Capítulo 8 - Entre Corvos

 Leonis ainda teve de esperar dois dias para a reunião de iniciação da Duo Corvus. O loiro nesse tempo foi instruído com regras de comportamento para seu desprazer porque se sentiu uma criança. Teve de ficar algumas horas na tecelaria particular da Morada Real para darem os toques finais em seu uniforme da Duo Corvus, e até suas roupas tinham regras para uso em situações. Em reuniões oficiais e festas onde a Duo Corvus era convidada ou que ele seria um representante, deveria usar a farda de gala e a capa com as ombreiras de prata. No dia a dia ele podia usar um terno, mas o uso da capa da Duo Corvus era obrigatória, tirando as exceções como missões de infiltração.

    Havia vinte e uma pessoas com esse mesmo uniforme na sala de reuniões gerais dentro do Prédio Espiral, a sede da DuoCo. Era uma sala grande com paredes brancas que iluminavam a sala toda além das luzes do teto, caso houvesse uma apresentação bastava regular as luzes das paredes. As poltronas em que Leonis e Falco estavam sentados eram de um roxo muito escuro e eram de couro, o barulho que aquele tecido fazia estava dando nos nervos.

   Os dois estavam na primeira fileira e silenciosos um com o outro. Não havia nenhuma briga entre eles, mas é que Falco percebeu que desde que chegaram ali, Leonis vem apresentando ansiedade para ver Ravena, e sinceramente, o amigo de longa data preferia falar sobre outras coisas, ou até mesmo sobre outra mulher do que Ravena, Ravena, Ravena. A vontade era de jogar na cara que Leonis nunca vai ter Ravena Patronis nem mesmo na cama dele. Se antes na infância estava difícil fazê-la entrar no clima, imagina agora como Conselheira.

   Ah, mas tente se colocar no lugar de Leonis, um sentimento romântico que nasce na infância é sempre lindo e colorido. Ravena e Leonis se conheceram na Morada Real, de tantas crianças, eles foram os únicos que tiveram a oportunidade de ter uma vida diferente das outras. Mesmo voltando da escola, eles tinham outras responsabilidades dentro da Morada que contribuíam para seu aprendizado. O tempo que lhes sobravam, usavam para se divertirem usando a imaginação em uma cidade tão cinza. Falco não demorou a se juntar com a dupla já que vivia pelos corredores da Morada. Leonis e Ravena quando estavam sozinhos, gostavam de desenhar algumas partes da cidade, e falavam que tipos de mudanças fariam se fossem Rei e Rainha. Esse tipo de brincadeira sempre terminava com um casamento de mentira.

   A inocência durou enquanto pode. Ravena teve de se mudar para Consilium da noite para o dia e na época Leonis não sabia e nem tinha ideia do motivo disso, Ravena estava sendo instruída para ser Conselheira. E ele mais tarde foi escolhido para o Invictus. A vida de cada um reflete processos de serviço para à Monarquia, o que diferencia seus caminhos é que Ravena ainda teve um ensinamento tranquilo, Leonis foi obrigado a aprender a como matar alguém. Se existiu algum momento sombrio para Ravena em Consilium talvez ele saiba com o passar dos dias.

   O barulho da porta dupla ao se abrir, esta que ficava um pouco distante da bancada roubou a atenção de todos, e assim cada pessoa ali presente se levantou em respeito a duas figuras importantes. Primeiro entrou Lucius Nox em absoluto silêncio e com um semblante intimidador. Diferente dos outros corvos, a farda de gala dele era prata, ainda assim, ele tinha que usar a capa roxa. A condecoração que ele usava era uma pequena asa de corvo prateada presa no peito direito, assim todos ali deveriam se lembrar do que ele fez pela Monarquia. Seu cabelo era ruivo e como boa parte de homens da idade dele ― exatamente 49 ― o penteado era para trás. Até mesmo suas sobrancelhas eram ruivas e próximas aos seus olhos azuis esverdeados. Dessa vez, Lucius deixou sua barba crescer, estava muito bem cuidada porque ele não é uma pessoa desleixada.

