10

Eu diria que hoje foi um dia um tanto que...Peculiar, mas muito bom.

—V-vai demorar? — Hyunjin perguntou mais uma vez, balançando a as pernas. Sorri.

—Não, não. — Neguei com a cabeça, mais uma vez. — Meu amigo já está chegando, agorinha a gente vai pra sua casa, está bom?

Ele balançou a cabeça, concordando e abraçando o capacete que protegia sua cabeça no momento em que caiu.

A queda...

Eu acho que nunca fiquei tão desesperado assim em toda minha vida. Pode ser exagero? Com certeza.

—Tem certeza que não 'tá doendo nada?

— Tem. — Sorriu, olhando para machucado em seu joelho, levando o dedo para tocar ali.

Arregalei os olhos. Ele não pensa?

—Ei, isso pode doer! — Avisei me desesperando novamente, Hyunjin me olhou e tentou disfarçar o sorriso que se formou no canto de seus lábios.

— E-Eu sei. Não... N-não sou lelé da cuca. — Imitou meu jeito de falar e deu risada da própria fala, e eu repeti seu ato.

Ele é tão... tão... Ah! Inexplicável.

Olhei para meu celular mais uma vez, suspirando quando mais um minuto se passou. Quase sete horas da noite e ele ainda não chegou. Changbin está demorando e Hyunjin parecia impaciente, me deixando mais nervoso.

Para minha tranquilidade, cinco minutos depois, Changbin apareceu caminhando em nossa direção. Com seu sorriso iluminado.

—Boa noite! — Ele sorriu, nos cumprimentado. Olhei para Hyunjin, que não deu muita bola para a presença do meu amigo. Changbin murchou, diminuindo o sorriso.

Eu conheço esse sentimento.

—Ahn... Hyunjin? — Chamei sua atenção, tocando seu ombro. Ele deu um pequeno pulinho no lugar e me olhou — Desculpa. — Pedi por tê-lo assustado, sorrindo e me levantando para apresentar Changbin a ele — Esse é meu amigo, Seo Changbin!

Hyunjin piscou os olhos e olhou para Changbin por poucos segundos.

—O-oi... — Ele disse tímido, dando um sorrisinho para Changbin Hyung.

Changbin suspirou aliviado e sorriu mais uma vez. Se animando.

—Oi, Hyunjin! Tudo bem com você? —Changbin se adiantou e sentou ao lado de Hyunjin, me deixando de pé.

Folgado.

— Uhum. — Hyunjin balançou a cabeça, concordando. Olhando para baixo logo depois.

Era estranho ver ele tímido, não que nós dois tenhamos uma relação tão próxima. Mas, ainda assim, era diferente.

Ele estava cada vez mais na vontade ao meu lado.

— Felix me ligou falando que precisavam de ajuda. — Changbin começou— Será que eu posso levar vocês para casa?

Hyunjin levantou o rosto, olhando para Changbin mais uma vez.

— Pode — Ele disse com um sorriso miúdo, me fazendo sorrir feliz.

— Que alívio. — Foi o que eu disse, mordendo o lábio inferior quando ambos olharam para mim.

Já estava escuro, poucas pessoas caminhavam pelo parque iluminado e com certeza, já passavam das sete da noite. Nesse horário Hyunjin já teria tomado banho e nós dois estaríamos lendo alguma coisa que ele escolhesse.

Seu avô me ligou umas duas vezes perguntando se estava tudo bem. Eu quis morrer quando falei que Hyunjin havia caído e o silêncio se formou do outro lá da linha. Mas ele só soltou uma risadinha e perguntou se ele estava bem. Juro, às vezes eu acho que tem uma criança reencarnada no corpo daquele senhor.

— Hum... Lixie? — Hyunjin deu fim ao silêncio, me chamando.

— Sim? — Eu respondi, mas minha cara veio ao chão quando Hyunjin apontou para Changbin.

— Oh, eu? — Changbin perguntou tão surpreso quanto eu. — Sim, Hyunjin?

— É... É o hyung que vai ser meu p-professor?

Ah... com certeza seu pai havia lhe contado.

— Ah! Sou eu sim. — Changbin sorriu, se levantando. — Espero ser um bom profissional para você, Hyunjin. E bem, prometo que irá gostar das aulas.

Hyunjin soltou uma risadinha, me deixando tranquilo. Eu não imaginei que ele agiria assim tão bem quando conhecesse Changbin, já que quando me conheceu foi meio... Difícil? Mas isso me deixa muito feliz, vê-lo socializar com mais pessoas.

No caminho em direção ao carro de Changbin, ele levou Blim-blim e eu fui acompanhando Hyunjin.

—L-Lixie— Hyunjin me chamou, cutucando meu braço. O olhei e esperei que ele continuasse a responder.

Mas quando não veio continuação, o respondi: — Sim?

— Obrigado. — Foi o que disse, baixinho. Changbin estava à nossa frente, então deduzi pelas suas ações e reações, que Hyunjin estava envergonhado.

— Meu Deus... — Eu disse baixinho também, contendo um sorriso. — Não precisa agradecer, fico feliz que tenha se divertido. — Sussurrei no mesmo tom que ele, como se fosse um segredo.

— H-Hyunjinnie andou sozinho, Lixie! — Dessa vez ele disse mais alto, me fazendo rir com sua animação.

Eu não posso negar algo a mim mesmo. Sempre que Hyunjin fala algo na terceira pessoa meu coração falta explodir no peito.

É, talvez eu precise rever algumas sensações que meu corpo anda sentindo.

— Aqui, toma cuidado para não bater o joelho —Foi o que eu disse quando Hyunjin já estava dentro do carro, Changbin soltou uma risada baixa. Colocando Blim-blim na caminhonete e ajeitando ela para não cair.

—Você vai na frente comigo ou atrás? — Meu Hyung perguntou, suspirei e apontei para a parte traseira do carro.

—Vou atrás, com ele. — Sorri, dando a volta no veículo e entrando, sentando ao lado de Hyunjin.

—E-e Blim-blim? — Hyunjin perguntou preocupado.

— Changbin colocou ela na carroceria da caminhonete, pode ficar tranquilo que Blim-blim 'tá segura — Ele olhou em volta, observando o carro.

