Deus, ele sente.

— Lixie? — Sua voz quebrou minha linha de pensamentos, balancei a cabeça e sorri, olhando para ele novamente.

— Quer pôr agora? — Me aproximei mais de si, segurando a correntinha que estava em suas mãos, ele sorriu e concordou, me entregando a corrente e o anel.

Abri o fecho da corrente prateada e deixei o anel deslizar por ela, sorri pequeno quando notei os olhos de Hyunjin observando a pouca dificuldade que tive para abrir aquela caquinha de fechadura.

— Vira de costas, docinho. — Pedi e logo ele fez, ficando de costas e dobrando os joelhos minimamente para que eu alcançasse seu pescoço sem fazer esforço. Sorri. — Prontinho, agora somos oficialmente meninos que dão bitoquinhas e que tem correntes iguais.

— I-isso, Lixie! — Ele também sorriu, virando-se para que eu pudesse ver a correntinha pendurada em seu pescoço, com o anel azul de brinquedo próximo ao seu coração.

— Ficou lindo, Hyunjinnie! — Confessei, tocando sua mão por cima do anel. — Olha, é quase igual o meu agora. — Segurei o meu, levantando e mostrando o anelzinho violeta que ele tinha me dado a alguns meses atrás.

— Fofinho! — Ele riu, levando a mão desocupada até a orelha que notei começar a ficar vermelhinha. Fofinho é você.

— Eu vim me despedir... — Suspirei, rindo fraquinho quando sua expressão mudou completamente. — Preciso ir para casa, mamãe está cansado também.

— Ela pode dormir aqui, t-tem vários quartos... — Ele disse, mexendo com os dedos.

— Eu preciso vê como meu gatinho está também, docinho. — Me aproximei de si, segurando em seus braços com cuidado e o puxando para um abraço.

— Eu me acostumei com você, Lixie. — Ele disse, deitando a cabeça em meu ombro. — Vai ser r-ruim acordar e não te ver.

— Ei, eu vou vir aqui todo dia! — Sorri, respirando fundo para não chorar. Minha nossa, eu sou muito chorão.

— Vou... V-vou... — Ele parecia querer dizer algo, mas nada saiu. Suspirei, separando nosso abraço e segurando em suas bochechas, beijando a ponta de seu nariz grandinho.

— Também vou sentir sua falta nesse tempinho mínimo que vamos ficar separados. — Sorri novamente, dando um selinho rápido em seus lábios. — Podemos nos falar por ligação, o que acha?

— T-toda noite?

— O horário que você quiser! — Respondi, sorrindo quando ele fez o mesmo.

— Está bom, Felixie. — Suspirou, voltando a me abraçar. — Obrigado por tudo.

— Obrigado por deixar que eu me aproximasse. — Foi o que eu respondi, lhe soltando e dando mais um selinho pequeno em seus lábios rosados.

[...]

Eu estou enlouquecendo.

Já estávamos no mês de Agosto e eu estava birutinha da cabeça, praticamente.

A audiência de Junghyun foi remarcada, o motivo ele não falou abertamente, mas aparentemente o IML foi convocado para mais uma sessão de perícia e a nova audiência está marcada para o final do mês. Ele infelizmente não poderá voltar ao trabalho novamente por conta dessa mudança repentina do júri. Eu fiquei preocupado com a possibilidade de Ji-hoon ter feito a cabeça daqueles corruptos de merda e, de alguma maneira, tentar incriminar Junghyun por um crime grave.

Mas está tudo bem, pelo que ele disse. O advogado de Junghyun assegurou que não iria acontecer nada de mais e que tudo estava certo. E que era apenas um protocolo que estavam seguindo por ter intervenção direta de um homem honroso e profissional incrível, como Ji-hoon — Insira aqui uma expressão de completo deboche e ironia.

Mas, forante isso e os dias que Junghyun estava passando em casa, por conta do pedido da delegacia de Busan, que enviou diretamente para o dono do Hospital em que o Hwang trabalha, as aulas retornaram e eu tive incríveis duas semanas de pura paz naquela Universidade, já que Hyeon e Sohui sequer pisaram os pés ali.

Estava tudo se encaixando. E eu quero pedir Hyunjin em namoro.

Sim, meu Deus. Eu realmente quero intitula-lo como meu. Meu Hyunjinnie. Meu docinho. Meu namorado.

Eu sinto que a qualquer momento vou desmaiar se não poder chamá-lo de meu namorado sempre que alguém pergunta o que somos. Sério.

E bem, suas aulas também voltaram, nossa rotina normal voltou. Yugyeom voltou.

