04|A Nossa Magia de Natal
*Ariel - 29 anos.
*Jonas - 30 anos.
*Gabriela - 6 anos.
*Rafael - 12 anos.
*Nicholas - 18 anos.
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Ariel Ferraz Fontenelle
Termino de fazer uma rosa azul na bochecha de Rafael, algo que ele diz fazer parte de seu figurino. E bem, eu adorei a ideia, é claro.
- Prontinho, agora é só vestir sua roupa. - Falo sorrindo e ele assente.
Guardo as tintas que usei em sua maleta, a colocando novamente em sua estante, muito bem organizada para alguém da idade dele. Vejo Rafael entrar em seu closet, para se trocar e me sento na cama.
Hoje é véspera de Natal e não sei quem teve a ideia genial de montar uma apresentação de final de ano no colégio. Graças a Deus tudo foi marcado para o fim da tarde, mas sinceramente.
- Papai, ajuda! - Ouço Rafa me chamar e isso me faz ir até ele.
Assim que chego ao closet, quase rio ao ver meu filho preso em sua roupa. Vou em seu socorro e o ajudo a vestir o colam adequadamente. Sorrio ao ver o resultado final e deixo um beijo em seus cabelos negros.
- O Nick vai estar lá, não vai? - Ele pergunta pela décima vez e assinto.
- Vai sim, anjo... Ele prometeu. - Falo com calma e ele respira fundo. - Vamos arrumar suas coisas? Já está quase na hora.
Rafa concorda comigo e começa a arrumar sua bolsa, para levar. Deixo ele fazendo seu trabalho e vou procurar pelos outros integrantes da família. E quase solto um grito ao ver Jonas deitado no sofá, dormindo com Gabriela em seu peito.
Calma Ariel, é só contar até dez.
Respiro fundo algumas vezes e sigo até à cozinha. Pego um copo de água bem gelada e volto para à sala. Paro bem ao lado dos dois dorminhocos e jogo a água diretamente na cara de Jonas, fazendo respingar um pouco em Gabi.
Meu marido acorda assustado e no processo acaba derrubando nossa filha no chão, que também se assusta.
- Mas que merda, Ariel! Pra que isso? - Ele fala bravo, passando as mãos pelo rosto.
- Você tem dez minutos para estar pronto, a apresentação de Rafa é daqui a pouco. - Falo sem me abalar e pego Gabi no colo, que está com um biquinho. - Desculpa bebê, alguns meios são necessários. - Beijo sua bochecha.
Ainda ouço meu marido resmungar enquanto sigo até o quarto de nossa filha, mas finjo não ouvir e sigo pleno.
Ajudo Gabi a tomar banho e separo uma roupa para ela, sendo um vestido azul. Algo curioso, é que minha filha pegou gosto por essa cor, já que é uma das únicas que agrada Rafael e ela sempre foi apegada ao irmão... Coisa que eu acho linda é ver a união dos dois, mesmo Rafa tendo um jeitinho diferente de demonstrar sentimentos.
- O namorado do Rafa vai dançar com ele? - Gabi pergunta enquanto penteio seus cachos e isso me faz rir.
- Fala isso perto do seu pai, que ele infarta. - Falo ainda rindo e ela me olha confusa.
- Mas não é? - Pergunta com um biquinho.
- Não amor, eles são melhores amigos... Mas, quem sabe no futuro? Talvez seu irmão não goste de meninos igual seu pai e eu. - Explico e ela assente.
- Ok! - Ela concorda, encerrando nosso assunto.
Deixo Gabriela já pronta em seu quarto e vou me arrumar também. E assim que entro em meu quarto, sorrio com a visão do meu médico gostosão, vestido formalmente.
- Que gato, senhor Fontenelle. - Sorrio para ele, que revira os olhos.
- Ainda não te perdoei, princesa. - Ele tenta se fingir de bravo, mas apenas pela maneira como ele me chama, sei que não é assim que se sente.
- Ah, que pena! - Mordo meu lábio e passo por ele. - Cuide das crianças enquanto me arrumo. - Deixo um beijo em seu queixo e sigo até o banheiro.
Tomo um banho rápido, mas não deixando de caprichar. Coloco um vestido vermelho, me sentindo no clima natalino e faço uma maquiagem leve. Nos pés eu coloco um tênis branco confortável.
