2 | The code of deadly smiles.

#CaosEmVocê🌌

boa leitura e vão me dizendo o que acham! <3


O código dos sorrisos mortais.

Feitos para vidas opostas
Tentando encontrar respostas para todas as perguntas feitas em ansiedade 
Mentes pensantes em corações agitados 
Percebe-se que a sua escuridão é a causa da sua destruição 
E ao mesmo tempo é sua salvação
Procure cegamente teu caminho 
Porém cuidado, o caos é mestre em consumir.

Hell, blazing fire, sword of hope, your mind, whatever.

The sweet voice will sing for you, and tell an old story, in an ancient world, where the sea did not kiss the sun.

Quem ousa pensar que ordem e caos são fragmentos opostos, está completamente à mercê do delírio mundano. Apenas um tolo acreditaria em tal pensamento, um louco a favor da desistência frívola e eficaz desse mundo cruel. Um relógio contava as horas para viver outra vez, um animal buscava a sobrevivência, mas o humano não era merecedor de tais coisas, eles merecem viver da forma mais ardente possível.

Afinal, a humanidade é apenas uma.

Já haviam percebido que cada ser humano veste-se de uma pessoa diferente a cada momento? Se não haviam percebido, não lamentem. Humanos são complexos e lentos, admito com um peso em meu coração. Entretanto, não há peso nenhum, a verdade deve ser dita em prol de sua própria ignorância, não concordam? 

Reflitam, crianças. Estou aqui a longos anos, portanto tenho poder de fala para afirmar que essa é a raça mais desgastante de todo o Universo. Como eu dizia antes, o termo pessoa foi afirmado a muito tempo como a individualidade de cada um. Porém, todos os humanos, quando se relacionam, precisam vestir uma máscara, ou seja, uma pessoa. Criamos identidades diferentes para cada indivíduo que nos relacionamos, mas se no final de tudo, sempre vamos fingir ser o que não somos, por que existimos?

Por que todos os dias brincamos de esconde esconde dentro das nossas mentes?

Por que sentimos a necessidade de mudar? 

Por que não aguentamos nosso próprio peso?

São seres pobres, pobres de vida, pobres de humanidade e principalmente da verdade. Sentem que o mundo está caindo sobre seus ombros a todo momento, mas por quê? Simplesmente não conseguimos lidar com quem somos, com nosso próprio fardo, com a angústia de mostrar o seu rosto verdadeiro e ser rejeitado. Então, nossos rostos se escondem, se maltratam, até que tornam-se uma pequena lembrança.

Lembrança de quem costumávamos ser, mas que ainda está guardado no fundo do seu âmago. Por esse motivo, Jeon Jungkook mentia, cortejava, sorria, tocava e alucinava.

Entretanto, após tudo isso, ele chorava.

A criança que estava dentro dele pedia por uma mãe, o adulto clamava por liberdade, o futuro tentava sair da escuridão. Mas ela já estava impregnada em seu corpo, era uma marca, o sangue, o suor, as lágrimas. Todos tinham a marca do caos e do mal. Mas ele não sabia, então continuava. Exatamente por isso encontrava-se no meio daquela clínica, sorrindo de lado para o loiro esbelto.

Ele queria brincar.

E acima de tudo, almejava que aquilo fosse um meio de distração para sua alma já condenada.

Jimin continuava paralisado no mesmo local, ainda processando o que o rapaz a sua frente acabara de dizer. Só poderia ser uma loucura de sua cabeça, alucinação, fantasia em um pesadelo. Mas pode apostar, Jungkook amava ser a causa de muitos sonhos por aí. O silêncio havia se instalado no local, Park estava completamente sem fala, então Jeon o ajudou nisso, da forma mais fajuta possível.

ㅡ O gato comeu sua língua? Deve ter sido hoje porque ontem eu senti ela muito bem. ㅡ Disse enquanto levava sua mão e segurou o queixo de Jimin.

Teria como melhorar a situação? 

ㅡ Quer que eu procure ela para você? 

Sempre tem.

ㅡ Vamos para a minha sala agora, p-por favor.  