   Leonis encara o seu General de forma séria, agora Lucius não parecia ser o herói que ele se inspirava, e sim uma pedra em seu caminho. O loiro poderia ser um General, isso se Lucius não existisse. Não teve como o General ignorar esse olhar vindo do mais novo, de certo modo ele conhecia o perfil de Leonis graças ao seu antigo colega de batalha Sirius, e como alguém que não se deixa levar por garotos que pensam que pode ultrapassá-lo, Lucius devolveu aquele olhar por longos segundos.

   Nessa tão rápida batalha tensa de olhares ― se é que podemos chamar assim ― quem perdeu foi Leonis, já que assim que Lucius tomou seu lugar, Ravena foi quem passou pela porta dupla exibindo tranquilidade em suas feições. Leonis sentiu uma flechada de memórias no peito, aquela garota que brincava tanto era uma mulher, uma linda mulher. Claro que muitos dos homens olhando para a Líder da força Corvus acharam o mesmo, mas para Leonis foi, com certeza, especial.

    Ela não cresceu muito, mas as botinas que usavam a deixavam um pouco mais alta. Tinha os mesmos traços de sua irmã mais velha Adastrea, inclusive as sardas, entretanto ainda não eram exatamente iguais se colocadas ao lado da outra. A diferença estava no comprimento do cabelo, maquiagem e roupas. Ravena era uma nobre então se vestia como tal. A farda era prateada como de Lucius, mas ao invés da calça era usava uma saia lápis, e para não passar frio apesar da grande capa roxa, estava de meia-calça preta. A mesma cor era de suas botinas de bico fino. Ravena estava bem acostumada com a dor dos saltos, e para dizer a verdade, preferia pagar esse mínimo preço da dor para ficar mais alta. Os olhos lilases estavam bem destacados por conta de seu delineado preto de traço afiadíssimo. E por fim, o cabelo estava preso em um rabo-de-cavalo alto, suas madeixas loiras estavam enroladas. Realmente, perto de Adastrea a irmã mais nova apagava a presença da outra.

   Quando ela passou por Leonis, seus olhares se encontraram e ela sorriu de lado para o loiro. A vontade foi de abraçá-la, mas ali não era o momento, sem contar que agora ela era a Líder e ele um mero soldado, então segurando todas as suas vontades, ele apenas fez um sim com a cabeça. A jovem Patronis sentou-se e as luzes das paredes abaixaram, deixando apenas o palco o ponto mais iluminado daquela sala, com isso, todos trataram de sentar.

― Bom dia, membros da Duo Corvus, é um prazer estar aqui com vocês, e estar ao lado de um grande herói, Lucius Nox Albicilla. ― Ao dizer o nome de Lucius, olhou diretamente para ele. Nox retribuiu um sorriso breve para sua Líder. ― Meu nome é Ravena Patronis, e agora, compartilhamos da mesma confiança para o sucesso da Duo Corvus. Em outros tempos a Corvus foi criada para conter o grupo Emberica, e hoje recriamos a Duo Corvus para conter todas as ameaças da Armada com um conceito e estratégia nova, ela agora é uma força de Elite que trabalha direta e indiretamente em algum conflito. Há formas novas de ataques, por isso o número de membros foi reduzido para manter um controle mais absoluto em outras áreas que não seja apenas a Capital, e isso também irá facilitar a comunicação. Como Líder ― Ravena elevou a mão ao centro de seu busto. ― fui instruída para gerenciar a Duo Corvus, nenhum de vocês irão me ver segurando uma arma em batalha. Minha batalha é diferente, mas todos os planos passaram por minha autorização. Lucius continuará sendo o General como antigamente. General Nox, pode nos falar um pouco da situação?

   É a situação que todos sabem, Ravena Patronis, disse Lucius em sua mente em um tom cansado. Ainda não tem certeza se gosta de ter uma mulher acima de si, antigamente, bastava ele para mandar na Corvus. Agora uma Patronis está ali para monitorar tudo, espera que não perca paciência com quem está acima dele.

