Capítulo 14
O mundo continuou a girar mesmo com a morte prematura de Constance e eu continuei a viver. As aulas continuaram chatas, meus amigos felizes e os sonhos em Wild Reef continuaram, bem..digamos que já me acostumei com tais intimidades paternas, o maior problema é que eu nunca vi o rosto do sujeito que se diz pai.
Em mais uma manhã, eu e meus amigos esperávamos Roman que estava atrasado não sendo a primeira vez que isso acontece, todos estavam agitados e com muita razão, a aula era da professora Trinity tem mestrado em matemática e péssima didática e não tolera atrasos.
Ikaros estava agitado, se inclinando na parede da escola e andando de um lado para o outro
"Ele vai demorar muito? Falta 5 minutos para a professora chegar na sala"
Eu olho para a cara de Ikaros, ele estava vidrado no livro que eu havia restaurado recentemente e ainda por cima continuava andando...como ele consegue fazer isso?
"Vai para dentro então Ikaros, de fato você não está ligando muito...mais tarde nós nos falamos, pode ir"
Ele abaixa o livro olhando para mim de forma estranha, quase neutra...eu não sei o que se passa na cabeça dele.
"Tem certeza?"
Aceno com a cabeça. Não importa muito, estamos na mesma sala na maioria das aulas e somos próximos não é como se eu fosse um amigo ausente ou que eu estivesse forçando a presença dele
"Mas você terá que me contar o que você está lendo depois, entendeu? Estou bem curioso sobre o que te deixa tão fissurado"
Ikaros dá um sorriso de lado
"Ok, até mais"
Ikaros pega a mão de Alma e eles adentram o portão da escola...ficando sozinho com Glinda. O constrangimento pairou sobre nós de maneira instantânea, as pessoas continuavam indo e para dentro da escola de maneira apressada e intensa e aos poucos a maior parte do som de passos vai sumindo.
"Oi..."
Glinda fala como se estivesse tímida, o que me incomoda de certa forma, ela não é tímida. Isso não era normal, mas eu podia suportar
"Bom dia, mas não é como se nós não tivéssemos nos falado antes..."
"Verdade, verdade você é está completamente certo"
Olho para baixo, mas especificamente as mãos morenas dela, seus longos dedos e finos de pianista começaram a mexer as mãos de maneira excessiva, ela queria dizer algo
"Precisa de algo?"
Glinda me olha algumas engrenagens na sua cabeça parece que pararam de girar ela ri cutuca a nuca com os dedos antes de alisar e colocar a cabelo curto para frente e me olha novamente
"Você está certo, eu preciso de ajuda sim, mas primeiramente desculpas eu sei e entendo que o que eu fiz quando éramos menores foi errado e..."
"De novo? Glinda olha está tudo bem, eu já te perdoei, mas parece que você não...escuta você e eu o que aconteceu naquela época era por que não tínhamos apoio emocional para lidarmos com as coisas eram frutos de situações no qual não compreendemos e rejeitavam a realidade, já que antes tínhamos famílias unidas cedo ou tarde elas não eram mais...está tudo bem agora perdoe a sua criança interior e viva"
Eu precisava interromper ela, aquilo não significava mais nada para mim e se ela já tinha me dito perdão por que pedir perdão novamente? Ela balançou a cabeça nervosamente e respira fundo:
"Desculpa eu sou uma tola, não era isso que eu queria te contar...a verdade é que sou péssima em biologia e minha primeira prova será essa, preciso de ajuda, já que a revisão não ficou tão clara"
"Certo, posso te ajudar com isso, mas por que você não falou com a Alma primeiro? Ela é muito inteligente além disso vocês passaram o final de semana juntas"
Se ela pudesse ficar vermelha, ela teria ficado com essa situação...suas mãos foram para a os bolsos da calça, ela se balançava em um movimento de 'vai e vem' constante como um personagem de desenho animado constrangido.
"Então, eu esqueci de falar isso com ela..."
Dou um sorriso, achando toda essa situação muito cómica.
"As 16 horas, na minha casa amanhã"
Ela abriu e fechou a boca como um peixe fisgado enquanto processava os pensamentos, acenou com a cabeça e foi para dentro da escola.
Respirando devagar cansado de ficar em pé e olhando para rua na esperança de ver meu amigo, quando de repente ouço pés pesados na calçada à direita, olho para a direção e vejo Roman suado, cabelo desarrumado.
"Vamos logo"
Ele me empurra para dentro da escola
"Man...que-"
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"Deixa eu ver se eu entendi. Você está querendo me dizer que sua mãe está te perseguindo depois de cortar laços e que precisa de um local novo para colocar seu trailer?"