Park nunca esteve tão vermelho na sua vida, saiu arrastando Jeon para sua sala, assim como o mais alto havia feito consigo na noite anterior. Mas dessa vez o motivo era outro, precisava calar a boca desse louco. Quando chegaram, ele jogou Jungkook para dentro e trancou a porta, encostando-se nela e suspirando com força, seu fôlego estava por um fio, sentia seus pulmões clamando por ajuda, o constrangimento havia puxado seu corpo inteiro para uma caixa onde ele queria muito se esconder.

ㅡ Você ficou louco? Não pode falar aquelas coisas! Eu trabalho aqui. ㅡ Apesar de saber que foi uma brincadeira, era seu local de trabalho, essas coisas não poderiam acontecer ali, principalmente no meio da clínica.

ㅡ Desculpe, doutor. Eu só queria animar as coisas, esse lugar é tão apagado, entende? ㅡ Jeon dizia enquanto sorria e chegava mais perto de Jimin. 

ㅡ É para ser um lugar calmo, estamos em uma clínica. ㅡ Respondeu indignado. ㅡ Como você me encontrou? Por acaso é um stalker? 

ㅡ Calminha, gatinho. Nem tudo gira ao seu redor, sabia? ㅡ A expressão sarcástica já fazia morada em seu rosto. ㅡ Eu já havia marcado a primeira sessão a uma semana. Você não checa a sua agenda, doutorzinho?

ㅡ Não é da sua conta mas eu olho minha agenda sempre, o problema é que eu não sei o seu nome. 

Finalmente chegou a parte em que nomes seriam ditos, onde se findava uma promessa feita com dor, a muitos anos atrás, assim o jogo de xadrez iniciava-se. Neste momento as peças caminhavam para o início da partida, onde o fogo e água estavam em discordância contínua, porém ao final tornava-se uma concorrência de sentimentos. O jogo já tinha seu objetivo: cairá primeiro quem for consumido pelo medo.

Porque os dois corações estavam trancafiados, amarrados ao sentido brutal, decorrente de muitas perdas e várias ações que resultaram em reações piores ainda. A dúvida permanecia em  quem dos dois encontrava-se mais fragilizado, entretanto era certo de que um deles pagava sua dívida com sangue.

Isso já não seria o suficiente para uma alma sufocada? 

ㅡ Então não será mais um problema, me chamo Jeon Jungkook. ㅡ Estendeu a mão para Jimin logo recebendo um aperto.

ㅡ E você não vai perguntar o meu? ㅡ Perguntou Park constrangido, mas curioso. O que poderia fazer? O cara era instigante.

ㅡ Eu já sei o seu nome, Park. Acha que eu não perguntei o nome do psicólogo que iria me atender? 

Jimin tinha a plena certeza que quando saísse da clínica iria se enfiar em um buraco e nunca mais sair. Ele estava se perguntando como poderia ser tão burro. Queria trancar a sua boca para sempre. Era uma gangorra de sentimentos, sentia-se sufocado com a insanidade e perspicácia de Jungkook, ao mesmo tempo também sentia vontade de sumir por não saber usar as palavras certas e parecer tão idiota. Seu trabalho usava como peça chave as palavras, e naquele momento ele estava pecando exatamente nisso, em saber conversar com Jeon.

Mas por que ele estava tão nervoso?

ㅡ Eu sei que sim, Jungkook. Mas é educado fazer a pergunta de volta. ㅡ Tentou remediar sua confusão. 

ㅡ Vamos fingir que acreditei nisso, doutor. ㅡ Disse Jeon enquanto passava seu dedo por sua boca com uma expressão provocante.

Jimin raspou a garganta e tentou mudar de assunto bruscamente para que isso fosse definitivamente esquecido. 

ㅡ Bem, Jungkook. Vamos começar com o básico, por que você escolheu fazer terapia e como tomou essa decisão? 

ㅡ Eu tenho um amigo que me recomendou fazer, mesmo que ele nunca tenha feito, ele tem outro amigo que faz e o contou como a terapia ajudou ele. Aliás, ele faz aqui. 

ㅡ Como ele se chama? 

ㅡ Kim Namjoon. 

Não foi uma surpresa para Park, afinal Namjoon era seu paciente mais querido, o Kim sempre dizia que recomendava para quem pudesse. Jimin o considerava um amigo, mesmo que houvesse a separação entre profissional e pessoal, ele se sentia muito bem na presença de Namjoon.

ㅡ Então, vamos falar de você, Jungkook. ㅡ Jimin falava com calma e com um sorriso no rosto, tentando ao máximo fazer com que Jeon se sentisse bem para conversar com ele. 