― Obrigado, Srta. Patronis. Primeiramente bom dia para todos. Para mim, é uma honra estar trabalhando com a Corvus, ou melhor, com a Duo Corvus novamente. Qualquer ameaça será neutralizada por nós, disso tenho certeza. Atualmente podemos dizer que o maior problema é a força social que a Armada conseguiu conquistar. Desde que foi revelado que a infecção dos Rebeldes só é pega em Solaris, a Monarquia foi vista como vilã, sendo assim, o número de ajuda para a Armada aumentou, principalmente entre os mais jovens. O plano central é mandar soldados da Duo Corvus em áreas específicas para identificarmos esses grupos. É uma forma mais silenciosa de ataque. É claro que alguma hora o conflito irá chegar, ele só não pode ser aqui, na Capital. Começaremos tudo em alguns dias.

― Sobre isso, é porque amanhã terei de estar na Torre Tempus para resolver alguns assuntos. Supostamente a Conselheira Vibennis iria até lá, mas como o problema parece ser a sobrinha dela, eu assumi a responsabilidade para não haver ligações familiares. Cada um de vocês receberá um bracelete exclusivo, após essa reunião se aventurem pelo prédio espiral, vocês têm vantagens aqui dentro, como quartos particulares que fica a escolha de cada um se deseja ficar com ele ou não. ― Explicou Ravena.

   A reunião durou duas horas, foram passadas as regras, esclarecimento de dúvidas e boa parte delas foram para Lucius. Umas sérias e outras descontraídas sobre os feitos dele no passado que foram respondidas sem problema. Estranhamente, o que Lucius tinha de intimidador ele também tinha de simpático.

   Quando a reunião foi finalizada, Leonis se levantou de seu lugar e Ravena fez o mesmo. Frente um ao outro não deram um segundo de distanciamento, porque aquele mínimo espaço foi consumido por um abraço apertado que chamou atenção das outras pessoas ali, inclusive a de Lucius. O General fez um leve não com a cabeça e se retirou, achou muito atrevimento da parte de Leonis. Falco que ainda continuou em seu lugar olhava com indiferença para a cena.

― Você sobreviveu ao Invictus. ― Ravena disse baixo. ― Quando eu soube, eu fiquei desesperada por você.

― Eu estou aqui. ― O loiro respondeu calmo e uma mão foi para trás da cabeça de Ravena. ― Não precisa se preocupar mais.

― Eu me preocuparia mais com a inveja causada pelo abraço.

   Esta voz era diferente, não era de Falco. O abraço foi desfeito apenas para ver quem era, e andando até os amigos que se encontraram era Nero Erimon, exibindo um fino sorriso nos lábios. Engraçado, nem parece que está incomodado com as roupas novas que tem que usar por conta do clima da cidade. Ele perdeu a conta de quantas vezes essa capa azul escuro e forrada de dourada por dentro se prendeu em lugares aleatórios por aí. Ainda assim é melhor do que passar frio.

― Senhor....Erimon? ― Ravena pareceu confusa.

― Se puder me chamar apenas de Nero... ― Pegou a mão da Conselheira e depositou um beijo. Leonis olhou incrédulo para o ato digno de um cavalheiro feito por Nero e claro que não gostou nada disso, Falco agora olhava interessado nos três, vai que algo acontece. ― Ao seu dispor, é uma honra para alguém como eu começar a trabalhar não só com uma Vibennis, mas com uma Patronis também. ― Os olhos dourados de Nero se direcionaram à Leonis. ― E o Senhor seria...?

― Leonis Sitientem. ― O nome foi dito de forma áspera.

― Sitientem....Hm.... ― Nero olhou para cima brevemente. ― Não creio que o Senhor seja de uma casa Empírea.

― Está me desprezando? ― Leonis não segurou a língua em perguntar.

― Claro que não. ― O Príncipe negou com a cabeça. ― Mas ainda não muda o fato de que você não é.

― Nero.... ― Ravena prontamente disse algo para que não começasse uma discussão por parte de Leonis. ― O que o Senhor faz aqui? Chegou praticamente agora, não? E sei que deveria ir para a Morada.

