17. Uma questão de urgência

Estavam na perfeita paz até ouvirem a voz de Benjamin atrás deles:

— Hã... Tio Greg, me desculpa atrapalhar seu encontro.... Mas acho que terá que me levar para o hospital!

De início Gregory até tentou ignorar, mas diante do arfar surpreso de Elisa e do fim daquela frase, ele se virou rapidamente para o sobrinho, apenas para constatar que ele estava tendo uma reação alérgica. Se levantou rapidamente e tomou o rosto de Benjamin nas mãos, o examinando e questionando:

— Meu Deus, Ben. O que aconteceu?

— Não sei. Minha boca começou a formigar e meu braços estão coçando.

Mais uma vez Gregory examinou o sobrinho constatando que os braços estavam cheios de bolinhas vermelhas e um olho do garoto estava tão inchado, que já estava fechado.

— Ah, droga, Benjamin! Comeu algum fruto do mar?

— Eu não sei! Comi um monte de coisas, não sei se tinha algum na comida.

— Sabendo que você é alérgico por que não perguntou o que tinha?

— Sei lá, estava mais preocupado em beijar a Eduarda.

— Francamente! Juízo você não tem. Nicolas vai me matar. Vamos logo, antes que isso piore. – Se virando para Elisa, completou – Me desculpe, preciso levá-lo urgente.

— Tudo bem, eu entendo. Quer que eu vá com vocês?

— Agradeceria.

Correram para fora do parque e Gregory deu partida no carro rapidamente, deslizando pelas ruas o mais rápido que podia. Elisa escolheu ir no banco de trás, junto com Benjamin, para tentar acalmá-lo, era muito claro o quanto o garoto estava nervoso.

Em determinada avenida, um carro praticamente se arrastava em sua frente, Gregory até tentou seguir atrás pacientemente, mas diante do resmungo de Benjamin, ele perdeu as estribeiras.

— Tio, está ficando difícil respirar!

— Calma, Ben. Vou dar um jeito. – Ele tentou ultrapassar, mas não encontrou brecha. Apertou a buzina diversas vezes, mas nada do motorista dar passagem – Sai da frente, cazzo! – Berrou Gregory, com a cabeça para fora do carro.

O motorista da frente parecia fazer aquilo de propósito, sem muitas opções, Gregory fez algo que era totalmente contra as leis de trânsito... E contra seus valores também. Vendo que não havia nenhum pedestre na calçada, jogou o carro para cima dela e acelerou ultrapassando a lesma que estava na frente. Elisa estranhou aquela atitude de Gregory, principalmente quando ao passar pelo carro que estava na frente, ele encarou o motorista e soltou um palavrão, juntamente com um gesto obsceno. No entanto, era compreensível, ele deveria estar nervoso demais para ser sensato.

Ultrapassou os limites de velocidade e parou praticamente deslizando em frente ao hospital. Saiu rapidamente e puxou Benjamin para fora, pouco se importando em trancar o carro. Correu com o garoto para dentro e assim que um médico o avistou tratou de levá-lo para dentro, deixando Gregory preocupado do lado de fora.

Elisa entrou logo atrás, com a chave do carro na mão e dizendo:

— Tranquei o carro para você.

— Obrigado. – Respondeu ele, suspirando e se sentando em um banco ali.

— Ele vai fica bem? – Perguntou ela, se sentando ao lado dele.

— Espero que sim, ele vai ter um melhor tratamento aqui. Mas o que aquele garoto tem na cabeça?

— Acho que ele não esperava isso.

— Ninguém esperava. – Segurando a mão dela e a olhando nos olhos, Gregory disse – Me desculpa o encontro terminar assim.

— Eu já disse que está tudo bem, é questão de saúde.

— Falando nisso... Preciso ligar para o Nick. Com licença.

Ele se levantou e se afastou o suficiente para ninguém ouvir sua conversa com o irmão. No terceiro toque Nicolas atendeu.

— Fala, Greg. Está tudo bem?

— É... Mais ou menos.

— Por quê? O que aconteceu?

— Então... Estou no hospital com o Ben.

— O quê?! – Nicolas praticamente berrou do outro lado – O que aconteceu com ele? Ele está bem?

— Ele teve uma reação alérgica, tive que correr com ele.

— O que Benjamin comeu?

— Ele não sabe. Encheu a barriga de tudo que é porcaria e agora está lá dentro sendo atendido.

Nicolas suspirou cansado do outro lado da linha e respondeu:

— Tudo bem, já estou indo para aí. Obrigado por avisar.

— Não por isso. Te mantenho informado.

— Está bem. Logo chego. Micaela, ...

Gregory ainda ouviu o irmão falar sobre Benjamin para a esposa e ela praticamente surtar, antes da ligação ser encerrada.

Foi questão de meia hora até o médico vir de encontro a eles e com um sorriso dizer:

— Ele está bem, aplicamos um antialérgico e logo o inchaço diminuirá, creio que dentro de poucas horas ele poderá ir para casa.

— Graças a Deus! – Arfou Gregory – Esse garoto dá cada susto. Obrigado, doutor.

— Disponha, alteza. Se quiserem vê-lo agora, posso levá-los ao quarto.

— Por favor.

