18
Quando abri meus olhos, achei que estava presenciando a verdadeira imagem do paraíso.
Hwang Hyunjin estava a minha frente, a literalmente centímetros do meu rosto, com os olhinhos fechados e ainda com um biquinho pequeno formado em seus lábios. Suas bochechas em minhas mãos estava quentes e avermelhadas, assim como a pontinha de suas orelhas.
Eu analisava cada reação sua durante esses quatro segundos que estamos distantes. Bem, que nossas bocas estão distantes.
Eu o beijei. Nós nos beijamos.
Foi só um selinho, mas para mim, que jurei que o toque máximo em nossa relação seriam abraços e carinho no cabelo, era um misto enorme de euforia e emoções que possivelmente iriam me fazer pular na cama de tanta felicidade, quando ficar sozinho.
Nossas bocas se tocaram e eu pude sentir minimamente o doce da tortinba que ele comeu. Eu ,particularmente, amo tortinhas agora.
— Docinho? — Chamei baixo, sorrindo quando seus olhos se abriram lentamente e seu rosto ganhou uma coloração rósea mais forte. — Tudo bem? Você está bem? — Perguntei calmo, mesmo que por dentro a preocupação se misturasse com a euforia de forma rápida.
Então, ele sorriu. Hyunjin sorriu daquele jeitinho que mexe completamente com cada parte de meu subcontinente, me deixando ainda mais com cara de bobo apaixonado. Ele sorriu e inclinou minimamente a cabeça contra minha mão direita, aproveitando do carinho que recebia em sua bochechinha.
Eu me sentia nas nuvens.
— E-estou muito bem, Felixie. — Sua voz saiu sussurrada e rouquinha, causando um misto de arrepios pelo meu corpo. — Foi... Foi bom.
— Posso fazer de novo? — Ainda anestesiado pelas suas palavras, eu perguntei calmo e sorridente, tocando nossos narizes.
Quis transparecer a imagem de uma pessoa calma, mas eu estava praticamente saltando por aí gritando e falando para que todos pudessem ouvir: EU BEIJEI HWANG HYUNJIN! ELE SENTE O QUE EU SINTO!
Ele sente...
Certo, ainda é novo para mim a sensação de gostar tanto de alguém é ficar tão feliz ao ponto de querer pular e gritar aos ventos que seus sentimentos são retribuídos.
— P-por favor, Lixie. — Foi o que ele disse, voltando a fechar os olhos e juntar os lábios em um biquinho adorável. Ele consegue ser ainda mais fofo assim!
E eu fiz, aproximei novamente meus lábios dos seus e selei mais uma vez sua boca macia. Mas, para um toque maior e tentar saber se aquilo lhe agradava, comecei sugando lentamente seu lábio inferior e sorrindo pequeno quando Hyunjin deu um pequeno pulinho, possivelmente surpreso com a sensação.
Se isso for um sonho, por favor, me deixem dormir o resto da vida porque a séculos eu não tenho um sonho tão bom.
— Te assustei? — Perguntei ao me afastar, sorrindo fraquinho, abri meus olhos e encontrei os seus já abertos. Eles estavam arregalados e ainda mais maiores.
—Não, Lixie. — Ele sorriu timidamente, suas mãos estavam inquietas em suas pernas e eu segurei um riso curto.
— Coloque suas mãos em meus ombros, Hyunjinnie. — Ele me olhou nos olhos por segundos contados e sorriu pequeno, levantando seus braços e segurando em meus ombros com pouca força. — Se eu fizer algo que te incomode, por favor-
— B-beija de novo, Felixie. — Ele pediu fraquinho, me fazendo soltar um suspiro aliviado e concordar. — Hyunjinnie gostou.
Na terceira pessoa é golpe baixo...
Com a sua confirmação, tudo que eu fiz foi segurar em seu rostinho novamente e juntar nossos lábios mais uma vez. Confesso que eu estava me surpreendendo, já que meu autocontrole estava a todo vapor. Em outros casos, eu já estaria enfiando a língua na boca da pessoa e seja o que Deus quiser, mas com Hyunjinnie, eu sabia que o primeiro contato dele deveria ser calmo. Era o primeiro beijo dele. Eu sou o primeiro a fazê-lo sentir isso.
Eu fui o primeiro a ter a sorte de beijar essa boquinha linda e docinha. Já disse muitas vezes que não gosto muito de doces, mas como Hyunjin sempre é uma exceção, eu poderia passar horas experimentando seus lábios doces. Mesmo que só movendo os lábios e dando pequenas chupadinhas. São as melhores chapadinhas tímidas que eu já recebi na vida.
E foi justamente pensando nisso que prendi seu lábio inferior mais cheinho, rindo fraco quando suas mãos apertaram meus ombros de forma leve, causando um revirar a mais e minha barriga. Ele repetiu meu ato, me surpreendendo pela milésima vez naquele dia quando sugou meu lábios superior.
Certo, Hyunjin realmente é um poço de surpresas.
— Eu nunca gostei tanto de doce como gosto agora. — Confessei ao me afastar, sorrindo abobado quando encarei seu rosto, ele ainda estava de olhos fechados e as mãos apertando levemente o moletom que eu estava usando. Enquanto as minhas ainda estavam em seu rosto, fazendo um carinho pequeno em suas bochechinhas — A partir de hoje, eu amo torta de morango. — Lhe dei mais um selinho, sorrindo pequeno. — Amo comer fotinha de morango indiretamente.
— E-eu... Eu g-gosto de milho também. — Disse fraquinho, me fazendo sorrir ainda mais abertamente e selei novamente seus lábios num selinho rápido.
— Você está mesmo bem, Hyunjinnie? — Perguntei baixinho, aproximando seu nariz de sua bochecha e sentindo o cheirinho gostoso do hidratante e protetor solar que usamos antes de vir para cá. — Não me perdoaria se fizesse algo que te incomodasse. — Confessei.
— Estou bem, Lixie... — Ele riu fraquinho, apertando meus ombros ligeiramente. — Foi... Bom. Nunca dei b-bitoquinhas em ninguém, e com você foi... F-foi do jeito que pensei. — Com um sorrisinho pequeno dançando em seus lábios bonitos, ele disse.
Pensei que morreria de parada cardíaca quando ouvi isso de sua boca. Bitoquinhas...
— Do jeito que pensou? — Decidi brincar um pouco, me afastando de seu corpo por completo e me sentando próximo a si. — Você pensou nisso? — Apreensivo, perguntei.
Eu quero ouvir ele falar sobre o que sente, tive a confirmação vinda de seu pai ( de uma maneira muito constrangedora) mas eu queria realmente ouvir sua voz ao dizer que gosta de mim. Que gosta romanticamente de mim.
De mim!
— Sim... — Foi o que respondeu, levando as mãos até as orelhas vermelhinhas. — É v-vergonhoso dizer sobre isso, m-mas... Mas eu penso muito nisso desde o d-dia no meu closet.
Eu acho que de infarto eu não morro mais, meu coração já está acostumado com a velocidade de batimentos acelerada, e tudo isso por culpa de Hyunjin.
— Diga algo, Lixie! — Ele disse em um riso curto, visivelmente tímido com essa situação toda. — Que v-vergonha. Poxa...
— Eu ainda estou... hum... Nervoso. — Confessei, respirando fundo para finalmente ter aquela conversa reveladora com ele. — Pensei que não chegaria a esse momento.
— Como assim? — Juntou as sobrancelhas em pura confusão, deitando a cabeça levemente para os lados como sempre costuma fazer.
Fofo, fofo, fofo!
— Não imaginei o momento que te contaria sobre... Sobre meus s-sentimentos. — Disse então, sentindo minhas mãos tremerem de nervosismo. — Quero dizer... Ainda é recente para mim saber que, bem... Você também sente.
— S-saber? Como?! — Alterando sua voz um pouco, Hyunjin pareceu surpreso com a minha confissão. — O Lixie percebeu? P-pensei que estivesse indo bem fazendo o que vovô falou...
Como é?!
— Como assim?! — Foi minha vez de ficar confuso
Como assim vovô? Hwang-hee, meu chefe?!
— É-é que... Puxa Lixie, é d-dificil falar com tantas sensações gostosinhas b-borbulhando aqui. — Notei sua mão ir em encontro com o seu peitoral e os dedinhos longos apertarem fracamente seu moletom lilás, me fazendo rir baixinho.
Poderia sim estar nervoso, mas essa era, de longe, uma das melhores conversas que estou tendo com Hyunjin. Ele estava completamente soltinho e demonstrava confiança em cada palavra dita. É tão bom vê-lo assim.
— Tudo bem, também estou sentindo esse borbulhar na barriga. — Segurei em sua mão, entrelaçando nossos dedos. — Mas queria deixar claro que eu também sinto, Hyunjinnie. Sinto o que você sente. — Trouxe sua não entrelaçada a minha até o encontro de meus lábios, a selando com certo carinho. — O sentimento é verdadeiro.