ㅡ Eu tenho 28 anos, trabalho como advogado e detetive particular nas horas vagas.  ㅡ Jungkook não costumava se abrir e falar da sua vida para as pessoas, e agora ele não sabia mais o que dizer. ㅡ Desculpa, eu não sou bom nisso. O que mais eu posso falar? 

Jimin sorriu, porque simplesmente achou ele uma graça. 

ㅡ Como é o seu dia a dia? Por ter trabalhos como esses eu imagino que seja cansativo e difícil. 

ㅡ Eu trabalho quase o dia todo, mas eu gosto disso. Eu sou bom no que eu faço, mas acho que o principal motivo é que ele mantém a minha mente ocupada. ㅡ Jungkook estava sendo sincero.

ㅡ E por que isso é bom? ㅡ Essa era a tentativa de Jimin em fazer com que ele se abrisse ainda mais.

ㅡ Porque pensamentos matam, Park. Principalmente os meus. O maior motivo para eu estar aqui é isso, eu não aguento mais meu próprio corpo. Às vezes parece que ele se controla sozinho.

Aquilo explodiu com a cabeça de ambos. Primeiro para Jungkook, que após terminar sua fala se viu contando algo que nunca havia contado a ninguém, claro que o seu objetivo ali era esse, mas assim tão fácil? Ele estava sentindo-se de alguma forma mais liberto, era uma sensação difícil de ser explicada e ainda mais difícil de se sentir. 

ㅡ Eu não sinto que estou vivendo, doutor. E isso estaria me matando se eu já não me sentisse morto. ㅡ E isso foi a cartada final para que Jungkook caísse em sua própria confusão.

Foi a primeira vez que ele admitiu não se sentir vivo, nunca havia dito isso, nem mesmo para Seokjin, seu melhor amigo. Mas a presença de Jimin chegava a queimar seu corpo, mas era um calor humano, de conforto. Uma linha que o abraçava de ternura e glorificava suas fechaduras internas, ele estava abrindo um sentimento acorrentado a sete chaves. Jungkook não se sentia vivo a bastante tempo, por isso ele desconta sua frustração no trabalho e se encarna no álcool na noite de festas. Era em uma tentativa de ressuscitar o seu corpo. 

Poderia ser a forma mais fajuta e desajustada possível, mas era o que estava ao seu alcance naquele momento.

Olhando para o lado de Jimin, ele estava um breu de perguntas e razões indissociáveis para o que Jungkook havia dito, ele queria entender de que forma ele não se sentia vivo, e como não sentir que comandava seu corpo afetava naquilo. Nunca ouviu um relato como aquele, mas o problema não estava só nisso. Jimin se sentia estranho e incapacitado, não sabia o que dizer, e foi a primeira vez que ficou sem palavras diante de um paciente, porque o problema estava em seu próprio corpo. 

Por que a sua mente estava sendo influenciada pelo que Jungkook havia contado?

O que Park não sabia, era que tudo na história de Jeon afetaria a sua própria história, porque seus nomes foram escritos no mesmo papel, e a tinta pertencia ao mesmo sangue. O que fazia diferença em um, também faria no outro, de formas distintas, porém desenvolvidas.

Jeon sentiu a estranheza de Jimin, não de uma forma ruim ou julgadora, apenas terna e apreensiva, porém ele não sabia mais o que dizer, e de fato não sentia-se pronto. Já havia avançado muito, talvez agora deveria tentar mudar de assunto, como se suas falas anteriores não fossem grandes coisas.

ㅡ Porém, ontem me senti bem vivo com você em meus braços. ㅡ E ele escolheu o pior caminho possível.

O que devemos esperar de Jungkook? A completa loucura.

ㅡ Jungkook... não vamos falar sobre isso.

ㅡ Por quê? Pensei que havia gostado, príncipe. Eu te fiz uma consulta de garganta e você passou bem no teste. 

Jimin queria sumir e nunca mais pisar na terra. 

ㅡ Sabia que você é um atrevido? E aliás você me deve uma explicação do que aconteceu ontem, eu literalmente não entendi nada até agora. ㅡ Jimin tentou desviar do motivo de seu constrangimento e partiu para a dúvida que estava lhe alucinando.

