Elisa estava inquieta, dentro dela tudo parecia fora de lugar. Seus olhos procuravam por Ailan na mesa. E ao se deparar com ele a olhando se abraça para conter o tremor de seu corpo. Seu rosto arde.

- Você está bem Elisa? - Alana questiona a olhando desconfiada. Ela sentiu a mudança nela, o silêncio, a inquietação... E não só a jovem, seu filho também estava pensativo. - Se não estiver bem pode ficar aqui, eu irei sozinha.
Elas iam visitar Maria.

- Obrigada, acho que vou ficar em meu quarto. Com licença. Fala e sai rapidamente da mesa sem olhar para ninguém.
Entra em seu quarto fecha a porta e se põe de joelhos.

- Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Pai estou confusa! Não sei nem o que dizer... Ela encosta a testa no chão rendida, os olhos ardem e lembranças veem até ela...

"- mãe quando vou achar um marido e como vou saber o que é o amor? A pequena Elisa questiona enquanto seca as vasilhas que sua mãe lava após o jantar.
- Que conversa é essa filha? Você não vai achar um marido tão cedo. Seu pai, diz sério se aproximando fazendo carinho em seus cabelo. Sua mãe ri e sacode os dedos espirrando água no marido.
- Larga de ciúme Smith!- fala balançando a cabeça na direção dele, mas sorri - filha no tempo certo você vai conhecer um bom rapaz que te deixará sem jeito e procurando as palavras quando estiver por perto. Seus olhos procurarão por ele quando estiverem no mesmo local. Contudo, ore e apresente a Deus seus sentimentos e tenha certeza que ele é bondoso, observa se ele é um bom filho e como trata as pessoas.
- Como o papai cuida de você e de mim? Pergunta Elisa, olhando de um para o outro.
- Isso mesmo filha! Ele cuida da gente e nos ama, não aceite menos que isso. Você é filha do Rei dos Reis.
- Como vou saber se é amor?
- Quando você quiser o bem dele, quiser estar sempre por perto, desejar fazer o rapaz feliz quando perceber que ele estiver triste, quando o sorriso dele te deixar feliz. O amor que vem de Deus é puro, sem egoísmo. Mas cuidado, tenha certeza que ele também te amará da mesma forma. Alerta Nora.
- Quando você sentir segura e em paz ao lado da pessoa saberá que Deus está abençoando. Filha o amor é paciente e benigno. Completa o pai.

- Ah! Meu Deus! Será possível? Mas cadê a calmaria? aqui dentro parece uma tempestade!" - Ela se levanta e começa andar pelo quarto. - Meu PAI, entrego esse sentimento em suas mãos, guarda o meu coração.

A lembrança a confunde ainda mais. O quarto parece apertado, então resolvi sair.

" o sonho!" sussurra e fica parada no local. Ela leva a mão a boca. Sua respiração acelera... " será possível? Meu Deus! Meu Deus..."

- Elisa? Elisa? Você está bem? Como se seus pensamentos o tivesse chamado Ailan sai do estábulo e está parado a sua frente.

Seus olhos se arregalam, estômago se contrai. "As borboletas...ah meu Deus!" pensa e tudo começa a girar...

- Elisa! Ailan salta do cavalo e se lança em sua direção a tempo de evitar queda. Ele passa um braço por seus joelhos e a ergue.

- Elisa! Elisa! - ela ouve distante e devagar sua visão vai clareando e o constrangimento a domina.

Ela percebi que ele começa a caminhar em direção a casa.

- Por favor me põe no chão. Pede baixinho e segura sua camisa para se firmar.

- Você praticamente desmaiou. Vou chamar minha mãe...

- Não! - ela grita o interrompendo e se meche para que ele a coloque no chão.- Estou bem, estava indo para o estábulo. Vou para lá. Não preocupe sua mãe a toa. Pede olhando para o chão envergonhada. Ele a pôs em pé mas ainda a segurava pelos braços. Elisa fecha os olhos apertados ao sentir ele tocar seu queixo levantado seu rosto.

