início da caminhada
Elisa
Elisa contemplava a sua volta com um sorriso. A natureza exuberante que a cercava falava da grandeza de seu criador. Seu sonho estava se tornando real.
Nem o cansaço da viagem seria capaz de tirar o bom humor dos missionários. Elisa suspirava de vez em quando. A euforia lhe mantinha ativa, seu coração permanecia em um ritmo acelerado.
Ela e mais 3 missionários, Micai, André e Margarete estavam viajando a quase 5 dias. Eles iam ao encontro de uma aldeia que ficava no interior da floresta onde se encontravam.
Iriam ajudar um casal de missionários que já residiam ali.
Levavam várias coisas como remédios, materiais para escrita sementes, livros e etc.
Eles se prepararam por muito tempo. Aprenderam sobre a arte da cura com plantas, aprenderam sobre os animais daquela região, como sobreviver no meio da floresta, como interagir com crianças além de vários dialetos e muitas outras coisas.
Eles estavam ansiosos, seus corações ardiam como brasas.
Ao chegarem ao ponto de encontro o missionário Neemias já os aguardava para os conduzir ao final do caminho até a aldeia. Onde foram recebidos com carinho pela missionária Márcia, esposa de Neemias em sua cabana.
Eles se refrescaram, jantaram e foram dormir, pois a viagem fora cansativa e muita coisa precisava ser feita nos próximos dias.
A aldeia era pequena, pouco mais de trinta cabanas feitas de madeira, folhas e palhas. Ela era rodeada por árvores altíssimas e copas densas.
Próximo um rio de águas cristalinas refletia os raios do sol.
Eles foram alvos da curiosidade do povo logo que chegaram, mas naquela manhã uns os observavam com receio e desconfiança, enquanto outros os recebiam bem e tão ansiosos como eles.
Margarete, uma moça morena de lindos cachos da cor de café, pequenina e com sorriso acolhedor iria lecionar para as crianças e para algum adulto que quisesse. Ela era meiga, com um grande coração e tinha muito jeito com crianças. Sempre terminava rodeada por elas onde ia. Logo após o desjejum Márcia a levou para conhecer o local da escola.
Micai e André iriam ajudar com melhorias no cultivo das plantações existentes, ensinar novas técnicas e introduzir novas variedades também.
Já Elisa, iria atuar como curandeira, pois amava esse trabalho e tinha facilidade para conversar com todos, homens, mulheres, idosos e crianças. Com seu constante sorriso, seu otimismo e disponibilidade para ouvir logo ganhava o carinho e a confiança de todos.
Depois de dois meses eles praticamente já faziam parte da aldeia. As crianças já conseguiam escrever algumas palavras e reconhecer alguns números. Novas plantações foram semeadas. Tudo estava indo bem, como o planejado. A mensagem do Criador estava sendo ministrada em palavras e em ações, contudo o coração de Elisa ainda permanecia inquieto. Seu propósito permeava seus pensamentos. O desejo de ir além, a lugares desconhecidos queimava lentamente.
Seu pai dizia "que quando um sonho era plantado por Deus em nossos corações, como um documento importante ele poderia ser guardado no fundo de uma gaveta por pouco ou muito tempo, porém com certeza vez ou outra você o tira de lá. Assim também o sonho, o desejo de estar no centro da vontade de Deus pode até ser escondido pelas coisas da vida, encoberto por outros planos, mas ele continua ali até o momento oportuno."
- Senhor acalma o meu coração ou me mostre o que fazer, pois sinto que aqui ainda não é meu lugar, mas seja feita a tua vontade. Elisa orava.
No decorrer dos dias Elisa começou a perceber que Micai, estava querendo algo mais dela além de amizade. Ele lhe trazia flores, tentava sempre estar perto durante as cavalgadas ou durante os cultos. A elogiava constantemente, mas ela não sentia o mesmo e estava com medo de magoar seu amigo. Micai era bonito, alto, porém magro. Seus cabelos escorridos e negros como corvo. Os olhos escuros brilhavam quando ele ensinava. Mas ela se lembrava do sonho de sua mãe, do cavaleiro que a esperava e pedia direção a Deus.
Durante uma manhã de visitas Elisa foi até a cabana de uma anciã que morava mais afastada da aldeia. Sua neta Vick, tinha dito a Elisa que sua vó estava doente e como ela era parteira e tinha que atender uma grávida em trabalho de parto pediu a Elisa que ficasse com sua avó.
A senhora estava com febre e tossia muito quando Elisa chegou. Ela fez logo um chá de eucalipto para febre e malva com sabugueiro para tosse.
Elisa conseguiu fazer a senhora tomar um pouco do chá. Colocou uma cadeira ao lado da cama e com carinho e cuidado começou a fazer compressa fria na testa da senhora. Tirou o cobertor e a cobriu com um lençol fino.