ㅡ Simples, eu estava dançando e veio um cara falar comigo, eu nem tinha visto bem o rosto dele mas aceitei o convite. Por uma bela obra do destino, você estava bem no lugar que havíamos marcado. ㅡ Fez um sinal com as mãos. ㅡ Surpresa, coloquei minhas mãos em você. 

Jimin só conseguia pensar: Como eu posso ser tão desastrado, maldito mundo? 

Porém, azarado de fato ele não era. 

ㅡ E mesmo assim você continuou? ㅡ Questionou Jimin. 

ㅡ Eu apenas notei quando você foi embora, mas tenho certeza que valeu bem mais a pena. Tanto para você, como para mim. 

Quando Jungkook levou seu corpo um pouco mais para frente, ele levantou sua mão pronta para alcançar a mão de Jimin. Mas batidas na porta interromperam a partida do jogo que ele estava traçando.

A porta foi aberta e por trás dela encontrava-se Jihyo, secretária de Jimin. 

ㅡ Senhor, Park? Desculpe interromper, mas essa sessão já acabou, seu próximo paciente está esperando. ㅡ Dizia enquanto segurava a porta e olhava apreensiva para Jimin. 

Park estava imóvel, com a situação um pouco confortável, mas Jeon estava sorrindo. Que tipo de diabo era aquele? Aparentemente sua cruz era mais pesada do que pensava. 

ㅡ Não tem problema, obrigado por avisar, Jihyo. O Senhor Jeon já está de saída. ㅡ Sorriu genuinamente enquanto encarava Jungkook.

Ela fechou a porta e novamente eles estavam sozinhos, para despedirem, mas desta vez do jeito certo. 

ㅡ Então, Jungkook. Você vai querer continuar comigo nas sessões?

Após uma primeira sessão com seus pacientes, Jimin os questionava para ter certeza da continuação de seu tratamento. Porém, agora ele não sabia se queria que a resposta fosse afirmativa. Jungkook brincou com os dedos enquanto olhava para baixo, e quando levantou o rosto, Park pôde ver seu sorriso de lado. Era a tempestade chegando. 

No mundo paralelo da mente de Jungkook, o vento soprava como nunca, as portas se fechavam e as florestas sussurravam. Continue, Continue, Continue. O relógio continua batendo. 

O tiktak do relógio batia na velocidade do seu coração, o sangue se espalhava para mostrar que estava vivo, mesmo que sentisse o contrário.

Portando, se está vivo, trate de se destruir.

ㅡ Sim, Park. Irei continuar.

Estava exausto e ciente de que a partir dali sua vida estava complicada e seus caminhos embrulhados. Jeon era de outro mundo, disso Park tinha certeza. Como continuar cuidando de alguém e esquecer do que tinham feito? Com aquela pessoa fazendo questão de te lembrar a todo momento? E ainda mais com aquele sorriso de cafajeste. 

Jimin queria gritar e clamar a todos os deuses que tudo só passasse de um sonho. Mas isso estava difícil de acontecer, pois ele sentia muito bem os pelos do seu gato entre seus dedos naquele momento. A pelagem laranja de seu gatinho chamado Pluto estava macia e fazia carinho em seu coração, pois ele era tudo para Park. Depois que acabou seus atendimentos naquele dia, voltou para casa pensando novamente na noite passada e também naquela manhã. Tudo parecia se encaixar demais para ser real. 

Notou que tudo estava em seu devido lugar, Pluto não havia feito nenhuma bagunça, o que era de fato estranho. Os livros estavam nas prateleiras, os bonecos geeks organizados de acordo com a animação, sua coleção de xícaras límpidas e brilhantes em cima do balcão da cozinha e os quadros espalhados por toda casa. Era lindo, seu lar e seu conforto, mas algo parecia errado demais.  

Entretanto, o mais estranho estava acontecendo naquele momento. Quando levantou-se do sofá para preparar sua comida e tomar um bom banho para dormir, avistou um envelope vermelho em cima da cômoda da sala. Como poderia ter chegado ali? Ele não se lembrava de nenhum envelope vermelho, e se fosse uma correspondência, como estaria dentro da sua casa? Mesmo com todas essas questões, ele foi até ele à procura de suas respostas. Quando pegou em sua mão, sentiu uma textura diferente, era de papel antigo. 