"Sim"
Nem mesmo o som da cantina e dos alunos, era capaz de nublar nossos pensamentos depois de ouvir essa notícia todos estavam atordoados.
"Bem me tirem dessa, eu até deixaria você ficar um pouco mas eu moro em apartamento"
Ikaros estava cheio de farelos de bolo de fubá enquanto se retirava emocionalmente da conversa e voltava para seu livro sobrando apenas eu e Glinda.
Então Glinda balança a mão perto da orelha e coloca ela e pega alguns nuggets de frango
"Bem, e com isso sobra para mim e Glinda e Alma"
"Alma não está aqui é melhor deixar ela fora disso"
"Verdade"
"Que tal isso...eu deixo você ficar na minha casa temos uma grande garagem...e você fica por 2 ou tres dias, até sua mãe desistir da ideia"
Antes que Roman concordasse com o acordo de Glinda. Ikaros levantou a mão...nós olhamos para ele, que ainda estava com comida na boca limpou e olhou para todos.
"Eu tenho uma pergunta e acho que todos aqui deveriam ter feito, por que sua mãe está te perseguindo?"
Roman coçou a nuca e olhou para os lados observando os outros alunos, seu estado de desconforto era bem óbvio.
"Bem, falando de forma direta minha mãe nunca foi uma pessoa muito fácil de se conviver desde quando eu era pequeno, agora que sou adulto e tenho minha própria renda eu me desvinculei de minha mãe que não era uma boa pessoa para mim...e graças a jeito dela ela fica me perseguindo me pedindo meu dinheiro como se tivesse direito a ele, em palavras dela - estava na hora de pagar o meu debito pelos anos em que ela se sacrificou por mim - "
Houve silêncio na nossa mesa, ninguém estava esperando por isso. Dou um suspiro e começo a mexer na comida, claramente eu precisava ouvir isso claramente
"Vamos isso nem faz sentido, isso é obrigação dos pais, senão era só dar para adoção ou não ter filhos, não é sua culpa"
"Eu tentei dizer isso Ikaros, mas ela é inflexível e diz que eu arruinei a vida dela e que ela merece mais pelos seus anos de sacrifício"
Glinda revira os olhos, era bem claro que ela não acredita nele, quem poderia acreditar tudo parece uma pegadinha
"Olha vou ser bem honesta com você acho que você está fazendo algum tipo de pegadinha...mas eu vou deixar você ficar perto da minha casa e depois você vai para a do Cord"
"Você tem certeza?"
"Não faça barulho depois das 22 horas...gosto de fazer palavras cruzadas em silêncio"
Roman de um sorriso de lado, suspirou aliviado de não ter que encontrar a mãe ou ter seu trailer rebocado por nada.
"Vocês não tem ideia de como estão me ajudando com tudo isso"
Eu e Glinda sorrimos, estava claro que queríamos o melhor da nossa Uva Afrontosa...
"Bem, já que foi resolvido, estou indo para a biblioteca, até mais..."
E foi assim que Ikaros se afastou de nós...faz dias em que ele está estranho, não participa das vídeo chamadas, não entra mais nas conversas, na verdade acho que tem um motivo, o livro...desde quando eu devolvi ele não ficou mais com agente...
"Bem eu vejo você em casa até mais Roman e Cord"
"Espera"
Glinda se virou para mim com seus olhos verdes cintilantes e deu um sorriso.
"Pode falar"
"Bem, onde você vai?"
"Ah eu vou até a Alma"
"Ah, até mais"
Glinda levantou da mesa e foi até os líderes de torcida junto com a Alma, me deixando sozinho com Roman.
"Ah então...está no clima Ro?"
"Como assim?"
"Para conversar sobre algo que não seja a sua situação atual"
"Ah, sim estou pronto e é melhor você me falar já estou ansioso"
Tiro do meu bolso um objeto pequeno, uma chave antiga feita de um metal escuro, possivelmente ferro ou aço. Tinha um formato triangular, com a parte larga no final, mostrando uma fenda onde entrava na fechadura. Havia diversas marcas de uso, como se houvesse sido colocada em muitas fechaduras diferentes. Antiga, com uma leve camada de limo revelando que mesmo em uma garrafa sua idade nunca passaria despercebido. Ao colocar em cima da mesa ele não teve nenhuma reação.
"Ah uma chave, legal"
Dou uma risada leve, não era esse tipo de declaração que eu estava esperando.
"Não é qualquer chave mas sim o caminho para chegar até o diário"
Roman pisca os olhos algumas vezes, era possível ouvir as engrenagens em sua cabeça.
"Como assim?!"
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