calar, escutar e orar...


Elisa lia a bíblia em sua cama. Tinha tomado o café da manhã e voltado para o quarto. Os olhares ainda a constrangia. Queria se aproximar, mas temia fazer algo de errado.
Decidiu ouvir tudo o que fosse possível e apreender sobre o lugar. Enquanto orava por direção.

Uma batida ecoa pelo quarto até então silencioso. Elisa se levanta e abre a porta encontrando Aila sorrindo para ela.

- Vem, vou te levar para conhecer a vila.

- Sério?!

- Sim, desde que chegou mau saiu desse quarto. Sua saúde já restaurou. Perguntei minha mãe e ela autorizou nossa saída. Aila bate palmas e quase salta sobre seus pés tamanha empolgação.

- Seu pai é irmão podem não gostar. Pondera Elisa perdendo um pouco sua alegria ao lembrar dos olhares de suspeita e aviso que recebeu dos homens.

- Você é minha convidada. Eles não vão falar nada. Diz balançando os ombros.

- Estamos esperando o que? Elisa contagiada pela energia da jovem fecha a porta do quarto e passa seu braço no dela.

Conforme vão passando pelas ruas Elisa se espanta com as construções. Casas de barro e pedra. Algumas eram pintadas de branco. Cada terreno cercado com cerca de madeira, em cada terreno ela podia ver uma horta e vários animais. As crianças eram bem vestidas e bem alimentadas. Elisa não esperava encontrar tanto desenvolvimento em um lugar tão remoto.

- Tudo bem? Você parece surpresa.

- É tudo tão lindo, organizado e próspero aqui. É sincera, no entanto, com um toque de insegurança teme afrontar, afinal Aila é filha do líder do lugar.

- Struan, que você conheceu no jantar é o grande responsável por isso. Ele ensinou muita coisa ao nosso povo. Desde a técnicas de construções a fiação de tecidos.

Elisa já tinha reparado no respeito que todos ali nutriam pelo conselheiro, entretanto ela percebeu certa escuridão naqueles olhos. A esposa dele, Sonja, também deixou Elisa arrepiada, pois ela lhe pareceu uma víbora pronta para dar o bote.

Aila era uma companhia divertida. A cada lugar que passavam contava algo que fazia Elisa rir. Elisa tentava ligar as pessoas que conheceu no jantar com os nomes e as casas que ela apontava. A casa do conselheiro e de Sonja chamou sua atenção. Era grande e mais decorada que as outras. Até a cerca de madeira estava pintada.

A casa de Marck a deixou encantada. Trepadeiras floridas tomavam a cerca. Um jardim bem cuidado a frente exalava um cheiro maravilhoso. Do outro lado ela viu uma horta verdinha. O varal repleto de roupas. E o cantarolar de Ana levou um sorriso ao seu rosto.

- Ana é maravilhosa. Ela e Marck se amam. Eles estão juntos a muito tempo. Muitos disseram que não ia durar, por causa de Sonja. Contudo Ana logo pôs ela em seu lugar. Conta Aila e Elisa entende bem o que ela quis dizer.

- Aila! Chama Bel se aproximando. E as duas param.

- Seu pai pediu para chamar você.

- Desculpa Elisa, mas tenho que ir encontrar meu pai. Você quer voltar com a Bel, ou vai ficar por aqui mais um pouco.

- Vou ficar mais um pouco, logo volto. Pode ir tranquila. Aila sai e Elisa olha em volta e uma tristeza repentina a invade. Ninguém se aproxima dela, só a olham. Bel percebi a mudança e fala.

- Não fique triste. Logo, logo eles se acostumam. Tem certeza que não quer voltar comigo?

- Tenho, pode ir. Sei que tem muito o que fazer. E eu, não quero ficar mais um dia no quarto.

- Se pudesse ficava com você, mas realmente tenho muito trabalho. Não vai longe.

Elisa sente os olhos úmidos e pisca rapidamente para conter as lágrimas. Engole em seco. A saudade de sua mãe doi...

Algumas moças vêm em sua direção e ela com esforço esboça um sorriso que não é retribuído. " Não sei o que ela está fazendo aqui ainda?" o murmúrio junto aos olhares de superioridade em sua direção magoam e como mágica o sorriso some. Ela fecha os olhos e ora. " Senhor me ajude, me de sabedoria, não deixe essa tristeza se fixar em meu interior, Espírito Santo em sua presença a alegria. Me renova. Amém!"

Risos chamam sua atenção a frente. Andando mais um pouco ela avistou umas 15 crianças brincando. Como um imã aquela alegria a puxa em direção aos pequenos.