O mais intrigante, era o verso onde estava escrito "Imperfeitos: O primeiro abismo". 

Agora, Jimin tinha certeza que estava enlouquecendo, já estava pronto para escutar o chapeleiro cantando a música do mesversário. Era correr ou ficar para a festa, e ele aceitou o convite no momento em que abriu o envelope. A letra era muito bonita, mas ao mesmo tempo difícil de ler por ser em um formato tão antigo, como era escrito nas cartas em tempos medievais. A letra em dourado marcante se sobressai no papel, e as palavras perfuravam o peito de Jimin, atingindo a essência do seu coração, e ao mesmo tempo o ínfimo da sua mente. 

"Era uma vez, um conto do fogo. 
Uma história forjada no crepúsculo, escrita pelo vermelho e vestida com a escuridão. 
Imaculada no princípio e devastadora ao primeiro passo. Iniciou-se o colapso do desejo, e o relógio bateu pela primeira vez. 1, 2, 3, 4, 5.

Quantos ponteiros você precisa? Talvez você consiga até o décimo segundo."

Coração desenfreado, respiração palpitante, mãos tremendo. Era assim que Jimin se encontrava, percebendo que não havia entendido nada e ainda sim temia por algo que não sabia o que era. Uma carta com um só destino, contar o tempo. Porque quem quer que seja que tenha enviado, sabe que algo começou e quem em algum momento terá que acabar, como todos os ciclos da vida. 

A pergunta era: Toda história iniciada com Era uma vez, termina com Felizes para sempre? 

Enquanto o mundo gritava por calmaria, a noite iniciava-se da forma mais estridente possível, com pessoas clamando por outros corpos e redenção das suas próprias almas. Era uma distorção de sentimentos e não-encontros, era  estar ao lado da libertação mas preso às correntes e amarras do mundo. É o ciclo vicioso entre viver próximo a si mesmo, mas não se conhecer por estar tão bêbado da maldade alheia. 

As pessoas são como escritores, quando um escritor faz uma discordância de palavras, toda a sua história pode ser alterada por um simples ato mal pensado, a diferença é que se o autor for sábio, ele saberá consertar a enfermidade e produzir algo bom criado por uma confusão. Já na vida, não é bem assim. Quando as pessoas tomam uma decisão, não se pode voltar atrás, não existe mão dupla, tudo se foi e não volta mais. A existência é uma luta entre você e a sua mente, deixar ela ganhar pode ser fatal em todos os sentidos. 

Por isso, muitas pessoas escolhem escutar o coração, certo? 

O engano é que, o coração é um jogador. Ele brinca a todo momento, não se pode confiar na sua esperteza fajuta. Mas a culpa não é dele, afinal sua função é bombear sangue, mas os humanos mais uma vez colocando tarefas demais em um ser inocente. Ou talvez nem tão inocente assim. 

Em uma história muito antiga, contada por alguém que não me recordo, provavelmente alguém esquisito. Porque pessoas que contam histórias são esquisitas, por isso mesmo estou aqui. Nela, contava que o coração de todos os seres nascem puros, mas com o tempo ㅡ ou talvez nem isso ㅡ são consumidos pelas mentes perversas de cada criatura, e a única coisa capaz de salvar a si mesmo é a sua alma. Porque para uma alma ser consumida pela escuridão, leva-se tempo, e muitos machucados, centenas deles. Quando o ser reconhece que aquilo não é sua verdadeira face, busca-se então sua essência, sua alma talvez límpida, que possa glorificar seu ser e trazer de volta o seu eu perdido entre tantas máscaras. O segredo é conhecer a si mesmo, saber diferenciar o ser-ou-não-ser, reacender o que foi apagado e dançar pelo caminho que te leva ao ápice de onde tudo começou. 

É uma dispersão entre viver ou sobreviver, está em você moldar a própria linha que te costura. É sobre o que você acredita e o que você escolhe não acreditar. 

Qual lenda você sussurra ao redor da fogueira? 

Naquele momento, Jungkook não sabia dizer, mas tinha certeza que ele não seria o herói. Afinal, todas as circunstâncias do seu viver e saber afirmavam contra isso. Mas ele não se importava, nunca teve vontade de salvar o mundo, não conseguia salvar nem a si mesmo.

