⁂ 02: Reflexo
Eu tardo, mas não falho! ♡ (Ou quase isso KKKKKKKKKKKKKKK).
Depois de quarenta milênios, aqui estou eu, né? Gente, eu peço mil desculpas pela demora, porque não era minha intenção, obviamente. Quem planeja um hiatus? HAHAHHA. Aí. Agora eu ando me organizando, porque Novembro já tá batendo na porta, e esse é o mês que eu fico LOUCA e viro uma máquina de escrever. Já tô me preparando aqui (é bom vocês se prepararem aí também, pra me deixarem votos e comentários), porque o bagulho vai ser louco!
Vou agradecer por todos os comentários e votos deixados ao longo desse tempo, vocês são foda pra caralho! Amo vocês! A maioria dos comentários estão respondidos, os que não estão ainda, não se preocupem, farei isso em breve. Paciência com a lerda, ok? ♡ De qualquer modo, é muito bom ver que vocês estão gostando e que estão dispostos a embarcar na jornada de OUTRA SLOWBURN comigo KKKKKKKK. Vai ser penosa, aviso logo.
Inclusive, eu tô avisando logo justamente por causa desse capítulo. Eu não quero falar muito dele nas notas inicias, vou fazer isso nas finais. HAHAHAHA. É isso!
Como sabem, Empty Heart também é uma songfic e ela tem uma playlist (a ordem das músicas eu estou ajeitando de acordo com os capítulos, no Spotify tá uma bagunça, porque sou preguiçosa e só sai adicionando e fiquei com preguiça de arrumar HAHAHAHA). Pra quem gosta, pode ter acesso pelo meu instagram ou pesquisando meu user, que é "Ludmilla Ferreira". Não deixem de aproveitar, as músicas vão refletir muito os sentimentos do Sasuke e da Hinata ao longo de toda a história. ♡
INSTAGRAM: devilwishess
BOA LEITURA! ♡
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Meu coração está fraco
Rasgado pedaço por pedaço
Deixe-me pensar
No fundo do meu corpo
[...]
Mas eu preciso dormir um pouco
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Ela deixou que um suspiro cansado escapasse dos seus lábios, enquanto continuava parada em frente aos aposentos de Hiashi, ainda tomando coragem para dar o primeiro passo e entrar ali. A hesitação que Hinata sentia era palpável e compreensível, desde que até o momento, não tinha conseguido pensar em um jeito melhor de comunicar ao pai que iria sair de Konoha por tempo indeterminado.
Não achou que era certo apenas deixar um bilhete e sair sem dizer absolutamente nada. Por isso, engoliu o receio e finalmente disse em voz baixa:
— Posso entrar, otou-san?
A resposta veio no mesmo tom que o dela, mas de um jeito muito mais sério:
— Entre, Hinata. — Ela puxou a porta de correr de forma delicada e voltou a fechá-la assim que entrou. Fez uma reverência educada antes de sentar no chão. Hiashi estava próximo da janela aberta e não lhe dirigiu um olhar sequer. — Estava prestes a abrir a porta eu mesmo, já que você estava parada ali faz um tempo.
Como esperado dele, estava sentindo o chakra dela há um tempo — mesmo ela se esforçando para ocultá-lo —, isso fez com que o nervosismo voltasse com tudo. Os olhos gélidos de Hiashi se encontraram com os calorosos e brilhantes de Hinata; ele estava trajando o seu típico quimono claro com o haori marrom por cima. Algo na postura dele fez com que ela acreditasse que ele estava se preparando para algum compromisso antes da sua chegada. E isso queria dizer que o patriarca não teria muito tempo para dedicar a ela.
— E então? — Hiashi perguntou quando o silêncio se estendeu a ponto de ficar desconfortável.
— Bom dia, otou-san. — Pigarreou outra vez para limpar a garganta. — Venho informar que vou sair em uma missão rank S e não sei quando estarei de volta.
O Hyuuga estreitou os olhos, desconfiado, enquanto Hinata fez o melhor para não entregar sua meia-verdade. Só que as coisas dificilmente passavam em branco quando se tratava de seu pai.