Elisa não conhece a brincadeira. Uma mistura de pega-pega com queimada. Atenta observa e ao compreender as regras vibra junto o que chama a atenção dos pequenos para ela.

Curiosos alguns se aproximam e o sorriso no rosto de Elisa aumenta.

- Quem é você? Questiona um menino que aparenta ser o mais velho. Os olhos dele impressionam Elisa. São de um cinza azulado incrível e ela tem a impressão de já ter visto olhos parecidos.

- Me chamo Elisa e você?

- Meu nome e Rian. O que você quer e o que está fazendo aqui?

- Calma pequeno guerreiro! Estou conhecendo a Vila e vi vocês brincando. Posso brincar também? ela aperta os lábios para impedir a gargalhada ao ver Rian semicerrar os olhos e cruzar os braços, contudo logo sua atenção foi desviada para 2 menininhas que se aproximam.

- Você é bonita! A menor diz deslumbrada.

- Você quer brincar mesmo? Adulto não brinca? A maior fala a olhando de lado.
Elisa se abaixa e toca nos cabelos negros e escorridos das meninas.

- Obrigada! Vocês também são lindas. Como se chamam?

- Eu sou Emy e essa é Olívia. Responde a maior.

- Parece ser divertido. E eu não sou tão adulta assim! - ela faz careta fazendo as meninas rirem- Posso brincar com você? pergunta novamente olhando em volta e percebe a troca de olhares entre Rian e Olivia e nota a semelhança entre ele.

- Pode sim. Afirma Emy e um calor gostoso enche Elisa.

- Vamos ver se você sabe nosso jogo, se consegue nos acompanhar. Rian deboche e corre em direção aos outros se posicionando. O olhar que ele lança para ela, a faz balançar a cabeça e sorrir e de mãos dadas com Emy e Olivia vai se posicionar também.

Rian não faz ideia do quanto ela gosta de brincar e do quanto pode ser competitiva.

🌳🌑🌳

Ailan e Marck adentram na Vila e ao ouvirem a gritaria se entre olharam e instigarão seus cavalos em direção ao alvoroço.

Ailan sente o coração acelerar, suas mãos suam, seu corpo fica tenso. Sua confusão aumenta enquanto se aproxima e nota a quantidade de crianças e adolescentes reunidos. Ele sente Marck tenso ao seu lado e percebe que atiça sua montaria ainda mais, o que é compreensível levando em consideração que ele tem 2 crianças.

Ao chegar mais perto cabelos loiros chamam a atenção de Ailan. Suas sobrancelhas arqueadas, os olhos encaram intensamente a mulher que corre, desvia e salta com Rian e Emy, enquanto os outros ao redor eufóricos gritam.

Olhando para o lado Marck tem os cantos da boca erguidos. Os olhos seguem seu filho Rian, com interesse. E ao perceber seu olhar dá de ombros e diz.

- Ela é boa, aprendeu rápido.

- Pai! A pequena Olívia, também filha de Marck se aproxima. Ele salta do cavalo e a pega.

- Só ficou os 3 todos os outros já perderam. O sorriso banguela de Olívia age como água sobre fogo na raiva de Ailan e um sorriso surgiu em seu rosto quando a pequena lhe dá os braços e ele a ergue em seu cavalo.

- Tio quem você acha que vai ganhar? Olívia pergunta curiosa. Alan percebe que Emy acabou de sair e só resta Elisa e Rian.

- Eu acho que Rian será o vencedor!

- Eu vou torcer para ela. Olívia diz o fazendo rir e o seu riso chama a atenção de Elisa que se distrai e Rian vence.

-Pai, eu ganhei você viu? Rian Vem correndo. Suor escorre de seu rosto, a roupa cheia de poeira, mas os olhos brilhando e um sorriso no rosto.

- Vi sim. Parabéns! Marck passa a mão sobre o cabelo úmido do filho é olha para trás fazendo o adolescente se virar.

- Até que para uma mulher e por não ser daqui você jogou bem. Rian diz fazendo todos rirem e Marck balançar a cabeça.

A gargalhada de Elisa atrai os olhos de Ailan para ela. Com a saia do vestido amarrada nas pernas, o cabelo bagunçado, as bochechas vermelhas pela corrida e os olhos com um brilho diferente ele a acha linda. Nenhuma outra moça brincaria assim ou estaria em sua presença tão desleixada. Mas Elisa tem algo sobre ela que o chama mesmo não sendo a intenção dela.