Já pronto, eu pego somente minha bolsa e saio do quarto. Encontro todos reunidos na sala e então saímos de casa.
No caminho, eu recebo uma mensagem do meu paizinho, avisando que já estão no colégio de Rafa, apenas esperando por nós.
Assim que chegamos na escola, eu sigo com Rafael até o camarim destino aos alunos. Dessa vez meu pequeno vai fazer uma apresentação solo... Bem, não tão solo assim.
A mão de Rafael aperta a minha com mais força, conforme andamos no meio de mais algumas crianças e jovens. E sinto sua palma suar contra minha, assim que encontramos Nicholas e Rodrigo.
Abro um sorriso e aceno com minha mão livre para Rodrigo.
- Quase não deixaram a gente entrar, Nick é muito velho para ser aluno do colégio. - Digo diz rindo e eu o acompanho.
- Desculpa pelo atraso, Jonas estava dormindo. - Falo em um suspiro.
Meus olhos vão para Rafael, que parece ainda mais tímido. Empurro suas costas lentamente, fazendo ele se aproximar de Nicholas.
- Não vão nem dar um abraço um no outro? - Pergunto com calma.
- Estou esperando o Rafa. - Nick diz sorrindo. Sei que ele jamais toma a iniciativa quanto a isso, pois tem medo de assustar meu pequeno. E nossa, isso é tão lindo.
Rafael vai até o amigo e o abraça com força, o que é algo diferente... Mas não quando se trata de Nicholas. Eu nunca vi duas pessoas tão distintas ter uma conexão tão forte quanto a deles.
- Ok meu amores, vocês vão ficar bem? - Pergunto, entrelaçando meu braço no de Rodrigo.
- Sim, pode ir Ari. - Nick diz sorrindo e isso me deixa mais calmo.
Dou uma última olhada para os dois e saímos da sala onde eles estão.
- Eu ainda não acredito que Nick está fazendo isso, ele estava morrendo de medo. - Digo diz e isso me faz rir.
- O que Rafael não pede chorando, que ele não faz sorrindo... Não é? - Falo e ele assente.
- Sim e eu acho isso bonito. Porque eu vejo Nicholas sendo cada vez mais independente, pelo simples motivo de querer cuidar do melhor amigo.
- Jonas que quer morrer com isso. - Brinco e ele solta uma risada.
- Só uma fase... Santiago também morre de ciúmes do Nick. São dois babões. - Ele diz e concordo.
Em poucos minutos encontramos o resto da família e tomamos nossos lugares, esperando o espetáculo acontecer.
Quando Rafael nos disse que queria dançar junto com Nicholas, nós ficamos surpresos. Primeiro que Nick não dança balé, segundo que ele prefere o piano... E por último, ele não vê.
Mas bem, mais uma vez esses detalhes se tornaram insignificantes para os dois. No começo Nicholas ficou relutante, mas então aceitou o pedido de Rafael e meu filho criou uma coreografia para os dois... Não deixando o balé de lado, mas também deixando passos mais simples para o amigo. E o resultado disso foi uma bela valsa.
Sorrio quando escuto o nome dos dois ser anunciado e entrelaço minha mão com a de Jonas, sorrindo para meu marido. Sei que apesar do ciúmes, ele ama ver a amizade dos dois e sabe o quanto é essencial para eles.
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Rafael Ferraz Fontenelle
Seguro nas mãos de Nicholas e sinto elas trêmulas, o que é estranho. Ele é sempre tão confiante.
- O que foi? - Pergunto, olhando em seus olhos vagos.
- Estou nervoso, pequeno... Prefiro meu piano. - Ele responde e sorrio com o apelido que ele sempre me chama... Causa uma coisinha boa dentro de mim.
- Eu vou sozinho então. - Falo e seus olhos se arregalam.
- O quê? Não, eu vou com você... Eu prometi e sempre cumpro minhas promessas. - Ele fala apressado.
- Chamaram a gente. - Falo e solto uma mão da sua, puxando ele comigo.
Minha professora está ao lado do palco e sorri para mim quando passamos pelas cortinas. O palco está parcialmente escuro, tendo um foco de luz não muito forte no centro.
