13. Um lado que ninguém vê

Na segunda-feira ela mal pôs os pés para dentro da faculdade e sentiu alguém a agarrando e a arrastando para um corredor vazio.

— Qual o seu problema? – Questionou ela, mas ao se virar avistou Gregory a encarando, preocupado – Moran... Gregory.

— Ah... Oi. Como você está?

— Estou bem e você?

— Bem. Não está brava?

— Com o quê?

— Com as fotos que saíram. Quer dizer... Eu sou meio culpado por isso, deveria ter imaginado que teria repercussão. – Respondeu ele, esfregando a nuca, constrangido.

— Hum... Não vejo onde isso é sua culpa. Como eu já disse, não pediu para nascer na realeza, pediu?

— Não, não pedi.

— Então tudo bem. Sei que não deve se sentir confortável com essa exposição também.

— Na verdade, eu odeio.

— Bom, então vamos ter que lidar com isso.

— Fico aliviado em saber que não está brava. Assim posso te convidar para sair comigo de novo.

— Quer sair de novo? – Questionou Elisa, elevando uma sobrancelha.

— Não dá para conhecer uma pessoa em um único encontro, não acha? – Respondeu ele, com um sorriso ladino.

— E quem seria eu para negar, não é mesmo, alteza?

— Só aceito se você for por vontade própria.

— Então aceito.

Gregory abriu um sorriso feliz e se aproximando mais dela, respondeu:

— Queria que esse encontro fosse durante o dia, sem música alta, onde poderíamos conversar e de preferência bem longe de bebidas alcoólicas para que eu não passe mais vergonha como passei naquela foto que me mandou.

Elisa riu alto, se lembrando da foto que enviara a Gregory, se ele achava aquela vergonhosa, então não poderia ver as outras mais comprometedoras ainda.

— Tem muito mais de onde saiu aquela. - Respondeu ela.

— Ah, pelo amor de Deus!

— Então... Onde será nosso encontro?

— Pode ser no sábado no parque da cidade?

— Não é público demais?

— Conheço um lugar lá que é bem privado e que as pessoas geralmente não têm tanto acesso.

— E por que quer me levar em um lugar onde as pessoas não vão? – Perguntou ela, sugestiva.

Gregory se aproximou mais ainda, envolveu a cintura dela com uma mão a puxando para si, encarou os olhos verdes dela e abaixou a cabeça até encostar os lábios no ouvido dela e proferir:

— Por que você acha?

— Às vezes você mostra um lado seu que ninguém vê, Gregory Lambertini, acho que alguma coisa se apodera de você. – Respondeu ela.

Elisa virou a cabeça para encará-lo, mas tarde demais percebeu que ele não havia recuado, seus rostos estavam tão próximos que as pontas dos narizes se tocavam, ela não soube exatamente por quanto tempo permaneceram ali, encarando um ao outro nos olhos, apenas soube que de repente sentiu uma vontade enorme de beijá-lo, então diminuiu a ínfima distância entre eles e o puxou para si, colando os lábios.

As mãos dela correram pelos ombros fortes e definidos de Gregory e pararam ao redor do pescoço dele, enquanto ele a segurava pela cintura e fazia uma leve pressão no local.

O beijo começou lento e casto para evoluir para algo mais lascivo e ardente. Gregory girou e encostou Elisa na parede, enquanto ela se agarrava em sua camiseta, buscando apoio para não cair.

Enquanto isso, atrás da parede Samantha e Francis estavam empolgados, observando o casal. Não se poderia dizer quem era o mais alegres dos dois.

— Quanto tempo acha que eles aguentam? – Perguntou Samantha.

— Depende da determinação de cada um.

A morena olhou para o nerd à sua frente e de repente percebeu que ele chegara ali sem que ela o visse.

— De onde você saiu, hein? - Questionou.

Francis a olhou, questionador, depois revirou os olhos e suspirou, voltando a olhar para o amigo, resmungando:

— Por que ainda me sinto chateado em ser invisível?

Gregory e Elisa só se separaram quando sentiram falta de ar, o sorriso depois do beijo foi inevitável. E quando se desprenderam um do outro, o sorriso de Gregory sumiu e deu lugar a uma expressão frustrada, enquanto ele fazia uma careta e falava:

— Ah, droga!