—N-não é... O d-de papai — Olhou para frente, mordendo o lábio — D-diferente. É diferente d-do que veio da escola tamb-bém.

—Quer ouvir música?

Hyunjun parecia assustado, o que me deixou na defensiva. Eu sabia que era um ambiente novo para ele, era um carro desconhecido. Precisava deixá-lo calmo. Mas não tinha meus fones comigo, então decidi pedir a Changbin que colocasse no som do carro, baixinho.

— Hyung-

—Eu posso colocar uma música — Changbin me interrompeu, o encarei com um sorriso curto.

Ele observou nós dois conversando. Certeza que Changbin percebeu que música é uma das coisas que Hyunjin  gosta e está usando isso para se "aproximar" dele.

Genial.

— Que música você quer, Hyunjin? — Meu hyung perguntou.

Hyunjin olhou para mim, depois para Changbin e para mim mais uma vez.

—Tem alguma em mente?— Perguntei.

—Não s-sabe dizer, Lixie. — Meio envergonhado, ele confessou. — Estou... E-estou nervoso.

Suspirei, tentando pensar em uma que tenha em sua playlist.

—Que tal Banners? — Sugeri, Hyunjin sorriu minimamente e balançou a cabeça, sabendo exatamente qual música eu estava falando.

Changbin me entregou seu celular e eu coloquei "Someone To You" para tocar, relaxei nos estofados do banco e olhei pela janela, observando o carro começar a andar.

— L-Lixie, L-Lixie... — Hyunjin tentava, falhamente, sussurrar enquanto cutucava meu braço.

— Hum? — O olhei, esperando uma resposta.

— M-medo.

— Você esta...? — Antes mesmo de terminar de falar, ele balançou a cabeça, concordando.

Mordi meu lábio inferior, tentando pensar em algo que lhe passasse segurança.

—Ah, certo... — Comecei a balançar a perna nervoso, o que eu faço?

"—P-papai pega na mão de Hyunjinnie quando tem m-medo — Foi o que me respondeu, olhando para a própria mão."

Medo.

Sorri, olhando para sua mão apoiada em sua coxa. Sorrateiramente, aproximei minha mão da sua e o olhei.

— Posso? — Hyunjin me encarou por breves segundos, olhou para minha mão próxima da sua e sorriu pequeno, concordando.

— Pode.

Eu a peguei.

—Não sou seu pai, mas com certeza ninguém vai te fazer mal comigo aqui — Ele olhou para nossas mãos unidas, então sorriu novamente, relaxando o corpo.

Olhei para frente e percebi que Changbin observava tudo pelo retrovisor externo. Me senti envergonhado e até meio tímido diante da situação.

[...]

— Meninos! — Ouvi a voz de Hwang-hee assim que descemos do carro, antes mesmo de passarmos pelo portão de entrada.

— Vovô! — Hyunjin soltou minha mão, correndo daquela forma engraçadinha e abraçando o senhorzinho — E-Eu consegui, vovô! O Lixie ajudou a-a andar em Blim-blim... sozinho!

— Sozinho? — Hwang-hee disse de uma forma surpresa, retribuindo o abraço do neto. — Meu menino já é um homenzinho crescido! Que orgulho.

Eu e Changbin observamos tudo com um sorriso quase rasgando o rosto. Era tão lindo ver o amor e carinho que Hwang-hee mostrava para Hyunjin. Era... tão lindo.

Entramos na livraria e Changbin parecia tão impressionado quanto eu na primeira vez que entrei aqui.

—Vai tomar um banho, se seu machucado arder, grita e se cubra com a toalha — Meu chefe disse, me fazendo rir pela forma que falou e Hyunjin balançou a cabeça concordando e subiu para seu quarto, mancando um pouco.

— Fiquem à vontade, meninos! Vou preparar algo para bebermos.— Ele avisou, saindo para a cozinha.

— Nossa, a cozinha é aqui embaixo?

— Os cômodos lá de cima já estão completamente ocupados, o único que sobrou para a cozinha, foi exatamente onde a cozinha já existia — Disse o que Hwang-hee havia me falado.

Existe mais um cômodo aparentemente "vazio" no andar de cima, mas esse eu nunca entrei.

— Vocês são bem próximos, não é? — Meu hyung começou, observando a casa.

— O que?

— Você e Hyunjin. Seu cuidado com ele é lindo, como se fosse-

— Ah, não! Não me venha dizer que somos namorados que eu juro que surto! — Exclamei, o interrompendo.

— Eu ia dizer como irmãos, Felix! — Changbin deu risada, me deixando de olho arregalados. — Você cuida dele como se fossem velhos amigos, irmão mais velho. Mas bem.. Já que você diz que-

— Não disse nada! — Neguei novamente.

— Por que está irritado?

— Eu não- Não... Esqueça isso! — Respondi, procurando por algum argumento em meu cérebro, mas nada apareceu.

Ai, que difícil.

— Confesso que estou muito ansioso para começar a trabalhar aqui. — Ele mudou de assunto de repente, me deixando aliviado. — Quando Jeongin me contou que seria na mesma casa que Jungkook morava, me desanimei. Mas, sério, essa casa não parece aquele muquifo — Ri de sua fala, concordando.

— Foi uma surpresa para mim também. Mudaram tudo! Está incrível de tão bonita.

— Faz quanto tempo que você trabalha aqui? — Sentou ao redor de uma das mesmas espalhadas pela livraria, o segui.

— Vai fazer quatro meses — Respondi, sorrindo involuntariamente.

Tanta coisa mudou nesse tempo. Minha vida mudou completamente.

Logo o sininho da livraria tocou, indicando que alguém havia chegado. Mas a livraria já estava fechada e normalmente o Senhor Junghyun chega muito tarde. Quem poderia ser?

— Eles chegaram!— Changbin falou sorridente. Se levantando e seguindo caminho dentre as prateleiras, caminhando até a porta.

Eles...?

— Eles quem? — Andei até Changbin, tentando entender seu sorrisinho.

—Bem... — Ele começou, até ser interrompido por um grito.

— Felix! — Meu nome foi chamado, escandalosamente.

