I

Inspirada pela Bagunhao, resolvi fazer essa fic aqui com a minha versão da história dela, passem lá para ver <3
Aqui, o rapaz não vai ser um escroto, apenas um garoto tentando arrematar o coração do nosso ruivinho, já que o Cenourinha não tem dono, né? Apreciem...

(Terá extra)

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— Você por acaso conhece ele? — Pergunta.

Leon se trocava no banheiro do quarto e Franz estava sentado na cama. Eles conversavam sobre o tal encontro.

— Bom... sim...Digo... mais ou menos... — responde, então põe a cabeça na porta olhando para Franz. — Mas é assim que se conhece as pessoas, né? Se encontrando com elas.

— Creio que essa não seja a intenção dele com "encontro", Leon.

— Como assim?

— Você vai achando que é apenas conversa, mas pra ele tem outro motivo.

— E que motivo seria esse?

Franz lhe lança um olhar arregalado sugestivo, o qual Leon compreende, mas nega.

— Ah, Franz — desdenha —, deixa de bobagem. Como ele iria querer sair comigo se nem me conhece direito?

— A começar pela mensagem que ele te mandou quando você passou seu número para ele — puxa o celular que estava na mesinha de cabeceira. Leon sai do banheiro sem a camisa, indo procurá-la no guarda-roupa. — "Quando te vi passando, eu pensei 'Caramba, que garoto lindo! Alguém deve ter dado em cima dele, não é possível!" — Leon dá uma risadinha com a imitação de Franz.

— Mal sabe ele que não chega o primeiro — resmunga.

"Foi impossível não pedir seu número, você é perfeito!"

— Tá vendo, Franz? Ele quer me conhecer. Nada de mais.

— Verdade, vejo isso junto com o "alguém já deve ter dado em cima dele" e "você é perfeito" — debocha. Ele joga o celular em cima da cama e volta a olhar para Leon, finalmente reparando nele. Ele fica boquiaberto ao vê-lo frente ao espelho, pondo sua camisa e se encarando.

— E então? — Vira-se para ele. — Tô bonito? — Pergunta inseguro. Mas ele estava lindo.

Franz de repente se tira do transe.

— T-Tá, tá sim — responde nervoso. Leon sorri.

— Valeu, Franz — mantém-se sorrindo para ele, em uma troca de olhares quase infinita, mas não intencional.

— Deixa eu ir junto? — Pede preocupado.

— Não — responde com meiguice. — Eu sei me virar sozinho, Franz. Você precisa confiar em mim.

— Só não gosto de te imaginar saindo assim com alguém que você nem conhece. E se ele te tentar alguma coisa?

— Aí eu grito — brinca, dando de ombros. Franz ri.

— Mas é sério, Leon, não quer que eu vá nem que seja escondido?

— E você vai ficar espionando o meu encontro por quê, Senhor Franz? — Coloca as mãos na cintura. — Não, não, você mantenha o seu traseiro em casa que eu estarei indo me encontrar com o Manuel. Aliás, eu tô usando a calça nova — dá uma voltinha. — Gostou?

— Você tá indo se encontrar com ele usando sua calça nova? — Por algum motivo, aquilo o incomodou profundamente.

— Ué, pra um evento desse, a gente tem que caprichar no visual, né? E é uma calça bonita, não acha?

— Justamente por isso. Por que não vai de pijama? — Zomba.

— Meu Deus, mas que implicância! — Ri. — Qual é, quer que eu seja encalhado pro resto da vida? Se eu não sair bonito, ninguém vai me querer!

Franz não soube o que responder, mas algo em si lhe dizia que a fala de Leon era completamente descabida.

— Bom... você não precisa estar sempre bonito pra alguém gostar de você — dá de ombros.

— Mas ninguém vai querer se encontrar com alguém que sai de pijama, ou vai? — Responde por fim. — Agora pode ir embora pra sua casa — finge expulsá-lo apontando para a porta. — Eu tenho um Manuel me esperando para um encontro. Esse que eu já estou atrasado!

Franz se levanta rindo e debochando de Leon, com implicância. O ruivo sai junto com ele, não dando bola para suas provocações.

