II - Extra
A campainha da casa toca. Leon desce as escadas enquanto ouve seu pai lhe gritar pedindo para abrir a porta.
Ele passa pelo sofá e rouba a boina de seu avô, sentado na poltrona, resmungando com o neto.
Leon abre a porta após rir das reclamações do mais velho. E não percebe ninguém. Confuso, põe a cabeça para fora e olha para os lados, por algum vestígio de atividade humana por ali. Ninguém.
Até que sente algo em seu pé. Ele olha para baixo e vê uma caixa de presente, com laço e bilhete. Sorriu, achando adorável.
Ao pegar a caixa, arranca o bilhete do papel de embrulho e o lê.
Leon sorri e abre o presente com carinho.
Era uma calça costumizada. Jeans azul em uma perna, branca na outra, junto com desenhos em grafite. Ao ver aquela arte feita somente para ele, sorri mais abertamente. Saltita de alegria, rindo.
— Que ânimo é esse? — Seu pai aparece na porta. Leon para de pular, pega a boina de seu avô que caiu de sua cabeça e se vira para o pai, mostrando a calça. — Nossa, filho, que linda! Foi o Franz que trouxe?
— Não!! Foi o Manuel!! — Ri, abraçando a calça. Então se acalma. — Eu vou vê-lo hoje.
— Vai agradecer?
— Mais do que isso, pai.
***
— Você o quê, Leon?! — Franz fica boquiaberto.
— Eu o rejeitei — dá de ombros, olhando para a frente, no caminho que elas andavam para chegar à escola.
— M-Mas você tava tão animado com ele, o que aconteceu?
— Você tava certo, ele gosta mesmo de mim.
— Ah, jura?!
— E eu acho errado deixar ele se iludir...
— Você... não gosta dele? — Sentiu um alívio cobrir seu peito, sem explicação.
Leon sorri.
— Eu prefiro os que tentam me defender mesmo quando eu não quero ajuda — brinca.
— Ah, sai fora! — Ri e empurra o braço dele.
— Eu fui lá na sorveteria pra devolver a calça que ele me deu.
— Ele te deu uma calça?
— Deu. Fofo, né?
— Muito — desvia o olhar, soando irônico.
— Mas ele disse que eu poderia ficar com ela, mesmo não querendo nada com ele — ele estende a perna esquerda, o lado branco. — E eu amei o estilo dela também.
— Ela é bem legal — encara a calça.
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— E ironicamente você ainda tem essa calça — observou, da porta do quarto, Leon se olhar no espelho.
— E curiosamente ainda me cabe — vira-se para o namorado. — Convenhamos, eu te sei uma dica fortíssima de que algo aconteceria entre a gente naquele dia, né? — Diz enquanto admira sua calça em todos os ângulos possíveis.
— Engraçado que eu não tinha ido com a cara dele, mas não sabia dizer o porquê.
— Agora sabe.
— Agora sei — caminha até ele. — Ela continua sendo bem estilosa — encara a calça. — Mas tá rasgada do lado.
— Ah, onde?! — Procura com desespero. Franz logo ri.
— Eu tô brincando.
— Engraçadinho — ironiza, dando língua para ele. — Isso é inveja por nunca ter me dado um presente tão bom quanto essa calça? — Provoca, virando-se para o espelho e dando as costas para o namorado. — Eu ainda te amo mesmo assim.
— Haha — revira os olhos. — Eu nunca te dei um presente tão bom porque eu já te dei presentes MUITO melhores — dá de ombros.
— Calma, não precisa competir por mim — continua provocando enquanto passa a mão no cabelo.
— Nossa, que raiva de você.
Leon ri com deboche.
— Eu sei que você já me deu presentes muito melhores, Franz — diz docemente. — E não é uma calça nova não tão nova que vai mudar isso.
Franz fica em silêncio por alguns instantes.
— Eu fiquei feliz por você ter o rejeitado — confessa. — Eu sei, é cruel.
— Tudo bem — dá de ombros. — Eu também fiquei feliz quando você mandou a real pra aquela menina no 7° ano — também confessa. — Ela não tinha chances — vira-se para Franz e lhe dá um selinho. — No fim, era pra ser a gente.
— Isso é cruel.
— Isso é bem cruel.
— Somos ruins por isso? — Arqueia a sobrancelha com um sorriso ardiloso.
Leon suspira.
— Não.
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