— Lixie sente... — Ele murmurou, olhando para o horizonte banhado pelas águas do mar e as cores laranja, rosa e lilás se juntando ao branco e azul do imenso céu. Encarei sua boca novamente, com uma vontade avassaladora de sentir aqueles lábios docinhos tomando conta dos meus pensamentos novamente.
É certo dizer que eu estou quase viciado em beijá-lo, mesmo que não passemos de sugadinhas e selinhos curtos?
— Sinto. — Confirmei, com aquela mesma sensação gostosinha de um revirar ansioso de minha barriga, sorri instantaneamente. — E eu estou tão feliz em saber que você também sente.
— Como... C-como sabe? — Juntou as sobrancelhas, apertando minhas mãos— Poxa, você é muito i-inteligente, Lixie! S-so tive certeza que Felixie sentia depois de ouvir você dizer com Jisung...
COMO É?
Ele... Ele ouviu?!
Que vergonha, que vergonha!
— V-você ouviu? O que você ouviu? — Perguntei, sorrindo nervoso.
— Você dizendo que... Que g-gostava muito de mim. — Ele sorriu pequeno, levando a mão livre até sua orelha.
Agora essa conversa passou a ser ainda mais constrangedora para mim. Jurei que estava sendo discreto ao confessar meus sentimentos para Jisung! Ele realmente sabe de tudo e agora não sei se sinto uma felicidade avassaladora ou uma vergonha de matar.
— Bem... Você sabe a quanto tempo? — Perguntei, sentindo o suor descer por minha nuca e nem era por conta do beijinho que demos minutos atrás.
— Duas semanas...— Ele olhou para o relógio digital em seu pulso, me deixando confuso. — Doze horas, cinco minutos e sete s-segundos.
Ele contou até os segundos?!
Hyunjin...
— Você é a melhor pessoa desse mundo horrível, docinho. — Não contive a vontade em abraçá-lo, trazendo sua cabeça de encontro ao meu peitoral, distribuindo beijos por seu cabelinho comprido e acariciando o couro cabeludo.
Seu corpo se moveu quando uma risada baixinha foi solta por si e ele rodeou minha cintura com os braços relutantes, me deixando feliz novamente naquele dia.
— E eu só soube porque seu pai me disse hoje, Hyunjinnie. — Confessei, acabando com aquela magia onde ele achava que meu raciocínio é rápido o bastante para coisas como relacionamentos. — Mas... Hum... Eu já desconfiava.
— P-papai? Papai contou?! — Ele se afastou do meu abraço, me olhando com aqueles olhos que expressavam mais do que eu podia imaginar.
— Não foi por querer! — Sei risada, segurando em suas mãos novamente. — Ele deve ter achado que a-a gente já estava tendo algo e.. Quis me avisar sobre algumas coisas.
— Tendo... Algo? — Juntou as sobrancelhas, arregalando os olhinhos novamente quando pareceu entender que tipo de "tendo algo" eu estava falando. — Bitoquinhas? B-beijos?
— Bitoquinhas e beijos, Hyunjinnie. — Sorri, o trazendo de volta para meu peito. — Aliás, eu fui uma boa primeira bitoquinha? — Perguntei divertido, como se o meu cérebro não estivesse dando pane com as informações fornecidas por Hyunjin.
As vezes eu consigo ser um bom ator também.
— N-não tinha como ser outra pessoa, Lixie. — Ele confessou e senti o nervosismo tomando seu corpo novamente quando seus braços apertaram minha cintura com certa força, sorri.
Nós estávamos tendo a conversa mais fofa que eu poderia ter após dar bitoquinhas em alguém. Isso nunca me ocorreu, nunca fiquei assim com alguém depois de dar beijos e bem, sempre que ficava com alguém, o momento ultrapassa completamente a linha imaginária de apenas beijos. Com Hyunjin não, eu apenas queria sentir novamente o sabor do morango em seus lábios e ficar com ele assim, pertinho do meu coração enquanto faço carinho em seu cabelo comprido e conversamos sobre coisinhas aleatórias, mesmo que nossa conversa agora seja sobre as sensações que o primeiro beijo trouxe a si.
— Você foi a melhor primeira b-bitoquinha que tive. — Sussurrou novamente, deixando um misto de sensações explodindo dentro do meu peito.
🧚🏻♂️🍨
Nós já estávamos de volta à casa de praia da família Hwang. Hyunjin estava tomando banho para o jantar e eu... Bem, eu estava surtando enquanto Jeongin surtava junto comigo, pulando pelo meu quarto como um coelho após consumir um beck de drogas ilícitas.
Isso foi uma comparação muito errada, mas não consigo pensar direito se tudo o que ronda minha cabeça agora são as poucas confissões que eu e Hyunjin fizemos, os beijinhos curtos que demos e os sorrisos soltos em meio a conversa romântica de alguns quarenta minutos atrás.
Conversa romântica.
— Se beijaram mesmo?! — Gritando histericamente, ele se jogou na minha cama. — Meu Deus! Esse foi o beijo mais fof-
— Fala baixo, seu idiota! — Coloquei minha mão em sua boca, impedindo que ele continuasse sua gritaria. — Não quero que Junghyun apareça aqui querendo arrancar minha cabeça.
Eu sei que ele me deu total confiança para me aproximar mais intimamente de Hyunjin — Meu rosto ainda queima um pouco só de pensar na conversa que tivemos no carro — Mas eu ainda tenho certo receio de ele vir aqui e me sedar com suas agulhas cheia de anestesia e arrancar minhas... Preciosidades.
É um medo bobo, eu sei. Mas acho que é essa a sensação de estar apaixonado, certo? Com a paixão, vem o medo do pai da pessoa que você está apaixonado, mesmo que ele seja a pessoa mais tranquila desse mundo e... Ok, estou falando demais.
— Conta direito, Felix-ah! — Jeongin pediu quando tirei minha mão de sua boca. — Vocês só se beijaram?
— Claro que sim! O que você-
— Não é isso que to perguntando, bocó! — Deu um tapa na minha cabeça, me deixando confuso. — Estou perguntando se conversaram, sabe? O que disseram?
— Ah... — Murmurei, ficando envergonhado. — Nós... Hum... N-nós comemos coisinhas que ele e hwang-hee haviam feito, ainda lá em Seul. Aí a gente começou a falar sobre coisas que... Bem, coisas românticas.
— Românticas? — Jeongin perguntou com um sorriso retangular tomando conta de seus lábios.
— Sim. — Sorri também, relembrando das palavras que Hyunjin havia me dito. — Jeongin, eu nunca senti o que sinto por ele... E eu juro que não estou sendo emocionado, eu realmente nunca senti isso!
— Eu sou seu melhor amigo a mais de uma década, Felix. — Ele disse, sorrindo ainda mais abertamente. — É óbvio que sei que nunca se sentiu assim por ninguém. Até porque, em todos os seus relacionamentos, você e a outra pessoa sempre tem que foder igual loucos antes de-
— Eu já entendi! — Alerto, sentindo meu rosto queimar ainda mais.
Conviver com Hyunjin também está me deixando ainda mais envergonhado que isso normal.
— Mas então, o que vocês conversaram? — Se aproximou mais, com aquele sorrisinho engraçado na boca.
E eu comecei a contar tudo, desde o momento mais clichê da minha vida — Se bem que, parando para pensar, todos os momentos ao lado de Hyunjin se tornam tão clichês e adoráveis que sinto a minha barriga doer de tanta doçura...
Mas, voltando ao assunto, comecei dizendo do momento que limpei a boquinha de Hyunjin melecada pelo glacê da torta de morango e sobre as confissões meio indiretas que fizemos. Contei como segurei seu rosto corado com as mãos e beijei seus lábios lentamente, me aprofundando ainda mais naquele sentimento que só crescia aqui dentro de mim a cada dia que se passa. Jeongin surtava a cada palavra dita, segurando com força os cabelos como se estivesse se segurando para não gritar e correr pelo quarto, como costuma fazer.
— Meu Deus, que coisa mais...Fofa! — Ele diz, rindo alto. — Sério, Felix-ssi! Vocês se beijaram em um pôr do sol de frente para o mar enquanto comiam coisas que mais gostam, tem momento mais romântico que isso?!
— Eu sei e... E acho que não to sabendo lidar com isso direto. A felicidade que eu sinto aqui no meu peito vai explodir a qualquer momento! — Disse então, colocando as mãos em frente ao rosto, respirando fundo algumas vezes.
— E como ele lidou com isso? — Jeongin perguntei, rindo baixinho quando notou minha timidez evidente novamente. — Felix tímido? Essa é nova!
— Não fica me zoando! — Pedi, esfregando minhas mãos nas bochechas para que aquela quentura vitalícia sumisse de vez. — E... E Hyunjin reagiu da melhor maneira possível, ele se entregou completamente as sensações que estava sentindo, as sensações que proporcionei. — E, mais uma vez naquela noite, Lee Felix, vulgo eu mesmo, se encontrava completa e inteiramente rendido ao que o modo boiola foi ativado.
