Tramas
Jaynes trancou Elisa em seu quarto. Ele bradou para quem quisesse ouvir que tudo era culpa dela. Seu coração de pai sangrava com a mínima possibilidade de perder seu filho.
A culpa o corroía, a dúvida o fazia questionar o passado. “ Será que ele havia condenado sua mãe ao aceitar Struan” e agora ao acolher a jovem condenará seu filho? Furioso socou a parede e a dor irradiou pelo braço. Ele coloca as duas mãos na parede e encosta a cabeça na mesma, se sentia derrotado.
— Jaynes? — chama Alana a porta, ela franze a testa ao ver a postura do marido. Preocupada, entra no quarto e o abraça por trás. — Como você está querido?
— Não sei! — Responde baixinho. Sua esposa sente o corpo dele tremer, então ora em espírito pedindo sabedoria. Ter seu filho daquele jeito a devastava, contudo, buscava forças em Deus e confiava nele. Já seu marido se sentia só, vazio, ou melhor, preenchido por medo, culpas, insegurança.
— O que te aflige? Posso perceber que não é só a doença de Ailan.
— Ah, Alana! — diz se virando e abraça ela apertado. Põe seu queixo na cabeça dela e seu cheiro o acalma. — Será que errei ao aceitar que Struan ficasse aqui? Expõe seu pensamento a ela, não tendo forças para guardar tudo para si.
— Jaynes, Elisa não tem nada a ver com o que acontece ao nosso filho. — ela percebe que ele vai retrucar, então se afasta e segura seu rosto com ambas as mãos. — Me escute querido. Não percebe o quanto ela o ama? Não viu o brilho nos olhos de Ailan? Essa menina trouxe muitas coisas para a Vila, no entanto, nenhuma foi ruim. Por onde ela passa só espalha bondade, amor. Sua fé alcançou a muitos e eu, preste atenção, acredito, eu acredito em Deus, no Deus que ela me apresentou.
— Não! — Grita se afastando dela — Por favor, Alana. — O medo nos olhos dele é visível. — Você também não!
— Sim, querido e Aila também!
— Não! Não e não! Proíbo vocês de falarem isso. Não posso perder mais ninguém. — era para ser uma ordem, contudo sai mais como uma súplica. Seus olhos brilham pelas lágrimas e Alana que já chorava o abraça.
— Estou aqui meu amor! — afirma calmamente Alana o confortando. — Tudo vai ficar bem!
O que eles não sabiam era que uma revolta crescia na Vila. Um ser venenoso e escorregadio. A serpente, assim como no Éden, destilava seu veneno e enredava com suas palavras.
— Um absurdo isso, como ele pode prender aquela doce criança no quarto?
— Olha, o que está acontecendo com Ailan é culpa do pai que aceitou aquela forasteira por aqui!
— Jaynes não está em condições de ser o líder. Olha como não tem firmeza. Recebi a jovem e agora a aprisiona!
— Jaynes nem sabe mais como agir, como pode ser o líder? Depois do que aconteceu naquela família já era de se esperar!
— Quem será que seria um bom líder? Ailan está mau, não pode assumir. É uma pena, pois seu pai com certeza já não tem competência para liderar.
— É mesmo! Tem Marck, como não pensei nele? Homem forte, de família, você tem razão.
— Temos que tirar aquela jovem do quarto e mandar a coitada para sua família.
— Vocês não estão exagerando?
— E se ela for embora e contar a outros sobre nos?
Em meio a discussão, a serpente invejosa, traiçoeira escondia um sorriso.
“ — Tirarei tudo!”
Ailan oscilava entre a lucidez e a escuridão. Em alguns momentos sua mãe e Bel tiveram que o conter ou teria se machucado.
Tudo que tentavam dar a ele, vomitava.
O cansaço era visível em todos na casa.
Elisa continuava orando incessante.
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