Vivia tentando manter sua mente acordada e seu corpo em harmonia, mas no fim da noite ele apenas conseguia descansar se seu corpo estivesse morto de exaustão. Residia em uma linha tênue entre manter-se acordado e dormir para sempre no seu estado de infelicidade e sensibilidade decorrentes.

Jeon percorria a boate que visitava com certa frequência, encontrando o bar e sentando-se no lugar mais confortável e improvável de que chegasse um bêbado caindo por cima de si. Tirou sua franja da testa e expôs seu belo rosto com clareza, lábios finos e olhos grandes, feito com um pincel exclusivo, uma das melhores artes que a Mãe havia criado. Mas estava impaciente, instável e com vontade de gritar, querendo derramar tudo de ruim que continha no seu corpo, toda a enfermidade que ele achava ter.  Porém, ele não fez isso, não por não ser louco o bastante, acredite, ele era. O motivo era que seu corpo estava fechado até para si mesmo, quando a vontade de gritar explodia, ele sussurrava, quando a vontade de chorar era forte demais, ele quebrava algum vaso de sua casa. 

Sim, ele conseguia chorar. Mas apenas quando não notava que ele estava fazendo isso, era dor demais para perceber qualquer coisa que estava acontecendo em seu corpo.

Jungkook não sentia a mínima vontade de decidir qualquer coisa no momento, por isso pediu que o barman escolhesse sua bebida, mas que fosse algo forte. Deveria lhe entorpecer e deixar seu corpo dormente, era para isso que estava ali. Procurando pelo nada, apenas por ardência em sua garganta, mas por algo que não fosse vontade de chorar. Ele já tinha notado que havia pessoas olhando fixamente para ele, mas não estava nem aí. Hoje não é um bom dia, mas na verdade, quando é? 

A bebida chegou em suas mãos poucos minutos depois, era algo vermelho com aparência bonita. Jeon bebeu tudo de uma vez, apenas um gole ardendo em sua garganta, era forte demais, seus olhos chegaram a lacrimejar. 

ㅡ Pela sua cara, parece que acabou de beber fogo do inferno. 

A voz que atingiu os ouvidos do Jeon era conhecida, por isso virou o rosto para encará-lo. Alto, bonito e com uma roupa cara. Não, não era Jungkook, mas poderia ser. Apertou a mão de seu conhecido e notou a aliança em seu dedo. 

ㅡ Quem é a maluca? ㅡ Perguntou Jeon, referindo-se à aliança.

ㅡ Mais respeito com o seu companheiro de festa, camarada. ㅡ Disse sorrindo achando a situação exatamente igual a como imaginou.

Ex companheiro você quer dizer. Agora que vai se casar vai me largar, não é? 

ㅡ Você está falando como se fôssemos namorados, credo. 

ㅡ Bem que você queria, meu amigo. ㅡ Disse Jeon fazendo a expressão que valorizava o seu ego. ㅡ Quando vai ser? 

ㅡ Daqui a duas semanas. Eu vim aqui justamente na esperança de te encontrar, para convidar você, queria que fosse pessoalmente. 

ㅡ E onde está o convite? Ora, Min-gi, não seja tão mão de vaca. 

ㅡ Porra de convite, Jungkook. Hoje em dia se fala tudo por mensagem, só estamos convidando as pessoas mais próximas pessoalmente. Em que século você vive? 

ㅡ No mesmo que o seu, a diferença é que eu sou elegante. ㅡ Faz uma pose esbanjando seu corpo.

ㅡ Não, a diferença é que você é rico.

ㅡ Por favor vamos parar com essa ladainha. Você veio aqui apenas para me convidar? ㅡ Fez uma expressão confusa e franziu as sobrancelhas.

ㅡ Não, também vim beber. Você não faz ideia a fortuna que é flores para um casamento. ㅡ Disse colocando para dentro um shot de tequila.

ㅡ Nem quero imaginar. Mas enquanto você lamenta o véu e a grinalda que terá que pagar, eu vou na pista por um momento. ㅡ Falou já de pé, indo em direção aos corpos frenéticos.

ㅡ Você não cansa de dançar? 

ㅡ Jamais! ㅡ Gritou, longe mas perto o bastante para que seu conhecido escutasse.