— Missão Rank S? — indagou com o cenho franzido. — Por que o Rokudaime¹ te escolheu para algo assim? Até onde eu sei, as missões desse rank estão bem escassas. — Ele se aproximou o suficiente para que ela precisasse erguer o pescoço para conseguir olhá-lo diretamente nos olhos. — Sobre o que é essa missão?
Hinata piscou algumas vezes e engoliu a saliva com dificuldade — desceu como uma faca pontuda por sua garganta —, antes de voltar a falar, precisou ter a certeza que não gaguejaria:
— Otou-san, entendo o seu receio, mas não posso dar detalhes, é confidencial, por ordens do Rokudaime. — Levantou-se com cuidado, ficando ereta demais para alguém que desejava parecer tranquila. Infelizmente, mentir ainda não estava na lista de melhores coisas que conseguia fazer. — Peço que me dê um voto de confiança, eu sou uma kunoichi do clã Hyuuga, voltarei bem e segura.
Ele ficou a encarando por segundos que pareceram uma eternidade. A Hyuuga só percebeu que tinha prendido a respiração quando Hiashi balançou a cabeça levemente em um consentimento mudo e ela soltou o ar de uma vez só.
— Obrigada, otou-san. Saio amanhã assim que o sol nascer — informou, já pronta para deixar o recinto.
— Hinata — Hiashi a chamou quando ela já tinha alcançado a porta. — Você vai sozinha?
Foi como se alguém tivesse jogado um poderoso jutsu de paralisação nela, porque Hinata sentiu todo o seu corpo congelar; os membros pareciam pesar como ferro. A cor chegou a sumir do seu rosto por alguns segundos antes que recobrasse os sentidos para respondê-lo devidamente:
— Tenho um parceiro — começou com cuidado, analisando cada reação do pai. Não foi necessário que ele dissesse qualquer coisa para que ela continuasse: — Sasuke-kun irá comigo.
Nesse instante, a Kunoichi temeu que seu treinamento fosse comprometido, porque a expressão desgostosa que tomou o rosto dele não poderia passar despercebida. Hinata esperou por uma explosão que não veio, em vez disso, Hiashi tinha os lábios apertados em uma linha reta e seus olhos claríssimos pareciam mais duros e indecifráveis do que nunca.
A verdade é que Hiashi não gostava nem um pouco da ideia de sua primogênita estar sequer no mesmo ambiente que um ex-nunekin. E não qualquer um, mas logo Uchiha Sasuke, que todos tinham conhecimento que era um ninja com o potencial de destruição em massa. Konoha poderia ter o perdoado por seus crimes, mas isso não significava que confiava em Sasuke.
Ele era um garoto quebrado, instável, talvez até mesmo um monstro. Quem poderia garantir que ele não faria algo com Hinata em um acesso de raiva?
Ao mesmo tempo, tinha certeza que dificilmente ela estaria em perigo se fosse considerar inimigos de fora. Porque depois de Naruto, era óbvio que não havia alguém mais forte do que Sasuke. Ela estaria segura perto dele. O Uchiha tinha o salvado antes... Talvez merecesse um voto de confiança.
— Certo — ele disse por fim. — Tome cuidado, Hinata. Não abaixe a guarda. Nunca — frisou bem a última palavra, as mãos juntas na manga do seu quimono branco.
— Otou-san. — Abaixou a cabeça em uma despedida quase silenciosa e respeitosa. Não esperava mais do que isso.
Hinata voltou para o próprio quarto, a fim de terminar de arrumar suas coisas em uma mochila compacta. Já sabia que não poderia levar uma mala como se estivesse saindo de férias — e nem era como se quisesse isso também —, então, estava aprontando somente o necessário. Também estava levando uma quantidade generosa de dinheiro. Tinha muitas economias, desde que não era do tipo que gastava com qualquer coisa.
Enquanto dobrava mais um par de roupas, recordou que no dia que recebeu a notícia que Sasuke seria o seu mentor, tinha passado a noite em claro. Apesar do que ouvia as pessoas dizerem — de forma muita maldosa — sobre ele, não acreditava que o Uchiha era uma pessoa ruim. Ele só tinha passado por maus bocados e acabou se tornando um caos ambulante.