- Olhe para mim! Pede e desliza o dedo pela bochecha dela que formiga e se aquece. Um suspiro sai de seus lábios. Ela abre os olhos e mais uma vez é impactada pela força da tempestade naquele olhar, apesar que parece ainda mais intenso naquele momento...

Engolindo em seco ela da um passo para trás. Ele parece decepcionado, ela o ouve suspirar e vê como eleva uma mão e passa no cabelo, ainda a encarando.

O relinchar atrás dele a assusta. E ela salta no lugar.

- Elisa!? Ailan estende a mão em sua direção novamente.

- Estou bem!- ela levanta as mãos e ele para. - estou com calor é isso. Vou lá pra dentro deve estar mais fresco. Fala apontando para o estábulo. Ela passa por ele, entra e vai até Nuven. Elisa ouve os passos dele atrás de si, porém não se vira.
Nuven a recebe feliz. Ela faz carinho e murmura com ele. " O que farei amigo?"

- Aqui. - Ailan põe um copo com água a sua frente - te ajudará a refrescar.

- Obrigada! - pega o copo e tomando coragem olho para ele - por tudo.

Ele acena e seus lábios sobem de um lado em um pequeno sorriso. Elisa reconhece como o sorriso qeu ele da a irmã.

- De nada, mas pode parar de desmaiar quando estou por perto, meu coração não aguenta mais tanta comoção.

Elisa até tenta, no entanto a risada escapa. Ela percebe que ele brincou para mudar o clima estranho entre eles e seu coração perde, ou melhor descobri que nele cabe mais um pouquinho de carinho pelo jovem a sua frente.

- Vou tentar desmaiar quando estiver longe. Mas dai quem vai me socorrer? Pisca inocente na direção dele. Que balança a cabeça e gargalha.

- É verdade e melhor eu estar por perto. Já pensou se for Alaric que estiver por perto. Ele diz serio e põe as mãos atrás das costas.

- Não, mas o que tem se for ele? Elisa pergunta curiosa.

- Dramático como é, ele pode fazer um escândalo ou então desmaiar também.

A imagem descrita é tão absurda que Elisa gargalha e Ailan a acompanha.

- Posso saber do que estão rindo? Ninguém menos que Alaric entra no estábulo e os dois acabam rindo ainda mais.

- O que deu neles? Marck se junta ao amigo.

- Não faço ideia. Responde Alaric confuso.

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A partir desse dia Ailan passou a conversar mais com Elisa. Um dia até a levou para a patrulha com os amigos, o que gerou vários comentários e brincadeiras por parte deles quando Elisa voltou para casa.

Dentro dele o coração parecia dois, as vezes calmo, as vezes louco, as vezes voa as vezes vai devagar, de vez em quando mudo outras vezes tem voz demais, uma hora tem certeza já em outra é um turbilhão repleto de dúvidas. Em certos momentos queria estar na presença da jovem missionária, em outros tentava se manter distante.

Elisa continuava orando. A admiração por Ailan só crescia, e ver o interesse dele pelo bem das pessoas das cabanas afastadas a aquecia por dentro.
Eles conversaram algumas vezes sobre sua fé. Ailan tinha muitas perguntas e ela se esforçava para responder.

Ela queria sua mãe naquele momento. Queria seus conselhos.

Algo que a estava deixando desconfortável era o olhar de Jaynes. Ele parecia procurar por falhas ou algo que pudesse reprova-la...

Naquela noite quando desceu para jantar ao chegar ao salão quase voltou para trás. Na mesa principal junto a Aila, ninguém menos que Lyta e Coral. Aila olha para ela se aproximando e Elisa lê em seus lábios "- desculpa, não fui eu!"

- Boa noite! Cumprimenta a todos sorrindo.

- Boa noite! Todos respondem. E Coral continua.

- Na mesa de Alaric tem espaço. Aqui já está apertado.

Elisa sente o rosto ardem, constrangida murmura um com licença e se retira, para outra mesa. Apesar de ouvir o arquejo de ultraje de Aila. Ouve ela lhe chamar, contudo segue em frente.