Já sabia quem era.

Jeongin e Seungmin estavam do outro lado do porta, sorridentes — Jeongin estava, porque Seungmin parecia preocupado.

Mas o que...?

— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntei já correndo até eles, esperando uma resposta.

— Changbin estava com a gente quando você ligou, idiota.— Seungmin respondeu.

Que?

— Como você deixa Hyunjin se machucar?! — Ele grita. Revirei os olhos.

Depois vem me dar sermão dizendo que não pode gritar.

— Não tive culpa. — Cruzei os braços.

— Ah, sim, claro que não.— Retrucou, me olhando de uma forma estranha. O que ele tava querendo dizer com isso?

— Seungmin, eu sei que Felix não teve culpa. Deixa de ser implicante — Jeongin o repreendeu. Sorri.

— Porcque vocês estão aqui? — Voltei a perguntar, engolindo em seco, torcendo para Hyunjin demorar mais um pouquinho no banho.

— Fiquei preocupado quando soube que Hyunjin estava machucado — Seungmin respondeu, sentando no sofá como se fosse dono da casa — Trouxe Jeongin por muita insistência dele.

Mentira, tenho certeza que Jeongin só falou "quero ir" E Seungmin já abriu a porta do carro.

— Eu sempre quis conheçer o bonitinho.— Jeongin confessou, olhando de relance para a escada que dava para o andar de cima. — E, nossa! Seu trabalho é incrível Hyung!

— Que barulho é esse? — Senhor Hwang apareceu, saindo da porta da cozinha — Seungmin! — Sua expressão mudou, praticamente correndo para abraçar Seungmin. — Que bom te ver aqui, faz tempo que não nos visita!

— Ah, eu ando meio ocupado com os estágios do hospital. — Ele sorriu, parecendo envergonhado— Vim acompanhado do meu namorado. Jeongin? — Seungmin o chamou, eu me senti tão aliviado ao ver o sorriso bonito que Hwang-hee deixou escapar quando ouviu a palavra "namorado".

— Oh, Jovem! Bem vindo a minha residência, quer algo para tomar? — Jeongin o encarou, sorrindo ainda mais feliz ao ver a forma que estava sendo recebido. — Estava planejando fazer um suco.

— Obrigado, Senhor Hwang. No momento não quero nada! Agradecido. — Jeongin mudou até o tom de voz para cumprimentar meu chefe, impressionante como até um bom ator ele consegue ser. — Felix Hyung fala muito bem de vocês. — Me incluiu de repente na conversa.

— Sério? Conhece o Felix? — Meu chefe parecia surpreso. — Calma, você é o Jeongin melhor amigo de Felix? — Sua expressão mudou, abrindo a boca em completa surpresa e praticamente correndo para abraçar meu melhor amigo. — Minha nossa, Felix-ah fala muito bem de você! Que bom conhecer o melhor amigo de Felix e o namorado de Seungmin.

Eu sorri, feliz por aquilo tudo. Jeongin também parecia feliz.

— Vou ver se Hyunjin está bem. Vamos, vamos! Subam e nos esperem na sala.

Nos concordamos, subindo junto ao meu chefe e entrando no primeiro cômodo do segundo andar — a sala, no caso. E Senhor Hwang seguiu caminho para o quarto de Hyunjin.

— Ah! — Jeongin disse animado, praticamente se contorcendo no sofá — Seu chefe é tão fofo, Felix! Viu a forma que ele ficou feliz quando Seungmin me apresentou? Fofo!

— Senhor Hwang é um Senhor muito amoroso mesmo. — Seungmin comentou, sorri e concordei.

— Queria muito ir atrás dele e conhecer Hyunjinnie! — E Jeongin completou.

O que?!

— Nem fodendo, ele 'ta no banho.— Cruzei os braços, ouvindo uma risadinha fraca de Changbin. — Que foi? — Olhei para ele.

— Nunca vi você com ciúmes, é fofo. — Revirei os olhos, que ciúmes o quê?

— Eu odeio esse sentimento e você sabe muito bem o porque.— Suspirei, tirando meu cabelo da testa.

Ciúmes é um dos piores sentimentos existentes, pelo menos para mim. Quando ele não é abusivo, pode ser considerado fofo ou amoroso. Mas na minha convivência com pessoas ciumentas, não foi fofo.

E eu odeio ciúmes, não significa que eu não tenha, mas não gosto quando eu sinto.

Isso não quer dizer que eu esteja com ciúmes agora, porque eu não estou! Não tem motivo para estar e... É só Hyunjin.

— Seungmin, acho que Hwang-hee não teve tempo para preparar o jantar, poderia pedir algo para a gente comer? — Perguntei, sorrindo para si.

Me falaram uma vez que meu sorriso conquistava as pessoas. Mas acho que com Seungmin não funciona.

— Por que eu? — Resmungou, se colocando de pé.

— Porque você é o rico aqui. — Dei de ombros.

— Meu pai que é, eu não! — Retrucou, sentando ao lado do namorado.

— Dane-se!

De repente, Hwang-hee apareceu na porta da sala. Parecia eufórico.

— Senhor, está tudo bem?

— Eu preciso sair! — Ele avisou.

O que?

— Sair? Agora? — Eu perguntei. E Hyunjin? — Aconteceu algo?

— Não é nada muito grave, e eu não vou demorar. — Explicou, caminhando até a estante da sala e procurando algo nas gavetas. — Hyunjinnie ainda esta no banho, quando ele sair diga a ele que não vou demorar, Felix-ah. E faça um curativo no joelho dele, tá bom? Para não inflamar.

Que pareça é essa? Será que aconteceu algo de errado?

— Ah... Sim Senhor! — Foi a única coisa que eu disse antes de vê-lo sair pela porta.

— O que deve ter acontecido? — Jeongin perguntou curioso, e eu apenas neguei com a cabeça, sem saber também.

— As vezes ele sai assim, como se algo urgente estivesse acontecendo. — Dei de ombros, suspirando.

— Acho melhor você ir dizer a Hyunjin que estamos aqui, para ele não ficar assustado quando ver tanta gente em sua sala. — Seungmin disse.