Eu realmente não sei o que pensar sempre que vou pegar Hyunjin na escola e o vejo lá, lado a lado com o Kim e com Dahyun se despedindo de alguns alunos. Eu simplesmente tento não surtar por ter ele ali.

Pelo que Jackson me disse, ele tem parado de comentar sobre esse tal aluno especial e da admiração que sente por ele. Jackson também disse que está mais próximo do Kim, mesmo que ele não tenha conseguido confessar seus sentimentos para o mais alto ainda.

E falando no Wang, é justamente com ele que estou em ligação agora.

— Ah, Felixie! Que saudade de você! — Ele disse ao terminar de rir escandalosamente, sorri, feliz com sua animação. — Você esqueceu de mim, seu filho da mãe.

— Você também não me ligou mais! — Acusei, colocando um dos livros que estava fora do lugar, em sua prateleira de origem. — Qual é, a culpa não foi minha.

— Sei, sei... Tem razão, somos dois idiotas. — Riu fraquinho. — Como está na faculdade?

— Está tudo bem, começamos esse semestre bem adiantado e estamos tendo várias aulas no auditório. — Sorri, olhando para o lado e vendo Jisung, que também estava no telefone.

O Senhor Hwang com certeza deve querer puxar nossas orelhas, às vezes.

— E a sua faculdade, senhor advogado?

— Aquela coisa difícil de sempre, nada fora do normal. — Riu, dando de ombros. — Passei uns dias em Busan nas férias, cheguei em casa praticamente ontem.

Busan.

Rapidamente me veio à memória o dia que nos conhecemos lá na casa de Sohui e ele desabafando comigo sobre sua vida corrida. Ele disse que era amigo de Seong-Hyeon.

Seong-Hyeon possívelmente namora homem e foi homofóbico pra caralho comigo.

— Jack, você sabe qual a cidade natal de Hyeon? — Pergunta teu como se não quisesse nada, mordendo o lábio inferior.

— Assunto aleatório. — Ele riu fraquinho. — O Ta...Hye! O Hye é de Busan, nós fomos para lá visitar os pais e o irmão dele.

Jeongin disse que Seong- Hyeon era de Incheon.

Jeongin nunca erra quando vai contar uma fofoquinha. Sério, isso está muito estranho.

— Felix? Aconteceu algo? — Ele perguntou, parecendo preocupado.

— Ah. Não, não, está tudo bem! — Ri forçadamente, sentindo meu coração se acelerar. — Não quero falar mais dele, sei que é seu amigo mas foi um escroto nojento comigo e Hyunjinnie. — Disse com sinceridade, suspirando.

Nós conversamos por mais algum tempinho antes que eu desligasse para precisar entender uma cliente que havia chegado. Mas confesso que não senti nenhum sentimento bom diante daquela situação

Eu sabia que precisava ficar longe daquele cara, mas fiquei extremamente curioso diante daquela confissão que Jackson me proporcionou.

— Lixie! — Hyunjinnie disse animadamente quando atravessou a porta da livraria, sorri assim que ele e seu avô apareceram em meu campo de visão. — F-Felixie, Lino hyung disse que e-eu estou falando muito melhor! — Sua felicidade era notável ao dizer aquelas palavras e eu senti meu coração acelerar novamente quando seu sorriso aumentou. — Melhorei!

— Sim, docinho. Você melhorou! — Eu ri alto, lhe abraçando com força. — Parece que Changbin vai precisar fazer uma festinha em comemoração porque o melhor aluno dele está evoluindo cada dia mais. — Sorri novamente, lhe dando um beijinho na bochecha.

Às vezes eu esqueço que tem pessoas ao redor quando Hyunjinnie sorri desse jeito e acabei me enfiando em uma situação confrangedora. Como essa, agora mesmo.

Meu Deus.

— Hyun, meu bem, vá tomar um banho para jantarmos! — Hwang-hee disse, um sorriso enorme emoldurado em seus lábios pouco enrugadinhos por conta do tempo.

— Você é tão gay. — Jisung provocou, rindo baixinho junto meu nosso chefe. Lhe deu um tapa no braço. — Está vendo, senhor Hwang-hee? Esse cara aqui está tão caidinho por seu neto querido!

— Jisung! — Resmunguei, tapando o rosto com as mãos. — E eu sou Bi, está bem?

— Eu sei, bocó. — Ele deu de ombros, voltando a organizar alguns livros de romance lésbico na penteadeira. — Só é um jeito de explicar que, porra, você é tão baitola, tão boiola, tão...

— Cala boca, não é como se você fosse hétero. — Resmunguei, cruzando os braços e ouvindo Hwang-hee rir e negar com a cabeça. — Me defende, chefinho!