E Jeongin sorriu abertamente, me abraçando enquanto rolamos pela cama que me foi emprestada aqui na casa de praia dos Hwangs. Meu melhor amigo dizia e repetia que estava feliz e orgulhoso por eu ter superado toda aquela fase de negação e finalmente ter me entregado de vez para aquele sentimento avassalador que consumia meus pensamentos e sentimentos de forma incansável.
E, mais uma vez naquela noite, eu culpava Hyunjin por ser tão apaixonante ao ponto de me deixar embriagado só com o seu cheirinho de loção para bebês e necessitado de seu abraço quentinho e acolhedor.
Mas culpo e agradeço a mim mesmo por permitir que esse sentimento cresça ainda mais e floresça como rosas aqui dentro do meu peito.
Ok, isso realmente foi uma das coisas mais bonitas que eu disse na minha vida, se possível.
— Felix-ah? Jeongin? — Ouvi a voz de Hwang-hee assim que batidinhas na porta ecoaram pelo quarto. Eu e Jeongin nos sentamos sobre a mesa e trocamos olhares. — Venham! O jantar já está pronto! — Disse mais animado e pelo tom de voz, eu sabia que ele sorria.
— Estamos indo! — Eu disse, arregalando os olhos quando percebi que sequer tinha tomado o banho que disse que tomaria, já que passei todo esse tempo fofocando com meu melhor amigo sobre o beijinho que eu e o garoto que gosto, demos.
Sorri feito idiota. Estou falando tantas coisas bobas ultimamente.
Disse a Jeongin para que ele descesse e falasse que eu estava terminando de me aprontar para o jantar, mesmo que eu tenha acabado de começar a tomar banho. Acho que esse foi o banho mais rápido que tomei em minha vida inteira, e tenho plena certeza que vesti minha camisa com a frente para trás e meu cabelo está bagunçado, já que não tive tempo para passar um pente rapidinho nele.
E falando em cabelo, preciso retocar o loiro dele, já que está aparecendo muita da minha raiz castanha. Ou quem sabe, mudar de cor.
— Felix vai demorar? — Ouvi Junghyun perguntar assim que pisei o pé na cozinha.
Respirei fundo e espiei todos eles sentados ao redor da mesa de jantar. Jeongin estava sentado ao lado de Seungmin, como esperado, mas com Junghyun ao seu lado direito. Hwang-hee estava ao lado do filho e de Hyunjin, e bem...Hyunjinnie olhava fixamente para a porta da cozinha, exatamente onde minha cabeça apareceu para olhá-los. E quando me viu ali, abriu um sorrisinho envergonhado e acenou disfarçadamente com a mão direita, e desviou o olhar, fixando-o em seu prato vazio.
Ele usava um suéter amarelo com uma blusa branca por baixo, seu cabelo meio comprido estava dividido de forma diferente, seus óculos de armação prateada moldavam seu rosto harmônico de forma incrivelmente bonita. Eu nunca reparei tanto em pessoas e suas belezas particulares, mas ele em especial, conseguiu aguçar minha curiosidade apreciação e, minha nossa, como Hyunjin é lindo.
Realmente lindo. Possivelmente uma das pessoas mais lindas que eu tenha o privilégio de conhecer.
— Estou aqui! — Avisei ao entrar no local, sorrindo constrangido quando todos me olharam. Menos Hyunjin, já que sabia que eu estava ali. Mas notei quando o sorrisinho pequeno em seus lábios cresceu, dando lugar a um sorriso largo. — Me desculpem pela demora.
Sentei ao lado de Hyunjinnie, que era o único lugar vazio ali, sentindo meu coração acelerar instantaneamente ao que minha perna encostou na sua. Começamos a comer logo após Junghyun terminar de colocar as tigelas de comida pronta sobre a mesa, sorrindo para mim e dizendo que estava tudo bem sobre o atraso.
Jeongin olhava para mim disfarçadamente e sorria pequeno, me deixando um pouquinho mais constrangido.
— Como foi o passeio de vocês? — seungmin perguntou, tomando um pouco do vinho que Junghyun havia comprado para nós. Hyunjinnie tomava um suco de maracujá, já que além de ainda ser menor de idade, não podia tomar nada alcoólico por conta da medicação que estava tomando.
— Foi bem divertido. — Eu respondi, tentando não parecer tenso diante daquele assunto.
— C-comemos docinhos! — Hyunjin respondeu sorridente, bebendo um pouco de seu suco.
— Muitos? — Seungmin perguntou de forma divertida, já que aquele assunto em especial deixava Hyunjin meio irritadinho só em lembrar dos torturantes quatro meses que passou sem comer doces livremente.
— Ja to c-curado! — Ele disse, cruzando os braços e lançando um olhar nada amigável pro engraçadinho que sorria fracamente do outro lado da mesa. Não o julgo, eu mesmo tive que segurar a risada forte que queria sair sem permissão.
— Estou brincando, bobinho.— Ele disse, enfiando um bocado de arroz em sua boca.
Continuamos a comer e conversar sobre coisas do cotidiano. Eu aproveitei o prolongamento do assunto que Seungmin e Junghyun estavam tendo, sobre coisas que fariam amanhã, para segurar a mão de Hyunjin que estava apoiada sobre sua coxa, rindo fraquinho quando ele deu um pequeno pulo sobre a cadeira e virou o rosto em minha direção, sorrindo pequeno quando olhou para nossas mãos unidas em cima de sua perna.
— Algum problema, Hyun? — Junghyun perguntou aparentemente preocupado.
Hyun é um apelido extremamente adorável.
— Não, papai. — Ele sorriu, apertando minha mão devagar.
O resto do jantar foi tranquilo, tirando os momentos constrangedores que Jeongin me fazia passar, incorporando a minha mãe e tratando de contar para todos ali sobre como o Felix da infância era medroso e chorão. Mas eu sabia que ele estava apenas feliz em contar para outras pessoas como seu melhor amigo, no caso eu, sempre foi esse bobão sentimental de hoje em dia.
Mesmo que minha adolescência tenha sido conturbada.
— Como vocês se conheceram? — Hwang-hee perguntou para nós dois.
Nós já estávamos sentados no sofá da sala, jogando conversa fora e compartilhando de momentos engraçados de nossas vidas. Essa é, de longe, uma das melhores conversas que já tive em toda minha vida. Eu me sentia em casa rodeado por todas aquelas pessoas tão queridas.
— felix estava voltando da escola e uns cachorros começaram a correr atrás dele. — Jeongin respondeu sorrindo, deitando sua cabeça no ombro de seungmin, que sorriu grande, possivelmente imaginando essa cena.
— Sério? — Junghyun perguntou e quase afundei no estofado do sofá ao notar a dificuldade que tinha ao segurar a risada.
Hyunjin, que estava deitado sobre minhas pernas — Sim, tínhamos um sofá só para nós dois — Riu fraquinho também, levando as mãos até a boca.
— Sim! — Meu melhor amigo deu mais uma risada, ajeitando sua postura antes de continuar aquela história vergonhosa. — A gente tinha uns dez , mais ou menos. Eu e meu primo estávamos ajudando a cuidar de uns cachorros da vizinhança e, quando notamos, já tinha mais de seis cachorros em coleiras diferentes. Felix passou com a mãe enquanto voltava da escola e comia um hambúrguer de frango... — Ele parou para rir, tapei o rosto com as mãos. — Um dos pitbulls sentiu o cheiro da comida e começou a latir muito alto, Felix se assustou e saiu correndo, deixando a tia Taeyeon desesperada para trás enquanto todos os cachorros acompanharam os pitbulls da vizinha do lado e correram todos atrás dele...
Eu quis sumir só de lembrar do desespero que senti naquele dia. Desde então, eu prefiro gatinhos.
Tudo só ficou pior quando todos ali na sala começaram a rir feito loucos. Até Hyunjin riu alto! Eu nem podia reclamar, já que o som de sua risada aguda é extremamente contagiante, fazendo com que até eu desse risada daquela situação.
— No outro dia eu fui na casa dele pedir desculpa por tudo, éramos vizinhos a uns tempos mas nunca tínhamos trocado mais que bom dia é boa tarde. Eu levei outro hambúrguer de frango para ele e o hyung me chamou para entrar e brincar com seus legos. Éramos ótimos amigos no fundamental, mas depois que mudamos para a mesma escola, no ensino médio, nos tornamos melhores amigos.
— Que situação inusitada.— Junghyun disse após limpar as poucas lágrimas que saíram de seus olhos pela risada escandalosa que deu. Ele e Hyunjin tinham uma risada quase idêntica, mas a de Hyun é ainda mais engraçadinha.
Nós conversamos por mais um tempo até que meu casal de estimação fosse embora, dizendo que voltariam amanhã pela tarde para que nós quatro fossemos passear por Busan e matar um pouco da saudade que sentíamos daqui.
Como de costume, eu e Hyunjin subimos para o quarto dele para lermos algum livro que ele havia trago, nós nos deitamos em sua cama de casal e ele veio instantaneamente para se deitar em meu peito, me dando acesso ao cheirinho gostoso de seu cabelo preto e macio, fazendo um pouco de cócegas em meu pescoço.