Então, como poderia sequer pensar em julgá-lo?
Imaginava que também surtaria se tivesse passado por tudo que ele passou. Claro que, ela nunca saberia o que era ter seu clã inteiro dizimado por um ente querido da própria família. Também teve sua cota de sofrimento: cresceu sem uma mãe, porque esta morreu de uma doença misteriosa e incurável; não teve o amor do pai, porque ele era obcecado em torná-la uma herdeira decente para assumir a liderança do clã; por muitos anos viveu com o ódio de Neji, já que Hizashi precisou se sacrificar pelo bem da casa principal. O único afeto que teve por muito tempo foi o de Kurenai e do seu time.
Foi nisso que ela se agarrou. E depois em Neji, quando ele parou de culpá-la por ter nascido em uma posição privilegiada. E apesar de não ter crescido em um lar caloroso, teve sorte de encontrar amor em algo e isso ter sido o suficiente.
Em uma conversa que teve com Sakura, bêbada, a Haruno revelou que Sasuke tinha passado por uma intensa tortura psicológica, revivendo a morte dos pais milhares de vezes. Não era de se admirar que ele tivesse simplesmente surtado em algum momento.
Hinata não temia Sasuke de forma alguma. Sabia que ele era um ninja poderoso, nunca tinha sido próxima o suficiente dele, só que já dava para perceber que além disso, ele também tinha uma personalidade complicada. E ela estava pronta para lidar com isso.
Cresceu cercada de garotos complicados: Naruto, Shino, Kiba, Neji — cada um à sua maneira —, poderia lidar com o Uchiha também. Já estava se preparando para mudar a visão dele de que ela seria um fardo; mostraria que poderia ser muito mais do que esperavam dela.
Foi por isso que ela não hesitou ao dizer "quando partimos?".
Ao contrário do que pensavam, ela não se quebrava facilmente.
♡
.
Você tirou minha respiração
Agora eu quero respirar
Porque eu não posso ver
O que você pode ver
Tão facilmente
.
Sasuke não conseguia dormir mais do que quatro horas por dia. Tinha se acostumado com a rotina de um nunekin, em que precisava estar sempre alerta a qualquer tipo de perigo; afinal de contas, um vacilo, por menor que fosse, poderia custar sua cabeça. Então, quando não acontecia de ir dormir muito tarde e acordar cedo, ocorria de adormecer cedo demais e acordar no meio da madrugada, muito antes do amanhecer.
E era esse último caso que estava acontecendo agora. Quando acordou, não era nem quatro horas da manhã. Levantou da cama sem nenhuma enrolação e foi direto para o chuveiro tomar um banho bem gelado. Dali algumas horas estaria partindo de Konoha outra vez e não podia deixar de pensar o quão inconveniente era ter que levar Hyuuga Hinata consigo.
As palavras de Naruto ficaram passeando por sua mente igual a um trem desgovernado. Não importava o quanto tentasse colocar os pensamentos nos trilhos e pensar em algo coerente, porque não conseguia se livrar deles sem maiores atritos. A lembrança continuava vindo e ele não conseguia lutar contra ela; não se lembrava de ter visto tanta culpa no rosto do amigo como naquele instante em que ele confessou.
Hinata era realmente importante para ele, sim?
Sasuke saiu do chuveiro alguns minutos depois e não teve muita pressa em se vestir e se secar; ainda faltava algumas horas até que precisasse ir encontrar a sua futura companheira de viagem. Mas mesmo assim, vestiu seu traje ninja, que consistia em uma calça escura, uma camiseta preta sem mangas — que deixava os braços pálidos e com músculos definidos a mostra — contendo o símbolo do clã Uchiha nas costas e suas sandálias-ninja. Ergueu a cabeça em direção da porta quando sentiu o chakra familiar se aproximar.