— Vocês são impossíveis! — Foi a única coisa que ele disse, rindo mais alto ainda. Mas, sua risada foi diminuindo conforme ele olhava ao redor. — Onde está meu filho?

— No escritório dele, ele ficou lá o resto da tarde... — Suspirei, negando com a cabeça.

— Estou preocupado com ele, ficar sem trabalhar era tudo que ele mais pediu para não acontecer. — Meu chefe lamentou, caminhando em direção a escadaria. — Vou conversar com ele.

— Hwang-hee, posso sair um pouco? — Pedi, mordendo o lábio inferior.

— O você vai, Felix-ssi? Não é muito seguro andar nesse horário por aí... — Comentou, rindo fraquinho.

Oras, eles acabaram de chegar aqui.

— Hoje é quarta e...

— Ah, sim. A tortinha do Hyun.— Me interrompeu, concordando com a cabeça. — Pode ir, Felix-ah. Estava brincando. — Respondeu, contando a subir as escadas.

Uffa.

— Me traz um docinho também, Felixie? — Jisung perguntou, fazendo uma voz irritantemente manhosa. Prendi o riso explosivo.

— Vai se ferrar! — Falei, negando com a cabeça e tirando meu lindo uniforme de trabalho, um avental.

Fui rapidamente até a doceria da rua de baixo e comprei um dos últimos pedaços da tortinha de morango que tinha na vitrine, sorri e voltei são e salvo para a livraria. Já se passavam das sete da noite e isso aqui seria a sobremesa perfeita para Hyunjin, já que não consegui comprar enquanto fui buscá-lo na escola por já estar meio atrasado.

Quando cheguei, eles já estavam na cozinha e Jisung se preparando para ir embora. Nós o chamamos para jantar conosco, mas ele disse que precisava chegar na casa dos pais antes das oito para participar de um aniversário de algum aniversário de sua família.

— Ah, oi, mamãe! — Sorri ao atender sua ligação assim que nós sentamos na mesa de jantar.

— Oi, meu bem! Você vem jantar hoje comigo e com Jeongin? — Ela perguntou e sorri quando um barulho alto de panelas batendo se fez presente. — Jeongin é meio desastrado com as panelas, não é?

— Tia! — Ele choramingou, me fazendo rir. — Pois saiba que antes do seu querido filhinho virar o mestre Cuca de meio metro que é hoje em dia, eu cozinhava sozinho! — Se defendeu, me fazendo rir.

— Me lembro do primeiro miojo que Felix fez aqui em casa. — Hwang-hee comentou. Meu olhos se arregalaram.

— M-mingau de macarrão!— E Hyunjinnie completou.

Onde que eu me enfio agora?

— B-bem... — Pigarreei com a garganta, rindo de nervoso. — Estou jantando aqui, mamãe, vou terminar de ler O primeiro a morrer no final com Hyunjinnie e então vou embora, está bem?

Sim. Não satisfeitos com a tristeza profunda que foi a leitura do primeiro livro, eu e Hyunjin decidimos ler o segundo livro lançado. Já chorei mais do que deveria com essa história e, bem, ainda não chegamos no final.

— Tudo bem, bebê! — Ela riu fraquinho. — Myung te mandou um miado.

— Dá um beijinho nele, mamãe. — Respondi, arregalando os olhos logo em seguida. — Quero dizer, só se ele não estiver comendo.

Nós conversamos por mais alguns minutos e demos fim a ligação. Comemos a deliciosa comida de Junghyun e confesso que fiquei preocupado ao vê-lo mais desanimado que o normal, mesmo que ele tentasse esconder, eu percebia.

[...]

— Lixie... — Hyunjin choramingou baixinho, escondendo o rosto molhado pelas poucas lágrimas que deixou escapar durante a nossa leitura, em meu peito. Ri fraquinho, mesmo que eu mesmo estivesse desabando. — Por que e-eles não ficaram juntos? Que autor c-cruel!

— Realmente, a história deles é tão linda... — Suspirei, fechando o livro quando terminamos de ler a última página. — Você quase não comeu a sua tortinha.

— É difícil comer e ler ao mesmo tempo, Felixie l. — Riu baixinho, concordei com a cabeça. — Quer t-tortinha?

Porra, Hyunjin.

— As vezes eu demoro para entender se você está realmente me oferecendo a torta ou beijinhos seu. — Ri fraquinho, descendo meu olhar até sua boca e suspirando.

Meu Deus, como pode uma boca ser tão bonita.

— B-bitoquinhas, Lixie. — Sorriu, fechando os olhos e fazendo o biquinho que sempre fazia quando iria me beijar.

