05. Spanking
Fernanda
— Julie sua devassa — com um sorriso deixo - a entrar, ela sempre estava disposta para mim, sempre molhada para o meu prazer. Eu era sua dona, sua senhora, sua mulher. — cumpriu bem como horário — dou - lhe um tapa no traseiro com força e ela solta um gritinho — boa garota! — seguro em sua coleira, a identificação com o meu nome, meu presente para seu aniversário de dezenove anos.
A TV estava ligada, o volume alto, e o jornal passava uma reportagem local.
Se a orientação (homo)ssexual ainda provoca desconforto em muita gente, principalmente nos conservadores e fanáticos religiosos, imagine quando ela vem associada a práticas sexuais que fogem do senso comum.
Conscientes de nosso papel de estar abrindo espaço para todas as tribos e expressões lésbicas imparcialmente, vamos, então, na entrevista que se segue, deixar de imaginar e conversar com uma adepta de uma série de práticas sexuais, geralmente envoltas em inúmeros tabus, que vêm agrupadas pela sigla BDSM (Bondage, Disciplina e Sadomasoquismo).
Freqüentemente associada à violência, ao sexismo, e até mesmo a distúrbios psicológicos, as práticas bdsmistas no entanto são realizadas por gente comum, de todas as idades, profissões, crenças religiosas, etnias, etc... que não se diferenciam das demais a não ser por seus apetites na cama. As pessoas envolvidas nesses jogos são mulheres e homens de diferentes orientações sexuais, que se engajam em práticas inteiramente consensuais, por isso não violentas, onde várias vezes inclusive a mulher é a dominadora e o homem, o submisso. Entre pessoas homossexuais, também vemos que a aparência dos parceiros muitas vezes não condiz com o que se supõe que possa rolar em suas camas, entre mulheres, não raramente, com a femme (a parceira feminina) sendo a dominadora da sapata ou butch (a parceira masculinizada).
O BDSM traz para o erotismo o discurso do teatro por excelência, onde as práticas sexuais se dão em cenários, são chamadas de cenas ou sessões, as pessoas interpretam papéis de dominadoras ou dominadas ou às vezes até variam esses papéis e seguem roteiros determinados. A linguagem é pesada, condizente com a peça da dominação-submissão, e deve ser lida, como toda a arte, metaforicamente. A repórter lia as informações enquanto transmitia sobre a Parada LGBT e entrevistava alguns dos participantes que ali passavam.
Ela chega em um homem forte, de olhos castanhos claros como o mel, chegando a um tom de dourado, cabelos escuros quase pretos que vestia uma roupa social e bebia sua cerveja - Budweiser - parecia nem um pouco confortável em estar sendo filmado.
— Olá! Qual o seu nome? — a repórter pergunta. Deus! ela era péssima, não deveria ter muita experiência na função.
Mas eu o conhecia bem. Ele odiava os holofotes.
— e então, o que está achando da Parada LGBT? É um simpatizante ou faz parte do movimento? — a repórter pergunta.
— não, eu não faço parte disso mas conheço muitos — ele diz com certo amargor fixando seu olhar na lente da câmera. Era como se estivesse olhando para mim, como se pudesse me ver do outro lado da tela da televisão. Estremeço.
— bem, obrigada — a repórter concluí, meio envergonhada e atrapalhada com suas fichas.
Isso me fazia lembrar das minhas conversas com ele, Nuno era um homem fantástico mas cheio de convicções erradas, um dominador nato e um puto ninfomaníaco e pervertido.
Assim como muita gente, Nuno acreditava que o lesbianismo e o BDSM não poderia ser uma coisa positiva. Afinal o BDSM pede por uma relação de poder em si, você domina ou é dominado em prol do prazer mútuo. Nuno apenas vivia de aparências acreditando que ser um Domme era apenas obrigar sua companheira e realizar todas as suas vontades e fetiches, gozar em seu corpo para marcar o seu território "como um típico macho alfa", agredi - las e submetê - las, não para prazer mútuo mas sim para mascarar seu machismo e sua opressão.
Isso não é ser um Dominador, isto é ser um babaca mesmo.
Apesar de tudo ser consensual e o BDSM lésbico funcionar tão bem quanto o BDSM heterossexual, pansexual ou bissexual ainda havia aquele " achismo estranho no ar" que se chocava com movimento feminista.