Hyunjin não se assusta assim tão facilmente! E o único estranho que esta aqui é Jeongin. Mas, para não contrária-lo, eu concordei.

Respirei fundo e me levantei, saindo da sala e caminhando até o quarto de Hyunjin — Que era um dos últimos como dos do corredor. Bati na porta, colocando a orelha bem perto da Madeira para ouvir qualquer movimento seu. Bati mais uma vez, e mais uma, e de novo. Até ele abrir, colocando somente a cabeça para o lado de fora.

— Oi...— Sorri — Terminou de se vestir?

— F-falta a blusa — Balançou a camiseta de um de seus pijamas em minha frente, então, voltou para dentro do quarto.

Me encostei na porta, esperando ele terminar de se trocar e conversar um pouquinho com ele sobre a invasão que fizeram em sua casa.

—E-en... Entra, Lixie!— Avisou pouco tempo depois, sorri e abri a porta, encontrando ele sentado em sua cama gigante.

Percebi que ele não vestia uma calça, era um shortinho moletom, possivelmente por conta da dor em seu joelho.

— Preciso te contar um negócio — Sorri sem graça, ficando em sua frente. — Seu avô te falou que iria sair? — Ele concordou, mexendo com as mãos. — Bem, Seungmin está lá na sala...

Ele abriu um sorriso gigante, balançando as pernas animado. Que bobinho, pufft.

— Mas... Ele não veio sozinho. — Observei seu sorriso diminuir, então ele me olhou, parecendo confuso— Seungmin trouxe o namorado, que por acaso, é meu melhor amigo — Disse por fim, esperando por uma reação sua.

—M-melhor... Amigo? Amigo do lixie? — Juntei as sobrancelhas confuso com sua pergunta, eu achei que ele ficaria mais surpreso com o fato de Seungmin ter um namorado.

— Ah, sim. — Sorri — O nome dele é Jeongin, ele 'ta tão ansioso para conhecer você, sabia? — Me aproximei mais um pouco da cama. Hyunjin soltou um "Oh" parecendo surpreso.

— Conhecer eu?

— Sim! E sabe de uma coisa? — Me sentei ao seu lado — Ele trabalha num lugar cheio de flores e todo tipo de plantas. — Quando eu terminei de falar isso, Hyunjin me olhou surpreso, a boca aberta e um olhar engraçado.— Ele e Seungmin namoram há algum tempo e Seungmin fala muito de você — Assim como eu, mas omiti essa parte — E Jeongin ficou super curioso para te conhecer, já que eu disse que você também é apaixonado por flores, tem algum problema?

— Tem? — Hyunjin perguntou tão confuso que me segurei para não rir. Suas reações eram as melhores. — S-se ele tra... trabalha com flores e plantinhas, ele deve ser m-muito legal!

Sorri, feliz com sua resposta. Hyunjin ama cuidar das plantinhas que tem nos fundo da casa e no jardim da frente, fico feliz que ele e Jeongin tenham isso em comum.

— Sabe, eu não costumo dizer isso na frente dele, mas como você é bom em guardar segredos, eu posso contar? — Hyunjin piscou os olhos e levantou a cabeça minimamente, me encarando com um sorrisinho pequeno, concordando — Jeongin é homem incrível, sabe o que ele gosta de fazer quando esta com um tempo livre? — Ele negou com a cabeça— Ele vai a parques florestais e cuida de plantinhas por lá, ele ama tudo que envolve a natureza e isso é uma coisa que eu admiro muito nele. Tenho certeza que você vai gostar muito dele. — Sorri, colocando uma mata de seu cabelo úmido atrás de sua orelha. — Se não gostar, eu deixo ele chorar no colo de Seungmin para depois mandar eles embora, o que acha?

— C-chorar? Não, Lixie. Chorar não. — Ele balançou a cabeça rápido, negando — N-não pode.

— Certo, sem chorar — Concordei com sua fala e me levantei de sua cama — Tudo bem em conhecer mais dois amigos meus? — Disse, incluindo Changbin.

Hyunjin não falou nada, mas balançou a cabeça, concordando comigo. Seja o que o a divindade que esteja me ouvindo agora, quiser.

Olhei para baixo e vi seu joelho ralado, lembrando que precisava fazer alguma coisa ali para não infeccionar. Se eu soubesse onde existe um anti-inflamatório nessa casa, meu dia seria feliz.

— Você sabe onde fica o kit de primeiros socorros? — Ele me encarou confuso, negando com a cabeça.

Não é possível, Junghyun é médico! Aqui tem que ter esse negócio.

—Tem certeza? É aquela caixinha com uma cruz vermelha ou branca... — Expliquei. E como se uma lâmpada acendesse em sua cabeça, Hyunjin sorriu.

— Gua-guar... Guard-dou.

— Quem guardou?

— Papai.

— Você sabe onde 'ta? — Com um acenar de cabeça, ele concordou.

Antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa, ele se colocou de pé, saindo do quarto. Eu o segui, ficando ainda mais confuso quando ele virou para o lado contrário do habitual, caminhando para o outro lado do corredor, onde ficava o quarto de seu pai.

Mas ele não parou, tentei chamá-lo, mas acho que ele não ouvia. Só ficou quieto quando paramos no final do corredor, em frente a porta que eu nunca havia prestado atenção.

— 'Ta ai? — Ele balançou a cabeça, concordando. Tentei a abrir, mas estava fechada. — Você tem a chave? — Negou.

Porcaria.

— O Lixie tem? — Neguei com a cabeça, ele suspirou.

— Vou ligar para seu pai.— Tirei o celular do bolso, Hyunjin ficou em silêncio olhando para a porta enquanto eu iniciava a ligação.

Liguei três vezes, mas todas elas não foram atendidas.

Se bem que... Se ele me atendesse, me perguntaria porque estou precisando da caixinha de remédios e eu teria que explicar tudo, seria demitido — mentira, eu espero — e nunca mais veria Hyunjin e ainda voltaria à não ter dinheiro para fazer o que planejo mais uma vez? Obrigado por não entender o jumento aqui, chefia.

— Vem, vamos pra sala. Seungmin deve ter alguma coisa — Nervoso, voltei a enfiar o celular no bolso. Seguindo caminho com Hyunjin atrás de mim.