— Que livro você trouxe, docinho? — Perguntei rodeando seu corpo com o braço, o abraçando pelos ombros e fazendo um carinho curto em seu cabelo. Tão coisa de casal.
— O amor não é óbvio. — Ele respondeu sem gaguejar, abrindo o livro sobre um romance lésbico, pelo visto.
Ele estava ficando muito bom em indiretas diretas.
— Mais uma indireta direta? — Perguntei com um sorriso contido, segurando em seu queixo com a mão livre e levantando seu rosto um pouquinho, para que eu pudesse olhar seu rosto melhor.
— S-sou novo nisso, Lixie. — Ele murmurou baixinho, sem me olhar nos olhos. — Estou... Tentando demostrar.
Ele está tentando.
E eu estou entendendo perfeitamente.
— Acho que você está indo muito bem. — Respondi então, deixando um beijinho na sua testa. — Quer mesmo lê agora? — Ele negou com a cabeça, se levantando e guardando o livro em sua escrivaninha, sentando sobre a cama. — O que quer fazer?
— C-conversar. — Sorriu timidamente, olhando para a janela de seu quarto.
Me aproximei de si, sentindo falta do momento que estávamos tendo poucos segundos atrás e sentei próximo ao seu corpo, sem o tocar novamente.
— Tem algum assunto em específico que queira falar? — Perguntei, ficando meio preocupado.
— N-não, Lixie. — Ele sorriu, virando o rosto e me olhando por poucos segundos. — Só gosto de ouvir você f-falando de qualquer coisa que gosta.
— Eu gosto de você. — Confessei isso pela primeira vez em voz alta para que ele ouvisse, e o sorriso que cresceu tanto em meu rosto, quanto no dele, foi gigante. — E-e de pizza. — Mordi o lábio inferior, ficando tímido.
— Gosto de p-pizza desde o diz que comi com você, Felixie. — Sorriu, deitando sob a cama. — E... Você é o p-pozinho das minhas asas.
Franzi o cenho, tentando entender do que ele estava falando e arregalei os olhos ao notar a referência sobre os filmes da Tinker Bell naquela frase. Fadas não voam sem o pozinho mágico. Bom, pelo menos em Tinker Bell, é assim.
Ele estava se declarando para mim, mais uma vez.
— Hyunjinnie... — Eu sorri e acompanhei sua trajetória, me deitando e agarrando sua mão esquerda. — Você é muito melhor nisso do que eu. — Confessei, selando sua mão com um pequeno beijinho.
— Em quê, Felixie? — Olhando para o teto, ele perguntou com um sorrisinho curto.
— Em romance e em me deixar bobinho. — Confessei, beijando sua mão novamente.
Ele continuou em silêncio, rindo fraquinho e levando a sua mão desocupada até o rosto, cobrindo-o. Eu estava ali, apenas admirando e tendo certeza do quão incrível ele era.
— Já que você disse que gosta de me ouvir falar sobre o que gosto... — Comecei dizendo, me ajeitando mais um pouquinho na cama para poder ficar à altura de seu rosto. — Porque não jogamos um jogo?
— Qual? — Ele virou o rosto minimamente, me olhando.
Eu gosto quando ele me olha.
— Você diz algo que gosta em mim, e eu digo algo que gosto em você. Pode ser? — Sorri, desviando os olhos dos seus e olhando para sua boca.
Quis beijá-lo novamente. Nossa, como eu quis.
— Pode, Lixie. — Ele sorriu mais uma vez, desviando os olhos dos meus e olhando para minha boca. Senti o ar faltando em meus pulmões.
— Eu começo? — Levantei meu olhar, segurando em sua mão com mais força. Hyunjin balançou a cabeça, desviando o olhar da minha boca para qualquer lugar que não fosse eu. — Certo... Hum... Eu gosto dos seus olhos. — Disse então, rindo fraquinho quando sua mão desocupada foi diretamente para os óculos e os tirou, tocando lentamente as pálpebras de seus olhos grandiosos.
— M-meus olhos? — Parecendo surpreso, ele sorriu pequeno. — Por quê? — Colocou novamente os óculos em seu rosto.
— Eu sou apaixonado pelo universo, Docinho. — Falei baixinho, colocando uma mecha de seu cabelo meio comprido atrás de sua orelha, aproveitando esse movimento e deixando minha mão ali, fazendo um leve carinho em sua bochecha. — E seus olhos me lembram o grande universo escuro, mas com milhões de estrelas brilhantes e encantadoras. — Sussurrei, me aproximando ainda mais de si.
Hyunjin sorriu envergonhado e levei minha mão até a armação de seu óculos, os tirando de seu rosto mais uma vez. Ele piscou os olhos algumas vezes, rindo ainda mais quando fixou os olhos em meu rosto.
— H-Hyunjinnie... Não... E-eu não sei o que dizer, Felix. — Ele confessou, ainda sem deixar de me olhar.
Quando ele faz isso, eu sinto minha alma sair e voltar para meu corpo. Mas de uma. Maneira incrivelmente fantástica.
— Não precisa falar nada sobre as confissões, bobinho. — Sorri, fazendo um carinho curto em sua bochecha com meu polegar. — Diga algo que gosta em mim.
— Gosto do seu cabelo. — Falou, levando a mão até minha cabeça e puxando levemente alguns fios do meu cabelo. — Eu não g-gostava de amarelo, Lixie. Mas g-gosto muito do amarelo do seu cabelo. — Ele sorriu, me fazendo fechar os olhos ao que afundou os dedinhos longos em meus cabelos, fazendo um cafuné meio pesado. — P-perdi medo das cores.
— Medo? — Juntei as sobrancelhas, sentindo meu coração acelerar de maneira ruim.
— É... — Fechou os olhos, me deixando mais confuso. — M-mas não q-quero falar sobre isso, Felix.
— Você realmente progrediu. — Falei, sem me aprofundar no assunto. — Está até usando um suéter amarelo!
Decido respeitar sua decisão, pensando em algo para falar sobre sua confissão ao dizer que gosta do meu cabelo. Suspiro logo em seguida, é até difícil sitar apenas uma coisa que gosto nele.
— Também gosto do preto do seu cabelo. — Foi minha vez de dizer, repetindo seu ato, afundando meus dedos em seus cabelos e acariciando levemente ali, suspirando abobado quando ele fechou os olhos.
— O que mais gosta em mim, Doce? — Perguntei, interessado demais em saber o que havia em mim que o agradava e o que não agradava.
— O joguinho não é assim, Felixie! — Ele riu, negando com a cabeça.
— Ok, ok. — Desci meus olhos novamente pelo seu rosto, encarando sua boquinha entreaberta e mais rosadinha que o normal e seus dentes aparecendo pela pequena abertura ali, me fazendo suspirar.
Não era esse o rumo que eu queria tomar, mas Hyunjin acaba com qualquer estrutura de meu corpo, fazendo com que eu deixe qualquer pensamento preocupante de lado e fique somente ali, no momento que estamos tendo juntos.
E eu queria muito beijá-lo novamente.
— E gosto da sua boca. — Disse sincero, prendendo um riso baixo quando seus olhos abriram rapidamente e ele me olhou por breves segundos, sorrindo envergonhado.
Eu estava amando esse momento de confissões e declarações feita por nós. Saber o que ele gosta em mim é algo que me deixa radiante, e quando seus olhinhos curiosos desceu o caminho de meu rosto até parar em minha boca, a felicidade que senti percorrer todo meu corpo foi inebriante.
— T-também gosto da sua, Felixie. — Ele tirou a mão que estava em meu cabelo e aproximou-a de meu rosto, tocando timidamente meus lábios e notei seu sorrisinho morrer aos poucos, dando lugar a uma expressão fascinada. — É... Macia e... Fofa.
Fofa.
Ele acha minha boca fofa. Acho que irei pirar.
— Posso fazer aquilo novamente, docinho? — Perguntei calmo, tentando não parecer um pouco desesperado por outro beijo seu. Ele concordou, me deixando feliz por isso finalmente está acontecendo. — Confesso que achei que nunca iria conseguir um beijo seu. — Em um surto de coragem, eu digo sincero.
— Por que? — De olhos fechados, ele pergunta e sinto sua mão apertar a minha, denunciando o pouco nervosismo correr em seu corpo, assim como no meu.
— Tenho medo de fazer algo que te deixe mal, Doce Hyunjinnie. — Me aproximei mais de si, deixando nossos corpos próximos e voltei a tocar sua bochecha com minha mão. Nossos rostos estavam próximos novamente. — Nunca cheguei a cogitar de verdade a ideia de uma aproximação assim. Mas eu queria muito, muito mesmo.
Talvez eu esteja sendo muito rápido ao dizer essas coisas, já que nosso primeiro beijo aconteceu a quase quatro horas atrás e eu já estou aqui mais uma vez , querendo sentir a textura de seus lábios contra os meus. Mas não tenho culpa se tudo em Hyunjin é extremamente viciante.