— O que foi? – Questionou Elisa, curiosa.

— Esqueci que no sábado prometi levar meus sobrinhos ao fliperama. Vamos ter que marcar outro dia.

— Eu não me importo de conhecer seus sobrinhos. Adoro crianças.

— Tem certeza? Porque assim que os conhecer vai passar a querer distância de crianças.

— Não podem ser tão ruins assim.

— Ah, não? Pergunta para o Francis, ele não chega perto dos dois mais velhos nem sob decreto do Nicolas.

Elisa riu, se divertindo com a situação e a frustração de Gregory.

— Devem ser as maiores pestes.

— Isso é eufemismo. – Disse ele – Se quiser podemos marcar outro dia, ou posso até mesmo sair com eles outro dia.

— Não! De maneira nenhuma. Você marcou de sair e com eles e vai, podemos ficar em um canto mais privado. Eu realmente gosto de crianças.

— Depois não diga que não avisei. Pode ser lá pelas dezesseis horas?

— Perfeito.

Logo eles voltavam pelo corredor, enquanto seus amigos disfarçavam fingindo olhar no celular ou ler um livro. Antes de Gregory se afastar, porém, Emma, amiga de Elisa, chegou correndo para falar com ela, mas ao avistá-lo, arregalou os olhos e imediatamente fez uma reverência exagerada, que só seria aceita quando se referisse a Nicolas.

— Me desculpe a falta de modos, alteza. – Disse ela.

Emma nunca tinha chegado tão perto de um membro da realeza como naquele momento, então ela não sabia como lidar com aquela situação. O problema era que Gregory também não sabia lidar, já recebera cumprimentos exagerados, claro, mas nunca soube como reagir, da mesma forma que se encontrava naquele momento.

Ele ficou rubro naquele momento, as pessoas passavam e os encaravam com estranheza, sabendo que Gregory já era uma presença com a qual se acostumaram. Ele tocou o ombro da moça, chamando sua atenção e disse:

— Por favor, levante-se. Não precisa fazer isso.

— Mas é que você é um príncipe.

— Eu sei, mas não nos saúdam assim há muito tempo. Por favor, as pessoas estão olhando!

Ela se levantou e observou as pessoas ao redor, se encolhendo um pouco envergonhada.

— Me desculpa, não sabia como te cumprimentar.

— Como cumprimenta qualquer uma de suas amigas. Sou apenas uma pessoa.

— Você é da realeza.

— Ainda assim uma pessoa. Eu como, durmo, sinto dor e até dor de barriga. – Disse Gregory, fazendo os outros rirem ao seu redor – E vou morrer.

— O quê?! – Bradou Emma, assustada.

— Um dia! – Corrigiu apressadamente – Vou morrer um dia. Quer dizer, todo mundo vai, e espero que minha vez não chegue logo... O que quero dizer é que sou tão humano como qualquer outro aqui presente. Acho que me enrolei um pouco.

— Você acha? – Questionou Francis – Vamos, Romeu, já estamos atrasados.

Ele saiu arrastando Gregory, que olhou para trás e lançou um sorriso para Elisa, formando apenas com os lábios a frase:

— Te vejo sábado. - Se voltando para Francis, cochichou – Eu não gosto de plateia quando estou beijando alguém.

Francis arregalou os olhos, surpreso e perguntou:

— Como...? Como sabe que eu...?

— Vi você e a Samantha pelo canto dos olhos.

— Ah... Me desculpe.

— Tudo bem. Só não faça isso de novo, é constrangedor.

Quando os rapazes se afastaram, Samantha soltou gritinhos e sacudiu Elisa, dizendo:

— Ah, garota sortuda! Você sabe se ele tem um primo? Um parente distante? Me arranja alguém daquela família, por favor!

— Sam, não seja desnecessária. – Reclamou Emma.

— Você fica quieta, banana. Eu só estou perguntando.

— Não trate ela assim. – Respondeu Elisa – E mesmo que o Greg tivesse um parente, com esse comportamento você não está merecendo.

Samantha deu de ombros, como se não se importasse, e saiu pelo corredor deixando as outras duas com uma expressão indignada. Ela só podia ser ninfomaníaca. 

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