01
Balancei a cabeça tentando dispersar o sono que insistia em me fazer querer dormir. Eu estava um pouco cansado, já era madrugada e eu ainda procurava por algum emprego na internet e no jornal que o porteiro havia me entregado nesta manhã.
Sentia minha cabeça latejar, talvez se eu tomasse um bom banho gelado, essa dorzinha de cabeça irritante iria embora.
Andei até o banheiro, deixando uma muda de roupa na pia, bocejando torci mentalmente para que Jeongin não acordasse, mesmo que ele tenha um sono incrivelmente pesado.
Já estávamos em fevereiro e as aulas na faculdade estavam prestes a se iniciar, por esse motivo, preciso arrumar um emprego o mais rápido possível.
De banho tomado, eu saí do banheiro suspirando, a dor de cabeça havia melhorado um pouco, entretanto eu continuava com sono. Escutei um miado fraquinho e senti algo peludo passando entre minhas pernas, olhei para baixo e vi Myung olhando para mim. Ele parecia confuso. Até eu estou.
— Não posso te dar atenção agora, Myung. Papai tá cansado! — Fiz um pequeno carinho em sua cabeça, para logo em seguida ir até a cozinha tomar um copinho de água, voltando logo para meu quarto.Decidi deixar essa história de emprego para outro momento, afinal, tudo que eu desejo agora são longas horas de um sono gostoso.
Acordei horas depois com o barulho irritante do meu despertador — que eu havia esquecido de desligar — e os gritos de Jeongin ecoando pelo apartamento, nada de muito estranho.
— Felix! Felix, acorda! — Chamou batendo na porta do meu quarto. Revirei os olhos e sentei na cama, desligando o despertador. — Acorda que eu tenho uma ótima notícia para te dar!
Aquilo me animou minimamente. Jeongin sabe que odeio ser acordado e não faria aquilo se o motivo não fosse tão importante. Abri a porta, dando espaço ao furacão Jeongin que passou com tudo para dentro do meu quarto.
— Gritando logo cedo, Innie? — Voltei a me deitar, não tinha muita coisa para fazer hoje, afinal. — Os vizinhos irão reclamar... — Arquiei uma sobrancelha o lembrando de Só Hyomi, a nossa adorável vizinha do apartamento 33.
Nossos vizinhos reclamam do barulho que Jeongin faz.
— Eu não me importo! — Se jogou ao meu lado na cama, ele está bem animado. — Você já achou algum emprego ou pelo menos uma entrevista? — Arqueou uma sobrancelha, suspirou quando eu neguei.
Eu tentei.
— Passei a noite procurando... — Menti, me sentando e sorrindo meio sem graça.
— Sei... — Me olhou desconfiado. — Mas já que não achou nada... — Deu uma pausa — Eu saí hoje de manhã pra comprar pão, sabe? Já que sou o único nessa casa que trabalha e sustenta essa família, ah... — Fez drama, revirei os olhos novamente e sorri.
—Diz logo o que fez você me acordar às dez da manhã. — Murmurei me deitando na cama novamente, querendo voltar a dormir.
— Eu parei na portaria, sabe? Pra falar um pouco com o senhor Choi. —Me puxou pelas mãos, me obrigando a sentar mais uma vez.
—Você e aquele porteiro só sabem fofocar.— encostei na cabeceira da cama, puxando o notebook que estava sobre a mesinha ao lado da cama, para voltar a procurar algum emprego de verdade.
— Não fofocamos!— Protestou. — Treinamos nosso linguajar falando de outras pessoas, é diferente. — Cruzou os braços — Enfim, enfim. Voltando ao assunto do desempregado aqui. — Tirou o notebook das minhas pernas e colocou na cama, levantou, procurando por algo nos bolsos de sua calça. — Aqui, pega isso. — Tirou um papel e me entregou.
— O que é isso? — Juntei as sobrancelhas, confuso, olhando para o papel.
Jeongin sentou novamente, engatinhando até mim.
— Lembra da casa da rua de baixo? Onde aquele idiota do Jungkook morava? — Fiz uma careta ao ouvir o nome dito, olhando para o papel mais uma vez.
— O que tem aquele lugar? Foi alugada de novo? — Coloquei papel de lado, encarando Jeongin.
— Não. Foi comprada —Arregalei os olhos. — Isso mesmo meu amigo, o cara que comprou aquele lugar tem o maior dinheirão! Ouvi dizer que ele mora com o pai e o filho lá, trabalha no mesmo hospital que o Seungmin e vai passar o maior tempo fora de casa. Viu o que está escrito no anúncio?
Peguei o papel rapidamente, lendo.
"Atendente bibliotecário" Suspirei ao ler a palavra. Não tinha tanta experiência em atender pessoas.
—Atendente... Será que consigo? — Questionei retóricamente.
— Olha o salário, Felix! Olha! E ainda é meio período assim como você estava procurando! — Apontou para o finalzinho da folha. Abri a boca e arregalei os olhos mais uma vez. Era mais dinheiro do que eu ganhava em dois meses trabalhando como garçom em alguns dos bicos que eu fazia!
—Isso tudo por meio período?! — Fiquei de pé na cama, olhando desacreditado pro anúncio— Caramba... Isso dá pra pagar a faculdade, te ajudar com as contas e ainda sobra o suficiente para gastar comprando bobeiras pro Myung brincar! — Pulei de alegria em minha cama, encarando a quantia listada ali nas últimas linhas do papel enquanto Jeongin também sorria.