Dessa vez, seu intuito era apenas dançar. Não era como na noite passada, que admite não se arrepender. Queria apenas cansar seu corpo com algo que o divertisse e que também fizesse esquecer tudo que já sentiu na vida. Era a música e ele, sua essência e sua chama. Não estava de acordo com a música, pois ela era agitada demais, e isso ele já encontrava em seu interior. Agora ele queria calmaria. 

Calma em uma boate? Contraditório porém eficaz para ele, tudo para Jungkook era errôneo e inconsequente. Mas o que ele poderia fazer? É involuntário e luta contra ele mesmo. Jogando tudo para o ar, Jeon levantou os braços e sacudiu seu cabelo, gastando toda a energia que tinha em seu ser, mas ao fazer isso, sentiu um corpo chegando próximo ao seu, como no outro dia. 

ㅡ Olá, gracinha. ㅡ Disse o homem querendo tocar sua cintura, mas Jungkook o impediu.

ㅡ O que você quer, cara? ㅡ Perguntou impaciente.

ㅡ Nossa, pensei que você já tinha sido adestrada. ㅡ Soltou uma piscadela.

ㅡ A porra do adestramento vai acontecer em você se não sair daqui agora. ㅡ Empurrou o cara para longe de si e se virou.

ㅡ Eu estava disposto a pagar, não importa o preço. ㅡ Disse o homem fazendo uma expressão maliciosa, Jeon nunca havia sentido tanto nojo. 

ㅡ Eu não estou a venda, caralho. Já avisei para você ir embora.

ㅡ Eu vou, mas sabe por quê? Porque você não vale dinheiro nenhum, moleque. 

Naquele instante, o sentimento que surgiu em Jungkook ele nunca achou que pudesse sentir. Tinha certeza que seus olhos poderiam ficar vermelhos de tanta raiva que estava aflorando em sua pele. Mas ele não deixaria por isso, claro que não. Jeon não era do tipo que aguentava as coisas calado. Ele virou novamente para o homem, pisou em seu pé com muita força e segurou seu pescoço.

ㅡ Quem você está chamando de moleque, desgraçado? Você não pode chegar em mim e falar como se fosse maior do que eu, porque você não é. Sabe esse dinheiro que você tem? Eu posso cuspir nele e jogar em você, se eu quiser eu compro a sua casa, irmão. ㅡ Apertou o pescoço dele com mais força, sentindo suas mãos doerem. ㅡ Nunca mais chegue perto de mim, entendeu? 

Soltou o cara e deixou ele caído no chão buscando ar, enquanto todos olhavam para ele. 

ㅡ Estão olhando o que? Nunca viram um gostoso batendo em um idiota? 

Voltou para o bar e sentou ao lado de Min-gi, sentindo seu interior esfriar, a adrenalina que sentia estava passando. Mas ainda conseguia perceber os olhares sobre si.

ㅡ Cara, você já está ficando conhecido. Não acha melhor tomar cuidado? Esse nojento até achou que você cobrava. ㅡ Perguntou Min-gi.

ㅡ Você realmente acha que me importa? Ele tirou isso do rabo, eu nunca cobrei a ninguém. Eu sempre fico com quem me interessa, e apenas isso. ㅡ Bebeu o último gole da outra bebida que havia pedido. 

ㅡ Pelo menos você deu uma lição no cara na frente de todo mundo, acho que ele não vem mais aqui. 

Jeon assentiu e permaneceu calado. 

ㅡ Bem, eu já vou indo. Sempre estou ocupado ultimamente. Mas foi bom te ver. ㅡ Min-gi exclamou enquanto levantava e pagava o barman.  

ㅡ Também foi bom te ver, Min-gi. Mande lembranças para sua garota. 

ㅡ Não esquece do casamento, sim? Vou te mandar o local e horário por mensagem. 

ㅡ Não vou esquecer. Mas pague um lugar decente pelo menos, nada de bar na esquina do dogão da sua rua. ㅡ Disse rindo e apertando a mão de seu amigo. 

ㅡ Se fode, Jeon. Você vai que vai ser supimpa. 

Enquanto Min-gi ia embora, Jungkook quase gritou "Depois pergunta em que século eu estou, quem fala supimpa hoje em dia?" Mas deixou quieto, zoaria ele em uma próxima oportunidade. Como não tinha mais o que fazer ali, deixou o lugar depois que pagou por suas bebidas, que foram apenas duas e por isso resolveu dirigir. Entrou em seu carro e enviou mensagem para Jin, perguntando se tinha alguma novidade em seus e-mails de casos particulares. Seokjin logo respondeu dizendo que havia um e que ele analisasse quando pudesse. 