Benjamin estava na ala particular que ficava no terceiro andar, ao entrar no quarto todo branco, Gregory o avistou relaxado na cama, assistindo a algo que passava na TV. Olhando para o garoto nem parecia que há poucos minutos ele estava inchado e vermelho, o olho que antes estava fechado, agora já voltava ao normal.

— Como se sente? – Perguntou Gregory, entrando com Elisa logo atrás.

— Agora estou bem, consigo respirar melhor. Colocaram minha série favorita para eu assistir.

— Tudo para te agradar, não é mesmo? Da próxima vez tome mais cuidado com o que come.

— Não tinha como adivinhar que tinha frutos do mar na comida.

— Você está cansado de saber que se não souber o que tem na comida, deve perguntar. Não se pode brincar com alergia, principalmente com o tipo de alergia que você tem.

— Nos deu um baita susto. – Completou Elisa – Precisa se cuidar mais.

— Eu sei. Me desculpem. – Respondeu o garoto, de cabeça baixa.

— Tudo bem. O importante é que você está bem agora.

Elisa deu um beijo na bochecha de Benjamin, o que fez o garoto abrir um sorriso enorme e olhar admirado para a moça, em seguida ela fez o mesmo em Gregory e disse:

— Preciso ir, já está ficando tarde e aquelas duas não comem se eu não cozinhar.

— Mas tão cedo? Não quer conhecer o Nick? – Questionou Gregory.

— Eu consigo bem encarar dois príncipes, mas um rei já é intimidador demais. – Respondeu ela, rindo, e com um último beijo, completou – Quem sabe uma outra hora. Não se esqueça de quinta-feira.

— Quinta? Quer subir o monte na quinta?

— É feriado, não?

— Ah, é verdade. Então até quinta.

— Até.

Rapidamente ela saiu, deixando Gregory com um sorriso bobo no rosto e Benjamin com um sorriso mais bobo ainda.

— Como conseguiu? Ela é realmente muito bonita para você! – Soou a voz do garoto.

— Por que não cala a boca, Benjamin?

— Só estou constatando fatos.

O adolescente bocejou e esticou os braços se espreguiçando e se acomodando mais nos travesseiros, parecia mais cansado e sonolento do que o normal.

— Está tudo bem? – Questionou Gregory.

— Está, mas acho que aquele remédio dá um pouco de sono.

— Pode dormir se quiser, vou ficar aqui até seus pais chegarem.

— Eles estão vindo?

— Sim, devem chegar a qualquer momento.

— Estou ferrado, eles vão me matar.

— Acho que estão preocupados demais para isso.

Benjamin não respondeu mais, apenas deu um sorriso e fechou os olhos, dormindo logo em seguida. Gregory se limitou a sentar na poltrona ao lado da cama e assistir à série que antes o sobrinho assistia.

Como aquilo dava sono! Ele não entendia o gosto questionável que aquele garoto tinha. Não demorou dez minutos e Nicolas adentrou o quarto, junto com Micaela. Ela correu para perto do filho o examinando cuidadosamente, enquanto Nicolas acariciava os cabelos do garoto e perguntava a Gregory:

— O que o médico disse?

— Disse que vai ficar bem. – Falou, se levantando – Eles deram um antialérgico e o inchaço do rosto dele já diminuiu bastante.

— Mas as bochechas ainda estão inchadas. – Respondeu Micaela, passando a mão pelo rosto do garoto adormecido – Ele deve ter ficado um pouco assustado, não é? Sempre fica nervoso quando isso acontece.

— Sim, ele pareceu com medo. Reclamou de falta de ar.

— Com a reação alérgica isso realmente acontece. – Constatou Nicolas, e se virando para o irmão, disse – Se quiser pode ir para casa, nós ficaremos aqui.

— Tem certeza?

— Claro, pode ir descansar.

— Tudo bem. Qualquer coisa, podem me chamar.

— Obrigado.

Assim, Gregory dirigiu até em casa e subiu direto para um banho, o dia tinha sido agitado e tudo o que ele mais queria era deitar e relaxar, mas ao se jogar na cama escutou um guincho vindo de baixo e se levantou aos pulos, procurando de onde tinha vindo aquele som.

Se abaixou e se deparou com Zeus saindo de baixo da cama e correndo para o pote de biscoitos que Gregory deixara perto de sua escrivaninha. O guaxinim segurou a tampa e mordeu, tentando abrir, mas nada acontecia, então levantou o focinho farejando o ar, como se disse a seu dono o que ele queria.

— Vai me dizer que ficou o dia todo aqui embaixo da cama? – Questionou Gregory, abrindo o pote e entregando um biscoito a Zeus.

Não satisfeito, o guaxinim ainda roubou outro biscoito e correu para baixo da cama novamente.

— Aaahhh, Zeus, vai fazer a maior bagunça aí! – Gregory tentou puxar o animal para fora novamente, mas o que recebeu foi uma mordida e um ruído irritado – Tudo bem, tudo bem. Vou atender a esse seu pedido carinhoso de te deixar em paz. Caramba, que dor!

Ele examinou a mão, que estava com algumas marquinhas de dentes e vermelha, passou uma pomada e se contentou em se deitar na cama, assistindo suas séries. Não demorou muito até Zeus subir na cama e se acomodar em cima de Gregory, tirando um cochilo ali.

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