Capítulo 32 - Missão no Subsolo
30 minutos antes da morte de Leander Sitientem
A primeira coisa que Eliseo fez ao chegar em casa foi ir para o quarto. Por conta da correria ninguém percebeu que ele fez isso de forma apressada. Ele pegou um espelho de mão da Adela e viu que estava bem mais pálido. O jovem sentia as suas mãos formigarem, ao mesmo tempo que ele estava agradecido por não ter morrido, também simplesmente gostaria de morrer para se livrar de vez dessa sensação estranha no corpo. Preciso aguentar mais um pouco, mas quanto.....? Perguntou-se Eliseo fechando os olhos para respirar fundo. Ao abrir os olhos ele pareceu mais determinado e pronto para fazer o que precisava até onde podia. Sem contar que ele não podia contar para os outros o que ele estava pensando, pois, considerava isso uma distração. Ele olhou o dispositivo e poucos minutos passaram.
Ao descer para sala, todos estavam prontos, inclusive Adastrea e Romanus.
— Quando foi que você subiu? — Perguntou Adela.
— Quando chegamos. — Respondeu Eliseo. — E então? O que vamos fazer?
— Eu e Romanus vamos juntos. Parece que esse dispositivo tem uma conexão forte quanto mais perto ele fica das bombas. — Disse Adastrea.
— O que o tal Cornelio fez foi bloquear esse sinal pra você não cancelar as explosões. — Explicou Romanus. — Nós vamos pra Dinastai hackear essas bombas, mas preciso que conectem meu drive para isso. Chegando na capital vou saber onde estão.
— Elas estão na rua principal perto da Morada. — Quem disse isso foi Eliseo, ele se lembra bem do que Cornelio disse.
— Certo. — Jinx confirmou com a cabeça. — Eu vou com o Libertus, Adela vai com Eliseo. Se está na rua principal da Adastrea que tal ficar com o Romanus? Pegue minha arma laser.
— Boa ideia....Se tiver algo mais pra fazer de emergência, vou poder ajudar. — A loira confirmou com a cabeça.
— Muito bem, peguem as motos e Adastrea e Romanus vão com o carro.
— Com aquele carro todo ferrado? — Perguntou Romanus.
— É o que tem pra hoje Romanus. — Jinx deu de ombros.
Chegando na capital, a primeira coisa que Romanus fez foi rastrear as bombas. Haviam 4 no total e estavam no subsolo. Duas na parte esquerda da rua principal e duas na parte direita. Ao analisar bem a localização das bombas, Romanus percebeu que as bombas fariam um efeito dominó em vários prédios, inclusive no Prédio Espiral.
— Conectem meu drive na máquina das bombas. É uma entrada que bate certinho com esse drive. Fiquem com o auto-falante dos dispostivos de pulso de vocês ativos sempre para conversarmos. Eliseo...Você está bem? Seu dispositivo demostra alterações em seu batimento cardíaco.
— Estou, é um pouco de ansiedade, só isso. — Ele acabou mentindo.
— Ansiedade? — Questionou Jinx tocando o ombro do mais novo. — Tem certeza? Que estranho isso de você.
— Eu sei, é bem estranho mesmo, senti isso no trem também. Logo acaba....
— Bem, sendo assim.....O mapa foi enviado para o dispositivo de pulso de vocês.
O caminho parecia estar previamente preparado, as grandes barras de metal estavam quebradas, isso era com certeza feito dos Rebeldes, e ainda bem, isso facilitou a rota do caminho. Adela estava de olho em Eliseo, por isso estava andando atrás dele prestando atenção caso ele fosse precisar de algum auxílio.
— Eliseo?
— O que foi?
— Você está bem mesmo?
Antes de responder, Eliseo olhou para o pulso, se ele falasse que estava envenenado sabe que Jin estaria ali com ele em questão de minutos. Se fosse para falar apenas com Adela, com certeza ele teria dito sim.
— Já falei que estou bem, vamos.