De repente surgiu uma luz na mente de Jungkook e lembrou que um certo loirinho pediu para que ele confirmasse o agendamento da próxima sessão, e era o que ele faria agora. Procurou o contato de Jimin e enviou a mensagem.

Olá, Doutor. | 

Segundos depois ele foi respondido.

| oii, Jeon!🥰
| você sabe que eu não sou doutor, certo? 

Sei, mas eu gosto de te chamar assim. |  
Sinto que está cuidando de mim.|

| ahhh, tudo bem....
| então, vai confirmar o dia? 

   Sim, daqui três dias certo? Segunda-feira.|

| isso, segunda! marcado então, lá resolvemos todos os horários 

| até segunda, Jungkook 🙃🌹

Tudo bem. |
Até segunda, Jimin.| 

E o coração de Jungkook, por algum motivo, desacelerou. Seu corpo estava calmo, parecia anestesiado. A contradição era que naquele dia, Jeon saiu a procura de calmaria através do álcool, mas conseguiu através de um baixinho com cabelos de anjo. Não fazia sentido, mas nada fazia sentido na sua vida. Então apenas ignorou isso e seguiu para sua casa. 

Ele sentia suas correntes sendo puxadas, por mãos que ele desconhecia. A ardência que sentia em sua garganta horas antes, havia passado sutilmente. Suas mãos não tremiam mais, como no momento em que apertou o pescoço do homem idiota dentro da boate. 

Agora ele se perguntava se tudo aquilo era efeito de Jimin, ou se por algum motivo Deus sentiu pena dele. Não queria saber, mas o que quer que fosse, era bom. Era bom estar calmo e sem a cabeça lotando de perguntas. 

Finalmente Jeon encontrou o entorpecente que procurava. Seria a alma de Jimin forte o bastante para preencher o vazio inacabado de Jungkook? 

Seria esse momento, real demais para ser verdadeiro? Seria correto Jeon se apegar a aquele sentimento de calmaria, sabendo que duraria apenas um segundo? 

E em meio a todas essas nuances, estavam entrando em caminhos perigosos, porque o amor e o caos, não foram feitos para andarem juntos, mas Jimin e Jungkook estavam colidindo, e isso era apenas o início do jogo que foi traçado naquela noite eloquente. E talvez ele termine com um bom e velho xeque-mate.

Jungkook olhou para o relógio em seu carro, ele estava marcando uma hora em ponto. E a madrugada se passava, enquanto Jeon corria pelas ruas de Seul. Sorria como um personagem de quadrinhos pronto para fazer alguma armação, pronto para lutar pelo que almejava.

Mas Jeon não estava pronto para nada, seu sorriso era a prova de que uma alma cansada poderia carregar uma expressão diferente, mas no final de tudo a morte sempre estava a espreita de seus sentimentos. 

Um segundo, apenas um.

Um ponteiro havia mudado de lugar. 


oii pessoal!! então, desculpem a demora! eu fiquei com um grande bloqueio mas agora estou conseguindo desenvolver melhor as cenas, espero que vocês tenham gostado!

acho que não tenho muito o que avisar, mas peço desculpas se o capítulo foi parado ou algo assim, mas é que vocês sabem né, tem todo o processo de desenvolver da estória, mas espero realmente que tenha agradado.

E ESSA CAPA NOVA???? A coisa mais perfeita do mundo, me emocionei recebendo sério, estou me achando agora. agradeço interinamente a minha vidinha solistvante é a pessoa mais talentosa que já conheci! ♡

agradecendo mais uma vez a minha beta maravilhosa, pela betagem desse capítulo alascoux_

apenas avisando que o jungkook perdeu a conta dele do twitter :( mas eu já criei uma nova, é a @/jeonjkly, dêem uma força lá! alterei também em todos os caps antigos para não confundir os novos leitores. nos acompanhem no tt e interajam lá!! usem a tag também ein.

meu tt: @lyberock
jimin: @JiminiePlut
jungkook: @jeonjkly
jin (continha nova): @KimFadinha

é isso amores, nos vemos na próxima att. se cuidem e UM BESO!!💙

ㅡ Pluto ✦

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