E eu findei a distância entre nossos rosto mais uma vez, selando sua boca com cauda de morango e sorrindo entre nosso beijinho.

— Lixie... — Ele chamou baixinho, dando um último selinho antes de se afastar minimamente.

Ele parecia querer me dizer algo.

— Sim, docinho? — Perguntei, ajeitando num mecha de seu cabelo comprido em sua orelha vermelhinha.

— Gosto dos seus b-beijinhos.— Foi o que respondeu, me fazendo rir mais abertamente.

Mas eu senti que não era isso que ele queria me dizer.

Quando sai de sua cama para ir embora, após ele dormir, eu ainda sentia que não era aquilo que ele queria me dizer.

Mas mesmo assim, foi bom ouvi-lo dizer que gosta que eu o beije. Gosta dos meus beijos.

Sinceramente? Paixão realmente é um sentimento pequeno demais para descrever tudo que eu sinto por Hyunjin. Eu amo ele.

Eu realmente amo Hyunjin. Amo muito.

Eu amo Hyunjin e amo tudo que ele causa em mim. Eu amo quando ele sorri daquele jeitinho envergonhado depois de darmos bitoquinhas e amo quando, me deixando mais envergonhado que ele, me pede por mais beijinhos e pergunta se quero experimentar sua tortinha da fruta vermelha. Eu amo tudo nele.

E foi com esse pensamento que voltei para casa, após me despedir dos Hwangs mais velhos e suspirar ao pisar o pé fora da livraria.

— Felixie? — Mamãe falou assim que passei pela porta de entrada, vi somente sua cabeça para fora do sofá enquanto ela assistia algum drama coreano e tinha Myung em seu colo.

— Oi, mamãe. — Me aproximei dela, abaixando em em sua frente e deixando um beijinho em sua bochecha. — Tudo bem? Onde está Jeongin?

— Estou bem sim, bebê. — Ela riu, se sentando. — Jeongin saiu agora a pouco com Seungmin, disseram que iriam comprar algo que o Hyun pediu.

— Hyunjin? — Franzi o cenho, confuso. — Ele não me disse nada...

— Não deve ser nada muito importante, meu bem. — Ela sorriu, me puxando para que eu sentasse ao seu lado. — Agora vem cá, deixa eu fazer um cafuné no seu cabelo enquanto termino de ver esse capítulo da novela. — Sorriu quando deitei em seu colo sem relutância, aproveitando de seu carinho gostoso em meu cabelo.

— Mamãe... Preciso de um banho. — Falei já meio sonolento, rindo fraquinho.

Nós ficamos daquele jeito por alguns minutos, eu estava quase dormindo quando meu celular tocou, me despertando de um possível sono no colo da minha mãe.

— Alô? — Atendi, sem realmente olhar para a tela do celular.

— Lixie? — Sua voz soou rouquinha pelos meus ouvidos, arregalei os olhos e me levantei.

— Quem é, filho? — Mamãe perguntou meio preocupada.

— Hyunjinnie, mamãe. — Sorriu, respirando fundo. — Docinho, aconteceu algo? — Mais preocupado, eu perguntei.

Ele estava dormindo quando saí.

— É que... H-Hyunjinnie não conseguiria dormir se... Se não falasse, Lixie. — Confessou, me deixando mais apreensivo.

— O que aconteceu?

— Não é nada muito sério! — Adiantou, me deixando aliviado.

— Você ainda me mata do coração, sério. — Suspirei, voltando a deitar no colo de mamãe.

— É que... B-bem... — Ele riu fraquinho, me deixando confuso.

Meu Deus.

— Pode dizer, Hyunjin. — O incentivei, rindo fraquinho também. — O que você queria me dizer?

— Lembra de quando o Lixie disse que i-ia me levar no... No parque toda quinta? — Perguntou, sorri é concordei com a cabeça.

Só então me liguei que estávamos em ligação.

— Lembro sim, docinho. — Ri, suspirando quando mamãe afundou os dedos em uma massagem mais intensa em meu couro cabeludo. — Quer ir lá amanhã?

— Sim! — Riu também, me deixando com o coração acelerado. — Vamos amanhã, por favor.

— Claro! — Sorri, sem qualquer dúvida de levá-lo para lá. — Quer andar em Blim-Blim?

— Também, Lixie. — Riu novamente, me deixando confuso. — Tchau, b-beijinhos, Felixie!

— Ah... Beijinhos, docinho! — Sorriu abobado, sentindo meu coração acelerar novamente.

Eu só não sabia que naquela noite, Hyunjin estava pronto para um passo a mais para nossa relação. E eu o amei ainda mais. 

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