Capítulo Dois:


Cheguei à escola, estava tudo silencioso e todos já estavam
nas salas, fui até a minha já pensando em uma desculpa, pelo
atraso, para dar a minha professora de biologia, aliás eu não po-
dia simplesmente chegar e dizer: “Desculpe, Sra. Morgan, es-
queci de fazer o dever de química porque fiquei lendo até tarde
essa noite, por isso tive que fazê-lo às pressas, em menos de cin-
co minutos.” Não dava, né?

Cheguei à sala; não sei se você já passou por isso, mas já per-
cebeu que quando algum aluno chega atrasado à aula todos pa-
ram o que estão fazendo e olham para você? Lá estava eu com 24
pares de olhos se voltando para mim, inclusive o da Sra. Morgan.

“Ana, espero que tenha um bom motivo para estar atrasada”,
minha professora falou, severamente.

“O carro da minha mãe... estragou, e conseguiram conser-
tar... só agora”, falo, aos tropeços.

“Hum... Entendo, pode ir para o seu lugar então, estou fa-
zendo a chamada, aliás o seu nome já foi dito, coloquei falta, vou
ter que modificar”, ela diz, calmamente, mas percebo que não
acreditou na minha desculpa.
Vou até o meu lugar, o segundo da fila do meio, e ao meu
lado esquerdo a carteira da minha amiga Ellie. Logo que me sen-
tei um bilhetinho dela voou, pousando em cima da minha mesa.

“E então, qual motivo real do atraso?”

Dei um risinho e virei o bilhete para lhe responder.

“Esqueci completamente de fazer o dever de química, tive
que fazer em cima da hora, e com a minha mãe me apressando,
ainda por cima.”

Joguei o papel de volta para ela, que logo respondeu.

“Bem típico de você, mas acho que a professora não engo-
liu essa desculpa do carro estragado, você não tem um pingo de
criatividade!”

Me virei para ela e ergui as sobrancelhas, se eu não tinha um
pingo de criatividade ela então não teria nada, sua última des-
culpa para justificar um atraso fora que o peixinho dourado da
sua irmãzinha tinha morrido e ela, como uma “ótima irmã mais
velha”, tivera que consolá-la, o que levara muito tempo. Humpf,
como se alguém acreditasse nisso...

Guardei o bilhetinho dentro do caderno e comecei a rabis-
car anotações de física na última folha, a prova era na quarta e já
estávamos na segunda, se eu não conseguisse os pontos neces-
sários iria ficar de recuperação, aí sim teria que dar adeus para
os meus livros.

Enquanto anotava algumas coisas ouvi alguém batendo na
porta e a Sra. Morgan saiu da sala por alguns minutos. Quando
ela voltou, um garoto a acompanhava.

“Atenção, turma!”, ela disse, aumentando o tom de voz e ces-
sando os murmurinhos. “Este é Ethan Parker Wright, ele se mu-
dou para a nossa cidade recentemente e a partir de hoje estudará
conosco.” E, se virando para ele, disse: “Ethan, seja bem-vindo,
pode se sentar do lado da Ana, aquela garota ali”, ela disse, incli-
nando a cabeça para o meu lado, senti meu rosto todo queimar,
olhei para a carteira do meu lado direito, ela realmente estava
desocupada. Por alguns segundos pude repará-lo. Seu físico era
perfeito, tinha músculos, mas não daqueles caras que parecem
que moram dentro de uma academia, sua cintura era magra, que
levava a um peito forte e ombros meio largos, aquilo mostrava
que ele malhava, mas não tanto, seu cabelo era castanho-escuro,
tinha pele clara, e seus olhos foram o que me chamaram mais a
atenção, tinham uma coloração clara, cor de mel, dourados. Ele,
sem dúvidas, era estonteante! Notei que todas as garotas da sala
o olhavam com interesse.

Outro bilhetinho de Ellie aterrissou na minha carteira.

“Gato esse Ethan, né?”

Eu ri, Ellie não perdia uma...

“É, ele é bonito”.

“Se bem que prefiro o David, o cara é um deus!”

Reviro os olhos.

“Sério, não sei o que as garotas veem nesse David, ele só é
popular.”

David é um dos garotos mais populares da nossa série, gra-
ças aos céus ele não é da nossa turma, admito, ele é bonitinho,
com aqueles olhos azuis e corpo malhado, mas não é esse monu-
mento todo. O acho metido e convencido. Tudo bem que nun-
ca conversei com ele, mas só de olhar o modo malandro e supe-
rior com que ele trata as garotas, que praticamente se arrastam
aos seus pés, me dá nojo, e Ellie era uma delas.

“Ele não é só popular, é gato. Você que é muito reservada e
fica aí sonhando com príncipes encantados.”

Quando li aquilo, uma pontada de raiva me invadiu.

“Eu não sonho com príncipes encantados! Eu só não fico
me arrastando aos pés de um garoto que nem sabe meu nome,
como o David faz com as meninas, ele pode ser bonito e popu-
lar, mas e quanto à personalidade dele? O que vale é o caráter.”

Observei ela lendo o bilhete e soltando um risinho.

“Ana! Estamos em pleno século XXI! Onde você pretende
achar um homem tão certinho como os que você sonha? Além
disso, o David não é assim, ele é MUITO gente boa, bom, eu
nunca conversei com ele, mas é só porque ele é MUITO ocupa-
do. Acho melhor pararmos de trocar bilhetes agora, Sra.Morgan
já vai começar a explicar a matéria."

David era realmente muito ocupado, sempre se vanglorian-
do pelos corredores do colégio.

Guardei o bilhete e comecei a
dar atenção à aula, aliás, discutir sobre garotos não iria fazer
com que eu chegasse a algum lugar naquele momento.

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