Seguindo o mapa, os dois andaram quase dez minutos até chegarem na primeira máquina. A máquina de bomba parecia ser um barril.
''Vocês viram isso?'' Era a voz de Liberti. ''Uma bomba desse tamanho? Esses caras são doidos!''
''Realmente....Muitas pessoas inocentes vão pagar por isso.'' Era a voz de Romanus.''Vamos acabar com isso, podem conectar o drive.''
Os drivers foram conectados e Romanus começou a hackear o computador rapidamente. Ele era um ciberneurologista, mas de coração tinha conhecimentos de sistema hacker. E também quem estava trabalhado ao mesmo tempo sobrescrevendo os dados de Romanus era Stefano que estava muito concentrado trabalhando de Pompilia. Essa foi uma ideia do próprio Stefano para atrapalhar o rastreamento de ação por parte da Armada.
— Muito bem, bomba da esquerda e direita canceladas. Podem arrancar os fios e tragam o núcleo da bomba para eliminarmos. — Disse Romanus. — Muito bem, próximas... — Ele estralou os dedos.
''Romanus'' Agora era a voz de Stefano, mas agora essa só Adastrea e Romanus conseguiam ouvir. ''Acabei de rastrear um dispositivo mestre ao sul, é o prédio que estava na TV. '' Adastrea se inclinou um pouco para frente para prestar atenção na conversa. ''Esse tipo de dispositivo tem informações importantes. Sabemos dessas bombas, mas e se tiver mais? O dispositivo Mestre pode te ajudar com essas informações.''
— Você tem certeza disso, Stefano? — Perguntou Adastrea.
''Tenho sim.''
— Eu vou lá. — A loira pegou a pistola laser de Jinx.
''Vai aonde?'' Perguntou Jinx sem entender nada.
— O Stefano detectou o dispositivo mestre no prédio onde...Onde Ravena estava supostamente. — Adastrea engoliu um seco e ficou muda.
''Adastrea você vai ficar bem?'' Perguntou Jinx.
— Vou...Não tem problema. — Ela negou com a cabeça.
''Adastrea'' Quem disse foi Stefano. ''o sinal vem do terraço pelo jeito, então tome cuidado.''
— Tudo bem, me desejem sorte.
Dito isso, Adastrea respirou fundo e se foi com uma das motos em direção ao sinal.
No subsolo Jinx respirou fundo, pela facilidade de desativar uma bomba, ele poderia deixar Liberti fazendo isso, mas Jinx sentiu que Adastrea gostaria que ele confiasse nela. Tudo que ele podia fazer era continuar o caminho. A terceira bomba foi achada e o dispositivo foi conectada.
''Maravilha, só falta uma!'' Comemorou Romanus. ''Adela, Eliseo, como vocês estão?''
Ambos estavam olhando para um buraco fundo, mesmo tão fundo era possível ver as pequenas luzes vermelhas e azuis da bomba.
— Novidades Romanus... — Falou Eliseo. — A nossa bomba está bem mais ao fundo, esse bando de doentes, não é a toa que não tem nenhum deles aqui.
— Eliseo, olhe...Tem equipamentos para descer aqui. — Apontou Adela para uma das cordas. — Eu desço já que você não está sentindo bem.
— Está bem....Parecem que eles amarraram em uma das colunas essa corda, vamos fazer o mesmo. Estarei segurando aqui para garantir.
Eliseo deu uma volta em uma das colunas com a corda e fez um nó, ele respirou fundo ao ver Adela descendo pelo buraco, ele espera que tenha pelo menos força para segurar a corda. o rapaz até respirou fundo quando sentiu que o peso na corda sumiu.
— Tudo bem, Adela? — Ele perguntou.
— Está, vou conectar o dispositivo, Romanus.
''Beleza, só falta essa.'' Disse Romanus.
A bomba foi desativada e todos respiraram fundo de alivio.
''Muito bem pessoal, parabéns, não tem mais perigo. Adela, não se esquece do núcleo da bomba pra gente poder se livrar dela por completo.''
— Sim Senhor! Eliseo, estou subindo.