Perguntou-se o que diabos Sakura estava fazendo ali naquele horário. Andou até a porta do apartamento e ficou parado bem ali por alguns segundos, para ver se ela iria bater ou simplesmente perder a coragem e ir embora. Algo dentro dele desejou que ela desistisse e escolhesse a segunda opção. O que, claro, não aconteceu, como todas as coisas que ele costumava desejar.
Ele a ouviu murmurar algo para si mesma, como se estivesse repassando um diálogo ensaiado, para só depois dar três batidas contidas na porta e tudo voltar a ficar em silêncio. Naquele ponto, Sasuke duvidava que ela iria embora se resolvesse apenas fingir que ainda dormia; afinal, Sakura tinha a chave do seu apartamento e se assim desejasse, poderia entrar sem se anunciar. Só que ainda havia aquela barreira incômoda entre eles, que certamente a impedia de ir em frente com essa opção.
O Uchiha abriu a porta de uma vez só e Sakura ergueu os olhos esmeralda para ele. Como sempre, o rubor se espalhou pelo rosto feminino de um jeito desconcertante, ela abriu um sorriso terno antes de dizer:
— Bom dia, Sasuke-kun. — O olhar dela passou por ele de forma demorada, analisando suas vestes, antes de voltar ao rosto dele novamente. — Vim me despedir, acabei de sair de outro plantão do hospital. As coisas andam corridas por lá, por isso não consegui ir no jantar naquele dia. Me desculpe. Naruto me disse que você vai embora hoje... — Engoliu em seco. — Outra vez. Por isso eu vim.
— Entendi — ele limitou-se a murmurar. Parecia errado deixá-la do lado de fora, por isso, Sasuke saiu de frente da porta e deu passagem para que ela entrasse: — Entre.
— Obrigada, Sasuke-kun — aceitou o convite sem pestanejar. Não era todo dia que tinha a oportunidade de estar na casa de Sasuke junto com ele. Normalmente era tão vazio, sem vida. Fantasmagórico. Com ele ali era diferente.
Ele fechou a porta e depois seguiu-a até a sala. Ela se sentou no sofá, encostada em um dos braços, tentando soar o mais despreocupada possível. Sem dizer nada, Sasuke foi para a cozinha e preparou um bule inteiro de chá; quando voltou para o mesmo recinto que ela, serviu-a em completo silêncio, para só depois servir a si mesmo.
Ficaram bebendo chá em silêncio por um tempo. Sakura o observou discretamente por debaixo dos cílios espessos e longos. Era incrível que Sasuke fosse dono daquela beleza absurda e praticamente imaculada, ela nunca se cansaria de olhar para ele. Sentada perto dele daquela forma, perguntou para si mesma se haveria um dia, em um futuro não tão distante, em que poderia ficar daquele modo com Sasuke e saber o que se passava na cabeça dele.
— E então, para onde você vai agora, Sasuke-kun? — ela quis saber, curiosa.
— Ainda não decidi — respondeu. Não havia nenhuma emoção em sua voz.
Em sua última viagem ele tinha encontrado vestígios de Kaguya, o que fazia com que acreditasse que ainda pudesse ter algum clone do Zetsu branco por aí. Ainda não tinha conversado com Kakashi sobre as informações novas que tinha obtido e não pretendia fazê-lo até ter algo mais concreto. Também tinha ajudado algumas vilas menores em segredo, a maior parte delas ainda estavam se recuperando da guerra. No fim das contas, realmente não tinha pensado qual seria o seu próximo destino.
— Isso significa que também não sabe quando vai voltar, não é? — A kunoichi depositou a xícara em cima da mesa de centro e descansou as duas mãos em cima dos joelhos quando Sasuke limitou-se a assentir. Sua voz era razoavelmente baixa e controlada quando voltou a falar: — Sasuke-kun, você acha que algum dia vai conseguir ficar aqui em Konoha?
Ele também deixou a xícara vazia em cima da mesa e girou o corpo na direção dela só um pouco. Daquela distância, conseguia ler a apreensão e ansiedade no rosto bonito dela. Era quase engraçado como Sakura sempre parecia tão otimista e esperava por uma resposta positiva. O problema era que a verdade era mais dolorida e cruel do que o desejo inocente da sua companheira de equipe. Se algum dia estaria pronto para permanecer em Konoha?
