capítulo 19

capítulo 19
No instante em que a música enche o quarto, eu me encontro diante do espelho, uma paleta de cores à minha frente. O ritmo envolvente faz os meus pés se moverem sem esforço, enquanto eu mergulho no ritual de maquiagem. Cada pincelada é uma forma de expressão, uma maneira de realçar a minha beleza natural. A luz suave do cômodo parece dançar sobre a minha pele, realçando os meus traços com delicadeza.

Sinto-me radiante, um sorriso brincando nos meus lábios enquanto o blush desliza suavemente sobre minhas maçãs do rosto. O brilho do gloss adiciona um toque de luminosidade aos meus lábios, refletindo a minha própria alegria interior. O telefone irrompe no silêncio, interrompendo momentaneamente a minha harmonia pessoal.

Sem hesitação, alcanço o aparelho, observando o nome de Zoé piscar na tela. A voz dela ecoa do outro lado, carregada de ansiedade . -"Oi, Zoé," digo suavemente, permitindo que a preocupação se infiltre em minha voz. - "Como foi a entrevista de emprego?"

Antes que eu possa ouvir a resposta dela, a voz de Félix, o irmão de Zoé .

As palavras de Félix ecoam em meus ouvidos como um eco distante, trazendo consigo uma onda de choque e desespero. Meu coração parece parar por um momento, antes de começar a bater descompassadamente no meu peito. O telefone escorrega de meus dedos trêmulos, colidindo com o chão em um baque surdo.

Minhas pernas vacilam sob o peso repentino da notícia, mas eu me forço a permanecer de pé. Com mãos trêmulas, eu me abaixo para recuperar o celular, meus dedos deslizando sobre a tela em busca de informações cruciais. Onde está o hospital? Onde está Zoé? As perguntas se amontoam em minha mente enquanto eu luto para manter a calma.

eu digito rapidamente o endereço fornecido por Félix, os meus dedos tremendo sobre as teclas do telefone. Cada segundo parece uma eternidade enquanto eu espero pela resposta do outro lado da linha. Finalmente, as informações aparecem na tela, um sopro de alívio se misturando ao meu pânico crescente.

Sem hesitar, eu me viro em direção à porta. Meu coração bate descompassadamente em meu peito, uma mistura de medo e impulsionando-me para frente. Eu não sei o que me espera no hospital, mas uma coisa é certa: eu estarei lá por Zoé, não importa o que aconteça.

Ao entrar no hospital, as expectativas que normalmente cercam a atmosfera médica pareciam se dissipar em meu redor. Olhares curiosos e sussurros discretos acompanhavam meus passos, criando uma aura de desconforto enquanto eu me dirigia em direção à ala de internação. O corredor se estendia à minha frente, parecendo mais longo do que o habitual, todas as portas são iguais me confundindo.

Os pacientes na fila de espera, junto com os médicos e enfermeiros que os atendiam, pareciam momentaneamente esquecer suas próprias preocupações para direcionar suas atenções para mim. Alguns sorriam, tentando esconder a curiosidade em seus olhares, enquanto outros simplesmente observavam de longe, como se eu fosse uma atração passageira em meio à monotonia do ambiente hospitalar.

Mesmo com a tentação de sucumbir ao pedido de algumas selfies, eu apenas balançava a cabeça educadamente, prometendo a mim mesma que daria atenção a essas solicitações mais tarde, quando meu coração estivesse menos pesado e minha mente mais tranquila.

Foi então que Félix se aproximou, seu uniforme de enfermagem , ele ofereceu-se para me guiar até Zoé

Subimos juntos as escadas em silêncio, como se as palavras fossem desnecessárias diante da gravidade da situação. Félix liderava o caminho , enquanto eu o seguia, cada passo parecendo mais pesado do que o anterior.

Finalmente, chegamos ao segundo andar do hospital, onde Zoé estava sendo cuidada. O coração acelerou quando entrei no quarto, ansiosa para ver ela e ao mesmo tempo temendo o que poderia encontrar.

Zoé estava deitada na cama, Seus olhos encontraram os meus assim que entrei, transbordando de alívio e gratidão. Ela parecia pequena e frágil naquela cama de hospital

O quarto era pequeno, mas acolhedor, com paredes pintadas em tons suaves que contrastavam com a frieza do ambiente hospitalar. Uma janela permitia a entrada de luz suave, iluminando o espaço e trazendo um pouco de calor para aquele lugar impessoal. Ao lado da cama de Zoé, havia uma pequena mesa com um vaso de flores coloridas, um toque de vida em meio à esterilidade do ambiente hospitalar.

Félix nos deixou a sós, dando-nos um momento de privacidade Enquanto eu me aproximava da cama de Zoé, pude sentir um misto de emoções inundando meu peito: alívio por vê-la bem, gratidão por sua segurança e um profundo desejo de que tudo pudesse voltar ao normal.

-. "O que aconteceu, Zoè?" perguntei, minha voz carregada de preocupação.

Ela virou-se para mim, os olhos marejados, e confessou em um sussurro abafado: -"Eu não consegui passar na entrevista... e acabei batendo o carro."