Quanto mais nos aproximamos da sala, mas barulho era possível ouvir. Jeongin era o principal causador dele. Olhei para trás, observando Hyunjin perdidinho em seu mundo, com o olhar baixo, respirei fundo.

—Wow, essa casa 'tá incrível! — Jeongin falou assim que eu entrei.

— Calado, Innie — Sussurrei ao me aproximar dos três bisbilhoteiros que sentaram no sofá rapidamente — Sem gritaria, por favor.

— Falando assim, até parece que um idol de kpop está vindo aí — Seungmin sorriu, levantando e passando por mim. Sorrindo quando Hyunjin parou em sua frente — Que menino levado, me deu um baita susto! — Puxou Hyunjin para um abraço, que logo foi retribuído.

Seungmin sorria de forma tranquila, eu entendia a sensação de abraçar Hyunjin e compreendo porque desse sorrisinho que ele carregava no rosto.

Até porque, hyunjin me abraçou hoje.

— Meu Deus! — Jeongin disse de forma eufórica, levantando do sofá, andando apressado até o namorado e Hyunjin. Fechei os olhos quando vi Hyunjin recuar dos braços de Seungmin e se esconder atrás de seu corpo.

Coisa que era meio impossível já que ele era alguns centímetros maior que Seungmin.

— Você é o famoso Hyunjin, então? — jeongin continuava a se aproximar, parando quando Seungmin segurou seu ombro — Eita, é mais bonito do que Felix me contou!

QUE?

— Innie-

— Jeongin, o que nós conversamos? — Seungmin me interrompeu, segurando na mão de Hyunjin e o puxando para ficar ao seu lado.

Eu queria interferir, mas Changbin segurou minha mão e me impediu.

— seungmin é mais calmo, vamos ver no que vai dar — Sussurrou para mim. Contra vontade eu concordei.

Estou mais nervoso do que o normal, ansioso, as mãos tremendo. Me sentei com Changbin no sofá, assistindo Hyunjin encolhendo os ombros sobre o olhar curioso de Jeongin e Seungmin os apresentando.

— Lembra que já te falei sobre meu namorado, Hyunjinnie? — Ele segurou na mão de Jeongin, puxando-o para ficar ao seu lado.

Hyunjin moveu a cabeça para cima e para baixo, dizendo que sim, lembrava dessa tal conversa.

— Ele ficou muito preocupado quando descobriu que você tinha se machucado, tem algum problema ele ficar comigo aqui, na sua casa? — Cuidadoso, Seungmin tocou o ombros direito de Hyunjin, abaixando o rosto e encarando o dele — Tem? — Insistiu?

—Não — Hyunjin respondeu e olhou rapidamente para Jeongin, suspirei aliviado — Am-migo do Lixie?

— Hum? — Jeongin perguntou surpreso? — A-ah, 'ta falando comigo? Eu? — Hyunjin tombou a cabeça para o lado, confuso com aquelas perguntas. Seungmin sorriu, puxando os dois para onde eu e Changbin assistimos tudo de camarote.

— Ele está perguntando se você é meu amigo — Eu respondi, relaxando o corpo no sofá.

Até que não tenha sido um desastre como eu imaginei que seria. Acho que preciso parar de pensar coisas tão negativas.

—Ah! Sim, sim. Claro! — Meu melhor amigo sorriu, sentando com Seungmin no outro sofá, Hyunjin sentou ao meu lado — Eu e Felix somos amigos sim, ele é legal com você? — Perguntou de volta.

Não foi respondido, Hyunjin não disse mais nada. Jeongin suspirou, eu também conhecia essa sensação. Juro que segurei a risada forte que queria sair, Jeongin que lute.

— Você pediu comida? — Perguntei para Seungmin.

— Sim, daqui a pouco chega, o que vamos fazer até lá? Algum jogo ou filme? — Ao ouvir aquilo, Hyunjin levantou a cabeça, me olhando. Ele gostava de filmes.

— Primeiro preciso fazer um curativo no joelho dele.— Apontei para o ralado avermelhado que Hyunjin carregava no joelho. Seungmin suspirou. — Você tem alguma coisa no carro do seu pai?

— Por que? Junghyun não tem? Ou é você não sabe onde fica?

— hyunjin falou que o kit de primeiros socorros está em um quarto trancado, eu não tenho a chave e nunca entrei lá dentro. — Dei de ombros. — Acho que o senhor Hwang-hee tem a chave, mas ele saiu então não tem como pegar.

— Que estranho... — jeongin murmurou.

— Innie, você pode pegar aquele anti-inflamatório que está no porta luvas? — Seungmin pediu a Jeongin, que logo concordou.

— Eu tenho band-aids no meu carro, vou com Jeongin buscar — Changbin se pronunciou, levantando e seguindo com Jeongin para fora da casa.

— Como você se sente, Hyunjinnie? — Seungmin perguntou, olhando para ele como se estivesse analisando cada expressão.

—B-bem. — Com um sorriso pequeno, ele responde.

— Gostou dos meus amigos? — Eu perguntei. Seungmin me encarou com uma expressão que não soube entender.

Hyunjin apenas balançou a cabeça, concordando.

— O que você pediu pra gente comer? — Perguntei para Seungmin, tentando não deixar um clima meio ruim aqui.

— Comida Chinesa, Hyunjinnie gosta muito.

— Gosta? — Juntei as sobrancelhas, olhando para Hyunjin e vendo um sorriso pequeno direcionado a Seungmin — A-ah, claro que gosta. Eu já sabia — Ri nervoso.

Seungmin soprou uma risada, suspirei.

Eu não sabia.

— É esse aqui, Minnie? — Jeongin entrou apressado pela porta, com um potinho branco em mãos. Entregando para Seungmin.

— Sim — Sorriu para meu melhor amigo, se levantando — Posso passar em você, Hyunjin-ah?

— D-doi.

— Só um pouquinho, é para não inflamar e cicatrizar mais rápido — Explicou, abaixando em frente ao joelho de Hyunjin— Posso?

hyunjin me olhou, parecia meio assustado com isso. Suspirei e sorri para ele, tentando encoraja-lo nem que seja um pouquinho.