Talvez no dia seguinte.
Talvez nunca.
Sasuke não sabia.
— Sakura. — Havia certo carinho no tom de voz dele que Sakura não se lembrava de ter escutado em nenhum outro momento.
Era estranho como suas memórias mais fortes sobre Sasuke, ainda eram da época que eles não passavam de genins.
"Você não faz ideia do que é estar sozinho."
"Você é irritante."
A Haruno apenas balançou a cabeça para indicar que o ouvia.
— Por que você continua esperando por mim?
A pergunta a pegou totalmente desprevenida. Mas ela foi muito rápida em responder:
— Porque Konoha é o seu lar, é onde você deveria estar. — A Haruno apertou mais os dedos em seus joelhos, o tecido úmido da calça que ela usava denunciou o suor que se acumulava por conta do crescente nervosismo. Aproximou-se um pouco mais, somente alguns centímetros e continuou: — E porquê... Porque eu te amo.
Nenhuma das respostas dela surpreendeu Sasuke de todo. Era exatamente o que ele esperava dela — nem menos, nem mais. A declaração não fez seu coração palpitar ou que sentisse que precisava fazer algo com ela por conta disso. Parecia que seu coração estava em estado permanente de dormência.
Não havia razão nenhuma para que Sakura o amasse.
O que ele já tinha feito de bom para ela?
Não conseguia se lembrar de nada. Tudo que vinha a sua mente, eram as lembranças de quando eram crianças e ela estava constantemente se esforçando para ganhar sua atenção. Ainda naquele tempo, admitia ter construído certa afeição por ela, mas o que Sakura sabia? Naruto tinha crescido sem pais, solitário, rejeitado; então conseguia entender parte da sua dor e transformou isso em força — ao contrário dele, que tudo que sentia apenas virou ódio —, mas e ela? Tinha a estabilidade de uma família, nunca saberia o que era estar sozinha, era incapaz de entender a dor da perda.
Ela jamais teria noção do que era desejar um abraço da mãe ou um elogio do pai e simplesmente não poder, porque eles estavam mortos. Não era como sentir saudade e mandar um bilhete, ir fazer uma visita. Todos a quem ele amava estavam vivos somente em sua memória.
Como ela poderia trocar tudo o que tinha e prometer que o ajudaria a se vingar quando sabia tão pouco sobre ele? Sobre o que era perder? Que amor cego era esse, que não enxergava que ela estaria morta se Naruto não tivesse chegado no momento certo? Porque ele tinha avançado sem hesitar, não pretendia recuar. Quantas vezes, nas lembranças dele, a expressão no rosto dela era preocupação, medo, mágoa?
O quanto Sakura realmente o conhecia? Sabia dos seus medos, dos demônios que o assombravam, dos seus desejos para o futuro?
Um toque singular com a ponta dos dedos na testa dela teria sido capaz de dar um jeito em todo o estrago que ele tinha provocado na vida dela? Pra ela?
Todos esses questionamentos foram feitos em uma pequena fração de segundos. Porque a falta de qualquer resposta por parte dele fez com que Sakura se levantasse de onde estava e se aproximasse em passos lentos até alcançá-lo. O rosto dela parecia febril quando ela afastou as pernas dele e se enfiou no meio delas com cuidado. O Uchiha observou-a atentamente, enquanto a Haruno prendia o seu rosto com as duas mãos geladas e o levantava com delicadeza na direção dela. Ela fechou os olhos antes de juntar os lábios pequenos e rosados aos dele em um beijo casto.
Aquele deveria ser o primeiro beijo dela, Sasuke pensou.
Ele não se mexeu um centímetro sequer, enquanto Sakura continuou o contato, delineando o contorno dos lábios masculinos com a ponta da língua.
Também era o primeiro beijo de verdade dele — a parte do seu acidental com Naruto quando ainda tinham doze anos.