- Obrigada pequeno guerreiro. Foi uma honra brincar com vocês. Conseguiram alegrar meu dia. Emy segura sua mão e Olivia pede para descer e ao ser colocada no chão corre pegando a outra mão de Elisa que sorri para elas.

Ailan vê Rian ajeitar a postura com orgulho. Ele admira a forma com que ela lida com a derrota e como trata as crianças. Porém ele junta as sobrancelhas ao entender a frase.

- Aconteceu algo?

- Hum? Elisa pergunta distraída balançando as mãos unidas. Ailan percebi o olhar de Marck.

- Teve algum problema aqui Elisa? Ele pergunta firme, e seu tom atrai a atenção de todos.

- Não, porque pergunta.

- Você deu a entender que seu dia não estava indo bem. Afirma e nota a compreensão no olhar dela antes que abaixe a cabeça e negue.

Ele fica desconfiado, mas decidi investigar depois.

- Vou voltar agora. Até mais crianças.

- Você vai vir brincar com a gente outra vez?

- Vem mesmo.

- Vamos te ensinar outros jogos.
As crianças a cercam .

- Elisa conquistou os pequenos. - Marck fala se aproximando de Ailan. - Até Rian! Completa já montado.

Ailan da um último olhar na direção de Elisa antes de guiar o cavalo e emparelhar com Marck.
Distraído, pensava no que poderia ter acontecido a Elisa. Quando seu companheiro o chamou.

- Ailan, se prepare. O riso de Marck o deixou confuso, até que ouviu seu nome ser chamado e se encolheu.

- Vou para casa. Boa sorte!

- Não me deixe aqui sozinho.

- Até mais tarde Ailan!

- Você não... Para de falar ao ver Marck acenar galopando em direção a sua casa. O som de sua risada diminuindo enquanto se distancia.

- Você me paga! Murmura enraivecido. Respira fundo e põe sua cara de filho do líder, um sorriso educado no rosto se vira para cumplimentar as moças que se aproximam risonhas.

- Bom dia Ailan!
- Bom dia Ailan! Que bom ver você assim logo cedo.
- Bom dia Ailan!

Coral, Lyta e Elli, amigas insuportáveis de sua irmã falam ao mesmo tempo, ambas com sorrisos e gestos nada sutis em sua direção.

- Bom dia meninas! O menina sai de propósito fazendo o sorriso delas esmorecer um pouco.

- Vimos aquela forasteira andando por ai mais cedo. Coral começa dustribuir seu veneno. E uma leve suspeita se enraiza.

- Elisa?

- Ela mesma. Andando por ai sozinha. Quem sabe olhando o que. Elle se pronuncia também e não querendo ficar de fora lyta completa.

- Depois estava correndo com as crianças. Imagina que horror! - leva a mão ao peito e inclina a cabeça em sua direção como se fosse contar um segredo - Parecia uma selvagem... As outras duas balançam a cabeça concordando. Contudo a imagem que vem a mente dele não é de uma selvagem e sim de uma moça feliz e livre...

- Ela estava brincando com as crianças. Fala sem pensar.

- Brincando, onde ja se viu um adulto daquele geito. O desdém na voz de Coral e tangível.

- Falta de modos.

- Também ninguém sabe de onde veio, não é de estranhar o comportamento. Mais uma vez Lyta e Elli seguem a amiga.

- E por falar nisso, o que ela ainda esta fazendo aqui? Já está boa para andar pra la e para cá. Pode muito bem ir embora. Coral fala arrogante. Ailan era seu, e não gostou da forma que ele olhou para Elisa durante o jantar.

- Quando forem mães não brincarão com seus filhos? E claro que adultos brincam com crianças. Pais brincam com seus filhos eu mesmo brinco. Sua voz cortante não deu brechas para explicações.

De olhos arregalados, gaguejando e com raiva as moças se despediram.

Ailan passou as mãos pelo rosto e suspirou. Não entendia essa necessidade de proteger Elisa, afinal elas não estavam de todo erradas, não sabiam nada sobre a jovem forasteira.

Ele balança as rédeas pronto para ir para casa, mas um suspiro chega aos seus ouvidos e olhando volta seus olhos encontram uma tempestade.

O brilho de alegria dos olhos dela tinha dado lugar a tormenta. Vendo sua dor ele entendeu que ela tinha ouvido a conversa.

Sem olhar para ele novamente Elisa corre e Ailan luta com o desejo de correr atrás dela e conforta-lá.

"- Preciso descobrir quem é você!..."

Chegamos no meio do Ano😱😱😱
Mais um capítulo para vcs. Não esqueçam e votar e comentar.

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