Capítulo 29 - Da violência para a Tragédia

Em alguns pontos Dinastai queimava de discórdia e caos. Em Tempus as coisas ficaram amenas em Consilium o caos também reinava. Muitos Rebeldes estavam ainda na tentativa de invadir a Ecclesia.

     Ravena, que ainda estava sob a influência do Mestre do Tempo estava com o olhar vidrado para o nada. Paciência certamente era virtude daquele ser. Ele sabia que Lucius e Icarus estavam por perto de um prédio que ficava ao leste de Dinastai, era exatamente ali onde Ravena foi colocada.

    A porta se abriu e Clona, que originalmente tem o nome de Ruzena, entrou com um sorriso debochado.

— Que sonho ver você aqui, Ravena Patronis, um verdadeiro sonho da Armada. — Começou Ruzena. A loira respirou fundo.

— Acredito que sim. — A Conselheira confirmou com a cabeça. — Eu sei bem que pegar pessoas de grande representatividade de causas e organizações tem uma mensagem mais forte. Quando o General Nox matou o antigo Líder da Armada vocês entraram em crise.

— Sim. — Ruzena concordou com a cabeça e respirou fundo. Sentiu um incômodo enorme por se lembrar do antigo líder. — Ter você aqui deixou três cidades em pânico.

— Pânico é apenas um estado, e não uma derrota.

— Sabe que você será executada, não sabe?

— E depois que eu morrer? Vão atrás de Lucius? Icarus? O Rei Thales A lista é longa. Se tudo isso é uma vingança então faça valer a pena.

— Você até que teria sido útil para nós.... — Se tivessemos os dados Nemo, disse Ruzena para si mesma. Batidas na porta fez com que a Rebelde entendesse que era a hora da Ravena. — Vamos, levante-se. Vamos fazer isso o estilo Inquisição.

— Eu não vou levantar. — Disse Ravena prepotente.

— O quê? — Ruzena ficou incrédula. — Acha que tem o direito de dizer não com todo esse ar superior, sua estúpida? Vamos, se levante!

— Eu já disse que não.

    Ruzena rangeu os dentes de raiva e segurou os fios loiros de Ravena com força para então bater o rosto dela contra a mesa. A Conselheira ficou com o rosto abaixado ali por alguns segundos até que resolveu levantar o rosto encarando Ruzena que estava enfurecida.

— Levanta.

— Não.

    A negação dessa vez veio com um sorriso provocador de Ravena. Novamente Ruzena fez o mesmo movimento, só que muito mais forte. Duas e mais três pancadas e gotas de sangue surgiram na mesa. Ravena ergueu a cabeça com lábios cheios de sangue. As duas se encararam e no olhar de Ravena havia algo a mais. De fato Ruzena não sabia, mas havia um terceiro ali.

— Se não vai se levantar então você vai chegar lá desmaiada.

     Esse foi o aviso final de Ruzena. O baque do golpe foi escutado do outro lado da porta pelos dois rapazes da Armada e um deles finalmente abriu a porta. Ravena estava desmaiada de vez com a cabeça na mesa e Ruzena estava ali em pé estralando os dedos.

— Podem levar a Conselheira. Logo estarei com vocês para ver o espetáculo.

     Dito isso, Ruzena foi em direção contrária.

     No subterrâneo estava tudo preparado para a transmissão da execução. Hackers da Armada já haviam invadido as televisões para dar um aviso de cena extrema. Leander estava afiando uma adaga antiga. Ravena foi colocada em uma cadeira de madeira e teve suas mãos amarradas.

— O que aconteceu com ela? — Perguntou Leander vendo o estado de Ravena.

— Isso foi obra da Clona. — Explicou o Rebelde.

— Falando nela, era para ela estar aqui.

— Acho que daqui alguns minutos ela vem, Senhor.

— Não posso esperar por ela.....Vamos começar. — Leander fez um sim com a cabeça e esperou o sinal para começar a falar. — Está aí, como prometido, Ravena Patronis.

     Lucius e Icarus que estavam na busca pela Conselheira se olharam. Um pedido de Icarus para a central foi de que começassem a rastrear a transmissão o mais rápido possível.

— Uma Patronis que veio de minha terra. Uma Patronis que veste as roupas de um Corvus. Uma Patronis aliada a um Rei de linhagem perturbada. Essa Patronis apenas de um sobrenome em vão, Ravena está muito longe da dignidade da família dela. A vingança começa com ela, com Líder da Duo Corvus, a maior representante.

     Pela cidade, Leonis olhava com desespero para as telas espalhadas. O medo de perder a Ravena o paralisou. O seu coração batia rapidamente, o que eu deveria fazer....Era a maior das questões. Por outro lado, Icarus tinha em mãos o rastreamento completo da transmissão e agora ele tinha uma direção.

— É um prédio na zona leste. Não sei se vamos chegar a tempo,Lucius... — Admitiu Icarus preocupado.

— Temos que tentar, Senhor. — O General tentou manter o bom espírito.