— Quer que eu passe? — Perguntei e ele assentiu, movimentando a cabeça uma única vez.

— Você sabe fazer curativos, Felix? — Seungmin provocou, se levantando e me entregando o potinho a contragosto, revirei os olhos.

Sentindo uma pontada no coração, respirei fundo. As vezes tenho lembranças que não deveria.

— Eu faço curativos desde pequeno, é claro que eu sei passar um anti-inflamatório — Respondi, pegando o frasco de remédio de sua mão. Seungmin se calou, percebendo ter passado um pouco dos limites nessa nossa implicância.

— Desculpa, eu só...

— Tudo bem — O interrompi, levantando a cabeça e olhando hyunjin daqui de baixo — Não é uma coisa que eu goste de lembrar, mas eu não me importo. — Sorri, me virando para Changbin.

— Aqui. — Me entregou a caixinha de band-aid.

— Olha, hyunjin. O adesivo tem um coraçãozinho no meio — Balancei a caixinha, ele sorriu.

Seu joelho contraiu quando passei o remédio, sua expressão também denunciava a dor que sentiu. Arde, eu sei que sim, então fui rápido em colocar o adesivo protetor no lugar machucado. Um só não foi capaz de cobrir todo o ferimento, então foi colocado dois.

— Prontinho — Me levantei, entregando pra anti-inflamatório para Seungmin e a caixinha de band-aid para Changbin — Dói?

— Sim — Balançou a perna e então me olhou— Só um p-pouquinho.

Nos sentamos novamente, eu me sentia meio deslocado, era a primeira vez que sentia isso no meio dos meus amigos, com Hyunjin principalmente. Mas eles estavam tão animados, Jeongin tentava a todo custo puxar assunto com Hyunjin, falando sobre flores e todos os tipos de plantas. Era legal ver Hyunjin interagindo com pessoas que mal conhecia tão abertamente.

Suspirei.

— ... Não é, Felix? — Ouvi meu nome ser chamado, levantei a cabeça, olhando para Jeongin.

— Hum?

— Onde você tava com a cabeça? — Juntou as sobrancelhas — Eu tava falando com Hyunjin sobre você e ele irem lá na floricultura qualquer dia, o que acha?

— Acho... Acho bom. — Sorri, me levantando — Vou fazer um suco pra gente tomar quando a comida chegar. Querem alguma coisa?

— Hwang-hee não ia fazer suco? — Seungmin perguntou.

— Ele saiu tão apressado que nem deve ter dado tempo. — Sorri, indo até a porta. — Querem alguma coisa? — Voltei a perguntar

— Eu quero um-

— Beleza, tô indo. — Interrompi Seungmin, contendo um sorriso quando o vi revirar os olhos.

— Você está bem? — Changbin me assustou quando segurou em minha mão.

— Estou sim.

Desci as escadas em passos curtos. Era como se um peso estivesse sobre meus ombros e eu sequer entendia o porque. Hoje foi um dia tão legal! Por que isso agora?

Enquanto eu procurava por algum pacotinho de suco na cozinha, ouvi passos se aproximando de mim. Respirei fundo.

— Você é péssimo em esconder seus sentimentos. — Seungmin falou, encostando o quadril no balcão da cozinha, revirei os olhos.

— Não sei do que você 'ta falando.

— Eu realmente me sinto mal por ter falado aquilo, Felix— Se aproximou — Desculpa mesmo.

— Eu já disse que 'tá tudo bem, não precisa se preocupar com isso — Me virei para ele. Eu sabia que ele não tinha acreditado.

— Continua péssimo em mentir também— Fechei os olhos, paciência é uma coisa que eu raramente tenho quando se trata de Seungmin— Sério, não falei aquilo por querer, foi sem pensar, uma brincadeira idiota.

— Seungmin, eu já disse que 'ta tudo bem — Forcei um sorriso — Não é uma coisa tão importante, é besteira.

— É um trauma, Felix. — Suspirou.— Eu sei que falar disso não traz lembranças boas para você, só quero que saiba que estou arrependido, não quis brincar com uma coisa que te machuca. Foi uma provocaçãozinha sem graça. — Se aproximou mais de mim, tocando meu ombro — Temos nossas diferenças, mas ainda assim, somos amigos.

Sorri, de verdade dessa vez, e concordei.

— Valeu — Agradeci e ele me soltou — Agora volta pra sala porque você tá fedendo da alguma coisa. . — Brinquei, tentando disfarçar minha emoção.

— Jeongin e sua mania de fazer perfumes de flores mortas. — Negou com a cabeça, cheirando a própria camisa.

— E você é burro por aceitar ele usar essas coisas em você.

— Sou um bobo que ama seu melhor amigo. É diferente. — Sorri novamente.

Eu realmente gostava da forma que eles demostravam o amor que sentiam um pelo outro.

— Por que não ligou para mim pegar vocês? Você sabe que sempre ando com o carro do meu pai.— Encostou-se no balcão novamente.

— Queria que ele e Changbin tivesse um contato... Maior, antes do hyung vir trabalhar aqui. Entende? — Seungmin murmurou um "ah" E sorriu.

— Esperto.

— Eu sei — Sorri convencido, o vi revirar os olhos.

—Você está fazendo um ótimo trabalho aqui — Me surpreendi ao ouvir aquilo, largando tudo que fazia e o olhando — Me surpreende bastante você ter se aproximado tanto de Hyunjin l e não deixa-lo desconfortável, estou feliz em saber que Junghyun Hwang-hee confiam em você para ficar com Hyunjin enquanto eles não estão, Felix. Estava visivelmente enganado em relação a você — E sorriu, me deixando sem palavras. — Com certeza você foi a escolha certa para ficar com Hyunjin.

—Oh...Nossa, valeu. — Sorri, mordendo o lábio inferior e me virando de costas para ele. Eu não sabia o que falar.

— E faça suco natural, Hyunjin não pode tomar coisas como esses suquinhos em pó — Virou-se de costas, caminhando para fora da cozinha.

— Eu sei! — Rebati, correndo até a geladeira, procurando por laranjas.