— Eu confio em você, Lixie. — Ele disse ainda de olhos fechados. — G-gosto quando toca e... E a-agora gosto de beijinhos na boca, gosto quando você faz. — Apertando um pouco mais a minha mão, ele disse num sussurro, respirando fundo quando o beijei na bochecha, testando as reações aprovadoras de seu corpo. — Então, f-faz de novo, por favor.
E eu fiz, dei fim aquela tortuosa distância entre nosso lábios e o beijei com suavidade, segurando em seu rosto com a mão livre e sorrindo fraco quando a sua, que não era agarrada pela minha outra mão, se fechou ao redor do meu ombro, o apertando sem muita força.
Nunca irei me cansar de dizer que, santa divindade, beijar Hyunjin está longe de ser igual a beijar qualquer outra pessoa. Seus lábios são extremamente viciantes e deliciosos, também nunca irei me cansar de dizer os efeitos que eles causam em mim, nem que seja no mínimo toque. Foi um selinho curto, mas o prolonguei ao dar mais uma chupadinha em seu lábio inferior, acariciando o dorso de sua mão e a bochecha quente, deixando tudo ainda mais memorável.
Ele queria memórias boas em Busan, eu estava aqui para proporciona-las.
— Eu também gosto quando te beijo. — Disse então, sem lhe dar espaço para qualquer pensamento, voltando a beijá-lo.
Ele sorriu contra minha boca, apertando meu ombro com um pouquinho mais de força e eu continuei a distribuir selinhos por seus lábios que, agora, tinham gosto de suco de maracujá, e mesmo que fosse apenas um encostar calmo de lábios, eu conseguia sentir o frescor da fruta. Descobri que amo tomar suco de maracujá indiretamente.
Ficamos daquele jeito por no mínimo dez minutos, traçando selinhos e carícias no cabelo e rosto, falando coisinhas bobas e continuando nosso joguinho adorável de declarações e momentos que gostaríamos de compartilhar. Eu estava feliz, depois que cheguei em Busan, não tive tempo para pensar em mais nada que fosse Hyunjin e no que fazer com ele durante nossa estadia aqui.
Mas, assim que sai de seu quarto e voltei para o meu, deitando minha cabeça entre os travesseiros macios da cama, me peguei pensando no que ainda estaria por vir. Meu objetivo aqui em Busan é falar com mamãe e trazê-la junto a mim para Seul, não quero deixar ela viver nem mais um segundo junto daquele homem, já basta todos esses anos de relacionamento tóxico vivido por ela.
E junto desses pensamentos, também me veio à memória os momentos que tive com Hyunjin. Nossos beijinhos e sorrisos trocados durante a conversa que tivemos em seu quarto.
Eu não consigo acreditar que realmente aconteceu. Ainda me parece um sonho distante saber que mais um passo foi dado em nossa relação e agora não somos apenas amigos.
Não tem como ser apenas amigo dele, não quando um sentimento tão forte cresce cada dia mais aqui dentro de mim, transbordando de meu coração para todo e qualquer centímetro de meu corpo. Um sentimento bom, o melhor que já senti até hoje.
E, com esse pensamento bom, eu durmo tranquilamente, sem pesadelos ou alguém para atormentar meu sono, apenas durmo calmo e sorridente.
Ao acordar, faço as higienes matinais e respiro fundo para sair do quarto, ouvindo a risada escandalosamente fofa de Hyunjin no andar de baixo, e automaticamente começo a rir baixinho também. Eu estou tão apaixonado.
— Felix-ssi! — É Hwang-hee quem diz, parado em frente ao fogão e com um sorriso enorme em sua boca enrugadinha. — Bom dia, teve uma boa noite de sono?
— A melhor em muito tempo. — Confesso, me sentando ao lado de Hyunjin na mesa de jantar. Ele se mantia caladinho desde que entrei aqui mas o sorrisinho que ele tentava, mesmo que inútilmente disfarçar, estava presente em seus lábios. — Bom dia, Hyun. — Usei o apelidinho que vi seu pai lhe chamar ontem. Ele virou minimamente o rosto para me olhar e a confusão se instalou em meu rosto quando notei uma expressão meio bravinha em seu rosto.
— P-prefiro docinho... — Foi o que ele respondeu, me fazendo rir baixinho ao entender o motivo de sua pequena irritação.
Ele ama esse apelido. E eu amo chamá-lo assim.
— Doce numa hora dessas, Hyun? — hwang-hee me interrompeu quando iria falar algo, fazendo Hyunjin arrecadar os olhos ao lembrar-se que seu avô ainda estava ali. Sim, doce Hyunjinnie. Ás vezes eu também me esqueço da presença de qualquer pessoa quando estamos.
— Não, vovô! — Alem de sua fala, ele balançou a cabeça algumas vezes antes de voltar sua atenção para o meu chefe, com um sorrisinho curto. — D-docinho é eu. — Deu uma risadinha baixa e Hwang-he fez uma expreção engraçada, mas que deu para percebe que ele havia sim entendido do que Hyunjin falava.
Sim, um dos unicos docinhos que eu gosto.
Pensei em dizer, mas não passou de um pensamento rápido. Já que a porta sendo aberta por Junghyun me tirou de meus devaneios,
— Oh. Bom dia, Felix-ah. — Ele sorriu ao me ver, sorri para si em um cumprimento rápido. — Pai, vamos tomar café rapidamente, preciso está logo cedo lá. — É o que ele diz ao olhar para meu chefe.
Lá.
Lá, a onde?
Pensei novamente em perguntar, mas tudo que saiu foi um suspiro curto.
— Vocês vão sair com os meninos mais tarde, certo? — O medico pergunta para mim e Hyunjin, balanço a cabeça em concordância. — Tem dinheiro na ultima gaveta da comoda em meu quarto, Felix, pegue o que achar necessário para saírem. — Com um sorriso pequeno, ele diz.
As vezes eu fico estarrecido com a confiança que recebo dessa famila, sei que temos alguns longos e bons meses de convivência, mas ainda fico meio emocionado com a confiança que tenho deles.
— Certo! — Digo enfim, animado para me aventurar pelas ruas de busan novamente com meus amigos e alguém em especial.
E como Junghyun havia dito, ele e seu pai saíram logo após terminarem de comer, deixando Hyunjin e eu sozinhos. Não quero parecer indelicado ou ate mesmo egoísta, mas, nós estávamos finalmente sozinhos.
— Quer assistir algo para passar o tempo, docinho? — Sorri para ele, tentando não transparecer demais a minha felicidade de estar tendo esses momentos gostosinhos com ele.
Mas, quando ele iria me responder, meu celular o calou ao soar alto pela cozinha quieta. Rápido, eu o peguei, sorrindo ao ver o rosto de minha mãe brilhar pela tela do aparelho.
— Mamãe! — Sorri olhando para Hyunjin, que também abriu um sorriso animado quando ouviu meu tom de voz animado.
— Felix, meu amor! — Sou voz estavamais longe e eu dei uma risada curta quando sons de panelas batendo se fez presente. — Desculpa o barulho, Hyunjinnie, estou organizando as panelas do café da manhã.
— Como sabe que ele estaria aqui, mãe? — Confuso, perguntei ao notar o sorriso de Hyunjin crescer ainda mais.
— E vocês se desgrudam? — Chaque mate, eu estava vermelho novamente.
— Mãe! — Foi a unica coisa que eu consegui dizer.
— Tudo bem, tia ! — Hyunjin deu lugar a sua fala, se aproximando ainda mais para poder conversar tranquilamente com minha mãe. — Não s-se preocupa muito com meus o-ouvidos, não doeu.
— Que bom, anjinho! — Ouvi sua risada contagiante ecoar pela ligação, fazendo com que eu e Hyunjin rissemos juntos. — Como estão as coisas ai em Seul, meus amores? Estão aproveitando bem as ferias?
Ao ouvir o que foi dito, Hyunjin olhou para mim por poucos segundos, aparentemente tentando saber se eu falaria agora que não estavamos mais em Seul e sim em Busan. Quis desaparecer com aquele sentimento de nervosismcrscente em meu corpo mas limetei meu mini surto a apenas um suspiro, tomando a devida coragem para finalmente dizer o que deveria ser dito.
— Esta sim, mamãe. — Foi o que eu disse, notando o olhar um pouco entristecido de Hyunjin ao ve-lo encarar a mesa de jantar. — E com você ai em Busan?
— Está tudo bem!
A nossa conversa não demorou a ser findada, ja que mamãe precisava ir ao mercadinho que tinha próximo a sua casa para comprar algumas coisas que estavam em falta. Suspirei ai dar fim a ligação, chateado comigo mesmo pela covardia.
— lixie, p-por que mentiu? — Balançando as pernas de forma nervosa, hyunjin perguntou com uma tonalidade de voz que denunciava preocupação. Suspirei, sentindo meu coração acelerar.
— É... Complicado, hyunjinnie. — Não quero te meter nessa confusão. — Muito complicado.
— Você tem problemas com... Com seu pai? — Arregalei os olhos diante de sua hipótese certeira, sentindo minhas mãos começarem a suar so de imaginar o rumo que essa conversa tomaria. — Nunca diz nadinha sobre ele...
