capítulo 10
capítulo 10
Adentrando a sala de reuniões, senti a atmosfera mudar instantaneamente. O ar estava carregado de expectativa e entusiasmo, e eu me preparei para mergulhar na discussão sobre a próxima grade de matérias da revista.
Enquanto todos começavam a dar palpites e sugerir ideias, eu observei, tomando notas mentais e ponderando sobre o que poderia realmente ressoar com os leitores. Foi quando Cayetana, mais uma vez, direcionou sua atenção para mim, seus olhos curiosos brilhando com interesse.
-"Zoè, o que você acha que será um sucesso garantido?" ela perguntou, sua voz soando confiante.
Engolindo em seco, senti todos os olhares da sala se voltarem para mim. Respirei fundo, reunindo minha coragem interior antes de responder.
-"Bem, eu estava pensando em algo um pouco mais sério desta vez", comecei, sentindo um leve formigamento de nervosismo.- "O que vocês acham de abordarmos os distúrbios alimentares entre as modelos? É crucial reconhecer a importância da representação de todos os tipos de corpos na mídia."
Um silêncio tenso pairou sobre a sala por um momento, quebrado apenas pelo som de alguém tossindo desconfortavelmente. Então, uma mulher soltou uma risada sarcástica.
-"Você está de brincadeira, certo?" ela disse, com um tom de desdém evidente em sua voz. "Isso não é sério, Zoè. Nossos leitores querem entretenimento, não lições de moralidade."
Eu me recusei a ser intimidada. Erguendo minha cabeça com determinação, respondi sem hesitar.
-"Não, eu não estou brincando", declarei, minha voz firme e segura.- "Acredito firmemente que é nosso dever como mídia influente abordar questões importantes e promover a diversidade e a inclusão. E se isso significa desafiar as normas da indústria da moda, então estou mais do que disposta a fazê-lo."
O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor, mas eu mantive meu olhar firme, sem recuar.
Com um suspiro de alívio, observei enquanto Cayetana anunciava o prazo e as condições para a publicação da matéria. Se eu conseguisse produzir algo digno em uma semana e, mais importante ainda, se ela gostasse, minha reportagem teria a chance de ver a luz do dia.
Enquanto todos deixavam a sala de reuniões, um misto de felicidade e ansiedade borbulhava dentro de mim. Finalmente, uma oportunidade para abordar um tema que considerava vital, e a perspectiva de ver meu trabalho reconhecido e divulgado para um público mais amplo era emocionante.
Mas, ao mesmo tempo, o desafio de criar algo significativo em tão pouco tempo pairava como uma nuvem sobre minha cabeça. Eu sabia que teria que me dedicar intensamente
Enquanto permanecia no corredor, senti uma presença se aproximando. Ergui os olhos e vi Victoria se aproximando com passos decididos, seu rosto contorcido pela raiva e pelo ódio.
O olhar intenso de Victoria perfurou-me como uma lança.
As palavras de Victoria atingiram-me como um soco no estômago, deixando-me momentaneamente sem palavras. Seu tom acusatório ecoou no corredor vazio, enquanto a intensidade de seu olhar me fazia sentir como se estivesse sob um holofote implacável.
Uma mistura de incredulidade e indignação borbulhou dentro de mim, mas antes que eu pudesse formular uma resposta, a voz de Victoria continuou a ecoar no ar.
-"Não é justo que suas ideias de matérias sejam aceitas só porque você está envolvida com a Cayetana", ela insistiu, sua voz carregada de indignação.
Um turbilhão de pensamentos se agitou dentro de mim enquanto eu lutava para processar suas palavras. Eu queria gritar minha inocência, mas a sensação de injustiça me deixou sem palavras.
Antes que eu pudesse reunir coragem para responder, Victoria virou as costas e afastou-se, deixando-me sozinha com meus pensamentos tumultuados e a sensação persistente de que minha integridade profissional estava sendo questionada.
No momento em que adentro a sala de Cayetana, a inquietude me consome, . "Cayetana," começo, forçando um tom casual enquanto tento dissipar os rumores que pairam sobre nós.- "As pessoas estão começando a pensar que você está me favorecendo com mais matérias porque... bem, porque estamos... você sabe..." As palavras morrem em meus lábios enquanto aguardo sua resposta, uma pitada de nervosismo dançando em meu estômago.
