06|Nosso Primeiro Natal
Apolo Maldonado Arantes
Ando pelas prateleiras da loja, com Arthur em meu colo, enquanto escolhemos nossos presentes. Há uma lista nas pequenas mãos do meu filho, que "lê" e me dá as instruções.
- Pra Lessa e Héktor, vai ser ursinhos iguais. Eles não pode ficar com ciúmes. - Ele fala e pega dois ursinhos marrons com lacinhos, colocando na nossa cesta.
- Certo, ganhar presentes iguais para nenhum ter ciúmes do outro. Mesmo que eles ainda estejam bem protegidos na barriga do papai Lu. - Falo rindo e ele assente.
Continuamos nossas compras, saindo da loja com várias sacolas cheias de presentes para toda a família. Encontro Lucio no estacionamento do shopping, tendo também muitas sacolas com ele, mas todas são de lojas infantis.
- Amor, não tínhamos combinado de não comprar nada ainda? - Pergunto, arqueando uma sobrancelha para ele.
- Eu não resisti. - Ele responde com um sorriso sem graça e balanço a cabeça em negação.
Só vou relevar, pois ele está muito lindo com sua barriguinha de quatro meses, que carrega nossos dois tesouros.
- Papai Lu gasta demais. - Arthur diz, assim que entramos no carro e meu marido olha para ele com os olhos arregalados.
- Filho?! - Ele diz e isso quase me faz rir.
- Papai A que disse. - O pequeno traidor diz, fazendo meu marido me lançar um olhar mortal em seguida.
- Oh, é mesmo? Bom saber. - Lucio diz emburrado e isso me faz suspirar.
Estou muito ferrado, eu sei.
Respiro fundo e dou partida no carro, seguindo para casa. Nosso caminho é feito em silêncio, já que Lucio não me dirige a palavra e Arthur está bem entretido jogando no meu celular.
Assim que chegamos em nossa casa, que nós mudamos há pouco tempo, Lucio é o primeiro a sair do carro, deixando nós para trás. Tiro o cinto de segurança e antes de Arthur querer sair do carro, eu chamo ele.
- Que foi, papai? - Ele pergunta curioso e me olha com os olhinhos castanhos.
- Filho, tem algumas coisas que não podemos falar, ok? Eu disse que seu papai gastava muito, mas era brincando. Só que ele está sensível por causa da gravidez dos seus irmãozinhos, então isso deixou ele triste. - Explico e ele assente, formando um biquinho.
- Arthur não queria deixa o papai triste. - Ele diz e sorrio.
- Eu sei que não, anjo. E a culpa não é sua, mas a partir de agora, saiba que tem algumas coisinhas que não podemos falar. Ok? - Pergunto e ele assente.
Saímos do carro em seguida e deixamos os presentes ali mesmo, só levando as compras que Lucio fez. Assim que entro em casa, não vejo meu marido por ali.
- Arthur pode vê desenho? - Meu pequeno pergunta e assinto.
- Pode sim amor. - Beijo sua testa e vendo ele se acomodar no sofá da sala, eu sigo para meu quarto.
Entro na última porta do corredor e assim que meus olhos vasculham o quarto, vejo Lucio sentado no meio da cama, com uma barra de chocolate em mãos.
- Só para saber, eu comprei o chocolate com meu dinheiro. - Ele diz sério e isso quase me faz rir, mas não o faço. Não estou a fim de morrer.
Suspiro e sigo até a cama, passo meu corpo para a mesma e me aproximo dele.
- Amor, eu disse aquilo brincando... Sabe que não é verdade. - Falo perto do seu ouvido, vendo sua pele se arrepiar.
- Eu não sei de nada. - Ele diz meio mole, mas logo se recompõe e me lança um olhar nada agradável. - Se afasta de mim.
Solto um suspiro e me jogo contra o colchão. "Ok! Bora apelar para o lado emocional."
- Lu, eu te amo! E você pode gastar todo meu dinheiro se quiser, não me importo. Mas, quer mesmo ficar brigado justo hoje, véspera de Natal? Esse é o nosso primeiro Natal. - Apelo.
Um...
Dois...
Sinto o corpo dele se juntar ao meu e me apertar em um abraço. Sorrio e o abraço de volta, deixando minha mão direita sobre sua barriga já bem grandinha para os quatro meses de gestação.
- Desculpa A... Os hormônios me deixam assim. - Ele diz baixinho.
Viro meu rosto em direção ao seu e aproximo minha boca da sua, iniciando um beijo lento. Sinto o gosto de chocolate e isso me faz sorrir.
- E como estão nossos pequenos milagres? - Sussurro contra sua boca, assim que nos afastamos.
Nossos olhares ficam conectados e só consigo sentir meu coração aquecer, como acontece todas às vezes que eu o olho.
- Eles estão bem, não vejo à hora de poder sentir eles se mexendo dentro de mim. - Ele sorri feliz e o beijo novamente.
- Eu te amo! - Falo e deixo mais um selinho em sua boca.
- Nós também te amamos. - Ele sorri e deixa um beijo em minha testa.
Ficamos ali deitados na cama, até um pequeno ser invadir o quarto e se juntar a nós também. E é dessa forma que nossa tarde do dia 24 de dezembro se passa.
* * *
Entro na casa da minha avó, já podendo ver todos reunidos na grande sala de estar da família.
- Como é bom te ter aqui, meu amor. - Minha avó diz, assim que passo pela porta e ela me recebe com um abraço.
A abraço de volta e consigo me sentir verdadeiramente feliz por isso.
- Eu estou feliz em estar aqui. - Respondo sincero.
Ela se afasta e deixa um beijo em minha bochecha, antes de ir até Lucio e nosso filho. Movo minha cadeira mais para dentro e então cumprimento todos os outros.
