Capítulo 26 - Reunião de Professores

— Professora, nós vamos ficar bem?

    A pergunta em tom de preocupação do aluno de 16 anos ainda não teve resposta. A professora estava olhando para a vista que tinha de sua janela. Nuncii era uma cidade bonita e bem estruturada. Não havia os famosos letreiros em neon como na Capital mas era uma cidade com personalidade e que se importava com seus habitantes. Uma cidade que pode ser considerada até mesmo melhor que Dinastai. É visto na televisão local que os grandes homens dos negócios também investem seu dinheiro na educação para os mais necessitados e com isso, os mesmos homens são vistos como santos....Mas Lorna sabe que estes santos são ocos.

— Eu espero que sim, Claus. — A resposta foi dita em um tom gelado, ela não queria mentir para o garoto, mas também não era de sua intenção causar desespero. Com essa resposta Lorna pode deixar um pouco da esperança viva dentro de Claus.

    Desde que os membros da Armada tomaram conta do prédio principal a ordem foi de que ninguém deveria sair para às ruas até que tudo fosse resolvido. Os alunos, professores e funcionários da escola estão despreocupados em passar horas no ambiente escolar já que ali não faltava comida ou lugares confortáveis e seguros. Poderia ser considerável mais seguro que a própria casa dos alunos.

   Mas ainda assim, Lorna não se sente tão confiante. Mentiria para si mesma se não sentisse que o dia de Nuncii estava chegando, a corrupção entre os homens mais ricos da cidade é evidente para ela que não acredita tão facilmente em notícias boas. Eles feriram Solaris e agora estão pagando por isso.

''Professores, por favor compareçam à sala de reuniões. Repito, compareçam à sala de reuniões.''

   A voz robótica feminina ecoou pela sala e os alunos olharam para Lorna com o medo de ficarem sozinhos sem sua professora, o único símbolo ali como pessoa responsável e também como protetora. Ela parecia estar determinada ao ouvir o aviso, mas os olhares a fez mudar de expressão para algo tranquilo junto a um pequeno sorriso para deixar seus alunos calmos.

— Não se preocupem, vai demorar alguns minutos para a Armada chegar em Nuncii, até lá essa reunião vai acabar porque sabemos que não podemos deixar vocês sozinhos por tanto tempo. Não saiam da sala por qualquer motivo. Eu volto logo.

     No caminho até a porta Lorna segurou nos ombros de alguns alunos, alguns exigiam muito mais do que palavras para ficarem um pouco mais calmos e ela sabia disso. Era necessário carinho, secar algumas lágrimas e dizer novamente que tudo ficaria bem. Mesmo que para a própria Lorna há essa dúvida, alunos desesperados iria atrapalhar todo o processo que está para começar. Ela já sabe o que vai ouvir na reunião, um lembrete das instruções de como agir em situações em que alunos e funcionários poderão se expor o perigo.

    No caminho para a sala de reunião ela encontrou seus colegas de trabalho e eles também pareciam estar em total tranquilidade, Lorna pode jurar que ouviu até uma piada sobre a situação. Ela não pode chamar a atenção sobre isso, se contar piadinhas é uma forma de manter a cabeça do lugar ela não vai proibir ninguém. Lorna é uma pessoa que prefere manter as opiniões para si mesma até que perguntem, sabe que facilmente as pessoas podem se ofender com que elas pedem : a verdade.

    Com os 17 professores presentes, em uma quantidade equilibrada de homens e mulheres na faixa de 35 à 50 anos. Os mais velhos são respeitados e admirados pelo simples fato de estarem vivos nessa época onde a distorção do Tempo está escondida nas sombras das pessoas. Com todos presentes, minutos depois quem chegou foi o coordenador Max Siseal com a cara de quem está tendo o pior dia possível, e está mesmo. As notícias e todas as faladeiras chegaram aos seus ouvidos como pedras sendo jogadas para si. Max era um homem alto e moreno de olhos castanhos amarelados, mesmo sendo mais jovem que a média dos professores, mas Max nunca se viu desprezado ali. Ser o coordenador foi uma oportunidade que lhe foi dado e ele conseguiu se destacar com suas ideias e boa comunicação com as pessoas, é por isso que é estranho ele ter ignorado uma pessoa ou três até chegar à sala de reuniões.

— Vamos começar isso sem as apresentações polidas e bonitas, hoje não é nenhuma boa tarde. Certo? — A pergunta foi feita com uma única palma. Max ouviu alguns ''certo'' baixos entre os professores. — Ótimo, nós sabemos o que devemos fazer, nossa prioridade são os alunos. Havia boatos que alguns garotos estavam envolvidos na Armada.

— Não sei quem é pior. — Disse a professora mais velha. — Os meninos que querem estar na Armada ou Armada aceitar crianças entre eles.

— Pois é, tentamos ir atrás dos suspeitos dentro da escola, mas eles souberam se esconder. — O coordenador deu de ombros. Ele realmente tentou e achou que seu contato com os jovens o ajudaria nessa missão. — Vocês poderão pegar armas, uma para cada com tiros controlados, então é melhor que saibam usar a arma com sabedoria. — De repente, encarando os rostos de alguns professores, Max tomou uma posição séria. — Sabemos que usaremos a arma para defesa, a dos alunos primeiramente e depois a nossa. Professores mais velhos, quero vocês nessa sala, vamos dividir os alunos dos três mais velhos, assim não fica pesado para todos.

— Nos acha incompetente? — Perguntou o Senhor Facro com certa ironia na fala.

— Com essa idade eu acho sim. — Respondeu Max na mesma hora em tom divertido, causando algumas risadas. — Quero cuidar de vocês, algo contra?

   As risadas dos mais velhos foram verdadeiras e descontraídas. Max gostava de cuidar dos professores mais velhos e incentivava o mais novos a respeitá-los também. Para Max, nos tempos mais sombrios da distorção do Tempo cuidar dos mais velhos era como guardar um mais precioso tesouro.

— Agora voltando à situação em que está causando medo nos alunos, precisamos manter nosso controle, mostrar que estamos seguros dará a sensação de segurança para o pessoal também.

— Não sou a melhor pessoa para mentir mas.....Irei tentar. — Falou professora de óculos escuros, estes se adaptavam com a cor que ela queria. Muitos brincavam que ela não tinha necessidade de deixar as lentes tão escuras em lugares fechados, mas isso era uma questão de gosto dela.

— A mentira não é por mal, a verdade pode ser um impulso para o caos para as mentes mais fracas, sabemos que estamos lidando com crianças. Estamos entendidos?

    Um ''sim'' foi ouvido em sincronia. A reunião foi rápida como deveria ser já que fazia parte do padrão da escola ensinar aos professores a agir em situações como essa. Ao pegar a pistola de balas de energia Lorna respirou fundo. Não gostaria de matar ninguém hoje, principalmente se algum rebelde for um aluno seu, mas é o que pode acontecer, não? Sabe que pela escola está espalhado os jovens que estão com a Armada e que na primeira oportunidade e chamada eles irão sair da escola e jogaram seu futuro ao vento. O mais forte e violento vento que também os derrubará.

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