Je promets
- Pierre, verdade ou desafio?! - Grita Charlotte.
Apuro os ouvidos atenta a resposta, não sei bem o porquê dessa curiosidade toda de minha parte.
- Verdade.
- Careta como sempre, mano vai no desafio, por favor! É mais emocionante do que ficar sabendo coisinhas tuas! - Reclama Louis.
É engraçado ver o contraste entre os dois, é como se fosse dois extremos, mas combinando de sua maneira.
- Cala a boca e Char, faz a pergunta. - Intervém Eloise.
- Entre mim, Eloise e a Isa; quem você beijaria?
Mon Dieu, não creio que ela falou isso. Sinto minhas bochechas esquentam e todos olhando para mim, desgraçada. Me levanto afim de sair do quarto, não sou obrigada a ficar ouvindo e vendo isso. Antes de fechar a porta escuto sua resposta.
- Nenhuma. - Isso doeu e ao mesmo tempo o alívio toma conta.
Desço as escadas com a sensação esquisita, preciso respirar ar puro e sentir o vento. Passos soam assim que chego ao pé da escada.
- Belle, por favor, espera!
- Quer me dizer algo? - Pergunto quando me alcança.
- Só queria saber se está bem. - Miro seus olhos contendo às lágrimas.
- Sim estou bem. - Digo sorrindo, de maneira nenhuma alguém irá ver minhas lágrimas. Só preciso de uns minutos para abrir a torneira.
- Ah, então nesse caso - certamente quer perguntar algo mais, contudo o constrangimento fica evidente. - Vai para o jardim?
- Sim, aham, quer fazer companhia? - E lá se vai o que tanto preciso, talvez seja bom sua presença.
- Adoraria! - Um sorriso ilumina o rosto, e vendo isto sorrio involuntariamente. - Vamos na parte da frente, assim não correremos o risco de se perder.
- Bem pensado.
Pierre faz um gesto de "vá na frente", tomo a dianteira com ele um pouquinho atrás, falo isso porque consigo sentir a respiração e o calor emanando; a princípio fico incomodada, contudo essa sensação passa em piscar de olhos. Estranho.
Atravessamos a sala, passando por bonitas esculturas e pinturas, até chegarmos a porta, onde o vento gélido invade o cômodo, levo os antebraços aos braços devido ao frio.
- Aqui, ponha o casaco. - Diz tirando do corpo e passando sob meus ombros. Me reteso com o toque, mas aceito.
- Obrigada, não vai ficar com frio?
- Capaz, vou ficar bem. Vamos? - Assinto o seguindo para perto de um refletor de luz no gramado, sentando se.
- Não é uma boa ideia sentar no chão, pode ficar doente. - Paro em seu lado.
- Te garanto que não irei ficar doente, juro. - Suas íris brilham contratando com a noite, como se fosse pequenas estrelas. - Vai ficar de pé mesmo?
- Tudo bem! - Abaixo me por fim. Fico surpresa em sentir um pouco de calor.
- Sabe porque não está frio?
- Não faço a mínima ideia. - Simples assim estou sorrindo.
- Tem um refletor bem aqui do lado, a luz emite ondas que são transmitidas em forma de calor.
- Fascinante, mas óbvio.
- Óbvio? Estudo fundo isso sabia senhorita. - Fala com tom de ofendido.
- E o senhor estuda exatamente…?
- Arquitetura. Eu sei, eu sei, não tem haver com luzes. Sinto muito se a decepcionei.
- Queria muito instalar luzes no jardim imaginário, me deixou triste.
Soltamos risadas até que elas cessem. De repente o clima não está gélido, mas morno, com nuances de alegria e felicidade momentânea. Nunca pensei nisto, em estar rindo a toa com ele, ninguém. Minha mente dá volta e mais voltas tentando raciocinar algo plausível.
- Uma estrela por seus pensamentos. - Comenta a olhar para mim.
- Nada de relevante.
- É bom falar em voz alta, talvez ajude.
Não quero falar a respeito, nem mesmo sei formular a pergunta. Contudo o tom terno mexe em alguma parte minha.
- Você é um estranho, não o conheço e não sei o que está havendo. - Digo olhando as estrelas.
- Basta você querer me conhecer, aí deixarei de ser.
Algo muda em seus olhos quando o encaro. De repente o assunto descontraído adquire seriedade. Não sei se quero isso, a ideia assusta; tem todas as coisas que poderiam acontecer de ruim nisso. Meu instinto é fugir, desconversar; todavia a ânsia por uma resposta é grande refletindo a mim. Talvez esteja tornando um problema em uma catástrofe. Sinto-me tremer por dentro pelo resposta proferida.
- Talvez.
- Desculpas, notei o incômodo eu só queria sei lá ajudar de alguma fo…
- Não é isso, são coisas difíceis para mim - junto os joelhos ao peito. - Estou tentando melhorar.
- Isso é bom, tentar é melhor que nada. Não se pode deixar o medo dominar, você é forte e consegue tudo o que quiser, consigo ver isso em ti. Não é vergonha precisar de ajuda e apoio às vezes. - Olho fundo em suas íris azuis-esverdeadas, lágrimas rebeldes escapam deixando uma trilha salgada. - Prometo ficar se quiser.
Tomo coragem e encosto a cabeça no ombro dele, sou surpreendida ao sentir seus braços derredor, me acolhendo em um abraço. A pequena Isabelle nunca deixaria um garoto a tocar, ela grita dizendo para fugir, mas suprimo a voz segurando firme sua camisa.
- Soyez rassuré ma petite, dans mes bras vous serez en sécurité. - Murmura .
As lágrimas continuam em torrente a cair, quero parar, entretanto não consigo; a torneira abriu se. Toda confusão, medo e insegurança vem a tona. Preciso tentar ser melhor, fiz uma promessa e pretendo a cumprir, mas não posso ao mesmo tempo. Ele sempre vence no final, me odeio por isso, sou uma covarde por permitir.
Pierre me segura mais forte afagando meus cabelos, a sensação estranha volta e no impulso ponho a mão sob seu peito, onde sinto as batidas descompassadas.
- Restez calme ma belle, tout ira bien, je promets.
Tradução
• Soyez rassuré ma petite, dans mes bras vous serez en sécurité = Fique tranquila minha pequena, em meus braços estará segura.
• Restez calme ma belle, tout ira bien, je promets = Fique calma minha bela, tudo ficará bem, eu prometo.
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