E foi estranho, porque o Uchiha não sentia absolutamente nada diante de um toque que deveria ser tão... Íntimo? Não deveria ter vontade de afundar os dedos na pele dela e a beijar de volta em uma intensidade abrasadora? Fechar os olhos e aproveitar o contato quente e carinhoso, em vez de mantê-los abertos como estava fazendo agora?
Quando Sakura se afastou um pouco, sem fôlego, mantendo a testa encostada na dele, com os olhos esmeraldinos ainda fechados, Sasuke finalmente entendeu. Sakura não era tola, cega, mas ela tinha certeza que o amor dela o salvaria. Ele não precisava se esforçar, porque ela tinha escolhido aceitar quem ele era, o que tinha sido.
Sakura se conformou.
E a grande verdade era que nada disso importava quando toda vez que olhava para ela, via o reflexo de tudo que mais odiava do seu passado. Só conseguia se lembrar das missões de quando ainda era uma criança e como Sakura apertava com força os dedos na sua camisa, implorando para ele parar, para ele não ir, para ele... Não ser quem ele era.
Sakura era o reflexo de tudo que ele gostaria de deixar para trás; e ele não poderia fazer isso enquanto ela não estivesse disposta a enxergar o mal que tinha feito a ela.
.
Eu pensei que meus demônios
Estavam quase derrotados
Mas você ficou do lado deles
E você os puxa para a liberdade
.
O beijo não tinha despertado qualquer tipo de paixão desenfreada ou desejo, muito pelo contrário. Veio a ira, a impotência. Aquilo não estava certo. Algo gritava dentro dele e Sasuke rangeu os dentes e afastou a kunoichi para longe, colocando-se de pé em seguida.
— É melhor você ir embora — ele disse de maneira firme sem olhar nos olhos dela.
— Mas... — Sakura começou, balbuciante, mas parou de falar assim que encontrou os orbes escuros dele. O Sharingan estava ativado junto com o Rinnegan. E não foi isso que a assustou, porque Sasuke não era mais uma ameaça para sua vida; o que a deixou preocupada, foi a raiva silenciosa que atravessava todo o rosto dele a ponto de travar seu maxilar perfeito de forma brutal. — Sasuke-kun.
— Você deveria me odiar — o Uchiha sibilou. — É melhor você ir — repetiu e, dessa vez, saiu totalmente do alcance do toque dela.
Confusa e ressentida, Sakura apenas assentiu e não disse mais nada. Apenas andou até a porta e deu uma última olhada na direção dele — que já tinha sumido em algum lugar no meio da escuridão —, com os lábios trêmulos e os olhos lacrimejando.
.
Me deixe em paz
Preso nas minhas memórias
Profundamente perdido
No fundo do meu corpo
(Demons — Jacob Lee)
.
1) Rokudaime é "Sexto Hokage".
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, caralho, KJASJKASJKJKSA. Então, é ironia se eu disser que esse é um dos capítulos MAIS importantes da fanfic? Porque é super verdade. Pode não fazer sentido agora e talvez alguns de vocês peguem a mensagem ao longo do caminho, porque ele é muito mais do que a forma que eu enxergo SasuSaku de modo geral.
Sinceramente, eu gostei muito de escrever esse capítulo, porque ele é importante pra construção do Sasuke em relação aos próprios sentimentos. E claro que isso vai se estender em relação a Hinata mais na frente. Pelo menos aqui na minha fic, nesse ponto, ele não acha a Sakura mais irritante e tudo mais, é muito mais isso que eu descrevi: ela é o reflexo do pior lado dele.
Um beijo pode significar mil coisas. :)
Calculo que a fanfic terá no MÍNIMO uns 25 capítulos. Eu não tô com pressa, e o tamanho dos capítulos pode variar um pouco. Vou tentar manter a média de 3k pra cima, mais ou menos, pra ficar padrão (ou quase isso). Estejam preparados pro slow, slow, slowburn KKKKKKKKKKKKKKKKKKK. Eu não tô de brincadeira, não reclamem depois, HAHAHAH. Amo vocês. ♥
Por favor, me digam o que acharam, tô ansiosa! Beijo e até o próximo!
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