Está quase chegando a mesa quando percebi Marck e Ana se juntarem a Alaric e sua mãe. O sorriso de Ana e encorajador e Elisa sorri em resposta. Gostava muito dela e da mãe de Alaric também.

- Boa noite! Cumprimenta.

- Boa noite Elisa! Todos respondem.

- Que prazer ter a moça mais linda em minha mesa! Fique a vontade. Alaric, diz galanteador.

- Aprendeu direitinho em filho. Você é meu orgulho. Fala sua mãe dando batidinhas em sua bochecha.

- Só errou o alvo!- afirma Ana sorrindo misteriosa.

- Ana! Alerta seu marido.
- O que falei demais? Olha a prova que estou certa chegando. Bate palmas agitada.

- Boa noite! Ailan chega puxando uma cadeira e se senta ao lado da jovem.

- Você tem razão querida! Marck concorda. E tanto Alaric como sua mãe riem. Ailan olha para Elisa e ela da de ombros.

- Minha mesa realmente está requisitada hoje. O que aconteceu amigo? Alaric fala todo inocente.

- O clima lá não está muito bom. E vi meus melhores amigos juntos então resolvi me juntar a vocês.

- Sei! Começa Marck - para e solta uma maldição ao ser chutado por Ailan.

- Melhores amigos sei! Alaric fala sorrindo, mas é esperto e consegui escapar do chute que acerta Marck novamente.

As farpas e risadas continuam até Jaynes ir até eles chamar o filho.

- Ailan volte para a mesa, suas convidadas estão esperando.

Um aperto no peito faz Elisa suspirar. Ela coloca a mão no lugar. E todos olham para ela.

- Com licença, mas vou voltar para meu quarto. Ela sai rapidamente.

Ailan se levanta, porém seu pai o impede.

- Vamos para a mesa. Fala firme e não dá espaço para recusa.

- Eu vou ver como ela está. Ana fala entendendo a situação e vai atrás de Elisa sendo seguida por Aila.

Coral e Lyta sorriem um para a outra ao presenciar a cena.

- Elisa! Aila e Ana entram no quarto e encontram a jovem missionária chorando. Ela tenta limpar o rosto, mas é em vão.

- Aprendi com você. Tenta brincar Aila.

- Ah Elisa! Ana diz abraçando e os soluços voltam com tudo.
- Aila acho melhor você voltar pra mesa. - Ana diz e ao perceber que ela vai argumentar acrescenta - É o melhor eu fico aqui até o jantar terminar depois você volta.

- Elisa? Aila pergunta.

- Pode ir, vou ficar bem. Responde baixinho e deita a cabeça no ombro de Ana.
Aila então volta para o salão.

- Você está gostando dele né? Ana não da volta, vai direto ao ponto.

- Acho que sim! Estou tão confusa. - as lágrimas descem sem parar. - Não entendo o que estou sentindo. Desabafa.

- Eu entendo Elisa, ouvir que Ailan convidou as moças te feriu. Apesar que dúvido muito que ele tenha feito isso. Pensa um pouco, se Ailan as tivesse convidado teria ido para nossa mesa? Ana sabia que as emoções cegavam a razão então ia tentar fazer Elisa pensar.

- É mesmo! - Elisa diz baixinho a dor diminuindo conforme os acontecimentos vão se encaixando. - Como fui boba! Que vergonha! Tampa o rosto com as mãos.

- Isso não é ser boba e estar amando pela primeira vez. Vou te dar um conselho que aprendi tendo Sonja como sogra, nunca tome nenhuma decisão sem saber realmente toda a verdade. E vou te contar um segredo aquele rapaz lá, só tem olhos para você. Ana termina de falar e sorri ao ver o olhar de Elisa se voltar para ela rapidamente.

- Dúvida? Eu não duvido e conheço ela a vida toda. Nunca vi Ailan olhar para alguém como olha para você.

Um calor gostoso se alastra por Elisa.

- Agora te pergunto, pelo visto Jaynes não está muito feliz com isso. Está pronta para enfrentar resistência? Está preparada para lutar por vocês?

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