— É meio... Complicado. — Foi tudo que eu disse, me levantando e pegando um pouco de água para molhar minha garganta seca.
— O Lixie não c-confia em mim? — Arregalei novamente os olhos quando ouvi suas palavras, quase me engasgando com a agua. — Q-quero que confie em mim, Lixie. Eu sei n-não sou o melhor com palavras e meu r-raciocinio e m-meio lento, mas-
Não esperei que ele dissesse mais nada sobre se mesmo, me aproximei de seu corpo sem medo e o abracei com força. Ouvir aquilo sair de sua boca me deixou completamente assustando, ele sabe, mesmo que sem certezas, que tenho problemas com meu...Pai, e eu jamais imaginaria que isso iria acontecer.
— É claro que confio em você, Hyunjinnie! — Falei, ainda lhe abraçando com certa força. — Confio muito em você, nunca duvide disso, esta bem? — Desfiz o abraço, segurando nas laterais de seu rosto e mesmo que ele não me olhasse nos olhos, senti necessidade de fazer. Tive um leve medo de assusta-lo com essa ação repentina, mas o sorrisinho conformado que cresceu na boca de hyunjin dicipou qualquer sentimento de receio para longe de meu corpo.
— Jura, jura?
— De dedinho. — Respondi, juntando nossas testas. Pela pouca diferença de altura, hyunjin precisou se abaixar minimante para que o ato fosse concretizado. — Tenho medo de assustar você ao contar as coisas que meu pai fez comigo, docinho. Mas saiba que não foram coisas legais. — Confessei num sussurro, sentindo aquela tipica ardência nos olhos por conta do choro que queria sair.
— Não gosto do seu pai, Lixie. — Ele disse com uma seriedade surpreendente. — Não g-gosto de ninguém que te deixe mal.
Hyunjin realmente quer me fazer chorar as nove da manha. Ele tem noção das coisas que falar desse assunto, em especifico com ele, me causam?
— Eu também não gosto da sua mãe. — Digo então, deixando um beijinho curto em sua bochecha. — Nem de ninguém que ja tenha te feito algum mal nessa vida. Por mim, todos deveria sumir. — Fui sincero e hyunjin riu baixinho.
— Não é certo d-desejar o mal de alguém, felixie. — Ele repreendeu, diminuindo o sorriso um pouquinho.
— Tem razão.— Respondi, sem estar realmente arrependido do que eu disse. — Vamos fazer um acordo?
— Qual? — Interessado, ele pergunta baixinho.
— Vamos ser confidentes um do outro.
— C-cofidentes? — Rindo fraco, hyunjin perguntou calmo.
— Sim, eu conto para você e você conta para mim. — Sorri novamente, acariciando sua bochecha mais uma vez. — Mas so quando achar que é o momento certo, tudo bem? Não vamos nos forçar a nada.
— Tudo bem, Felixie.
🧚🏻♂️🍨
— Vai devagar, Seungmin! — É o que eu digo aqui no banco traseiro do carro do pai do Kim, rindo menos desesperado quando, atendendo meu chamado, Seungmin desacelera o carro e solta uma risada fraca.
— Que medo é esse, Felixie? — O apelido sai provocante de sua boca e eu quase consigo ver meu cerebro ao revirar os olhos. Prefiro quando Hyunjin me chama assim.
— Você está levando a gente para uma sorveteria, não ao necrotério. — Resmungo e solto um suspiro alto, relaxando o corpo no estofado quando Hyunjin solta uma risadinha curta.
É tão bom ver ele descontraído assim.
— Felixie? — O chamado sai como uma linda melodia por seus lábios, fazendo um sorriso crescer rapidamente em minha boca.
— Sim? — Mudo completamente meu tom de voz ao responde-lo. E isso me deixa levemente envergonhado quando Jeongin faz um barulho engraçado, sendo acompanhado por uma risada nada discreta de Seungmin.
— Vamos mesmo na s-sorveteria? — Ainda desacreditado, ele pergunta olhando pela janela fechada do carro, analisando as ruas movimentadas de Busan ou talvez apenas pensando em alguma coisa.
— Vamos, docinho. — Respondi com um sorriso curto, apertando levemente sua mão. — Você pode escolher o sabor que quiser.
Ainda mais cedo, enquanto esperávamos por Seungmin e Jeongin, Hyunjin me confessou que nunca havia ido a uma sorveteria antes, já que seu pai sempre esteve ocupado para sair em outros lugares além das programações que tinham, e bem... Sua mãe não gostava muito de sair com ele. Juro que ainda tenho esperanças que tudo o que eu penso dessa mulher seja falta de interpretação minha, mas as coisas que venho descobrindo sobre ela, me faz ter a certeza do tipo de gente que ela era. E tenho quase certeza de que ela não era, como Hyunjin costuma dizer, alguém legal.
— Chegamos, senhor Lee drama Felix.— Seungmin diz assim que estaciona em frente a uma sorveteria que eu, Jeongin e alguns amigos nossos costumávamos vir, e confesso que senti meus olhos arderem levemente com a nostalgia boa que senti ao olhar para aquele estabelecimento, aparentemente reformado.
Quando entramos no lugar, fomos até o balcão fazer nossos pedido e tudo mais. Como de esperado, Hyunjin pediu um sorvete de morango com frutas calda de vermelhas e confetes, muito doce. Eu por outro lado, pedi um de chocolate tradicional, sem confetes e apenas a calda de chocolate deliciosa— Eu sou rendido por sorvete de chocolate, estou adepto a julgamentos.
Jeongin e Seungmin pediram um milkshake grande para cada um, o de Jeongin sendo de frutas vermelhas e Seungmin pediu um de baunilha. Esperamos a atendente assinar certinho cada pedido e nos sentamos em uma mesa de quatro lugares, jogando conversa fora enquanto nossos pedidos eram preparados.
— Quando você vai visitar a tia, Felix-ah? — Jeongin perguntou retraído, fazendo com quê meus olhos duplicassem de tamanho diante da pergunta repentina.
— Eu... Hum... — Mordi o lábio inferior, pensando na resposta que daria. Senti quando Hyunjin apertou minha mão levemente, me passando um sentimento puro de segurança e cuidado inexplicável. — Amanhã, meu.. Aquele cara possivelmente não vai estar amanhã lá, já que é segunda-feira. Então vou aproveitar para ir vê-la.
— Não vai pensando que irá sozinho, ouviu? — Ele anunciou, com uma expressão preocupada em seu rosto. — Se aquele desgraç- Sem noção estiver lá e tentar fazer algo contra você, eu juro que um soco bem grande ele irá levar. — Ele diz e, apesar da ameaça perigosa, o sorriso retangular que contorna seus lábios me traquilizam.
— E-Eu também! — Hyunjin, me surpreendendo mais uma vez, diz baixinho. — N-não a parte do soco, por que poderia doer em mim também...
Sério, de qual fábrica de fofura que esse garoto saiu? Não é possível que ele exista e tenha sido feito por seres humanos, a raça mais errônea desse mundo!
— Não vamos dar socos em ninguém, docinho. — Respondi, com um olhar repreendedor para Jeongin e seungmin, que nos encaravam com a maior cara de bobocas possível.
— Docinho... — Seungmin repetiu, olhando de forma divertida para mim. — Não era você que é inimigo declarado de doces?
— Mas d-docinho sou eu, Seungmin! — Hyunjin baixinho, negando com a cabeça. — Felix-ssi disse que não é m-meu inimigo.
— Ai, que vontade de apertar! — É Jeongin falando, rindo fraquinho e apertando as próprias bochechas, olhando para hyunjin com um olhar engraçado.
Hyunjin automaticamente levou as próprias mãos até as bochechas, possivelmente imaginando o ardor que teria ali caso jeongin perdesse a noção e fizesse o que havia dito. E, repetindo o que eu disse um tempo atrás, ele fez isso a um primo meu quando éramos pequenos.
— Seus pedidos, garotos. — O garçom sorriu ao chegar em nossa mesa, me encarando por poucos segundos e, juro de mindinho, senti está no julgamento do inferno com aqueles olhos azuis me encarando de um jeito meio... Familiar. — Bom apetite. — Ele sorriu para nós quatro, voltando ao seu trabalho.
Fiquei confuso com sua ação que não durou mais que cinco segundos, mas resolvi deixar de lado e voltei minha atenção aos meninos, rindo e aproveitando ao máximo nossos momentos de alegria e, deixo claro, a explícita vergonha que esses dois bocós me fazem passar.
— Achei estiloso seu colar, felix. — Seungmin disse em uma clara provocação, aprontando para a corrente pendurada em meu pescoço e o anelzinho que Hyunjin havia me dado, estava ali, servindo de pingente. Mas era mais que um pingente.
— Foi eu quem deu! — Hyunjin sorriu animado, comendo mais um pouco de seu sorvete completamente rosa e vermelho.
— É uma gracinha, Hyunjinnie. — Ele disse a Hyunjin, mudando completamente a entonação de voz ao olhar para o garoto ao meu lado.