Enquanto fazia o suco — naturalmente natural — Changbin entrou na cozinha, com um sorrisinho sugestivo.

— Que foi? — Perguntei quando o vi — Nunca viu um homem trabalhador?

— Já, tanto que sou um deles — Soprou uma risada, ficando ao meu lado — Você faz tudo aqui?

— Ah, não. Só atendo clientes da livraria, ajudo Hyunjin em algumas coisas e as vezes ajudo Hwang-hee em algumas tarefas de casa. — Expliquei, pegando copos no armário. Juntando as sobrancelhas quando eu percebi que sim, eu fazia quase tudo aqui.

— Faz tempo que voltou para faculdade?

— Que interrogatório é esse? — Perguntei divertido, colocando o suco pronto nos copos, sendo ajudado por ele — E não, desde fevereiro, quando começou o semestre. E você, 'ta fazendo alguma outra faculdade?

— Terminando um curso básico de Psicologia, pensando em fazer um de fisioterapia.

— Porra, Changbin multifuncional — Dei risada, meu Hyung acompanhou.— Por que veio aqui?

— Você saiu meio estranho de lá, até Hyunjin percebeu, quis saber o porque.

— Não é nada. — Sorri, pegando uma bandeja, colocando os copos com suco ali — Só quis fazer esse suquinho mesmo, vamos?

— Se você diz — Deu de ombros, suspirei aliviado — Mas ainda vamos conversar — Tencionei no mesmo momento.

— Vamos falar melhor com Hyunjin mais tarde, sobre você ser o professor particular dele e tals... — Mudei de assunto, caminhando para fora da cozinha e seguindo caminho para onde os outros estava.

— Claro. — Changbin concordou, me ajudando a equilibrar a bandeja com os copos de suco.

Suco naturalmente natural, feito com a fruta mesmo.

Assim que entramos, Hyunjin e Jeongin riam juntos, me deixando feliz por aquela aproximação saudável de estavam tendo. Seungmin se levantou e veio me ajudar com os copos, pegando o seu e de jeongin. Changbin pegou o seu e eu entreguei um a Hyunjin.

— O-obrigado.— Abriu um sorriso pequeno, aceitando quando lhe entreguei — Lixie bem?

— O que? — Perguntei confuso, pegando meu próprio copo de suco e me sentando ao seu lado.

— O Lixie, está... Bem? — Formulou sua pergunta, concordei.

— É claro que 'tô — Sorri para si, bebericando meu suco e entrando na conversa que meus amigos estavam tendo.

Pouco tempo depois, a campainha tocou, indicando que nosso jantar havia chegado.

Hyunjin gostava mesmo de comida Chinesa, comeu tanto que sujou até a camisa do seu pijama — O que rendeu boas risadas dos meninos e expressões envergonhadas de hyunjin— Até ele sorriu um pouco pois sabia que eles não estavam rindo por mal.

Ele ainda estava muito calado e ficava tímido com muita facilidade, a presença de Jeongin e Seungmin era totalmente nova para ele e eu sabia que levaria um tempo para ele se sentir completamente à vontade com seus novos amigos— Assim como foi comigo.

Por volta das oito e meia da noite, meu melhor amigo e seu namorado se despediram de nós e seguiram caminho para nossa casa, já que aquele lugar era quase o ninho de cobra que Seungmin havia construído.

— Hyunjin?— Chamei.

Ele estava quase dormindo no sofá, não tinha levantado em nenhum momento, estava no mesmo lugar desde quando veio para cá. Sonolento, ele me olhou.

— 'Ta com muito sono? — Ele balançou a cabeça, concordando. Suspirei.

— Tudo bem, Felix. — Changbin falou compreensivo— Amanhã eu posso voltar aqui, ele parece cansado.

— Você aguenta só mais um pouquinho acordado? Quero te perguntar uma coisinha. — Meio preguiçoso, ele virou o rosto para mim, sorrindo.

—Aguenta — Respondeu então, arrumando seu corpo no sofá, ficando em uma posição mais confortável.

Changbin sentou na poltrona à nossa frente, atento.

— Ontem, eu e seu pai tivemos uma conversa muito séria — Comecei a dizer, confesso que já tinha ensaiado isso mais de trezentas vezes para não errar e acabar falando besteira.

Eu sou meio inseguro.

— Decidimos que você precisa de... Uma ajuda a mais, entende?

— Aj-juda?

— Sim — Sorri.— Hyunjin, seu pai decidiu que seria legal contratar um professor particular para você, alguém que esteja focado em ajudar só você, entende? Você já deve saber, mas eu queria saber se você está bem com essa ideia.

Confesso que estava com receio de sua reação, e ele pareceu ter esquecido completamente da conversa que tivemos no parque, quando changbin se apresentou.

—Par... P-particular? — Juntou as sobrancelhas, franzindo o nariz, uma expressão meio fofa, mas ainda assim, confusa — Mamãe?

Olhei para Changbin, que também me encarava confuso.

Não entendi?

— O que?

—M-mamãe... Não, L-Lixie. Por favor, não d-deixa! — Hyunjin me olhava assustado, aquilo me deixou ainda mais preocupado.

O que estava acontecendo?

— Lixie, p-particular... Mamãe. — Ele repetiu, batendo as mãos na cabeça. Me assustei. — P-pro... P-Professor. Mamãe... N-não deixa, Lixie!

— Hyunjinnie?— Changbin o chamou, Hyunjin pareceu o escutar, pois seu corpo parou de se movimentar para frente e para trás, mas os aperto que ele fazia nos cabelos não diminuíram. — Não é sua mãe — Sorriu, tentando tranquilizar Hyunjin— Sou eu. Changbin Hyung! Lembra? Prometi que serei um bom professor para você.— Ele disse com animação, me deixando intrigado. Como Changbin sabia como acalmá-lo?

Eu estava começando a me desesperar! O que essa mulher fez com Hyunjin?!

Hyunjin suspirou, parecendo até aliviado quando ouviu as palavras de Changbin, e sorriu. Grande. Ai que susto, menino!

— O ou-outro hyung? — Para tirar sua dúvida, ele perguntou.