Cayetana ergue-se de sua cadeira, seus olhos encontrando os meus com uma sinceridade que me desconcerta.- "Não, Zoè," ela responde, sua voz suave, mas firme.- "Você é talentosa, merece essas oportunidades." Meus ombros relaxam um pouco diante de suas palavras, mas então ela continua, e o mundo parece girar em câmera lenta ao meu redor. -"Mas eu também tenho que confessar algo... Zoè, eu não consegui te esquecer. Ainda estou apaixonada por você. Eu quero uma segunda chance."
O ar parece fugir dos meus pulmões enquanto absorvo suas palavras, meu coração batendo descompassado contra o peito. Todas as minhas defesas desabam diante da confissão sincera de Cayetana. Eu não sei o que dizer, como reagir. Tudo o que consigo fazer é encará-la, meus olhos refletindo o turbilhão de emoções que me consomem.
Sem uma palavra, eu me viro e saio da sala, deixando Cayetana para trás, suas palavras ecoando em meus ouvidos. O que fazer agora? Como lidar com essa reviravolta inesperada em minha vida?
_ Pricila _
Ao adentrar minha empresa, sou imediatamente abordada pelo meu secretário, cujo semblante denota urgência. -"Priscila, todos já estão na sala de reuniões," ele informa rapidamente, antes que eu tenha a chance de processar completamente a situação. Respirando fundo, aceno com a cabeça em reconhecimento e me encaminho para o elevador, preparando-me mentalmente para o que está por vir.
Ao entrar na sala de reuniões, sou recebida por uma cena digna de um filme de máfia: homens de meia-idade, vestidos em ternos pretos, com expressões severas e pouca disposição para sorrisos. Sinto o peso de seus olhares sobre mim, julgando-me em silêncio à medida que atravesso a sala. Não posso evitar notar o contraste entre suas vestimentas sóbrias e minha escolha de vestido rosa, com um decote generoso que parece atrair ainda mais atenção para mim.
Enquanto me acomodo em minha cadeira, consigo captar os sussurros discretos e os olhares de desaprovação que circulam pelo grupo. No entanto, mantenho minha postura, erguendo o queixo com determinação, recusando-me a ser intimidada pela atmosfera hostil ao meu redor.
À medida que a reunião começa, o Sr. Soares, confiante em sua posição como dono de uma grande empresa de tecnologia, apresenta sua proposta. Ao examinar o papel à minha frente, sinto meu coração afundar ao perceber que, de fato, a oferta que me foi feita implicaria em receber uma parcela significativamente menor do que o esperado. Engulo em seco, tentando controlar minha decepção diante da revelação.
-Desculpe-me, Sr. Soares," começo, minha voz firme apesar do turbilhão de emoções dentro de mim.- "Mas aqui está escrito que minha participação seria reduzida. Como exatamente isso aconteceria?"
O Sr. Soares sorri condescendentemente, como se estivesse prestes a explicar algo óbvio demais para ser questionado.- "Bem, nós acreditamos que, sendo tão jovem e envolvida em outras atividades, como aparições em revistas e desfiles, você não teria o tempo ou a dedicação necessária para este empreendimento."
Respiro fundo, contendo a indignação que ameaça transbordar. Com uma voz calma, mas carregada de autoridade, rebato:&
- "Com todo o respeito, Sr. Soares, eu sou mais do que capaz de administrar este negócio. Minha idade ou minhas atividades fora do mundo corporativo não devem ser motivo para subestimar minha competência."
Ergo-me em minha cadeira, reunindo minha determinação para apresentar uma contra-proposta. Explico de forma clara e concisa como planejo contribuir para o sucesso do empreendimento, ressaltando meus pontos fortes e minha visão para o futuro da empresa. Ao mesmo tempo, faço uma ameaça velada aos presentes:- se não concordarem com minhas condições, estou totalmente preparada para tomar medidas drásticas, incluindo retirar minha participação e deixá-los lidar com as consequências.
O silêncio tenso paira sobre a sala enquanto meus colegas de negócios absorvem minhas palavras. Por um momento, posso sentir a tensão no ar, mas mantenho meu olhar firme.
À medida que minhas palavras ecoam na sala de reuniões, percebo uma mudança sutil na atmosfera. Os rostos sérios dos presentes começam a se suavizar, e alguns até mesmo trocam olhares de aprovação. Finalmente, o Sr. Soares quebra o silêncio, sua expressão agora mais ponderada.
