𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 • 37

- Se me permite dizer, acho que está guardando rancor demais - Maxie diz caminhando do meu lado.

Os últimos dias não tem sido fácil, evitei ao máximo ficar em casa, até estou dormindo na casa do Nathanael.

Regina me liga como se fosse uma mãe presente dizendo que está preocupada achando que lhe devo alguma satisfação, se ela quer fazer essa tal coisa de maternidade ela está enganada, tarde demais para essas besteiras...

- Meu pai é um imbecil por aceitar ela de volta - Digo revirando os olhos, só de lembrar do assunto.

- Não estou negando isso, claro, mas acho que você está só gastando sua energia com algo que nem vale a pena.

Talvez ela tenha razão, mas isso não faz que a situação seja menos estressante, isso, ou talvez eu esteja fazendo uma tempestade em um copo d'água.

Quando eu contei para eles, todos ficaram chocados, Nath ficou com raiva por mim, John ficou sem reação, assim como a Maxie, que ficou em choque por quase 10 minutos contados.

Vejo em meu celular o nome da regina pela terceira vez no dia, me ligando. Reviro os olhos e recuso a ligação.

- Talvez devesse ir para casa hoje, já fazem quase três dias sem pisar lá, não acha? - Maxie pegunta colocando suas coisas no armario, enquanto eu tento procurar as chaves da sala do jornal dentro da minha bolsa.

- Da ultima vez em que eu pisei lá, eles estavam agindo como se fosse uma familia feliz - Digo jogando minhas coisas no chão, não achando a chave - Ela fazendo café como se fosse uma mãe presente e meu pai lendo jornal como se fosse rotina.

- Não quer pelo menos tentar?

- Que merda - Falo frustada ao ver que a chave não estava nas minhas coisas novamente - Seria enganação, sei que a realidade não é essa, isso está longe de ser a realidade - Respondo ela.

- Então viva a realidade, não precisa fingir absolutamente nada. Vai para casa mostre que está viva e talvez ela para de te ligar - Ela aponta para meu celular que mostra o nome dela de novo.

Reviro os olhos, jogando meu celular na bolsa, junto com as outras coisas que estavam pelo chão, saindo atrás da chave reserva na recepção.

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Piso na frente da porta frustrada, pensando se vale a pena entrar ou não. Tiro a minha mochila das costas e entro, tomando a decisão.

Vejo algo que eu realmente não esperava, a casa revida, caco de vidro pelo chão, cadeiras pelo chão, como se um furacão tivesse passado por aqui.

Jogo minha bolsa em um canto e saio procurando algum sinal de vida. Com o coração na mão, olho pela sala, cozinha e quartos e nada, mas quando eu olhei para o jardim me assustei. Vi me pai sentado no balanço que ele havia feito, com um corte na testa e um olho roxo.

- Pai o que aconteceu - Sai correndo em sua direção vendo se estava tudo bem.

Ele desmoronou, como se alguém tivesse batido um carro no muro, lagrimas atrás de lágrimas, nem ao menos conseguia respirar direito. Eu abracei ele, talvez eu devesse. Nunca o vi desde jeito.

- Eu deixei novamente - Disse entre soluços.

- Deixou o que? - Perguntei assustada.

- Ela entrar na minha vida e fazer o que ela fazia antes - Pedia o fôlego e voltava a chorar.

Eu não havia entendido de primeira, mas ao raciocinar entendi o que ele havia falado.

- Não acredito! Vou atrás daquela cretina, vou acabar com ela! - Falo com raiva

Ele sofreu violência doméstica dela todo esse tempo, desde criança eu percebia algo estranho. Ele pediu o divórcio, não ela, as brigas constantes não era dos dois, e sim dela.

- Me desculpe, depois de todos esses anos ausente, não conseguia me perdoar por fazer você ver eu sofrer nas mãos dela - Não conseguia olhar em meu olhos - Ela disse que havia mudado, que me queria de volta, que queria ter a família dela de volta. Eu fui um estúpido por acreditar.

Eu ia dizer algo para ele, mas meu celular me cortou, novamente, era a Regina.

Atendi.

- Oi filha, como você está? Está na escola ainda?

- Por que você quer saber?

- Queria dizer que se puder, logico que não precisa, dar mais um tempinho pra mim e pro seu pai? Queria ficar a sós com ele, sabe momento de casal?

Vagabunda.

- Tanto faz. Vai estar em casa que horas? Quero ir buscar algumas roupas e não quero olhar na sua cara.

David me olhou com duvida, como se perguntasse o que estou fazendo. E a resposta é simples, me vingando...

- Tudo bem - Soa desapontado - Entre as 4 e 5 estou por lá.

Desliguei.

- Não mexe em nada pai, não mexe em nada - Sai correndo - Nem ao menos tome banho! - Gritei de longe.

Regina, você paga por tudo que você fez.

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