Não olho para ninguém, pois sei que se fizer isso, eu não conseguirei fazer nada. Respiro fundo e me posiciono no centro junto com Nick.
Ele está bem bonito em seu terno e também bem nervoso.
- Tudo bem, eu não vou te deixar cair. - Sussurro para só ele ouvir é acho que funciona, já que ele sorri para mim.
- Eu sei, meu pequeno bailarino.
A música que escolhemos começa a tocar e então nossos passos se dão início. A mão de Nick segura em minha cintura, enquanto eu fico na ponta dos pés e coloco minha mão em seu ombro, conectando a outra na sua.
Ele é bem mais alto do que eu, mas não me importo e me mantenho meus olhos no dele, como se pudéssemos nos ver de verdade. A música parece fluir em nós, deixando nosso corpo leve.
Sinto um arrepio percorrer meu corpo, acho que pelo frio e isso me faz suspirar. E alguns minutos depois da música, quando ele pega em minha cintura e me gira, flocos de neve falsa começam a cair em nós.
Sorrio com a sensação e fecho meus olhos, apenas sentindo o toque dele em mim. E quando ele me gira uma última vez, inclinando seu corpo sobre o meu... Eu abro meus olhos.
Pisco algumas vezes, me sentindo sem ar de repente, enquanto olho em seus olhos castanhos. "Isso é normal?"
Ouço as palmas de todos que estão nos assistindo e isso me faz voltar a realidade. Nick volta a me colocar na posição normal e em seguida sorri, deixando um beijo em minha testa. Sinto um quentinho bom em meu peito e penso em o dar um beijinho, mas então me lembro que não pode.
Nick disse que apenas com dezesseis anos. Então... Faltam quatro anos.
- Vamos? Você precisa me guiar agora. - Ele diz e concordo.
- Ok! - Pego em sua mão e volto para o camarim, onde os outros também estão.
Me sinto sufocado nesse lugar, então ando até uma sala mais vazia.
Sem pensar muito, eu abraço o pescoço de Nick, fazendo ele se abaixar um pouco, o abraçando. Fecho meus olhos e respiro fundo, sentindo o cheiro suave dele... Algo como capim limão, é muito bom, me acalma.
- Obrigado! - Falo baixinho.
- Pode contar sempre comigo, pequeno bailarino. - Ele responde e deixa um beijo em minha bochecha.
* * *
Vejo todos reunidos na sala da casa do vovô Dani e isso me faz suspirar. Não gosto de conversas altas. Procuro por Nick, mas não o vejo e isso me deixa estranho, não sei porque.
Me levanto da poltrona onde estou, mas antes que eu alcance à porta, papai Jonas me acha. Ele se abaixa em minha frente e sem dizer nada, me abraça com carinho.
Deito meu rosto em seu pescoço e inspiro seu cheiro. É algo que gosto de fazer quando estou perto de pessoas que eu gosto.
- Eu te muito orgulho de você. - Ele diz baixinho e isso me faz sorrir.
- Eu te amo, papai! - Respondo e beijo seu rosto, sentindo sua barba pinicar minha boca. - Eca, não gosto disso.
Meu pai solta uma risada e apenas me beija no rosto, antes de me soltar.
Sigo meu caminho para fora da casa, onde há o jardim. Eu gosto de ficar lá.
E assim que chego ao meu destino, vejo Nick deitado na grama, "olhando" para o céu. Sei que ele gosta disso, já foi algo que me disse, mas eu não entendo, já que ele não pode ver.
"Há sempre um novo olhar sobre às coisas."
Sua fala ecoa por minha cabeça e isso me faz seguir até ele. Me deito ao seu lado e mantenho meus olhos no céu, vendo as incontáveis estrelas lá em cima.
- As estrelas te desejam um feliz Natal, pequeno. - Ele diz baixo e olho para ele.
Fico bons minutos o olhando em silêncio e então sorrio. Toco sua mão direita com a minha e volto a olhar para o céu.
- Feliz Natal!
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Um pouquinho desses dois anjos para vocês... Gostaram, jujubas???
Amores, desejo a todos um bom Natal. Que Deus ilumine a cada um é tenham dias maravilhosos com as pessoas que amam. Feliz Natal, jujubas!! 🎅❤❤
Bjus da Juh 😘😘
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