***

Leon já havia ido, e Franz estava uma pilha de nervos. Olhou o relógio de parede, contando para os minutos passarem mais depressa. Viu lentamente a hora passar de 19:07 para 19:08. Como seu amigo estaria agora?

***

Leon virou a esquina na correria. Estava praticamente 10 minutos atrasado. Tirou o celular do bolso e viu a hora passar de 19:08 para 19:09. Ele vai me matar! Pensa.

Pôs o celular no bolso novamente assim que viu a luz da sorveteria acesa. Sorriu contente. Era apenas 9 minutos de atraso, certo? Só isso.

Diminuiu o passo quando viu um homem de costas para ele, esperando ansiosamente. Sorriu e foi até ele. Tocou seu ombro. Ele se virou.

— Ah, oi, Leon! — Sem esperar por respostas, abraçou apertado o garoto mais baixo. Ele apenas riu baixinho. — Nossa, você está... — desvencilhou-se do abraço e sorriu — lindo! Perfeito!

— O-Obrigado — responde envergonhado. — É muita gentileza da sua parte. Você também está muito bonito — responde sincero e educadamente. Leon involuntariamente era mais tímido com pessoas que não possuía tanta intimidade, mas se sentia confortável na presença do rapaz ainda assim.

Não tanto quanto você, pode acreditar – pisca para ele.

— Ah, para! Assim eu fico metido — resolve brincar. — A calça é nova, tá? — Deu uma voltinha para ele. — O que achou?

— Que você ficou maravilhoso nela — sorri. — Qual o tamanho?

— 38. Por quê?

— Por nada não — pega a mão dele. —  Vamos entrar. Eu já sei que o sorvete que você vai pedir é menta e chocolate.

— Como sabe? — Pergunta animado e surpreso, sentindo ser puxado para o estabelecimento.

— Você sempre pede isso.

— Você repara em tudo, não é?

— Só no necessário.

***

— Você não disse que iria estudar, filhote? — Andrea pergunta do andar de cima, ouvindo o barulho da TV.

— Eu tô sem cabeça, mãe — responde antes de pôr um punhado de salgadinhos na boca.

— Como você está sem cabeça... — ela aparece atrás dele, fazendo-lhe cócegas — se eu tô vendo ela bem aquii?? — Ri junto com o filho.

— Hahaha, para mãe! — Pede enquanto se recontorce. A mulher ri e para. — Eu só tô esperando o Leon me mandar mensagem pedindo ajuda. Só isso.

— Como assim?

***

Leon segurou o sorvete na boca junto com o riso. Manuel acabara de lhe contar uma história cômica de sua vida que envolveu um açaí e uma enfermeira com um catéter.

— Juro pra você! — Ele sorri ao ver Leon quase engasgando. — Eu não queria tomar soro na veia de jeito nenhum!

Leon se segura mais. Principalmente para não se acidentar.

— Ela correu atrás de mim gritando "Moleque, venha aqui!" toda roxa de açaí! — Ri ao se lembrar.

Leon gargalha, até que finalmente acontece.

Leon solta um ronquinho no meio de seu riso, fazendo-o parar imediatamente ao tapar a boca.

Os dois ficam em silêncio.

— Desculpa... — Leon começa a ficar vermelho e a esconder seu rosto.

Com olhos fechados, ouve uma sutil risada do rapaz.

— Que coisinha mais fofa — ele ergue a mão para tocar a dele. — Você sempre faz porquinho quando ri? — Leon vê o sorriso adorável do outro a sua frente.

— Às vezes... — responde inseguro. — É que eu me empolgo...

Manuel sorri mais abertamente.

— É adorável.

Leon sente sua vermelhidão diminuir.

— Só o Franz gosta da minha risada...

— Franz é o seu amigo?

— Meu melhor amigo! — Sem perceber, põe sua mão sobre a de Manuel. Ele a aperta. — Ele também se lembra de histórias engraçada sobre mim! Hahaha!

— Estou louco para ouvir — acaricia a mão macia do ruivo.

***

Franz via a hora passar com tédio. Leon já estava há muito tempo naquele encontro. Uma hora! E o papo que lhe disse que seria apenas de meia hora o tal "encontro para se conhecerem"?