Segurar a corda foi muito mais difícil dessa vez, o peso parecia que tinha dobrado e o nó que o rapaz havia feito começou a se desfazer. Eliseo começou a suar frio. Sua vista começou a ficar turva e antes de Romanus perguntar se o amigo estava bem, Eliseo caiu no chão e consequentemente soltou a corda. Adela também acabou caindo novamente para o fundo do buraco. A moça se machucou um pouco e agora tinha alguns arranhões nas pernas.
— Ai.... — Murmurou Adela se levantando. — Eliseo? Eliseo! Pessoal, alguma coisa aconteceu com o Eliseo!
''Estamos indo aí, como ele está, Romanus? As batidas do coração?'' Perguntou Jinx andando apressadamente acompanhado de Liberti.
''É melhor você ir logo, Jinx, as batidas dele estão aceleradas, bem mais do que deveria, tenho medo dele ter um ataque cardíaco.'' Explicou Romanus.
— O que?! Eliseo, aguenta firme, por favor! — Gritou Adela.
Jinx e Liberti chegaram e o mais velho arrumou o corpo de Eliseo enquanto Liberti foi ajudar Adela.
— Eliseo, o que aconteceu? Que droga! — Jinx soou desesperado. — O que aconteceu?
— Ele....Ele estava segurando a corda, disse que estava tudo bem.... — Disse Adela em lágrimas.
''Pessoal......'' Era a voz de Romanus tentando ter a coragem de falar sobre o batimento cardíaco de Eliseo.
Eles falavam algo, mas Eliseo não estava escutando ninguém, ele não ouvia o choro de Adela ou a mesma e Liberti tocando em seu ombro. Ele mal conseguiu sentir que seu corpo foi levantado por Jinx que agora caminhava com presa em direção à superfície.
Que merda....Pensou Eliseo cansado ao perceber que em sua cabeça ele estava revisitando memórias de sua vida. A casa que ele vivia em Laedi era péssima. Ele vivia perto de um barranco e aquela casa tinha rachaduras que lhe causaram pesadelos. Várias vezes ele passou noites sem dormir pensando que ele iria morrer porque o telhado poderia cair ou a casa poderia desmoronar. E sua mãe.....Oriana, era o melhor símbolo de uma mãe. Desde muito cedo Eliseo entendeu que Oriana sustentava a casa com trabalhos de prostituição. Que vida infernal mamãe, você poderia ter me abandonado, mas não fez isso. De certa forma, Eliseo sentia culpa pelo sacrifício que Oriana fazia. Acontece que uma pela manhã depois de uma noite de trabalho, ela não voltou. Simplesmente ela não voltou. E é a partir deste fato que a vida de Eliseo se torna violenta. Roubos...Brigas, tudo valia para sobreviver. Quando ele perdeu a mãe, ele tinha 14 anos, mas descobriu a morte dela com 17 anos. Morto por um homem que era um cliente regular de Oriana. Certamente Eliseo quis se vingar, por um momento ele pensou que tinha ele total direito, porém com mais calma pensou, isso não iria trazer minha mãe de volta....
Quase morrendo ele queria fez um esforço mental, ele meditou as lembranças que teve com Pompilia e aquilo foi uma luz. Apesar da difícil adaptação, ele queria ter ficado na casa de Jinx para sempre. O olhar de Eliseo se ergueu para Jinx, e sem demora pensou em como ele seria privilegiado se tivesse um pai como ele.
O que ele teve nessa vida a partir de Pompilia terá de bastar. A última força que ele tinha, ele ergueu o pulso e balançou brevemente indicando que tinha algo ali.
— Escutem....Por favor....
— Eliseo, não, por favor..... — Adela disse com a voz falha.
— Você não pode fazer isso! — Gritou Liberti em lágrimas.
— Garoto, não vai.... — Foi tudo que Jinx conseguiu dizer.
''Pessoal, o coração dele parou.'' Disse Romanus.