A frustração se misturava com a tristeza em sua voz, e eu senti um aperto no peito. -"Você não conseguiu? Que droga. Mas sabe, Zoè, eles que perderam", respondi, tentando animá-la.

Ela soltou um suspiro pesado, seus ombros caídos.- "Droga, eu não deveria ter te ouvido. Deveria ter ficado no meu emprego... e agora, droga, por que fui te escutar?", lamentou-se, o arrependimento evidente em cada palavra.

Eu senti um nó se formar em minha garganta enquanto observava a expressão de Zoè se contorcer em raiva e frustração. Eu disse -"Mas você saiu do emprego porque quis, Zoè. Você queria trabalhar para uma revista séria", tentei argumentar, buscando acalmar a situação.

Ela me encarou com fúria, seus olhos faiscando de indignação.- "Mas olha só no que deu! Agora estou desempregada e sem carro", disparou, a voz carregada de amargura.

Respirei fundo, tentando manter a calma diante de sua reação explosiva.- "Relaxa, eu pago a conta do hospital e o conserto do carro", ofereci, buscando acalmar a situação.

Zoè me olhou com frieza, seus lábios se apertando em uma linha tensa. -"Não, eu não quero que você pague nada. Não quero dinheiro seu", respondeu com as palavras cortantes como navalha.

Uma onda de dor me atingiu em cheio ao ouvir suas palavras.- "Tá, então você está me culpando por ter batido o carro?", perguntei, meus olhos começando a lacrimejar diante da acusação implícita.

O silêncio pesado se instalou entre nós, carregado de tensão e mágoa, enquanto eu aguardava uma resposta

Zoè respirou fundo, seus olhos transmitindo uma mistura de dor e raiva.- "Não, eu não estou te culpando...", começou ela, mas suas palavras foram interrompidas por um desabafo carregado de ressentimento.

- Mas estou com raiva de mim mesma por ter te ouvido, por ter confiado em uma garota mimada como você. Você não faz ideia de como é difícil para nós, que não somos ricos", desabafou, sua voz embargada pela emoção.

Eu me senti atingida em cheio por suas palavras, uma mistura de tristeza e dentro de mim.- "Zoè, eu... eu sinto muito. Eu não queria que nada disso acontecesse mais não joguei tudo isso em cima de mim", murmurei, lutando para conter as lágrimas que ameaçavam escapar.

- Priscila eu acho melhor você ir

Com um nó na garganta, eu assenti em silêncio, sentindo o peso da rejeição ecoar em cada célula do meu corpo. -"Tudo bem", respondi com a voz embargada, forçando um sorriso que não alcançava meus olhos.

Sem mais palavras, e comecei a me afastar, cada passo pesando como chumbo nos meus pés. Cada parte de mim queria ficar, para confortá-la, para consertar o que estava quebrado entre nós, mas eu sabia que era isso que ela precisava.

Ao passar pela porta do quarto
Com um último olhar para trás, eu vi Zoè deitada na cama, seus olhos desviados, perdidos em seus próprios pensamentos. Engolindo em seco, eu me afastei, deixando o hospital para trás, sem olhar para trás. E, enquanto caminhava para o meu carro

3 mêses depois

- eu estou ansiosa para saír da capa da sua revista
Eu digo para o fotógrafo

O estúdio era um espaço amplo e luminoso, com paredes brancas e um enorme fundo infinito. A equipe de produção zumbia em atividade ao meu redor, cada membro desempenhando seu papel com precisão e profissionalismo. Havia o fotógrafo, com sua câmera de última geração, os assistentes ajustando a iluminação e a maquiadora retocando meu visual.

Eu me sentia nervosa e excitada ao mesmo tempo, o coração batendo descompassado enquanto me preparava para as fotos . As poses eram cuidadosamente planejadas, cada movimento para capturar a minha essência .

Eu sorria, ria, e até mesmo fazia algumas poses mais sérias, enquanto os flashes das câmeras estouravam ao meu redor, inundando o estúdio com sua luz brilhante. Era um frenesi de atividade e criatividade, e eu me entregava a cada flash das câmeras

Enquanto o fotógrafo capturava minha imagem, eu me sentia viva, poderosa, como se nada pudesse me deter. E quando finalmente terminamos a sessão, é todos alí presentes comemoramos abrindo um garrafa de champanhe

Após comemorar com a equipe e agradecer a todos pelo trabalho incrível, eu deixei o estúdio com um sorriso radiante no rosto. O sol estava se pondo no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e rosa

Ao chegar até o meu carro, peguei meu celular com uma mistura de esperança e ansiedade. Abri o aplicativo de mensagens, esperando encontrar uma mensagem de Zoè, mas meu coração afundou quando vi que não havia nada.

Desapontada, decidi verificar suas redes sociais, esperando encontrar algum sinal dela ali. Mas, mais uma vez, fui recebida pelo vazio. Não havia postagens recentes em seu perfil do Instagram, nem qualquer atividade que indicasse que ela estivesse online.

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