- Não perdeu tempo, hein?! - Provoco Jorge, já que Leonardo está aqui com ele. E sinceramente, não há uma novidade nisso.
- Cala a boca! - Ele diz e me aperta em um abraço.
Solto uma risada quando ele se afasta e então sou recebido por dois pestinhas, que escalam minhas pernas. Balanço minha cabeça em negação, mas pego Otávio e Giovani, que insistem em me escalar.
- Já conseguem falar tio Apolo é melhor que o papai Enzo? - Pergunto, olhando para os dois par de olhos em minha frente.
E ao invés de uma resposta, ganho duas risadas e mãos na minha cara.
- Ok, já entendi! - Reclamo e coloco os dois no chão novamente, vendo eles correndo com as pernas curtas.
- Bem feito, idiota! - Sinto uma mão bater em meu ombro e ao levantar meus olhos, vejo Enzo rindo ao meu lado.
Reviro meus olhos e bato sua mão do meu ombro.
- O amor de vocês me deixa tocada. - Maju diz, passando ao nosso lado, levando junto o namorado.
- É o mesmo que sentimos por você, maninha. Aliás, o Eduardo não deveria estar com a família? - Pergunto e ela me olha horrorizada, assim como o outro me olha envergonhada.
Ué? Disse algo de errado?
- Essa é a família dele, seu idiota! - Ela diz brava e levanto minhas mãos em rendição.
- Não sabia que estavam nesse nível. - Provoco.
- Mãe! Cala seu filho, por favor. - Maju diz sem paciência e isso me faz rir.
Me viro para Enzo e ele me olha, antes de levantar o punho e bater com o meu.
É... Essa noite será interessante.
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Lucio Maldonado Arantes
Sorrio enquanto observo Apolo todo descontraído com a família. É tão bom vê-lo dessa forma, ainda mais depois de tudo. Esse é o primeiro Natal que eu sei que ele está comemorando de verdade, depois de longos onze anos.
Passo minhas mãos por minha barriga, sentindo a elevação e solto um suspiro, me sentindo satisfeito com minha vida. Nem parece que há um ano atrás, Apolo e eu éramos quase completos estranhos.
- Ei! - Escuto uma voz ao meu lado e sorrio ao ver meu irmão, outra benção em minha vida.
- Oi! - Falo e o abraço de lado, deitando minha cabeça em seu ombro.
- Esse é o primeiro Natal que eu comemoro, sabia? Nunca me senti tão bem assim. - Ele diz e sei que é verdade.
- Eu fico feliz que esteja se sentindo assim. É maravilhoso ter meu irmão aqui comigo hoje. - Falo sincero e me afasto dele, para olhar em rosto.
- Sou tão sortudo de ter um irmão como você. - Ele diz, mas eu nego.
- Não, eu sou sortudo por ter você. - Falo e deixo um beijo em sua testa.
Jorge me puxa para um abraço em seguida e me sinto com o coração aquecido por esse gesto. É bom estar com toda a minha família reunida novamente, mesmo que falte algumas pessoas que não podem mais estar aqui.
- A ceia está mesa, família! - Angie anuncia, batendo palmas para chamar atenção.
Solto uma risada ao ver a empolgação do meu amigo, mas o seguimos. Assim que chegamos na sala de jantar, há o mesmo esquema de sempre. À mesa principal arrumada para os adultos e uma infantil toda perfeita para as crianças.
Vejo Arthur ficar maravilhado ao ver tudo e sorrio, pois sei que para meu filho, esse também é seu primeiro Natal de verdade.
Todos nós tomamos nossos lugares à mesa, mas antes que alguém possa comer, dona Emília toma a palavra.
- Eu quero dizer que estou muito feliz em ver toda a minha família reunida aqui hoje. Infelizmente faz anos que isso não acontecia de verdade, mas hoje eu posso dizer que toda a minha família está aqui e isso é maravilhoso. Há os que sempre estiveram aqui, há os que faziam parte, mas não estavam e também os novos integrantes, que só estão agregando ainda mais a nossa família. E eu quero fazer um brinde a isso... A Nossa família, não importa se seja Miller, Arantes, Viana ou Maldonado, somos todos um só. - Ela diz e então todos erguemos nossas taças, fazendo um brinde.
Sorrio por suas palavras, pois são as que importa e que realmente nos define.
- Ahn... Eu queria dizer algumas palavras também. - Apolo diz ao meu lado e isso me faz sorrir.
- À vontade, meu anjo. - Vó Emília diz e então meu marido respira fundo.
- Eu quero agradecer vocês, a todos mesmo, por me acolher. Esse é o meu primeiro Natal de verdade e não só o meu. - Ele fala e olha para Jorge, Gustavo e Arthur. - É maravilhoso estar aqui hoje, sentindo um amor surreal que eu jamais achei ser possível, mas é. A partir do momento em que eu aceitei minha família, eu pude me sentir realmente feliz. E se não fosse por cada um de vocês, eu não estaria aqui hoje. Então muito obrigado, a cada um. - Ele diz e eu pego em sua mão, deixando um beijo na mesma.
- Feliz Natal? - Puxo, levantando minha taça com suco de uva.
- Feliz Natal! - Todos respondem e solto uma risada ao ver nossas crianças fazendo o mesmo com seus copos de suco.
E dessa forma, nesse clima maravilhoso de Natal, eu aproveito a noite com toda a minha família. Aquela que eu sei que sempre estará comigo em todos os momentos.
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Último conto entregue, jujubas. E então, gostaram???
Eu definitivamente amo essa família, cada um deles. 😍😍💜💜💜
Bjus da Juh 😘😘
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