—Seu pai e eu conversamos muito, então eu indiquei Changbin para ele. Ele o avaliou e Changbin foi contratado — Expliquei de uma forma simples, segurando sua mão, com medo dele recuar. Mas tudo que fez foi apertar a minha contra a sua, sorri minimamente — Pode ficar tranquilo, Changbin Hyung vai ser um ótimo professor, você não acha?

— Acha... — Sussurrou, ficando mais calmo — A-acho sim.

— Então você concorda?

— N-não vai ser mamãe? Como m-mamãe, vai? — Ainda meio desconfiado, ele perguntou, soltando minha mão e apertando as suas juntas.

Eu quis perguntar, quis saber o que aconteceu. Queria saber se ele sofreu! Mas eu apenas me contentei em concordar.

—Não vai, Hyunjin.

Seja lá o que essa mulher fazia com Hyunjin, ele não gostava, tive certeza disso agora. Eu só preciso saber o que ela fazia, porque fazia e como fazia.

Tenho certeza que não era coisa boa.

— Eu prometo ser um bom professor para você, Hyunjin. Pode confiar em mim — Changbin sorriu. Hyunjin retribuiu e bocejou, denunciando seu cansaço mais uma vez.

— Dormir? — Perguntei, ele balançou a cabeça, concordando e apertando ainda mais minha mão.

Não era o horário que ele costumava dormir, mas acho que hoje foi um dia cansativo para ele. Por isso o sono tão cedo.

—Changbin, espera um pouco aqui? — Meu hyung assentiu, sorri e me levantei junto com hyunjin.

Acompanhei ele até seu quarto, pegando as roupas que ele tinha deixado em cima da cama e coloquei no cesto de roupas sujas enquanto ele ia ao seu banheiro escovar os dentes.

— Dentes escovados? — Sonolento, ele caminhou até a cama, murmurando um "sim" Fraquinho.

Ele se aproximou de mim, parecendo envergonhado e mordendo o lábios inferior. Essa sua mania de morder os lábios enquanto estava tímido, é uma coisa que eu já havia percebido.

Eu só precisava entender o porque de sua timidez assim, tão de repente.

— O que houve? — Perguntei então, sorrindo fraco quando ele começou a balançar o corpo fraquinho, juntando as mãos.

Ele não respondeu, apenas abaixou a cabeça, sorrindo.

— Posso te abraçar?— Perguntei então, sentindo meu coração falhar as batidas quando ele levantou a cabeça e me encarou sorridente.

Era isso que ele queria? Ele... Ele realmente queria outro abraço meu?

— P-pode, hyung.— Respondeu minha pergunta, me fazendo sorrir grande.

Abri meus braços e o abracei pelos ombros, sentindo seus braços passando levemente pela minha cintura. Sorri, respirando fundo e sentindo seu cheirinho.

— Boa noite, durma bem. — Disse ao me afastar, passando a mão por meu cabelo.

Eu estava suando levemente.

— B-boa noite, Felixie — Respondeu antes que eu fechasse sua porta, voltando para sala com um sorriso estampado no rosto.

Hyunjin... Nossa, que feitiço ele tem que qualquer coisinha que ele faça, eu já estou sorrindo?

"Felixie" Sério, até com esse pronome de tratamento esse garoto me arranca um sorriso.

— Desculpa segurar você até agora. — Meio sem graça, me sentei à frente de Changbin.

Eu tinha que esperar Hwang-hee chegar, ele havia me mandado uma mensagem falando que antes das nove e meia já estaria aqui. Eu quis perguntar o que aconteceu, mas não quis ser invasivo na vida pessoal do meu chefe.

— Eu não tinha nada melhor para fazer, então você fez um favor me tirando do tédio — Deu uma risada curta. — O que você queria falar?

— Você... Também achou estranho a reação de Hyunjin quando eu falei sobre professor particular?

— Ele ficou incomodado, até assustado. Principalmente com a ideia da mãe ser a professora — Changbin falou exatamente o que eu tinha pensado, ficando pensativo logo depois — O que você sabe sobre essa mulher? Onde ela está?

— Á sete palmos debaixo da terra, pelo o que eu sei. — changbin arregalou os olhos, surpreso — Junghyun é viúvo.

— Uau... Isso Jeongin não me contou — Deu uma risada baixa .

— Eu não sei muita coisa sobre ela, mas pelo pouco que Hyunjin me fala dela... Ela pareceu ser uma boa mãe, sabe?

— Ele nunca teve um comportamento parecido com o que teve hoje? — Perguntou, ele parecia interessado.

— Em relação à mãe?

— Sim, ele te contou alguma coisa?

— Não, sempre que ela aparece nos nossos assuntos, ele fica emocionado e meio triste, mas nunca assustado.

— Fico cada vez mais entusiasmado para trabalhar aqui, acho que vai ser bem interessante. — Changbin respondeu brincalhão, sorri — Vou investigar isso.

— Além de professor e quase psicólogo, agora vai ser investigador? — Brinquei, Changbin negou com a cabeça e se levantou.

— Sou um agente do FBI disfarçado, jovem ingênuo.

— Ah, sim. Perdão senhor agente, mas já pode se retirar — Me curvei, indicando o local de saída. Changbin sorriu.

— Está me expulsando?

— Jamais. — Neguei com a cabeça— Quando você vai começar a trabalhar aqui mesmo? — Mudei de assunto.

— Semana que vem— Changbin se aproximou, me abraçando— Até mais, novo colega de trabalho.

Nós despedimos e eu estava sozinho mais uma vez, decidi terminar meu trabalho da faculdade já que não tinha nenhum sinal de Hwang-hee e muito menos de Junghyun.

Enquanto eu digitava no meu notebook, a lembrança de hoje mais cedo veio na minha cabeça, Hyunjin me abraçando.

Ele realmente me abraçou, eu não pedi, não fui eu quem iniciou o abraço. Foi ele. E ele estava feliz quando fez, muito feliz.

Isso não vai sair da minha cabeça tão cedo, porque ele confiou em mim para que eu pudesse tocar mais que sua mão. Agora, eu também recebo abraços. Abraços de Hyunjin.

Naquela época eu não sabia, mas iria receber mais que abraços dados por ele. 

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