      Leander andou até onde estava Ravena e ficou atrás da cadeira onde ela se encontrava. O cabelo da loira foi agarrado para expor a pele do pescoço. Ela ainda estava adormecida e nas mãos de Leander a loira parecia uma boneca de pano. Sem aviso nenhum e de maneira muito fria a adaga rasgou o pescoço da Conselheira fazendo o sangue fluir quase como uma cascata. Ravena começou a tossir e mexer eu seu corpo e braços como se quisesse alcançar o lugar do corte. Rapidamente Ravena estava morta. Icarus e Lucius pararam o passo imediatamente. Leonis ainda estava processando tudo enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.

— Ninguém aqui vai ter paz até que grandes representantes sejam mortos. — Disse Leander friamente.

     Um barulho estranho saiu do corpo de Ravena. Estranho não....Era o som metálico abafado da roupa especial da Ruzena. Leander até chegou a olhar para os lados em busca de sua amada.

— Ruz?

      Nenhuma resposta. O som novamente surgiu falho e constante. A aparência de Ravena começou a mudar até que Ruzena aparecesse.

— Não não não não não!

Gritou Leander desesperado entendendo a situação e o que ele fez com as próprias mãos. O Líder ficou em frente a Ruzena e se ajoelhou para pegar seu rosto.

— Ruzena, não...Meu amor....Me perdoa. Não.....

     O loiro se pôs a chorar e a transmissão acabou. No décimo sexto andar do prédio Ravena estava olhando para uma tela da cidade pela grande janela. Seus olhos pareciam vidrados na cena e tinham certo brilho. Na mão ela segurava uma lança ensanguentada e atrás de si uma pila de corpos de Rebeldes.

— Da violência para a tragédia..... — Disse a Conselheira sem emoção nenhuma.

      Um rapaz que estava quase morto se agarrou à vida. Ele gemeu de dor e tentou se levantar, mas o máximo que conseguiu foi se arrastar até perto de uma parede.

— Socorro! Socorro! Essa mulher é um monstro! — Gritou ele em lágrimas. — Me ajudem por favor!

    A Conselheira não disse nada. Ela se virou e andou em direção ao rapaz com o olhar vidrado nele. A cada passo dado o coração do rapaz pulava contra o peito de tanto medo. A ponta da lança foi fincada no peito dele lentamente. Ravena poderia ter soltado o cabo mas o Mestre queria ter a garantia daquela morte. Em poucos segundos ele havia parado de se mexer. A lança se desfez em fumaça e a Conselheira começou a andar pelo prédio.

     Quem a avistou andando foi Icarus que a chamou pelo nome e se aproximou com a respiração acelerada.

— Ravena....Mal posso acreditar que você está aqui depois de tudo aquilo que eu vi. Você está bem? Está muito machucada?

— Senhor Corvus... — O tom de voz da mulher pareceu menos frio. — Estou bem por agora.

— Está com sangue nos lábios, eu gostaria de ter um lenço nessas horas.

— Ah, isso....Não se preocupe. O pior já passou. O Senhor me acompanha para achar dados da Armada?

— Claro que sim, mas tem certeza de que tudo está bem?

— Tenho sim. — A loira confirmou com a cabeça.

     A calma de Ravena chegava a ser um desconforto para Icarus. Havia muita coisa errada naquela situação toda desde o começo. Até o presente momento ele não sabia como Ravena tinha sido raptada, e porque ela teria saído de noite. Agora com a Conselheira ele serviria de escudo para a mesma.

     É comum uma sala com diversos computadores ser a raiz de vários dados, e como esperado essa sala foi achada. Logo Ravena e Icarus começaram o acesso.

— Eu vou conectar meu dispositivo de comunicação para facilitar a conexão com a base. — Disse Icarus.

— É bom ter dados porque nunca se sabe....Mas eu te garanto Senhor Corvus, isso acaba hoje. — Os dois se encararam. — Mas para acabar teremos que dar fim à Leander Sitientem. Ele mesmo sabe que podemos acabar com muitos Rebeldes, mas eles voltam por conta da liderança. Quando um Líder morre, ideias e esperanças se abalam.

— Vai ser o melhor momento para negociar algo então. — Icarus Corvus confirmou com a cabeça. — De acordo. Você quer dar a ordem? Acho que vai ser bom pra equipe ouvir sua voz depois daquela cena grotesca. — O mais velho estendeu o dispositivo para Ravena e ela o pegou.

— Duo Corvus, aqui quem fala é Ravena Patronis. Sei que a cena foi chocante, mas eu estou bem. Estou com o Senhor Icarus do meu lado me auxiliando com os dados da Armada. Eis o plano. Eliminar Leander Sitientem para facilitar a negociação com a Armada. E General, preciso que você me encontre na base daqui meia hora. — Em segundos a resposta de texto de Lucius chegou, um simples "Entendido".

    Leonis ouviu a mensagem sorrindo de alívio. Ele queria responder à mensagem em um tom mais intimista de amizade, mas por ser dispositivo de Icarus ele pensou que isso não seria de bom-tom. Mas uma mensagem de texto seria o suficiente.

"Entendido. Sobre Leander considere isso feito."

   O soldado já estava com um braço mecânico e cheio de medicamentos de energia para continuar no campo de batalha.

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