-"Priscila, nós valorizamos sua determinação e visão para este empreendimento,"
"Após considerar suas propostas e avaliar seus pontos fortes, decidimos concordar com sua contra-proposta."
Meu coração dispara com a notícia, uma mistura de alívio e triunfo inundando meu ser. -"E quanto à minha participação nos lucros?" pergunto, mantendo um semblante profissional apesar da euforia interna.
O Sr. Soares sorri, revelando uma faísca de raiva em seus olhos. "Você terá 60% dos lucros, Priscila. Acreditamos que é uma porcentagem justa, considerando sua dedicação e contribuição para o sucesso do negócio."
Com um grande sorriso estampado no rosto, saio da sala de reuniões, sentindo-me como se estivesse flutuando nas nuvens. Meu celular vibra em minha bolsa, e eu rapidamente o pego, ansiosa para compartilhar a emocionante notícia com minha mãe.
Com os dedos trêmulos de empolgação, disquei o número dela e aguardei enquanto o telefone chamava. Após alguns toques, finalmente ouço a voz amorosa e familiar de minha mãe do outro lado da linha.
-"Oi, mamãe! Você não vai acreditar, fechei um grande negócio!" exclamo, mal conseguindo conter minha animação.
Do outro lado da linha, posso ouvir a surpresa e alegria na voz dela. -"Priscila, meu amor, que maravilhoso! Estou tão orgulhosa de você! Conte-me tudo, como foi?" ela responde, sua voz transbordando de entusiasmo.
Compartilho todos os detalhes emocionantes da reunião, desde a proposta inicial até a emocionante contra-proposta que resultou em um acordo vantajoso para mim.
Após encerrar a ligação com minha mãe, sinto-me envolta em uma aura de realização e felicidade. Com um sorriso radiante, viro-me em direção à limousine que me espera do lado de fora do prédio. Cumprimento o motorista com um aceno amigável e deslizo para dentro do veículo luxuoso.
-"Por favor, dirija-se diretamente para minha casa", solicito ao motorista, minha voz transbordando de contentamento.
Enquanto a limousine desliza suavemente pelas ruas movimentadas da cidade, recosto-me confortavelmente no assento de couro macio, permitindo-me relaxar e saborear a sensação de realização que permeia meu ser. Minha mente dança com pensamentos de tudo o que conquistei hoje
_ zoè _
encarando meu reflexo no espelho como se buscasse respostas para as tormentas que agitam minha mente. Memórias dos momentos felizes com Cayetana inundam meus pensamentos, cada lembrança carregada com emoções contraditórias.
Os beijos apaixonados, os toques delicados, a conexão íntima que compartilhamos... Mas agora, a lembrança da traição corta como uma lâmina afiada, transformando o que antes era doce em uma dor dilacerante.
Vejo a imagem de Cayetana pronunciando aquelas três palavras para meu antigo chefe, e sinto como se meu coração se despedaçasse em mil pedaços.- "Eu te amo"... palavras que uma vez foram ditas pela mulher que eu amava
O peso esmagador da traição transforma as lembranças que antes me traziam alegria em uma fonte interminável de sofrimento. Cada sorriso compartilhado, cada risada trocada, parece agora uma mentira cruel, um lembrete constante da ilusão em que eu estava vivendo.
Fecho os olhos, tentando conter as lágrimas que ameaçam transbordar. Sinto-me perdida, presa em um turbilhão de emoções conflitantes.
O som do celular interrompe meus devaneios dolorosos, trazendo-me de volta à realidade. Ao verificar a tela, vejo uma mensagem de Priscila, transbordando de entusiasmo pelo negócio que acabou de fechar. Seu convite para comemorar na mansão dela surgiu na melhor hora
Por um momento, hesito, ainda imersa em meus próprios pensamentos sombrios. Mas então, uma faísca de esperança brilha dentro de mim. Talvez a comemoração na mansão de Priscila seja exatamente o que eu preciso para afastar as nuvens negras que pairam sobre mim.
Respiro fundo, tomando uma decisão impulsiva. Digito uma resposta rápida, aceitando o convite de Priscila. Se há uma chance de escapar temporariamente da espiral de dor em que me encontro, estou disposta a agarrá-la com ambas as mãos.
Enquanto me preparo para deixar o banheiro.
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