― É verdade. ― Tudo que Nero fez foi concordar com a cabeça, depois olhou em volta. ― Mas ouvi dizer que o prédio espiral tem tantas coisas boas, além das tecnologias para a guerra claro, estou falando do entretenimento, é verdade sobre a sala de jogos?

― ...... ― A Conselheira de segurança não estava acreditando na situação. ― Sim, é verdade.

― Mas você não é um Corvo para poder usá-la. ― Depois de ouvir Leonis dizer isso Falco até segurou a risada, que idiota.

― Não..... ― Nero não deixava de sorrir. ― Mas a Líder está aqui. Em Atargatis temos jogos de realidade aumentada, mas duvido que sejam como daqui e eu sou uma pessoa curiosa. Por favor, não julguem meu comportamento agora como meu comportamento dentro da sala dos Conselheiros, acontece que muita seriedade me dá agonia.

― Ninguém está te julgando. ― Isso é o que diz Ravena, mas Leonis está julgando com toda certeza. ― Concordo com você. As cidades centrais sofrem de certo estresse e melancolia, se você não dá um tempo para si mesmo o estresse pode ser preocupante. Vamos subir para você jogar um pouco. ― A loira sorriu no final da frase. ― Leonis, por que não joga com ele?

― Eu? ― O soldado apontou para si mesmo, incrédulo e indignado.

― O que foi? É só um jogo. ― Nero deu alguns tapinhas nas costas de Leonis. ― Vai ser ótimo para nos conhecermos.

   Leonis olhou para Ravena e respirou fundo. Com toda certeza sabe que Falco está se divertindo com essa situação. Sabe que esses tapinhas foram uma demonstração muito barata de personalidade amigável, tudo que Leonis pensa é que esse tal Atargatis de Nero Erimon apesar de ser de uma casa Empírea não passa de um folgado. Ele espera que esse tal jogo envolva punhos, vai ser bom para descontar a raiva.

― Vamos jogar. ― Respondeu Leonis sem muita animação.

    Ravena liderou o caminho, explicando que sempre que se perderem pelo prédio pelo menos nas primeiras semanas bastava olhar no mapa do bracelete que logo teriam em seus pulsos. A área de entretenimento ficava em nos andares superiores com uma grande sacada. Não era uma sala tão grande porque não era feita para receber tantas pessoas, apenas os membros da Duo Corvus. O pequeno bar que havia ali estava com todas as luzes apagadas, e futuramente um robô estará servindo os convidados.

    A parte de jogos tinha seu cantinho especial, poltronas confortáveis com óculos que levavam a pessoa para outra realidade. Alguns jogos tinham um suporte em pé, geralmente estes eram os jogos com aventura e ação.

― O bar não funciona? ― Perguntou Falco.

― Você quer beber logo pela manhã? ― Ravena não estava muito surpresa. ― Pode pegar, mas não exagere.

― Sim, minha querida Líder. ― Ele riu brevemente e se dirigiu ao bar esfregando as mãos.

― E então, Leonis. ― O Conselheiro Erimon olhava para os óculos. ― Que tipo de jogo você quer jogar?

― Faz tempo que eu não sei desse tipo de novidade. ― Na Invictus ele apenas sabia de notícias da Armada e nada mais. Foi até o painel de jogos e começou a passar um por um, até que um chamou bastante sua atenção. ― Hm....Que tal este?

― Gigantibus Cadite? Aquele jogo que se passa no conflito da família Astra e Draconica? Quer que eu seja um Astra? ― Nero olhava confuso para Leonis, uma clara enganação, porque Nero não acha que se colocar na pele de um rival antigo de sua família seja um absurdo.

― É só um jogo.

― Então vamos, só espero que o Patriarca Erimon não saiba disso, imagine a desonra.

― Seu segredo está salvo comigo.... ― O comentário de Leonis teve um tom maldoso, mas não...Ele não iria comentar nada. Não conseguiria, o único ali que tem chances de falar com Caligula é o próprio Nero.

