14. Fliperama

O tempo passa rápido quando se tem muita coisa para fazer, e sem que Gregory percebesse o sábado chegou. Era um dia que todos se encontravam em casa, logo de manhã eles já estavam correndo, conversando, gritando... Era uma bagunça tão grande, que ele se questionava se pertencia àquela família mesmo. Mas apesar de tudo ele gostava daquela bagunça, a alegria das crianças era contagiante e ele não saberia como se sentiria se a casa ficasse totalmente em silêncio, já tinha se acostumado com aquela rotina.

A bagunça só piorou quando, pela tarde, o carro de Thomas estacionou em frente à mansão, os dois sobrinhos mais velhos desceram a escada correndo como se fossem uma manada de elefantes, eles sabiam que o "tio Thomas" nunca vinha desacompanhado, sempre trazia os gêmeos, que tinham a mesma idade de Sofia e eram iguais, se não pior, que os Lambertini mirins.

Os garotos de pele oliva e olhos verdes saltaram do carro e correram até a entrada, antes de fazerem qualquer tipo de bagunça, porém, Thomas alertou:

— É melhor vocês se comportarem ou vou deixar os dois sem vídeo game por tempo indeterminado.

— Como se a gente aprontasse muito. – Respondeu Sam, cruzando os braços.

— Vocês quase colocaram fogo na sala de coleções da Dionne... Não que não tinha sido uma boa ideia. Não sei como não pensei nisso antes.

— Está vendo? Até o senhor queria fazer aquilo. Por que somos nós que ficamos de castigo? – Resmungou Theo.

— Porque eu sou o pai. Eu faço o que eu quiser. Agora comportem-se... Ou já sabem.

— Mas isso não é justo! Sem vídeo game não dá. Não tem outro castigo mais leve?

— Está bem. Se aprontarem algo, vou cortar a energia da sala de jogos.

— Mas... o vídeo game fica lá.

— Exatamente. – Respondeu Thomas, entrando.

— Que droga! – Reclamou Sam – Tem horas que é horrível ser filho dele.

— Diz isso porque não é filho do senhor Nicolas. – Respondeu Benjamin, que até então estava calado.

— Ele é terrível. – Concordou Sofia – Eu não sei como ele consegue, mas tenho quase certeza que o papai tira uma hora do dia dele para inventar novos castigos para a gente.

— Ultimamente ando evitando ao máximo deixar que o senhor Lambertini descubra o que eu apronto. - Completou Ben novamente.

— O que você apronta? E o que tem eu? – Soou a voz familiar atrás dos meninos.

Os gêmeos gritaram de susto, Sofia pulou no colo do irmão e Benjamin fechou os olhos com força e encolheu os ombros, pronto para o que viria.

Se virou devagar a fim de encarar o pai, mas o que encontrou foi Gregory gargalhando e colocando os óculos de volta no rosto.

Era impressionante como ele conseguia imitar a voz do irmão. Sempre que queria colocar medo nas crianças ele fazia... e os sobrinhos sempre caíam.

— Vocês têm mesmo medo do seu pai. – Disse ele, em meio ao riso ainda.

— Como você faz isso? De onde surgiu? – Questionou Theo.

— Tenho meus truques, garoto.

Eloisa surgiu correndo atrás dele e gritando:

— Vamos ao fliplerama, tio Gueg.

— Vamos Theo, Sam, vem também. – Convidou Sofia.

— Mas não vai ter espaço para todo mundo. – Respondeu Gregory, indo em direção ao carro.

— A gente dá um jeito nisso. – Respondeu Theo, com um sorriso travesso.

Gregory não gostou nada daquilo, os gêmeos eram conhecidos por aprontar muito. Não ficaria impressionado se um dia dissessem a ele que os pestinhas tinham colocado fogo na casa.

— Nós não vamos infringir as leis de trânsito. – Declarou Gregory, com voz firme.

— Você é muito certinho, tio. – Respondeu Ben, parando em frente a Gregory e consequentemente o fazendo ficar de costas para o carro.

— Regras existem para serem obedecidas, Ben.

— Regras existem para serem quebradas.

— Eu não sei como você saiu desse jeito. Seu pai sempre te ensinou a seguir regras.

— Porque é outro certinho.

— Sem regras e vida seria uma bagunça.

Benjamin não respondeu o tio, apenas deu um ar de riso e desviou os olhos, rapidamente, para os outros que estavam atrás de Gregory.

Coisa boa não podia ser!

Gregory ouviu o som do porta malas se destrancar e quando se virou para ver o que estavam fazendo, viu Theo pulando dentro e fechando.

— Não, não, não! – Gritou Gregory, correndo em direção ao garoto.

Sentiu a perna esquerda pesada e viu Eloisa agarrada a ela, Sofia correu para ajudar Theo e fechou o porta malas, sentando-se em cima.

— Ops! – Disse a menina, com falso ar inocente.

Gregory tirou Eloisa de sua perna e se dirigiu para perto da outra sobrinha.

— Sai de cima, Sofia.

— Tudo bem.

Quando Gregory levou a mão ao bolso para pegar a chave e destrancar o porta malas, não a sentiu ali, olhou em volta procurando e se deparou com Sam a segurando.

— Me devolve isso, garoto! – Ralhou Gregory.

— Só se nos levar ao fliperama. – Respondeu Sam, petulante.

— Isso é chantagem.

— Eu sei.

— Anda, tio, nos leve logo. Ou vai se atrasar para encontrar sua namorada. – Disse Sofia, entrando no carro.

— Eu não tenho namorada.

— Claro que ele não tem, Sofi. – Respondeu Ben, se sentando no banco do carona, na frente – Ele não sabe nem controlar um bando de crianças, acha que vai conseguir uma namorada?

Gregory urrou de raiva e disse:

— Eu não quero nunca ter filhos!

Depois colocou Eloisa na cadeirinha e pegou a chave da mão de Sam, que tinha um sorriso satisfeito no rosto. O garoto se acomodou ao lado de Sofia, e Gregory entrou no carro, dando partida.

— É hoje que sou preso. – Resmungou para si mesmo.

O caminho todo as crianças foram conversando e fazendo bagunça, isso quando não cismaram de cantar uma musiquinha irritante que Eloisa adorava. Gregory só imaginava se poderia ter um encontro decente com Elisa. Mas que ideia tinha sido aquela de levar os pestinhas para o mesmo local do encontro?

Não importava. Agora tinha que lidar com isso, mas nada que algumas fichas para jogos, comida e suborno não resolvessem. 

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