A senhora começou a conversar. Falava sobre um povo além das montanhas, de homens forte. Falou nomes de pessoas desconhecidas por Elisa e logo ela percebeu que a anciã delirava.
-Não acredite é mentira! Ele é perigoso! A anciã se debatia, tentava alcançar algo. – O que posso fazer além de fugir? Preciso protegê-la. A filho que saudade! Saudade! - Ela se acalmou e de repente começou a cantar baixinho.
-“ A sua luz clareou a noite, seu brilho escondeu o mal, sua face eu vejo refletida no água, como pode estar perto estando tão longe? A sua luz clareou a noite, clareia meu coração...”
Elisa se manteve alerta e pensativa, ela orava em espírito. Durante todo o dia a senhora alternava entre lúcida e delirante. Com muita insistência conseguiu que ela tomasse um pouco de caldo. Quando a neta voltou a noitinha Elisa a pediu para preparar uma sopa e deu a ela sálvia e manjericão para ajudar na saúde da senhora. As duas revezaram durante a noite, ambas fizeram com que a senhora tomasse mais chá e também fizeram mais compressas para ajudar a abaixar a febre. Na manhã seguinte a febre cedeu. A senhora acordou cansada, ainda tossindo, mas totalmente lúcida.
Elisa voltou para a cabana dos missionários para dormir um pouco e sonhou com as montanhas. Ela ouvia alguém falando; “_ Continue, continue! Seu lar está do outro lado...” Ela acordou confusa e orou.
A tardezinha fez algumas visitas e foi ver a anciã novamente. Ela a encontrou sentada. Um cobertor cobria suas pernas. O cabelo branco preso em um coque, um sorriso cansado em seu rosto. Elisa ficou feliz ao ver que ela estava se recuperando.
Elisa continuava curiosa e sem conseguir mais aguentar acabou perguntando;
-Durante a febre a senhora delirou bastante e fiquei curiosa. O que há depois das montanhas? - A senhora quase caiu da cadeira.
- O que? - Falou com olhos arregalados apertando o cobertor sobre o colo.
- Durante a febre a senhora falou de um lugar além das montanhas. - Elisa afirmou e esperou, mas a senhora parecia distante, pensativa. Por alguns minutos não falou nada até que de repente se virou para ela e começou a dizer. Porém parecia que olhava através dela.
- Há um lugar maravilhoso, perfeito como o Edén obra do criador, mas também há a serpente traiçoeira e perigosa. Elisa viu a mudança no semblante que se fechou. – Engana os crédulos e destila falsidade. Só pensa em si mesmo e espalha mentiras. - A senhora começou a piscar rapidamente e focou novamente em Elisa como se a visse mais não acreditasse que ela estivesse ali.
-O que é a serpente? - Questionou ainda mais confusa.
- Do que você está falando criança? -
- De além das montanhas, a senhora estava falando que há uma serpente.
- Há muitas cobras mesmo nas montanhas, nas cavernas até aqui na beira do rio e algumas são venenosas é melhor tomar cuidado. Ao lavar roupas no rio vi algumas durante os anos, são espertas ficam bem camufladas.
Elisa percebeu que a anciã divagava e ficou pensativa. “- Teria sido apenas um delírio causado pela febre?”
Já de volta a cabana do missionário Neemias, Elisa perguntou a ele o que sabia sobre a anciã e descobriu algo importante que chamou sua atenção.
A anciã não tinha nascido naquele lugar. Ela tinha aparecido ali a cerca de 25 anos com sua neta, mas ninguém se lembrava exatamente de onde ela veio ou o porque. Hoje ela e a neta eram parte importante da aldeia. A senhora tinha se mostrado uma habilidosa parteira e ensinou tudo a Vick que era a atual parteira. Ela se casara com Quim um dos agricultores e tinha um rapazinho de 4 anos que seguia a mãe por onde fosse. Elisa se encantou com o pequeno Sher quando chegou a vila, pois nunca tinha visto criança mais linda. Seus olhos possuíam uma cor incomum, eram cinzas parecia com os de sua mãe, mas os dela eram mais azuis.
Elisa se tornou muito amiga de Vick, admirava o caráter e dedicação da jovem senhora. Ela era 6 anos mais velha, mas tinham muito em comum. O desejo de ajudar os outros as uniu ainda mais. Elisa aprendeu muito com Vick ambas faziam visitas as grávidas e foi durante essas visitas que ela questionou sobre o passado, mas Vick disse não se lembrar de nada antes de sua vida ali.
Oiiiii genteee!
Será que era delírio mesmo😳??
E o Micai ????👀👀👀
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top