   Os dois entraram na base circular e colocaram seus óculos. Tudo ficou preto por alguns segundos, do lado de fora uma tela ligou e agora Ravena e Falco poderiam ver o jogo. Primeiro foi a escolha das armas, todas antigas de uma época em que o vapor era bem valorizado. Se Leonis tivesse suas memórias de Solaris intactas, aquelas armas não lhe seriam tão estranhas, já que armamento dessa época naquela cidade era muito comum. O soldado escolheu por um armamento pesado. Uma espada de largura média e de ponta bem fina, o cabo dela era ao mesmo tempo, o cabo de uma pistola, ainda assim não lhe serviria para atirar de longe, mas poderia ser uma vantagem em golpes mais próximos. Já Nero, este que não tem muita afinidade com armas de fogo, preferiu ficar uma espada longa que parecia um serrote de dentes grossos e separados.

― Vamos na última batalha, Leonis, não sei se teremos uma boa oportunidade como essa. ― Diz Nero.

― Concordo. ― O soldado responde com um leve sorriso.

    A fase foi escolhida e rapidamente a tela carregou. O local era Mavro, berço dos Draconica, uma terra de solo quente e ar pesado, bem diferente da Capital. Para Nero não foi um problema, já Leonis sentiu-se bem incomodado e com um pouco de dificuldade para respirar. Iria comentar sobre isso, mas o rugir alto e selvagem de rasgar os ouvidos fez os dois jogadores levaram as mãos para os ouvidos e olhar para o topo de uma montanha.

― Quase não dá pra acreditar que essa coisa viveu mesmo. ― Comentou Nero voltando à compostura normal.

― Mas....Ele está vivo. ― Disse Ravena que olhava a cena. ― Apenas mataram uma das cabeças.

    Vlad, Dracula, Nosferatu eram conhecidos naquela época como Trindade Draconica, o dragão de três cabeças dos Draconica. Ele se destacava no céu do crepúsculo com seu corpo inteiramente negro, mas suas escamas tinham reflexos vermelhos. As escamas de cada pescoço eram longas e pontudas. Era um dragão grande, e com asas abertas pareceu maior ainda. Quando tomou voo, saiu daquela montanha e passou sobre o campo de batalha e tudo pareceu esquentar de uma forma absurda.

― Mas que merda... ― Leonis passou a mão no rosto pingando de suor.

   O sinal verde foi dado e o jogo começou de verdade. O objetivo era chegar até a casa Draconica, era necessário eliminar os rivais pelo caminho tomando muito cuidado com as chamas da Trindade Draconica que tinha um alcance considerável e grande. Leonis estava jogando muito bem....E até de forma suja. Usava corpos de inimigos até como escudo humano quando via uma arma apontada para si. Quando via uma boa oportunidade, cortava pontos vitais de cada corpo sem hesitar. Diferente de Nero que estava jogando de forma tão tranquila e se divertindo, Leonis parecia levar isso a sério.

    Levou tanto a sério que ele estava bem mais avançado no caminho do que Nero. Percebeu que os inimigos tinham certo padrão de ataque, mas como a inteligência artificial também havia percebido isso mandou um NPC novo armado com um chicote que tinha pequenas escamas afiadas, os Draconicas usavam a pele dos pequenos dragões-de-Mavro que morriam de velhice. O inimigo balançou o chicote e entrelaçou o pescoço de Leonis, o fazendo afastar de outros rivais para mais perto si. O NPC não foi nada gentil, puxou o chicote com tanta força que Leonis caiu no chão com maior parte no impacto em sua cabeça. Gemeu de dor levando às duas mãos na cabeça e sentindo uma ardência no pescoço.

― Você está bem? ― Perguntou Ravena.

― Estou. ― Ele respondeu ofegante. ― Esse jogo sabe do que faz.

    Levou a mão direta para o pescoço e viu a cor carmesim exatamente como sabe e como lembra, sangue. Definitivamente esse jogo sabe o que faz. Ele já não tinha mais sua espada, quando foi pego pelo chicote, o impacto o fez soltar sua arma, mas isso não é nenhuma preocupação para Leonis, seus punhos estão prontos para uso.