Jinx respirou fundo e olhou para Liberti e Adela que estavam consolando um ao outro. Você tinha que ser um rapaz orgulhoso e duro consigo mesmo....Pensou Jinx fungando, seus ombros tremeram por conta do esforço dele não chorar. Mesmo sem chorar, o mais velho estava arrasado. Se perguntava se isso era culpa dele, se foi um erro confiar em Eliseo para fazer isso. No caminho de volta para o carro, Adastrea se pronunciou pelo dispositivo.
''Jinx, eu sei bem o que você está pensando....Não foi culpa sua. Eliseo sabia dos perigos, todos nós sabemos quando resolvemos agir.''
Jinx nada respondeu. Ao colocar o corpo de Eliseo ali sentado, Adela ficou ao lado dele e encostou a cabeça em seu ombro. Logo lembrou-se que havia uma mensagem no dispositivo dele, então apertou para a reprodução de áudio.
''Eu não sei como dizer isso....E eu sinto muito, eu fui envenenado lá no trem. Eu não disse porque havia algo mais importante para fazer. Esse veneno não tinha volta, eu já sabia disso então eu não queria jogar minha vida fora de forma tão vã. Por isso insisti, por favor, não fiquem bravos comigo. Não fiz isso de propósito, eu queria ter voltado pra casa bem, mas não foi possível, mas pelo menos....Essa cidade não vai pelos ares. Jinx, nunca se culpe por ter colocado sua confiança em mim, sabe....Pra mim foi uma honra ter a confiança de um homem como você. Adastrea, sua gentileza me alcançou depois de muito tempo, mesmo que tarde. Desculpa se eu não consegui atender suas expectativas no quesito inteligência, Romanus. Eu sempre lidei mais com socos do que tantos números. Liberti...Pare de se esconder atrás dos outros, aprenda a se defender. Sua timidez só está te acomodando enquanto você deveria se incomodar com isso. Adela...Eu sinto muito, nosso tempo foi mais curto do que deveria. Eu fui um bobo, eu demorei muito pra perceber que você estava do meu lado esse tempo todo em tantos pequenos detalhes. Parando pra pensar, seu olhar sob mim sempre foi diferente. Queria ter ficado mais com você.''
A morena secou as lágrimas e sorriu amenamente.
— Seu bobo.... — Adela arrumou o cabelo de Eliseo e lhe deu um beijo na bochecha fria. — Sempre gostei de você, seu cabeça oca....
Jinx fechou os punhos e respirou fundo, ao olhar pro céu, imaginando Eliseo lá em Pompilia, ele pensou que cena será sempre uma eterna ilusão, e nunca um futuro. Porém, existem agora futuros que foram garantidos graças ao Eliseo também.
— Adastrea.....Quanto tempo para pegar o dispositivo principal? — Perguntou Jinx.
''Pouco, é que está estranhamente tranquilo....''
Subindo as escadas para o terraço, Adastrea abriu a porta e quando viu Leonis no chão correu para ele.
— Ravena.... — Disse ele desmaiando.
— Não....Você é da DuoCorvus. — Adastrea viu um sinal de chamado verde, significa que o próprio Leonis chamou a emergência.
''Adastrea, o dispositivo caiu?'' Perguntou Stefano.
— Como assim? — Perguntou a loira.
''Ande um pouco mais pra frente. Tive um último sinal dele um minuto atrás e então sumiu.''
E assim Adastrea fez. Ela parou na beirada e viu o corpo de Leander no chão sob uma enorme poça de sangue. Logo ela entendeu.
— Infelizmente ou felizmente perdemos essa oportunidade. O dono do dispositivo caiu do prédio ou foi empurrado. Eu....Estou voltando aí. Me sinto um pouco culpada por deixar um homem com uma adaga no peito, mas ele chamou a emergência, juro.
''Então ele tem uma chance, e nem pense em tirar essa adaga do peito dele senão vai piorar tudo.'' Disse Romanus.
A loira olhou para Leonis e foi embora com culpa. E também pensou a seguinte coisa: ele me chamou de Ravena....
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