Ora, na cabeça de alguns, é bem simples, uma mulher masoquista se submete a seu sádico, ao seu dono, certo? Então o fato dela ser feminista - lutar em favor da causa feminista, que é garantir os direitos das mulheres e garantir a igualdade - não pode estar conectado ao BDSM, principalmente ao SM porquê, segundo eles, se você luta por igualdade você não pode ser também submissa.
São conceitos completamente errados. O BDSM é conceitual e único, é um estilo de vida e não apenas um jogo, ser Submissa a seu Senhor ou a sua Senhora não significa não querer direitos iguais.
Muito pelo contrário, eu achava que os praticantes do BDSM eram um dos que mais poderiam falar sobre a igualdade e pregar sobre ela, porque eles, mais do que qualquer relação compreendiam a ideia de empatia, respeito e igualdade.
O sádico entende seus prazeres carnais afligindo não somente a dor em seu masoquista - porque não é a dor, ao contrário do que muitos pensam, o x da questão em um relacionamento sadomasoquista, a dor é a consequência do pensamento de punição e a punibilidade significa aprendizado, a dor tem o intuito de ensinar, na maioria das vezes, e é aí que ela se liga ao cuidado - mas como também a possibilidade de fazer uma ligação emocional e ou física única, ou seja, o X da questão em uma relação BDSM é definida por uma única palavra : Controle.
A sensação de controle, ligada ao poder, geralmente é ligada a dor, ao prazer em sentir dor ou ao prazer em infringir dor.
Desligo a TV e puxo Julie levemente pelos cabelos a conduzindo até o Quarto das Rosas, ela geme baixinho e suspira, a jogo na cama com brutalidade e lhe lanço um sorriso de lobo.
— você quer brincar hoje? — pergunto, beijando - lhe, ela assente e retribui, tiro - lhe a calcinha, incrivelmente molhada. Sempre pronta para mim.
— O que conversamos ontem Julie? —
pergunto - lhe.
— Sobre minha safeword ? — ela toma a palavra.
— sim... Se lembra dela? — questiono enquanto trilho beijos por seu pescoço e tirando o seu sutiã, seus belos e gigantescos seios, os mamilos sempre excitados e endurecidos para mim, chupo - os com força e mordisco levemente o bico de seus seios. — hoje vou te mostrar uma coisa nova: spanking.
— sim, minhas palavras de segurança — ela geme alto e morde os lábios em um completo desejo carnal, começo a tirar sua calcinha e coloco um dedo, rodopiando dentro das paredes de sua vagina e em seguida penetrando - lhe devagar. — o que é spanking senhora?
— e qual é sua palavra de segurança? Spanking é o ato de punir com as mãos ou com uma palmatória porém muita gente confunde com espancamento mas uma coisa não tem absolutamente Nada haver com a outta — questiono enquanto ela tentava se controlar.
— Glacée — que é sorvete em francês — mas também posso usar vermelho, caso for muito intenso e amarelo, caso eu estiver perto do meu limite — Julie repete tudo o que lhe ensinei.
— boa garota — empurro - lhe na cama e fazemos amor até ela gritar o meu nome em um orgasmo.
Horas mais tarde, estaciono no Witchie's Bar, traduzindo - se literalmente como Bar das Bruxas. Um bar, restaurante e boate gay, em maioria que ficava na área fodidamente nobre de São Paulo.
Julie sai pelo lado do carona e deixo meu bebê — um Mustang Shelby azul marinho 1969 — nas mãos do manobrista.
— Não amasse — digo para ele com meu olhar de lobo e o jovem de aproximadamente vinte e três anos engole seco. Ele tinha uma tatuagem preto e branco de rosa no pescoço que chamava atenção e usava roupas formais demais para o trabalho que exercia mas talvez fosse apenas a política para uniformes de funcionários da boate.
— Nanda, não seja tão má! — Julie me repreende e eu viro para ela como se tivesse nascido uma segunda cabeça em seu corpo.
— você por acaso se esqueceu de com quem está falando? — ameaço com muita frieza e calma comedida.
— não. — ela engole seco e respira fundo — você pode foder comigo todas as vezes em que venho para cá e me amarrar, surrar, humilhar, xingar, cuspir, espancar, tocar e doutrinar, eu sou sua Submissa, mas eu não sou uma 24/7, eu amo uma foda dura, selvagem e pervertida mas eu nunca, jamais vou permitir que você desconte sua falta de controle em alguém por puro prazer! — Julie bufa irritada, à esta altura ela já estava gritando e entra, furiosa e batendo o pé, no bar.
Puta merda, isso estava ficando feio.
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