   Outro rugido rasgou os céus, um que anunciou a chegada de outro dragão equivalente ao tamanho de Trindade Draconica, mas este possuía apenas uma cabeça. Sua cor era totalmente negra, seus dois chifres na testa iam para trás e não eram muitos longos, eram parecidos com a de uma cabra e bem grossos. Acima dos olhos negros havia um trio de pequenos cornos, e acima no focinho um corno bem afiado.

    O dragão negro inclinou a cabeça para trás e concentrou seu poder na garganta. O som de eletricidade chamou a atenção de milhares de NPC propositalmente, era possível ouvir comentários.

― Isso que eu chamo de reforço. ― Diz Nero com sorriso, estava ofegante de seus esforços e suava muito.

   Um brilho intenso azulado tomou conta dos olhos do dragão e de cada veia de seu corpo, era seu poder, eletrecidade. Quando sua cabeça foi impulsionada para frente todo aquele poder foi liberado de tal forma que iluminou o céu e a descarga de eletrecidade feriu a terra e a fez tremer. Onde tinha inimigos não sobrou nada além de círculos nada perfeitos de corpos queimados. Apenas uma ajuda deste dragão, porque a batalha particular dele era contra a Trindade Draconica, e o mesmo sabendo disso voou para o alto para que o outro dragão o seguisse.

    Agora que aquela cena incrível finalizou, os olhos de Leonis se encontraram com de seu atual inimigo. Não adiantaria segurar aquele chicote, a melhor oportunidade seria pisar sobre a arma. As navalhas são pequenas, logo não iram atravessar o calçado do loiro. Enquanto desviava dos golpes, em alguns momentos em passos rápidos e outros em cambalhotas, e que raiva daquela capa que o atrapalha ao se levantar.

   Sabe que não podia desviar para sempre, e o sistema do jogo também, então propositalmente o NPC errou um golpe para dar uma chance para Leonis. O primeiro soco foi no rosto, mais precisamente no nariz e ele sabe que o inimigo acaba de ter seu nariz quebrado, mas antes que reagisse, levou um soco de gancho que o fez soltar o chicote.

― Depois de um tempo vocês são fácies de bater. ― O soldado comentou com uma risada. Ah se soubesse que o sistema facilitou para ele.....

    Sem o chicote chegou a hora do NPC usar sua última arma, a pequena faca, ele não estava em condições de ataques rápidos, masas Leonis preferiu se garantir se desviando, mas sabendo que não poderia estar ali para sempre, assim que desviou e ficou ao lado de seu inimigo que ficou com o braço totalmente estendido a mão foi segurava com firmeza, e não havia parado por aí. Com o braço direito Leonis praticamente fechou a parte superior do braço do NPC e com este imobilizado, impulsionou a faca para sua barriga duas vezes.

    Ravena precisou fechar os olhos e virar o rosto antes da segunda facada, não viu nem o começo do que Leonis se tornou, mas estava chocada. Passou-lhe imagens da infância e de como segurava a mão de Leonis, a mesma mão que agora parecia ser tão bruta. O que fizeram com você, Leonis? Se perguntou.

    O NPC foi morto, os pontos e itens foram ganhos e não havia mais nada para fazer ali. Um caminho rápido para Nero foi aberto e mesmo neste caminho, Leonis foi obrigado a batalhar corpo a corpo com poucos inimigos.

― Devo dizer, impressionante. ― Nero não tardou em comentar. Ele estava com poucos machucados.

― Se divertindo?

― Não tanto quanto você. ― Estendeu a arma para Leonis. Era a mesma que o soldado tinha escolhido no começo. ― Vamos dar um jeito no Patriarca da família.

   Os dois entraram na casa para finalizar a fase. Um fato, é que enquanto os inimigos invadiam a casa Draconica, o Patriarca se despedia da sua amante mais amada para que ela pudesse fugir para as terras novas.

   Esta amante deu início à família Nefas Harpia.

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