— Viu só? Minhas horas fofocando com o senhor Choi valeram a pena. — Sorriu convencido. Concordo.
Aquela era a minha chance, tipo aquele lance de um em um milhão. Eu preciso desse emprego!
—Liga pro' cara — Sugeriu.
—O quê?
—O que, o quê? Liga pra ele! Marca pra vocês se encontrarem hoje a tarde Felix. Senhor Choi disse que ele passou em vários outros lugares deixando esse tipo de anúncio! Até na internet divulgou. Vai ter concorrência! — Pegou meu celular, me entregando.
Hesitei por alguns segundos, analisava os números escritos no papel e depois olhava para meu celular. Suspirei, digitando o número pedido e aguardei ser atendido. Se for para ser, será.
Deu caixa postal. Estremeci.
Mordi os lábios e olhei para Jeongin, que estava ao meu lado. Suspirei e neguei, indicando que não tinha me atendido.
—Tenta mais uma vez, ele pode não ter visto. — Incentivou.
Concordei e disquei o número mais uma vez, pensei até em desligar assim que os três primeiros toques foram dados, mas não poderia perder mais essa oportunidade. Quando fui atendido, soltei um suspiro aliviado e olhei para Jeongin, que também suspirou. Coragem, Felix.
— O-oi? — Foi a primeira coisa que ouvi, então, senti meu coração acelerar. Não era o que eu estava esperando.
— Olá! Você é... — Olhei para o anúncio, lendo o nome do homem a quem estava ligando. — Hwang Junghyun?
— P-papai? — A pessoa gaguejou, estranhei franzindo o cenho e olhei para Jeongin.
— Põe no viva voz! — Jeongin pediu baixinho. Fiz o que pediu.
— F-falar com papai? — A pessoa perguntou mais uma vez, deixando eu e meu melhor amigo confusos.
Mas rapidamente outra voz foi ouvida.
— Filho, já disse para chamar o papai quando o telefone tocar, não disse? — Um homem falou à pessoa que havia me entendido, suspirei.
Achei que tinha ligado para um número errado.
— Alô?
— Olá! — Respondi. — Você é Hwang Junghyun, não é?
—Sim, sim. —Concordou, sorri. — Você é...?
—Eu sou Lee Felix e estou ligando para falar sobre o... Emprego de atendente? — Olhei para Jeongin, que ouvia tudo atentamente.
—Ah... —Suspirou, estranhei — Está interessado?
—Sim!
—Maravilha, você é o primeiro a ligar!— Jeongin sorriu ao ouvir isso. Suspirei mais uma vez. Tudo esta indo bem.
— Sem concorrência! —Meu melhor amigo disse baixinho, concordei sorrindo fraquinho.
— Senhor Lee, ainda está na linha? — O Hwang perguntou. Olhei para Jeongin quando um barulho alto do outro lado da linha, estranhei.
— Sim!
— Peço que fique mais alguns segundos aí. Não desligue, por favor. — Concordei, mordendo meu lábio inferior. — Passarei o telefone para meu pai, ele irá responder suas perguntas.
Concordei com a cabeça, balançando as pernas , coisa que eu fazia quando estava nervoso.
— Fica tranquilo, Felix. Vai dar tudo certo! — Jeongin disse com um sorrisinho curto nos lábios. Respirei fundo, concordando com o que tinha dito.
— Olá? — Uma voz diferente se fez presente, sorri.
— Oi!
— Meu filho disse que queria falar comigo sobre o emprego...
Conversamos sobre informações importantes que deveriam ser dadas. Ele me pediu meu currículo, até disse ao senhorzinho que mandaria por e-mail para ele, mas o cara apenas sorriu e disse que não era tão conhecedor da tecnologia assim.
Até pensei em perguntar se o homem que me atendeu a pouco tempo não sabia, mas deixei quieto. Não quero ser insistente e acabar perdendo essa oportunidade antes mesmo de a conquistar.
— Então, posso levar meu currículo aí?
— Ora, é claro que pode, meu jovem! — Ele soltou uma risadinha, suspirei aliviado. Ele tinha um papinho tão descontraído que tirava a tensão que eu estava sentindo.
— Então, senhor, quando eu posso ir aí? — Perguntei, mordendo o labio inferior.
— Hoje a tarde estarei livre, sabe onde moro? O endereço está
no folheto.
— Sei, já estive aí algumas vezes antes da casa ser comprada... —Suspirei, não gostando muito das coisas que lembrei.
— Isso é ótimo! Estarei lhe aguardando então Senhor Hwang. Até mais! —Encerrou a ligação assim que mais um barulho alto foi ouvido.
—Eu consegui, Jeongin! Eu consegui! — Abracei Jeongin, soltando mais um suspiro aliviado.
— Viu só como eu sou útil? Agora vê se passa uma boa impressão no cara e não estraga tudo, seu cabeça de vento. —Disse, retribuindo meu abraço.
Sorri sontando-me do abraço, acertando um tapa na cabeça de Jeongin e levantei rapidamente para escapar de golpes que ele queria me acertar.
Quase tropecei em Myung quando abri a porta do quarto!
Eu estava feliz, aquele foi o primeiro passo que dei para mudar minha vida. Mesmo que eu não soubesse disso naquele momento.
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