Sorri e neguei com a cabeça, pegando um guardanapo para limpar o queixo de Hyunjinnie que estava meladinho com calda de frutas vermelhas. É confesso que minhas bochechas esquentam igual aos raios solares ao lembrar que foi esse pequeno ato que deu desenvolvimento ao nosso beijo de ontem.
É oficial. Eu não vou conseguir esquecer daquele momento tão cedo.
Quis que tudo ali sumisse e estivesse somente eu e Hyunjin, sentados na mesma pedra grande de ontem e trocando selinhos curtos. Senti meu estômago se revirar só de lembrar da sensação de ter os lábios de Hyunjin juntos aos meus, é uma sensação... Inexplicável.
— Hyunjinnie? — Me tirando de meus devaneios apaixonados, a voz meio preocupada de Jeongin toma conta de meus ouvidos. Junto a sensação de não estar mais segurando sua mão, já que ele soltou a minha.
Olho rapidamente para ele e junto as sobrancelhas confuso ao notar sua expressão assustada, e é visível que ele não esteja bem. Com essa conclusão, sinto meu coração acelerar.
— Hyunjin? — Seguro em sua mão, mas ele a puxa com força e em um movimento brusco o suficiente para que ele perca equilíbrio na cadeira e caia no chão.
Certo. Estou confuso e minimamente desesperado com o que possa ter acontecido.
— Hyunjinnie?! — Sou rápido ao levantar e tirar de perto a sua própria cadeira, temendo que algo o tenta incomodado na coloração meio apagada da sorveteria ou algum som alto tenha passado despercebido por mim. E ele não responde, apenas leva as mãos até seus ouvidos e se encolhe no chão, sem controle do que estava acontecendo.
— O que esta acontecendo?! — O funcionário que trouxe nossos sorvetes veio correndo, preocupado o suficiente para deixar outro pedido, feito por outros clientes, sobre o balcão. — Ele está passando mal?! Chamem uma ambulânci-
— Você poderia fazer o favor de parar de gritar?! — Seungmin diz em um sussurro meu alto, mas seu timbre de voz falsamente calmo denuncia a raiva pelo pequeno escândalo causado pelo funcionário.
Os clientes da sorveteria já pararam completamente suas fofoquinhas diárias e estavam mais focados no garoto sentado no chão enquanto as mãos cobriam seus ouvidos e tinha seus olhos fechados com força.
E eu? Estava a beira de desabar em um choro forte ao ver meu doce Hynjinnie daquela forma, de uma hora para outra. Sem mais nem menos.
— Hyunjinnie? — Eu tento mais uma vez me aproximar de si, sorrindo mais aliviado quando sua mão, ao invés de afastar-me novamente, me segura com força moderada. — Ei, docinho... — Minha voz denuncia o choro forte que quer sair, já que a fala saiu entrecortada e meus olhos a beira de transbordar são evidências óbvias de que estou quase a chorar.
Eu queria entender o que estava acontecendo, queria saber o que fez ele ficar assim tão mal. Estava sentindo meu coração acelerado de um jeito extremamente ruim e o gosto amargo do nervosismo crescer em minha boca. Não era esse o nervosismo que Hyunjin me causava e eu gostava, vê-lo assim, tão vulnerável e tremendo por algum motivo que ainda é indecifrável para mim, é uma das piores coisas que já tive a oportunidade de ver.
Sei que minha relação com ele não será apenas beijinhos fofos e abraços aconchegantes. Mas eu vou fazer o possível para que a maioria das nossas memórias sejam assim.
— Me dê isso aqui! — Eu ouço Seungmin falar, e, de cenho franzino, percebo que ele está a pegar o celular de alguém que estava com o flash ligado. — Desliga esse diabo ou eu faço você comprar outro!
— Calma, Seungmin! — É Jeongin quem diz, me fazendo negar com a cabeça e voltar minha atenção totalmente a Hyunjin.
— Ei, Hyunjinnie? — O chamo novamente, tentando ao máximo não deixar que meu desespero tome conta do meu corpo. Ele aperta minha mão contra o próprio peito, e minha respiração falha ao sentir seu coração tão acelerado. — Calma, doce hyunjinnie. Ninguém vai te fazer mal comigo aqui. — E, tentando uma aproximação maior, eu me sento ao seu lado com receio de que ele possa se assustar novamente e me afastar. Mas tudo que ele faz, é ceder ao meu toque e vem rapidamente para o meu abraço, sendo rodeado por meus braços e logo passei a fazer um carinho característico de nós dois em seu cabelinho preto.
— Ele está bem, né? — O funcionário pergunta para seungmin, que agora notei realmente com o celular da moça inconveniente que estava aparentemente tentando gravar esse momento ruim. — Sem ambulância? — Pergunta novamente.
Se o caso de hyunjin fosse necessário um hospital, possívelmente seria mais fácil levá-lo de carro próprio do que esperar para que uma ambulância chege até nós. Mas eu não disse nada, deixei que o funcionário ficasse com sua linha de raciocínio.
— Sim. — Sou eu quem respondo, dando um beijinho curto na cabeça de hyunjin e suspirando alívio quando a respiração dele volta a se normalizar.— Obrigado pela preocupação, mas sirene de uma ambulância só iria piorar ainda mais a situação. — Explico, dando mais um beijinho na cabeça de hyunjin.
— Pode embalar esses mesmos sabores de sorvete para levar? — Seungmin pergunta, se aproximando de nós dois aqui sentados no chão da sorveteria e leva a mão até os cabelos macios de hyunjin, tirando-a rapidamente quando percebe o pequeno susto que Hyunjin levou, mas logo a retorna pelo mesmo caminho, suspirando aliviado quando ele não mais reluta em aceitar seu toque.
— Claro! — Prestativo, o garçom correu para preparar novos pedidos. Solto um suspiro prolongado.
— Docinho? — Eu chamo baixinho, deixando um riso abobado sair de meus lábios quando ele murmurou um "hum" fraquinho. — O que aconteceu? Esta tudo bem agora? — Sem me responder verbalmente, Hyunjin apenas balançou a cabeça, concordando e dizendo que sim, estava melhor.
Eu, com calma, me afastei um pouquinho de si para poder encarar seu rostinho vermelho e os olhos pouco aparentes por conta da lente embaçada de seus óculos. Senti novamente vontade de chorar e socar qualquer indivíduo que tenha feito Hyunjin ficar nesse estado de uma forma tão rápida.
— Está tudo bem mesmo? — Ainda meio receoso, perguntou ao limpar as pequenas gotículas de lágrima de suas bochechas. Não era isso que eu gostava de ver em seu rosto.
— S-sim. — Ele disse em palavras agora, tirando os óculos para que ele mesmo limpasse as poucas lágrimas que ainda restavam ali. — Desculpa...
Não, ele não vai fazer isso. Não vai mesmo.
— Ei. — Chamei baixinho, segurando em sua mão. — Não faça isso, esta bem? Não foi sua culpa. Não foi, Hyunjin. — Murmurei baixinho, trazendo sua mão de encontro com meus lábios e deixando um beijo curto ali, pouco me importando com o que as pessoas que estavam ali pensariam. — Então não peça desculpas por algo assim.
— Vem, Hyunjinnie. — Jeongin se pronunciou, estendendo a mão para que Hyunjin se levantasse e olhei em volta, vendo Seungmin pagando nossos sorvetes e algumas pessoas nada educadas olhando para nós com expressões que não pude analisar naquele momento.
Por que elas são tão idiotas?
— Vão indo pro carro, sim? — Perguntei ao me levantar, mas quando fiz menção de soltar a mão de Hyunjin, ele apenas a apertou mais forte. — Hyunjinnie, vou ajudar Seungmin com o pagamento. — Sorri, dando um beijinho em sua mão. Ele logo entende, deixando um sorrisinho pequeno finalmente aparecer em seu rosto.
Fazendo o que eu havia dito, ele e jeongin seguiram caminho para fora da sorveteria e eu suspirei mais uma vez, querendo por tudo entender porque Hyunjin ficou tão mal de uma hora para outra. Mas de uma coisa eu tenho certeza, aquilo não foi o início de uma crise nervosa.
— Já pagou? — Perguntei para Seungmin assim que cheguei no balcão.
— Sim. — Ele respondeu, terminando de guardar sua carteira.
— Ei! — O garçom de minutos atrás apareceu com algo em mãos e um sorriso bonito no rosto, parecendo cansado. — Aqui, serventia da casa. — Me entregou a caixinha que segurava, me deixando com a maior cara de confusão possível. — A-ah, é pro garoto que estava passando mal, não sei se foi o sorvete que deixou ele assim, mas-
— Não foi o sorvete! — Eu o interrompi, rindo baixo e agradecido por sua boa ação. — Esta tudo bem, não foi o sorvete nem o o local que deixou ele mal. Mas agradeço a preocupação. — Sorri mais abertamente, realmente feliz pelo que estava presenciando.