Franz já estava irritado, talvez por presumir o pior. Será que faria bem ir ver Leon? Saber como ele estava?

Pensando assim, parecia algo nobre.

E Franz ficou tentado a ir...

***

Agora, quem gargalhava à mesa era Manuel. Eles eram os mais animais de toda a sorveteria, o que não pareceu agradar muito aos presentes ali.

— E teve a vez também que eu lambi a bochecha de uma menina! — Diz com empolgação ao ver o outro rindo. — Ela ficou muito brava comigo e tacou o sorvete na minha cara!

— M-Mas p-porque você — ri — lambeu a bochecha da — respira — da menina? – Para para recuperar o fôlego.

— Ela tinha melado de sorvete — dá de ombros. — Achei que não tinha nada de mais fazer o que eu fiz... mas hoje vejo que foi muito terrível! — Revira os olhos com vergonha. — Ele fez certo em me bater, eu pedi.

— Sério? E como foi?

— Ah, não, eu não vou demonstrar aqui — olha para os lados. — Franz disse que foi muito pornográfico.

— Caramba, foi tenso assim? — Dá uma risadinha.

— Pra você ver — confirma. — Eu mostrei pro Franz e ele ficou com vergonha. Então, sim, foi tenso.

— Agora eu fiquei curioso! — Finge reclamar.

— Não vai rolar, eu não farei isso outra vez! — Dá língua para ele.

— Sabe o que dizem? Quem dá língua pede beijo — arqueia a sobrancelha. Leon o encara por alguns instantes.

— Você é sempre ousado assim? — Sorri.

— Só o necessário...

***

Estava decidido, iria atrás de Leon!

Ele precisava saber se seu melhor amigo estava bem, se o cara realmente não era uma ameaça. Com o pretexto de ir à praça às 20:27 da noite, saiu de casa para onde Leon disse que estaria.

***

— Você é incrível, Manuca! — Apelidou e o viu corar levemente, mas ainda com um sorriso no rosto.

Era um sorriso diferente.

Manuel sorria para ele com admiração, e estava gostando disso. Manuel era diferente. Estava sendo atencioso, carinhoso, simpático... De uma forma que Leon não se lembrava de ser tratado assim antes. Estava gostando disso.

Desviando o olhar, antes perdido nos pretos do rapaz, que ainda acariciava sua mão com leveza, Leon vê a hora no celular ao seu lado na mesa.

— Oh! — Levanta depressa. — Olha só a hora! Eu prometi ao meu pai que estaria em casa às 20:30! Já são 20:46! — Pega o celular e o põe no bolso. — Me perdoe, Manuel, mas eu preciso ir, de verdade!

Manuel se levanta e toca o pulso de Leon. Ele estava agitado, procurando por dinheiro para pagar por seu sorvete. Ele põe o ruivo a sua frente, para olhá-lo.

— Relaxa, eu já paguei o seu sorvete — põe uma mecha ruiva atrás da orelha do garoto. — E eu te levo para casa — acaricia sua bochecha. Leon vai lentamente abrindo um sorriso.

— Muito obrigado! — Se joga sobre o rapaz, abraçando-o.

**

Obviamente Franz não iria entrar na sorveteria. Sentia que não devia.

Ele viu quando o homem segurou o pulso de Leon, e se manteve em alerta daí, mas se incomodou quando o abraço aconteceu. Estranhamente, ele parecia irritado. Por quê?

Ao vê-los saindo do estabelecimento, esconde-se mais atrás da árvore.

***

— Você foi muito fofo — Leon elogia. — Obrigado por tudo, foi a melhor noite da minha vida!

— Eu que agradeço por ter aceitado o convite — sorri tímido. — Eu não achei que você fosse realmente vir aqui.

— Por que achou isso?

— Qual é! Já se olhou? — Apontou para o corpo inteiro de Leon. — Você é perfeito! Olha, se for pra eu te elogiar, você vai ter que ficar aqui por mais três horas! — Brinca.

— Puxa, isso é... —desvia o olhar, vermelho, mas sorridente — muito gentil. É o melhor elogio que eu recebi hoje. Você também é perfeito.

Então suas mãos se juntam por iniciativa de Manuel. Leon sente seu corpo enrijecer. Estava nervoso.