— Por nada, Felix. — Ele sorriu, deixando um enorme ponto de interrogação em minha cabeça.
— Você me conhece?
— Você estudou com meu irmão até o sétimo ano do fundamental! Não me diga que não se lembra de mim? — Parecendo está meio ofendido, ele levou a mão direita até o peito, rindo fraquinho logo em seguida. — Você está mudado, um pouquinho maior e o cabelo também te deu uma diferença grande. Mas ainda consigo reconhecer você.
— Eu sempre fui ruim em memorizar rostos... — Comentei, ficando meio envergonhado com a situação.
— Sou Lee chan, Hyung! — Deu mais uma risada, negando com a cabeça.
— Vou indo, felix. Não demore, está bem? — Seungmin disse, pegando nossos sorvetes e caminhando para fora da sorveteria. Suspirei, querendo acabar com aquela conversa por ali mesmo e ir até eles, minha preocupação com Hyunjin estava começando a crescer mais uma vez.
— Agora consigo me lembrar de você! — Foi o que disse, sem realmente esforçar minha memória meio falha para conseguir me lembrar daquele rosto que possivelmente na época não passava de um pré-adolescente. — Cresceu muito, dino. É bom te ver.
— Que nada. — Ele riu baixinho mais uma vez. — Acho melhor você ir antes que a "serventia da casa" derreta e o garoto não consiga ver a surpresa que tem ai.
— Surpresa? — Perguntei, começando a cogitar a ideia de ser uma bomba aqui dentro.
— Sim! Uma coisa nova que to aprendendo a fazer com chocolate. — Ele disse, me fazendo suspirar aliviado. — É comum ele passar mal assim? Precisa ir ao medico, sabe? Pareceu muito uma crise de panico e-
— Não se preocupe, Dino. Está tudo bem. — Sorri ao lhe interromper, me distanciando do balcão. — Obrigado pela "serventia da casa"!
Me apressei a sair dali, preocupado de mais para pensar nas informações que ele havia dito e sem realmente dá atenção para um meio desconhecido. Suspirei mais tranquilo quando vi Hyunjin dentro do carro de Seungmin.
— Oi! — Eu disse assim que entrei também, relachando meu corpo no estofado macio. — Aqui, Hyunjinnie. O garçom deu isso para você.
— Para mim? — Mais animado, ele perguntou surpreso. Sorri fraquinho e coloquei a embalagem pequena em suas mãos.
— Que fofo da parte dele! — Jeongin disse sorridente.
Seguimos caminho para a casa de praia e Hyunjin continuava em silêncio, mas mais animado depois que abriu sua surpresinha e viu um picolé de bolo (?) Era duas massa finas de bolo com recheio de alguma coisa que envolvia morando e coberto por chocolate. Em cima estava escrito "Stay fine" com chocolate branco por cima. Eu realmente preciso encontrar esse Niki para agradecer por sua boa ação.
Hyunjin abriu um sorriso tão genuíno quando me perguntou a tradução do que estava escrito, e eu quando soube que era "fique bem" me abraçou com força, sujando um pouco da minha camisa com seu picolé de bolo.
Nós passamos o resto da tarde na beira da piscina que tinha nos fundo da casa de praia, aproveitando um pouco do sol e comento sorvete. Nenhum de nós tocou no assunto sobre o mal estár repentino de hyunjin na sorveteira para não deixa-lo desconfortável com a situação, mas aquilo não saia da minha cabeça.
Por isso, quando os meninos foram embora e Hwang-hee me mandou uma mensagem dizendo que só chegaria depois das oito da noite, eu decidi que seria uma boa ideia fazer Hyunjin confiar um pouquinho mais em mim.
— Hyunjinnie? — Bati em sua porta fraquinho, tinha acabado de tomar banho e ele disse que faria o mesmo. — Posso entrar?
— Sim, Lixie! — Sua voz animada fez um sorriso largo nascer em.
Seguindo seu raciocínio de "indiretas diretas" eu trouxe um livro que achei na estante da sala de Junghyun. Sim, eu estive procurando algo que desse certo para o momento em questão, então passei vinte minutos de pura frustração procurando algo que se encaixasse devidamente no momento, assim como ele já está se acostumando a fazer e me deixar, mesmo que não seja sua intenção, envergonhado demais.
Por isso, trouxe comigo o livro "Confie em mim" de Harlan Coben. Não para lermos realmente, é apenas uma indireta direita.
— Como você está? — Perguntei ao me sentar em sua cama, sorrindo quando ele veio e sentou ao meu lado.
— Bem, Lixie. — Com um sorrisinho envergonhado, Hyunjin respondeu. — O que é isso? — Curioso, ele perguntou ao olhar para minhas mãos. — H-hyung, não quero ler agora, desculpa...
— Não é para ler. — Sorri, virando o livro para que ele pudesse lê a capa e meu sorriso se alargou ainda mais quando seus olhinhos se arregalaram e ele me olhou por míseros segundos, escondendo o sorriso entre suas mãos grandes.
— Lixie... — Hyunjin murmurou, pegando o livro de minhas mãos. — Hyun- E-eu confio, Lixie.
— Jura, jura? — Perguntei e dei uma risada curta, tentando descontrair um pouco.
— De mindinho. — Ele disse então, entrando da brincadeira e levantando o seu dedinho, juntando com o meu.
— Você entendeu o que eu quis dizer com o livro, não é? — Perguntei, aproveitando a junção de nossos mindinhos, segurando em sua mão e sorrindo pequeno.
— Sim, Felix. — Ele sorriu também, mas logo soltou um suspiro curto e seu sorriso foi dando lugar a uma expressão neutra, que eu não pude desvendar muito bem o que sentia naquele momento.
— O que você viu para ficar daquele jeito, Hyunjin? — Perguntei o que estava rondando minha cabeça pelo resto da tarde. Hyunjin ficou em completo silêncio, mas sua expressão não denunciava incomodo ou receio de me contar o que tinha acontecido.
— É muito... Complicado. — Foi o que disse, me deixando de cenho franzido e completa confusão. E tudo só ficou ainda mais difícil de entender quando ele começou a rir baixinho! — D-desculpe, lixie!
— Não acredito! — Eu dei uma risada alta, caindo sobre seu colchão e o trazendo junto a mim, ainda desacreditado que ele estava brincando com a situação preocupante que eu me encontrava.
Sabia que não tinha malícia nenhuma nessa sua brincadeirinha, tenho certeza que ele estava apenas arranjando um jeito de tirar o clima meio tenso que se instalou ali por poucos segundos. E ele conseguiu, deixando meu coração menos desacelerado e acalmando meu receio de tocar naquele assunto.
— Desculpa, Felixie. — Ele pediu novamente, e eu apenas o abracei, trazendo seu corpo para que de deitasse junto a mim mais a cima da cama, ficando na posição que sempre ficávamos para ler ou apenas jogar conversa fora: deitadinhos e comigo fazendo carinho no seu cabelo. Eu apenas sussurrei um "esta tudo bem" e Hyunjin suspirou, parecendo tomar coragem para dizer o que realmente queria. — E-eu vi ele.
Ele.
Ao ouvir tais palavras, uma pontada forte foi sentida em meu coração. Eu ainda não sabia que era ele, mas com toda certeza ele não era alguém legal.
— Ele quem, docinho? — Tentando me manter calmo, perguntei ao deixar um pequeno beijinho em sua cabeça.
— Meu antigo p-professor. — Respondeu e senti um aperto forte em minha cintura rodeada por seus braços, o ar se prendeu em meu peito quando a confissão seguinte saiu de seus lábios. — Ele n-não me viu, mas a f-farda de polícia que usava me assustou muito.
Confuso com suas palavras, me afastei um pouco de si para ter certeza de que aquilo era realmente o que ele estava querendo dizer e não um devaneio de minha cabeça. Porque, se for o que eu estou pensando, sou capaz de sair de casa agora mesmo para acabar com aquela dúvida infeliz.
— Policial? — Encarando seu rosto, perguntei visivelmente assustado. Hyunjin, parecendo notar minha rápida mudança de expressão, se levantou de meu peitoral e me olhou rápido.
— E p-professor. — Respondeu, apertando minha mão que ainda estava unida a sua, possivelmente confuso com minha reação.
Não, não pode ser. Eu só posso está ficando muito louco para pensar que seja algo assim, certo? Não pode ser.
— Qual o sobre nome desse desgra- — Respirei fundo, tentando controlar meus nervos enquanto estou sua frente. — Qual o nome desse professor?
Não diga que é o que eu estou pensando, docinho... Não diga...
— L-Lee, hyung. — Ainda sem entender minha confusão, ele disse meio receoso. — Lee Ji-hoon.
Naquele momento, eu senti o ar faltar em meus pulmões com a sensação mais ruim que fui capaz de senti hoje: Medo. Eu não queria acreditar, não era possível que isso realmente estivesse acontecendo.
O homem que eu mais odeio, e faço questão de dizer isso, foi o mesmo que conviveu com Hyunjin por anos seguidos. Lee Ji-hoon, meu pai, também foi professor de hyunjin.
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