Leon, eu sinceramente não sei como tive a sorte de te encontrar naquele momento, mas eu agradeço ao destino por isso, então... Me permite? — Aproxima-se dele, com o intuito de beijá-lo.

Mas Leon estava nervoso. Nunca havia feito isso antes, não sabia o que fazer. Enquanto isso, Manuel apenas se aproximava mais. E Leon com seu olhar atônito o encarando cada vez mais perto.

Até que o inesperado acontece.

Quando seus lábios estavam quase se vencilhando, sem perceber, Leon sente o empurrão dado em Manuel – já que ele estava colado em si –. Quando percebeu quem era, seu olhar o denunciou.

Franz?!

— Pô, não viu que ele não queria? — Empurra o rapaz mais uma vez. — Vê se cresce, moleque!

Manuel troca olhares com ambos, sem entender nada, mas se fixa em Leon.

— Você não queria me beijar, Leon?

Ele não o responde, apenas gagueja.

— Sai de perto dele! — Franz ordena.

— Mas eu pedi permissão, por que não falou nada, Leon?

— Você quer parar de pressionar ele?! — Encara-o com fogo nos olhos, segurando seu colarinho. — Vá embora. Agora.

Assustado, ele estava pretendendo ir, mas ao se virar, é interrompido.

Não, Manuel — a voz firme de Leon soa. Franz vira o rosto para ele, confuso. — Fique.

— O quê? — Sussurra Franz. Leon passa por ele, o fuzilando com o olhar. O moreno sente o impacto de seu olhar e estranhamente se intimida.

— Manuel, como eu disse, muito obrigado pela noite — segura suas mãos. — Desculpa a primeira impressão do meu amigo aqui, o Franz — range seu nome. — E também pela risada de porco que eu dei, haha!

— Ela é muito fofa, já falei.

Franz o encara com mais raiva, incomodado.

— Mentiroso! — Ri. — Talvez possamos ter uma próxima vez, não sei... — dá de ombros. — Mas saiba que você é um cara maravilhoso.

— Igualmente.

Eles trocam olhares que pareceram eternos para Franz. Ele revira os olhos, com nojo.

Eles se abraçam e ao se virar, antes de seguir seu rumo em sua moto, acena para Leon e vai embora.

Franz observa Leon de costas por alguns segundos, até ele se virar rapidamente e passar por ele.

— Pra casa, Franz — diz sério, puxando o amigo.

***

O caminho foi desconfortável. Leon parecia irritado. Não estava conversando, estava quieto, olhando para o chão com raiva.

Na calçada de sua casa, ele resmunga, tirando os sapatos.

— Argh — puxa um de seu pé. — O que aconteceu me deixou estressado — puxa do outro e caminha pelo jardim até a porta da frente.

— Eu não queria dizer isso, mas eu te avisei sobre ele. Era um encontro romântico e ele ainda quis te beijar a força, então...

Não — interrompe. — VOCÊ! Eu estressado com você! — Joga seus sapatos no chão com agressividade.

— Comigo? Mas eu só queria ajudar! — Aproxima-se dele.

— Você não confia que eu consiga me virar sozinho! — Reclama. — Poxa, eu tenho 14 anos! Dou conta de um encontro! — Dá as costas para Franz e se apoia com os cotovelos na cerca de sua casa. Um silêncio toma os dois. Franz sente o peso da culpa. Leon suspira. — Eu sei que você só tá tentando cuidar de mim — fala —, mas tem que me deixar resolver as coisas sozinho. — Olha para Franz atrás de si. — Eu não preciso de um herói, preciso de um amigo — desvia o olhar novamente.

Franz sente a frase o remexer.

— Tem razão — suspira. — Eu devia ter confiado mais em você — aproxima-se dele e fica ao seu lado. — Desculpa ter estragado sua noite.

Leon se mantém em silêncio.

Até sorrir.

— Olha, não foi assim um desastre total, sabe? — Encosta seu ombro no braço de Franz. — Agora sei que consigo te intimidar — pisca para ele.

— Não consegue, não!

— Consigo, sim!

— Consegue, não!

— Consigo, sim!

E eles riem.





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